Welcome To The Coven - Hiatus

Capítulo 11 - Novidades


Os alunos moviam-se pelos corredores da Spencer. Entre eles estava Violet. A garota desviava de alguns adolescentes distraídos ou apressados demais para terem mais cuidado enquanto andava rumo ao seu armário. Ela precisava organizar seu material agora que a aula de biologia havia acabado. Se fosse rápida o bastante, poderia ir até a biblioteca para conseguir logo um exemplar do livro indicado pela professora Suelen.

A Green estava animada com a disciplina. Biologia era uma de suas matérias favoritas e ela era boa no assunto.

E pelo que viu na sala de aula, ela não era a única.

“Ótimo, o teatro do Tyler vai começar.”

“Não é teatro. Eu gosto dessa matéria. Você sabe disso.”

“Qual é Tyler! Você nem gosta de estudar.”

“Com biologia é diferente.”

Um sorrisinho discreto brota nos lábios de Violet enquanto as imagens passeavam pela sua mente.

Assistir uma aula de introdução a genética com Reid e Tyler “discutindo” foi um misto de divertimento e incômodo. Bom, pelo menos a professora se sentiu incomodada com o falatório dos dois. Sem contar que Reid não escondeu sua falta de desinteresse enquanto repousava sua cabeça sobre o ombro direito da Green.

“Senhor Garwin, um pouco de atenção seria bom”

A imagem da expressão torta e desgostosa do loiro ao receber a ressalva foi engraçada. Ela gostava daquilo. Gostava de como se sentia bem quando estava com eles. Com todas aquelas coisas estranhas ocorrendo, ter pessoas que a faziam se sentir assim por perto era bom.

Agora, parada de frente ao armário, Violet estende a mão direita para segurar o cadeado enquanto a outra servia para usar a combinação para abri-lo.

Mas ele não abre.

Violet repete a ação mais duas vezes. Nada.

— Vamos. — Diz ela, quase murmurando. A garota estava com pressa.

— Com problemas?

Ela não precisou levantar o olhar para saber quem era o dono da tal voz.

— O cadeado não está abrindo. — Diz após alguns segundos, finalmente levantando os olhos para encarar Chase.

Com mais dois passos, Collins para ao lado direito dela.

— Isso costuma acontecer com os cadeados daqui. — Diz ele, levando seus olhos até o objeto. — Mas tal coisa não será um problema. Não por muito tempo.

Chase levanta um pouco a mão esquerda, seus olhos ainda sobre o cadeado. O garoto faz um gesto leve e discreto com a mão. Quase que instantaneamente após a ação, o cadeado abre.

A Green arqueia levemente suas sobrancelhas, focando seus olhos sobre o cadeado aberto em sua mão antes de virar o rosto para o adolescente ao seu lado.

— É melhor parar de me olhar desse jeito e de agir assim. — Diz ele, movendo seu corpo um pouco mais para perto dela. — Você é uma bruxa. Magia tem que ser algo comum para você. — O tom de voz dele agora era discreto. Afinal, as outras pessoas não podiam ouvir tal conversa.

— Você está certo. — Violet solta o cadeado. — Eu sou uma... Bruxa. — Diz ela, repetindo a tal frase dele mesmo que ouvir aquilo com suas próprias palavras ainda fosse incomum. — Mas existe um detalhe importante nisso tudo: Descobri isso ontem.

Violet para de olhar para Collins e volta sua atenção para seu armário, o abrindo. Chase anda um pouco para o lado quando a porta metálica do armário fica á frente de sua visão.

— Não comece com desculpas. — O jovem estudante alterna seu olhar entre ela e o corredor. — Por justamente ter descoberto isso ontem, precisa começar a se acostumar com tal coisa. — Collins fixa o olhar em Violet. Ela por sua vez, mantinha sua atenção no interior de seu armário. — Você precisa de treino. Eu posso treiná-la.

A Green olha para ele após tal declaração.

Se alguém pedisse a Violet para descrever Chase Collins, ela com certeza usaria a palavra insistente. Sim, era essa a impressão que se formava em sua cabeça. De início talvez não fosse bem assim. Ele só parecia um garoto que era seleto com suas companhias, como Collins mesmo havia dito em sua conversa com ela na festa. Quando ambos estavam sentados sobre o tronco de madeira caído e localizado próximo a fogueira mais á frente.

No entanto, desde que Collins passou a “perseguir” e provocar a garota, estava cada vez mais difícil para Violet não se sentir incomodada ou algo do tipo quando ele aparecia.

E Chase sabia disso. Sabia tanto que permanecia em silêncio enquanto a encarava com seu olhar levemente cínico.

— Minha vó vai conversar comigo hoje. — Fala ela, fechando a porta do armário. A estudante tranca o cadeado, segurando a alça direita de sua bolsa com uma das mãos em seguida. — E acho que é o Caleb que tem que fazer isso, não é?

Chase solta um riso curto e sem humor com o questionamento. A menina suspira de leve já um tanto arrependida de ter feito tal pergunta.

— Caleb não é o único que pode fazer isso. Ele só possui o favoritismo dos outros e é claro, dos mais velhos. Mas isso você já deve ter percebido, possivelmente.

— Mas ele é o futuro líder. — Diz a garota lembrando-se da conversa que teve com Danvers e do que o próprio Chase tinha dito quando os três mais Reid, Tyler e Pogue estavam na casa velha no meio da floresta. Ela não sabia exatamente o que tal coisa significava, mas a palavra líder já dizia muita coisa. — E Caleb só quer me ajudar.

— Eu também quero. — Fala Chase de forma simples e direta.

— Você tem um jeito diferente de ajudar.

Violet se afasta do armário e de Collins, se pondo a andar. Chase faz o mesmo, indo até o lado esquerdo da garota.

— Se quando diz diferente se refere ao fato de que sou focado e direto em tomar atitudes, sim, eu possuo um jeito diferente de ajudar. — Os dois dobram o corredor. Violet alternava seu olhar em pontos aleatórios enquanto Collins tinha seus olhos focados á sua frente. — Fiz muito mais para te ajudar do que o Parry e seus amiguinhos Reid e Tyler.

A Green para de andar, levando seus olhos até ele.

— Chase, eles escolheram aguardar o momento certo. Respeitaram a decisão do Caleb e da minha vó. — Fala ela, lembrando-se das palavras de Reid.

Chase vira o rosto para Violet. Ele move-se indo um pouco mais adiante, virando o corpo para ficar de frente para ela. Violet o acompanha, movendo seu corpo também. E mais uma vez, os dois se encaravam no meio do corredor.

— É a primeira vez que a vejo defender seus amiguinhos. — Collins vê a garota suspirar. Chase sabia quando estava incomodando alguém. E ele estava fazendo isso agora. — Me deixe dizer uma coisa, Violet. Danvers é vagaroso e precavido demais. É uma perda de tempo. Se ele não fosse tão lento, você não estaria tendo problemas em abrir um cadeado. — Ele gesticula com a mão direita, apontando para uma fileira de armários como forma de reforçar sua frase.

Collins se aproxima da Green, inclinando seu corpo um pouco para frente.

— Se treinar comigo, não vai se arrepender. Sem contar que, se aceitar, terá uma companhia bem mais interessante durante os treinos. — Um sorriso fechado brota em seu rosto.

Violet olha para os lados. Alguns alunos assistiam a cena mesmo que de forma discreta. Ótimo! Lá estava ela passando por aquilo mais uma vez.

A jovem suspira.

Ela não gostava daquilo. Não curtia ser o centro das atenções, mesmo que de forma discreta e breve. A adolescente já estava incomodada e um tanto chateada por saber que possivelmente não conseguiria ir á biblioteca antes da próxima aula. Um pouco tímida por receber tais olhares dos demais alunos e quando voltou seus olhos para Collins, sentiu suas bochechas ruborizarem um pouco quando se deu conta da proximidade dos dois.

O olhar da menina muda de direção quando Violet nota as luzes do corredor oscilando.

Chase levanta o olhar ao também notar tal coisa assim como os demais alunos também fazem. Ele endireita sua postura, ainda observando tal acontecimento.

Violet nota que Collins parecia saber por que as luzes do corredor piscavam. E seus olhos encontram-se com os dele um minuto depois.

Ela lança um olhar para ele, indagando se possivelmente ela seria a culpada por aquilo.

— Mais um motivo para você começar a treinar logo. — Fala ele, meio que respondendo sua indagação. — Aliás, precisamos conversar sobre mais uma coisa.

Os lábios de Violet se abrem levemente, ela pronta para lançar mais uma pergunta.

O sinal toca, interrompendo a garota.

Um pouco ao longe, mais á frente da Green, a monitora Denise já começava a apressar os alunos.

Chase vira seu torso para olhar a monitora por alguns segundos antes de voltar-se para Violet.

— Podemos voltar à conversa no final das aulas. Ou você pode perguntar a Caleb e aos outros sobre a união do círculo. O que, aliás, precisamos fazer o mais rápido possível. Você provavelmente vai escolher a segunda opção, já que prefere ouvir os seus queridinhos. Mas eu realmente vou dar um voto de confiança á você.

— Vamos crianças, hora de voltar para as salas de aula. — Denise se aproxima. — Vamos. Vocês terão mais tempo para conversar depois. — Ela gesticula um pouco e Collins olha para ela.

— Tem razão, Denise. — Chase não passa muito tempo encarando a mulher e logo volve seus olhos para a Green. — Eu e a Violet podemos conversar depois. Se ela quiser.

Collins sorri daquele seu jeito. Só ele e ela sabiam do que Chase realmente estava falando.

— Claro que ela vai. Como resistir á um rostinho desses? — Questiona a monitora, apontando para a face dele enquanto ele dava de ombros, como se concordasse com as palavras dela. Violet apenas o encara. Séria, com uma expressão um tanto fechada. Collins sabia como a provocar. — Agora vão. Precisam estar na suas salas de aula agora.

Denise olha para os dois antes de se afastar e seguir até outros alunos. A voz dela dizendo “Vamos gente, hora de estudar” ecoava pelo corredor.

— Nos vemos depois. — Diz Collins fazendo companhia á voz da monitora mesmo que seu tom de voz não fosse tão alto quanto o dela agora. Ele mantém seu olhar sobre o rosto da garota enquanto falava. — Espero que meu voto de confiança valha á pena.

Violet não diz nada enquanto Chase vira o corpo e segue em frente, se afastando.

A adolescente inspira e prende o ar por alguns segundos antes de soltá-lo. Ela acompanha os passos do garoto até ele dobrar o corredor.

União do círculo.

O que era isso agora? E por que Chase fazia aquilo? Por que ele a enchia de perguntas e dúvidas? E mais. Por que ela o deixava fazer tal coisa? Violet podia ser curiosa, mas não em exagero. No entanto, Collins sabia como mexer com a Violet curiosa. Ele a incomodava, a chateava. E Violet não gostava daquilo.

Dando mais um suspiro rápido, Violet segue para a próxima aula.

~ ◊ ~

— Pode colocar essa caixa aqui, por favor? — Pede Vincent apontando para um canto mais á frente. O rapaz observa enquanto um dos empregados contratados deposita a caixa no local pedido.

— Aqui?

— Sim, ai está ótimo. Obrigado.

— Tem mais três caixas lá trás, devo trazê-las para cá também? — Indaga o rapaz após endireitar sua postura.

— Sim, sim. Pode trazer todas as caixas. — Gesticula Vincent com a mão que segurava uma caneta com o dedo indicador e polegar enquanto a outra segurava uma prancheta. Ela continha a lista de todos os artefatos, livros e outros objetos presentes no museu.

Observando o rapaz se afastar indo em busca as outras caixas, Vincent demorou um pouco para notar a presença de Amelie se fazendo presente no local.

Ela para ao lado do amigo. Suas mãos postas para frente enquanto ela presenciava o movimento intenso dentro do museu.

— Resolveu dá uma passada por aqui? — Indaga o jovem negro olhando para a amiga por um curto período de tempo antes de se voltar para a prancheta.

— Sim. Você sabe que gosto de saber como estão as coisas. Também é importante para mim. — Amelie olha para o amigo rapidamente antes de volver o olhar para frente.

— É. Eu sei. — Vincent permanece com seus olhos sobre a lista por mais alguns segundos antes de virar o rosto para a mulher ao seu lado. — Agradeço pelo o que está fazendo, Amelie. Você sabe que não pediria sua ajuda se tivesse outra escolha.

— Não precisa me agradecer. Sei o quanto isso significa para você e quanto isso é de grande importância para a história da cidade. Uma pena o prefeito não valorizar tal coisa como deveria.

No dia anterior, após Nicholas ter se despedido dele, Vincent seguiu até a casa de sua melhor amiga. Ele precisava de mais verba já que a oferecida pelo prefeito Jonathan era bastante baixa para cobrir as reformas necessárias. Amelie compreendia o valor de tal coisa e não pensou duas vezes para dizer “sim” ao pedido do amigo. Na verdade, a Green já havia cogitado a ideia antes mesmo de Vincent citar tal assunto.

— Sabemos como o prefeito pode ser.

— Sim, sabemos. — Amelie se põe a andar, observando o local.

Os olhos claros da mulher percorrem o interior do museu. Dias antes de sua neta voltar com ela para Ipswich, a reforma tinha começado. Custou um pouco para que o prefeito ouvisse os pedidos de Vincent quanto à necessidade de uma reforma no museu da cidade.

Biblioteca com goteiras e infiltrações, animais como morcegos e ratos viviam nos forros, a presença de ferrugem, baldes espalhados pelos espaços e plásticos pretos que cobriam algumas estantes faziam parte da lista de problemas de infraestrutura do museu.

Tais problemas perturbavam tanto á Vincent quanto aos outros funcionários do museu. Por isso foi um alívio quando o prefeito Jonathan aprovou as obras. Porém, isso não durou muito já que o valor da verba liberada era bem desanimador.

Mais caixas chegam. Vincent se afasta um pouco para monitorar o empacotamento de algumas peças.

— Gente, por favor, sejam gentis. Essas peças são delicadas.

A senhora Green solta um risinho enquanto ouvia os pedidos do amigo para o pessoal responsável por tirar os objetos que constituíam o museu e que o fazia ter a importância que tinha.

— Ainda bem que já estamos acostumados com o comportamento dele. — Amelie olha para seu lado esquerdo. Nicholas presente ali.

— Nicholas. Que prazer o rever.

— O prazer é meu, senhora Green. — O rapaz tinha os dois braços em volta de uma caixa que ele segurava com cuidado.

Amelie sorri singelamente para o rapaz. Tinha o conhecido quando Vincent o apresentou para ela ao fim de uma das primeiras reuniões sobre a reforma. Nicholas era amigo de Vincent desde a faculdade. Quando o melhor amigo da senhora Green precisou de pessoas que entendessem o valor de tal obra e que também o ajudassem com as peças, pensou em Nicholas.

— Eu quero agradecer o que está fazendo. Sei que como uma descendente de uma das famílias fundadoras desta cidade, este lugar também possui valor significativo para a senhora. No entanto, a senhora não tinha a obrigação de aceitar o que Vincent propôs. Mas mesmo assim fez. Por isso, obrigado.

A mais velha sorri fechado, de forma breve e discreta como forma de resposta enquanto observava as feições do rapaz. Ele parecia mais disposto e animado do que a primeira vez que o viu. Isso era bom. Vincent havia mencionado de forma sucinta sobre os problemas pelo qual seu amigo estava passando e Amelie se agradou de tê-lo visto com aquele semblante diferente.

— Nicholas, por favor, acompanhe o pessoal até o lado de fora. — Pede Vincent indicando três funcionários com um gesto rápido de mão.

— Pode deixar. — O rapaz volta seu olhar para Amelie. — Com licença.

— Á vontade.

Nicholas se afasta, seguindo com os outros homens até o lado de fora. A senhora Green acompanha o movimento do rapaz antes de virar seu corpo na direção de seu amigo.

— Precisa de ajuda? — Questiona Amelie enquanto se aproximava á passos leves.

— Para ser sincero preciso de alguém que oriente o pessoal lá na biblioteca. Sua ajuda seria ótima, mas só se não for a atrapalhar. Sei que precisa dar atenção à pequena Green.

— Sim, eu conversarei com ela hoje. —Fala a mulher um tanto pensativa. — Mas acho que tenho tempo para ajudar meu amigo. — Amelie muda seu semblante, lançando um olhar gentil para ele.

Vincent sorri fechado.

— Sendo assim. — Ele aponta na direção da biblioteca com a caneta em sua mão, o sorriso ainda em seus lábios.

Amelie conhecia aquela expressão de ânimo do amigo e isso a agradava.

— Então, vamos ao trabalho.

~ ◊ ~

Com suas costas apoiadas no tronco de uma das árvores que cercavam a Spencer, Violet folheava seu caderno. Tyler ao lado dela, também encostado na madeira do tronco grosso e um pouco antigo, tinha o livro de introdução á genética aberto sobre seu colo.

— A professora terminou nesta página aqui. — Indica o adolescente, alternando o olhar entre Violet e a página do livro.

Com toda aquela conversa entre Chase e ela, a Green acabou por não conseguir pegar um exemplar do livro. No final, resultou que Tyler havia a chamado para conversar sobre o assunto quando as aulas acabaram. O que estava sendo bom, pois ela poderia dar uma olhada nas páginas repletas de ilustrações e textos sobre DNA, genes e genoma que o livro continha.

Os dois jovens pareciam bastante interessados no assunto, ao contrário de Reid que apenas encarava o pátio á sua frente. O corpo do rapaz estava relaxado enquanto ele se recostava no tronco. Suas pernas esticadas sobre a grama verde balançavam leve e discretamente enquanto seus olhos azuis focavam em Aaron e Bobby. Os dois lançavam uma bola de futebol americano um para o outro enquanto Madison, sentada um pouco mais distante, mexia em seu celular.

Garwin nunca foi de gostar de estudar, isso era fato. Por isso, quando Tyler se juntou á Violet para debater sobre genética, só restou para Reid esperar. Ok. Ele podia se esforçar um pouco para se inteirar tanto no assunto quanto na conversa. Mas ele não queria.

Soltando um suspiro mais semelhante á um bufo, Garwin vira o rosto para o lado direito. Ele direciona os olhos até Caleb e Pogue. Os dois conversavam com Sarah e Kate e pareciam animados. Muito provavelmente as duas garotas se aproximariam para falar com Violet depois. O loiro olha para sua amiga de infância e para seu amigo. É. Ele parecia mesmo curtir a biologia.

Porém, Garwin estava entediado e realmente queria ter a chance de conversar com Violet também. Pensando nisso e olhando para os adolescentes que jogavam no pátio, Reid tem uma ideia.

— Ei, Vy. — A garota olha para ele. O rapaz move um pouco seu corpo para mais perto dela e passa seu braço direito sobre os ombros da menina. — Saca só. — Com um gesto de cabeça, Reid aponta para Aaron e Bobby. Os olhos do loiro focam no movimento da bola que seguia de um lado para o outro. — Motus.

Após a palavra pronunciada por ele, a bola de couro atinge o peito de Aaron com uma velocidade um pouco maior quando Bobby a lança para o estudante.

Aaron cai no gramado, soltando um arquejo leve de dor, chamando a atenção de Madison. Bobby já se mostrava um tanto preocupado com a futura reação do outro.

Violet olha para Reid, notando o sorrisinho travesso dele.

— Reid, o Caleb não está gostando disso. — Diz Tyler, claramente segurando um risinho em sua garganta. Ele alterna o olhar entre Violet, Garwin e Caleb. O último possuía uma expressão séria ao encarar autor de tal feitiço.

É claro que Danvers sabia que a queda de Aaron tinha um responsável e o tal não era o Bobby. Violet podia notar os olhos castanhos do rapaz direcionados para o loiro que por sua vez, dá de ombros.

— Foi divertido. — Diz ele, ainda encarando os três mais á frente.

Aaron se levanta, logo lançando certas palavras não muito amistosas para Bobby. Madison não parecia muito preocupada com o garoto e logo volve seu olhar para o celular. Bobby se põe a explicar pedindo desculpas ao mesmo tempo em que dizia que não foi culpa dele.

— Então Violet, — Começa Tyler chamando a atenção da Green, procurando retomar o assunto já que para ele, Reid e suas brincadeiras não eram novidade. Violet desvia o olhar de Caleb para Simms, também procurando voltar ao tópico anterior. — Eu acho que a gente pode dar uma olhada nesse capítulo aqui e...

— Sei essa. — Reid o interrompe. Ele volta seu olhar para os dois e inclina um pouco seu corpo para frente a fim de encarar Tyler. — Será que dá para parar de encher a Violet com esse papo? Qual é Tyler. Estou entediado e meu tédio só aumenta com esse seu assunto.

— Dá um tempo Reid. Se não está gostando da nossa conversa, pode ir embora.

Antes que o outro pudesse responder, Violet se pronuncia.

— Podem parar, por favor? — Ela alterna o olhar entre os dois. Reid endireita sua postura e como uma criança birrenta, se cala e olha para frente. Tyler leva seus olhos para o livro e também se silencia.

Era incrível como que do nada, Garwin e Simms discutiam um com o outro. Na maioria das vezes Violet só presenciou falsas briguinhas e implicâncias entre eles. E talvez aquele também fosse o caso, mas a garota optou por cortar logo tudo aquilo antes que pudesse se tornar algo realmente verdadeiro.

— Acho que podemos conversar um pouco sobre outros assuntos. — Violet olha para Tyler que anuiu sem muitas dificuldades, fechando o livro em seguida. A menina leva os olhos para Reid, esperando uma resposta dele. O garoto parecia realmente ocioso e talvez isso, combinado com a personalidade dele, tenha resultado naquela breve discussão.

O loiro concorda com ela momentos depois.

— Ótimo.

Violet fecha seu caderno, pronta para guardá-lo em sua bolsa. Conversaria com os dois sobre assuntos aleatórios e aliviaria o clima ali.

— Acho que vamos ter que conversar depois, Vy. — Violet olha para Reid somente para seguir a direção que ele indicava.

A governanta acenava para ela dentro de um carro estacionado bem mais á frente.

—Elizabeth? — Violet franze os cenhos estranhando a presença dela ali.

Garwin retira o seu braço de cima dos ombros da Green. Ela se levanta segundos depois, tirando alguns pedaços de grama grudados em sua saia preta.

— Nos falamos depois. — Diz ela, virando seu corpo para os dois.

— Te mando uma mensagem. — Diz Reid, ele parecia um tanto sério. Porém, no fundo ela sabia que aquilo não duraria muito tempo.

— É. A gente pode conversar mais sobre o assunto depois. — Garwin olha para o amigo não escondendo sua chateação.

— Não discutam. — Pede Violet enquanto pendurava sua bolsa nas costas.

— Não vamos.

— Isso se o Tyler parar de encher meu saco com esse papo de genética.

Violet lança um sorrisinho para os dois, era divertido passar aquele tempo com eles. Reid sorri de volta enquanto Tyler revira um pouco seus olhos com as palavras do amigo.

— Até mais.

A Green vira seu corpo para seguir seu caminho, lançando um tchauzinho para as meninas, Pogue e Caleb enquanto andava. Kate fala, ou melhor, quase grita um “Tchau, Violet. Não esqueça que precisamos terminar nosso trabalho”. Com um gesto rápido de cabeça a garota confirma as palavras da outra enquanto vê Sarah acenar para ela, sorrindo com as palavras da morena. A Tunney era daquele jeito. Espontânea e divertida, mesmo que não percebesse tal coisa.

Quando Violet atendeu sua ligação, precisou pensar em uma desculpa para ter saído ás pressas do lava carros. Ela não gostava daquilo, não gostava de mentir para a colega, mas precisava fazer. E foi o que ela fez. Disse á Kate que passou um pouco mal e teve que voltar para casa.

Se Kate realmente acreditou ou não, Violet não sabia. No entanto, a Tunney não tocou mais no assunto quando ela, Sarah e a Green se encontraram nos corredores.

A estudante para de pensar naquilo quando Caleb a chama, se aproximando em seguida. Violet para, direcionando um pouco seu corpo para o lado quando Danvers para á sua direita.

— Oi. — Fala o jovem, lançando um breve sorriso para ela. — Não tivemos tempo de nos encontrar pelos corredores. Eu queria falar com você.

— Tudo bem. Mas precisa ser rápido. — Violet aponta para o carro e para Elizabeth com o dedo polegar direito.

Danvers olha a direção indicada brevemente.

— Será rápido. Eu só quero dizer que acho que podemos nos reunir durante essa semana. Amanhã, talvez. — Caleb gesticula um pouco com a mão esquerda. — Eu posso pegar você em casa, a senhora Green não precisaria se preocupar.

— Ah sim, isso parece bom. — Responde ela, direcionando o olhar para o carro somente por alguns segundos. — Eu só preciso informar a minha vó. Sabe como é. — Violet lança um sorrisinho fechado e breve para Caleb. Ele faz o mesmo, anuindo à frase da garota.

Os dois permanecessem calados. Um breve intervalo de tempo passa enquanto Violet encarava o jovem moreno em silêncio. Aquilo possivelmente estava sendo um tanto quanto estranho, mas ela só estava pensando. Pensando nas palavras de Collins. Droga! Por que ela insistia em permitir que isso acontecesse?

— Caleb, eu queria te perguntar uma coisa. — Ela inicia ainda em dúvida sobre começar aquela conversa ali.

— Pode perguntar Violet. — A expressão de Danvers muda levemente. A testa franzida e o olhar um pouco mais sério já se formando enquanto encarava a menina. — O que quer perguntar?

A Green passa a mão pelo rosto, tirando alguns fios de cabelo dali enquanto se questionava se deveria seguir ou não tal conversa.

— O Chase conversou comigo hoje e mencionou algo sobre a união do círculo. Ele disse que precisamos fazer isso o quanto antes. O que é isso? O que é essa tal união? — Fala ela, decidindo soltar tais questões ali mesmo.

Danvers deixa seus olhos sobre o rosto um tanto questionador de Violet. Ele sabia que precisava tocar naquele assunto com ela. Chase também sabia. Aliás, ele fez questão de acelerar as coisas.

Caleb suspira, olhando para os outros rapidamente antes volver seu olhar para ela.

— Então eu estava certo. — Collins se faz aproxima, se fazendo presente no campo de visão dos dois e impedindo que Danvers dissesse mais alguma coisa ali. — Você escolheu perguntar para nosso querido futuro líder. — Chase coloca sua mão direita sobre o ombro esquerdo do outro. Ele olha para Danvers antes de pousar seus olhos sobre Violet. — Mas preciso ser sincero. No fundo eu até achei que você corresponderia ao meu voto de confiança.

— Eu fiz a pergunta, não fiz? — Indaga a Green. Seus cenhos um tanto franzidos e sua expressão um pouco mais fechada não escondiam seu leve incômodo. Lá estava ela de novo, se deixando chatear por causa dele. Por causa de Chase.

— Tem razão. Você perguntou. — O adolescente vira seu rosto para Caleb. — Então Danvers? O que é a união do círculo?

O moreno encarava o amigo por uns dois segundos antes de tirar a mão de Collins de cima do seu ombro. Ele olha para Violet. Caleb queria fazer aquilo tudo com calma e tranquilidade. Queria dar tempo para que a garota pudesse fazer mais perguntas e tirasse suas dúvidas. Ele não desejava fazer tal coisa ali, no pátio da Spencer.

— A cada nova geração, nosso coven forma um novo círculo. — Começa ele após um suspiro e alguns olhares cautelosos. — Para que o círculo se torne completo precisamos de seis pessoas, uma de cada família.

— E você completa o círculo. — Acrescenta Chase, fazendo Violet olhar para ele.

Caleb vira um pouco seu torso para se certificar de que aquela conversa podia progredir sem mais problemas. Pogue encontra o olhar do amigo e lança uma expressão questionadora. Reid e Tyler fazem o mesmo quando percebem a presença de Collins ali. Procurando tranquilizar os amigos, Caleb responde da mesma forma, lançando um olhar como dissesse: Está tudo bem.

— Com o círculo completo, nossos poderes tornam-se mais fortes. No entanto, precisamos fazer a união do círculo. — Diz o jovem moreno ao voltar-se para os dois.

— Precisamos fazer o mais depressa possível.

— Não acelere as coisas Chase.

Collins direciona o olhar para o outro.

— Não comece com essa conversa de não acelerar as coisas. A garota precisa de treino. Não somente de falatórios.

— Falatórios? Violet é nova nisto tudo. Ela precisa de orientações, os tais falatórios, como você as chama, são importantes para o aprendizado dela. — Caleb possuíam uma postura mais séria ao falar, Violet podia notar tal coisa.

Chase por sua vez, parecia habituado a tal situação. Talvez confrontar os demais fosse rotineiro para ele.

— Esse é seu problema. Quer tanto encher a Violet com suas orientações que esquecesse o principal. — Diz Collins, não escondendo sua ênfase debochada na palavra “orientações”. — Somos bruxos. Aprendemos muito mais quando praticamos e você sabe disso.

Diferente de Reid e Tyler, um possível conflito entre Chase e Caleb não consistiria em briguinhas ou implicâncias. A coisa poderia ser mais séria.

— Ei, vocês dois. — Ambos direcionam o olhar para a garota que os chama. — Estamos no meio do pátio, lembram?

Danvers olha em volta após a declaração de Violet. Ela tinha razão, precisavam ser discretos. O rapaz passa a mão esquerda sobre o rosto, suspirando antes de baixar um pouco seu rosto e encarar um ponto aleatório na grama.

Collins tinha uma leve expressão de insatisfação enquanto encarava um ponto mais á sua direita.

— Ok. — Começa Violet, olhando para o carro que a esperava mais á frente. Elizabeth distraía-se observando o movimento dos demais alunos enquanto esperava por ela. A Green volve seu rosto para os dois. — Caleb? — O rapaz levanta o olhar. Seus olhos castanhos encontrando a face dela. — O que acontece se não unirmos o círculo?

Chase olha para o moreno também esperando que ele respondesse tal pergunta. O moreno abre a boca para proferir suas primeiras palavras quando o som de um baque chama a atenção das pessoas mais próximas.

Violet vira o rosto na direção do som e vê Aaron caído sobre a grama. O rapaz estava desacordado, um hematoma de tamanho médio e arroxeado sobre o lado direito de sua testa podia ser visto pelas pessoas que estavam mais perto dele. Bobby encontrava-se ajoelhado próximo ao amigo enquanto Madison, em pé ao lado de Aaron, encarava o corpo desmaiado com uma expressão preocupada.

Reid e Tyler estavam de pé. Ambos possuíam rostos assustados enquanto assistiam a cena. A Green viu quando Pogue e Caleb trocaram olhares enquanto Sarah e Kate assistiam o ocorrido.

Collins se aproxima de Violet e inclinando um pouco seu corpo para mais perto do ouvido dela, ele diz:

— Isso é o que acontece se não unirmos o círculo. — Ela volve os olhos para Collins. Os cenhos franzidos e uma expressão que transitava entre a preocupação e a dúvida presentes na face dela.

— Eu já volto. — Fala Caleb olhando para a Green por breves segundos antes de se aproximar da cena do acidente.

Violet assente, não havia por que discordar de tal ação dele. Ela ainda não sabia como explicar, mas sentia que tal acidente não foi causado por algo natural. Uma sensação dentro dela dizia isso. E Violet, de alguma forma, tinha noção de que os outros também sentiam a mesma coisa. Sem contar que a menina tinha visto o que Reid tinha feito momentos antes, quando estava com eles.

Chase dá dois passos para o lado a fim de ocupar o lugar onde antes Danvers estava. Ele observa a cena por um tempo antes de volver-se para Violet. Percebendo o olhar dele sobre si, a estudante leva os olhos até ele.

— Agora sabe por que precisamos unir o círculo o mais depressa possível. Do jeito que seu amiguinho Garwin é, ele poderá fazer estragos piores que esse se não tivermos um controle dos nossos poderes. Se bem que, ele nunca teve controle nenhum.

— Então é sobre isso? Sobre ter mais poder e controle? — Indaga ela. Violet podia ainda não entender muita coisa sobre bruxas, feitiços ou covens. Mas ela poderia entender o contexto daquilo tudo. Poderia entender as motivações de Chase.

E Collins não demorou a responder.

— Se você quer uma resposta sincera, então sim, é sobre isso. Como nosso estimado Caleb falou, você completa o círculo. Com o círculo completo, nossos poderes se intensificam. Nossos feitiços tornam-se mais fortes e somos capazes de praticar feitiços mais poderosos. — Chase gesticula um pouco com as duas mais, não disfarçando sua empolgação mesmo que ele procurasse ser discreto ali. — Porém, o único problema é que tanto poder precisa ser controlado e direcionado de forma equilibrada. Por isso a união do círculo existe. Para estarmos no controle desse novo nível de poder. E é isso que eu quero.

Chase era direto com suas palavras. Curto e simples em suas sentenças. Violet poderia desejar ser daquele jeito ou admirar tal característica se estivesse em outras circunstâncias.

— Não me olhe assim. — Diz ele, interrompendo seus pensamentos.

— Assim como? — Questiona ela, saindo de seus pensamentos, realmente em dúvida.

— Com esse olhar julgador. Já tenho minha cota de julgamento alheio completa. Não preciso de mais um olhar desse tipo.

— Não estou julgando você, Chase.

— A questão não é essa. — Fala ele, já mudando de assunto. — A questão aqui é que querendo ou não, você precisa participar da união do círculo. Todos nós precisamos. Caso contrário, — Com o polegar direito, Collins aponta para trás, para onde Aaron e os demais estavam. — mais acidentes como aquele irão acontecer.

Chase abaixa a mão e deixa que Violet encare a cena por alguns segundos antes de encará-lo de novo.

— Você sabe que estou certo.

~ ◊ ~

Então era isso que ela era agora? Uma bruxa novata e sem controle dos poderes que tinha? Como aquilo aconteceu mesmo? Ou melhor, como aconteceu tão rápido? Deitada sobre sua cama com seu headphone tocando uma de suas músicas, Violet tinha esperanças que sua vó chegasse logo e explicasse tudo para ela.

Elizabeth tinha dito que a mais velha chegaria um pouco mais tarde em casa já que decidiu ajudar Vincent no museu. Amelie havia comentado com a neta sobre as reformas do local em certo momento durante um jantar entre as duas. Aquilo soava importante tanto para Vincent quanto para sua vó. Quem sabe ela não visitasse o museu quando ele estivesse completamente novo. É. Violet faria isso.

Fechando os olhos e deixando sua imaginação correr solta, a menina já imaginava a cena onde ela e sua vó receberiam certa atenção ao entrar na inauguração do museu reformado. Em sua cabeça, Violet saberia como se portar em meio àquelas pessoas e não sentiria tanto ou não se deixaria mostrar seus sentimentos para estranhos quando os tais mencionassem sua mãe e seu pai.

Seus pais.

Por que eles a deixaram? Por que estar sozinha logo agora? Logo no momento em que ela mais precisava da presença deles. Seus pais saberiam o que fazer. Eles sentariam com ela e explicariam tudo com calma. Violet entenderia e não sentiria aquela pontada de medo dentro de si, não como estava sentindo.

Não que ela não confiasse em sua vó, muito pelo contrário. Mas a ausência de seus pais doía muito.

Violet aumenta o volume da música, permitindo que a sensação causada pela melodia invadisse seu corpo por completo. Assim ela poderia esquecer um pouco seus atuais problemas. Esquecer que Aaron foi atingido na cabeça e que Reid foi o culpado de tal coisa. Esquecer que isso poderia ser perigoso e que ela e os outros corriam o risco de fazer a mesma coisa também. Violet queria esquecer que precisou mentir para suas colegas Kate e Sarah e com certeza não desejava sentir aquele incomodo e sensação de chateação quando Chase se aproximava dela.

A jovem queria esquecer. Queria focar em como experimentava uma sensação boa quando estava com Reid e Tyler. Concentrar-se nas palavras ditas por ela quando decidiu estar pronta para aprender mais sobre o que ela era agora. Violet preferia focar em como gostava de Vincent e como se sentia bem com ele por perto. Direcionar seus pensamentos para a simpática Elizabeth e para sua amada vó.

Era em todas aquelas coisas que ela desejava manter o foco. Mas sua cabeça era teimosa e em uma hora ou outra trazia todas as outras coisas de volta.

Violet estava tão concentrada em sua atual tarefa que foi preciso duas batidinhas em seu pé esquerdo para que a garota abrisse seus olhos e encarasse a governanta á sua frente.

Os lábios de Elizabeth moviam-se, proferindo palavras que a Green não entendia devido á musica alta que entrava em seus ouvidos.

Ela tira os fones.

— Está me ouvindo agora?

— Sim. — Diz a menina, sentando-se em seguida. — Desculpe. Eu estava pensando em algumas coisas.

— Percebi. Você me parecia bem centrada.

Violet dá um sorrisinho sem graça com tal declaração. Elizabeth estava certa. A loira fica em silêncio por certos segundos, observando a menina sentada na beirada da cama.

— Sei que certos pensamentos podem incomodar. — Começa a mulher. Ela dá alguns passos para o lado esquerdo. — Sei o quanto eles podem ser chatos e insuportáveis.

— É. Eles podem ser bem chatos mesmo. — Diz Violet, olhando para seus pés.

— Sim. — Elizabeth para quase que próxima a porta do quarto. — Mas também sei o que pode ajudar.

— O quê? — A garota levanta seu olhar de forma rápida.

— Comida. — Responde a loira com um sorrisinho um pouco travesso nos lábios. — Venha, vamos para a cozinha.

~ ◊ ~

Já era tarde da noite quando a jovem Lindsay caminhava pela rua. O vento frio balança seus cabelos negros e escorridos enquanto suas mãos eram postas dentro dos bolsos de seu casaco bege. Ela seguia até seu destino e foram necessários mais alguns passos para que garota oriental chegasse até onde queria: uma parada de ônibus.

Ela se senta em um dos bancos dispostos ali. Estava sozinha.

Como a maioria das pessoas em sua situação, Lindsay sabia que ficar ali solitária no meio da noite não era uma boa opção. Mas buscar uma parada de ônibus mais movimentada lhe custaria mais tempo caminhando. Ela estava cansada e só queria voltar para casa. Ficaria ali. O ônibus não demoraria muito e logo estaria descansando, deitada em sua cama enquanto assistia a um filme antes de pegar no sono.

Era nisso que sua mente focava quando seus ouvidos captaram o som discreto de galhos movimentando-se em um pequeno arbusto próximo á parada.

Lindsay vira o rosto na direção do som e deixa que seus olhos observem os galhos que compunham o arbusto á sua direita. Procurando ignorar tal acontecido, ela dá de ombros e volta seus olhar para frente. Afinal, poderia ser qualquer coisa. E talvez até o vento tenha causado tal movimento.

É. Foi o vento.

A jovem olha para o seu lado esquerdo, o lado que o ônibus viria. Balançando seus pés no ar de forma leve, Lindsay permanece com o rosto na mesma direção. Foi assim até que um som mais forte vindo do arbusto faz a garota virar seu corpo quase que em um pulo.

Ela permanece parada enquanto os galhos moviam-se uns contra os outros. Os olhos puxados da garota se abrem mais que o comum, ela já estava começando a ficar assustada. O movimento continua e Lindsay toma um impulso para levantar-se. Ela não ficaria ali, com o que quer que estivesse atrás daqueles galhos e folhas.

A garota já estava pronta para sair á passos apressados quando em um último e rápido movimento, uma criatura sai do interior do arbusto. Lindsay solta um grito curto, mas bem sonoro ao se deparar com um... Gato?

O bichano encara a moça como se perguntasse por que ela estava tão apreensiva. A jovem, após se recuperar do susto, suspira e ri. Como ela era boba. Era só um gato.

Lindsay solta mais alguns risos nervosos e ao mesmo tempo envergonhados enquanto uma de suas mãos estava sobre seu peito.

— Olhe só para mim. — Diz ela, levantando as duas mãos de forma breve. — Como pude me assustar com você, hein? — Ela caminha até o gato com pelagem mesclada entre o cinza e preto. O felino ainda com seus olhos verdes e vivos sobre o rosto dela. — Você está perdido amiguinho? Ou está sozinho e veio me fazer companhia?

Lindsay para de andar quando nota que os pelos da cauda do animal se eriçam.

— O que foi? — Pergunta ela franzindo sua testa em sinal de certa preocupação.

O gato desvia seu olhar para algo acima os ombros da garota. Os pelos de sua cauda ainda mais eriçados, aumentando o temor dela.

— O que você es... — Lindsay para de falar quando sente uma respiração atrás de si, em sua nuca.

A garota já podia sentir seus batimentos cardíacos começarem a acelerar e a adrenalina que já procurava desempenhar seu papel ali. No entanto, mesmo tentando começar a correr, Lindsay não foi rápida o bastante e acaba sendo pega, envolvida nos braços de quem quer que estivesse ali. A oriental procurava fugir, movendo e balançando seu corpo em uma tentativa de fuga.

Foi assim até que a tal figura pusesse um pedaço de tecido rasgado sobre a face dela. E mesmo que Lindsay não estivesse pronta para desistir, seu corpo parecia não querer acompanhar sua vontade. Ela estava perdendo as forças e aos poucos a garota caía na inconsciência.

O felino foi a única testemunha a ver Lindsay balançar suas pernas mais duas vezes antes de desmaiar por completo e ser levada para longe.