Os raios de sol já conseguiam ultrapassar o vidro da janela, iluminando cada canto antes dominado pela escuridão, inclusive a face do rapaz que dormia com as sobrancelhas juntas. - Talvez sonhasse com a pessoa que andou confundindo sua mente. Porém não demorou muito para este levantar-se da cama e fazer o que lhe restava fazer.

Fora dobrando suas roupas, uma por uma, com calma, pelo fato de ainda estar sonolento. Um banho de água fria para acordar e deixar que a água levasse todo o antigo MyungSoo era necessário. Mas um fato percebeu quando saíra do boxe para olhar seu reflexo no espelho do banheiro: Ele poderia mudar para mil pessoas, mas os olhos que expressavam nada mais que um vazío repleto de frieza, ainda que fossem vazíos, nunca o largariam.

Em poucos minutos, já estava pronto para cumprir sua promessa da noite anterior. Faltava apenas escrever uma carta de demissão, pedindo que colocasse aquele que antes sempre reclamava por não ter conseguido o papel e ter o lugar de dublê, em seu lugar como o próprio protagonista. Faltava também entrar no site da companhia aéria para comprar uma passagem para o próximo vôo de destino à Seoul. Tendo tudo pronto, MyungSoo ligou para uma companhia de taxis mandar um taxi para lhe buscar, para leva-lo ao aeroporto.

A viagem de taxi durou certa de 10 minutos, o que equivalia à 12,000,00円(R$16,00). MyungSoo agradeceu e tirou sua mala do carro, dando menos trabalho ao homem idoso que o dirigia. E com um sorriso teimoso que lhe invadia os lábios, entrou no aeroporto, podendo sentir-se já um pouco nervoso. Mas logo deu de cara com uma grande tela que mostrava o número do vôo, seu destíno, e o horário. Procurou pelo número 7411 destinado à Seoul. Quando achou, lá dizia que o vôo seria às 14:20. "Ótimo," pensou ele. "Ainda tenho 3 horas."

Para não ter que carregar sua mala de um lado para o outro, despaixá-la lhe parecia uma ótima ideia, onde fez o check-in e pediu para que a atendente imprimisse uma cópia de sua passagem, pois não queria problemas se a app que recebeu em seu celular não funcionasse. Dobrou, colocou na mochila onde tinha seu laptop, iPad, iPod e um casaco caso ficasse frio dentro do avião.

Ainda tinha muito tempo até o embarque e como não havia dormido direito, achou uma boa ideia sentar em uma das cadeiras e descansar. Porém sentia-se muito nervoso... Estava prestes a ver SungYeol... Oras, já está na hora de admitir que sentia algo forte pelo amigo. Tão intenso era esse sentimento que até conseguia ouvir sua voz lhe chamando "MyungSoo-ah!" Mas parecia tão distante... Bom, não tão distante, agora. "MyungSoo-ah!" Era real demais para ser apenas uma lembrança ou pensamento. Então, com medo ou receioso, MyungSoo levantou-se da cadeira e virou-se lentamente, esperando que aquilo não fosse real. Não que não quisesse ver SungYeol, pelo contrário. Mas não queria ve-lo aqui, não agora. Iria acabar com todo o propósito de estar voltando para Seoul, de estar se demitindo do trabalho como ator. Mas infelizmente, pôde ver com seus próprios olhos: Um SungYeol de sobrancelhas juntas, ofegante por ter corrido, e parecia ter uma confusão de sentimentos, a julgar sua expressão facial.

MyungSoo não teve outra escolha se não se aproximar do mais alto em passos lentos, receioso pois sentia que seus joelhos iriam quebrar a qualquer momento. Suas palpebras tremiam pois se recusava a tirar os olhos dos dele, se tinha essa unica oportunidade de ver que ele estava ali e que poderia toca-lo, abraça-lo, aperta-lo novamente. Os olhos teimavam em fechar para se reidratar, mas esse fato deixava MyungSoo frustrado, pois não queria perder um milésimo de segundo sequer.

– Lee SungYeol, por que você faz isso comigo?

Um silêncio agoniante veio de SungYeol como resposta. Um silêncio que fazia MyungSoo pensar em mil respostas para esta mera pergunta, mas aparentemente nada vinha à mente do mais velho. Uma abrupta reação de SungYeol fez com que MyungSoo se assustasse, ou quase acordasse de seu transe. O mais velho agarrou os braços fortes do mais novo com as mãos e o trouxe para mais perto de si. Seu olhar intensamente fundo. Tão fundo que MyungSoo sentia que a qualquer hora seria engolido por estes. Tão profundo era este olhar, que nem ao menos percebeu que seus lábios foram tocados pelos alheios, de um jeito tão carinhoso que fez o frio coração de MyungSoo aquecer. Era como se SungYeol massageasse seus lábios com os próprios, seguido de um úmido musculo movendo sobre seus lábios, umidecendo-os lentamente, e gradualmente, invadia sua boca sem nem pedir permissão. As mãos já encontravam-se fazendo uma leve pressão contra as costas do mais velho, para traze-lo mais perto de si.

O mais estranho disso tudo era o fato de que num piscar de olhos, estavam no quarto que MyungSoo dividia com DongWoo. E sem ao menos perceber, aquele beijo antes tão romântico, calmo, agora estava sufocantemente incessante. Era quase desesperador o jeito como MyungSoo se apoderava dos lábios do mais velho, como se não quisesse que este respirasse mais por si só, ou como se quisesse apoderar-se de SungYeol de qualquer jeito.

Logo mais, os beijos de MyungSoo desciam para o pescoço do mais velho, para mordiscar com cuidado, ainda que com vontade o bastante para deixar uma pequena marca vermelha ali, pois a pele deste parecia ter algum tipo de droga em sua superficie por ser tão viciante à este ponto.

– MyungSoo... - Sussurrou SungYeol, olhando para o lado oposto de quem chamara, apenas para deixar este aproveitar-se de sua pele.

Já MyungSoo, apenas parou o que estava fazendo para pousar seus lábios sobre a pele irritada do outro.

– Yeollie... O que há comigo hoje? Eu não consigo raciocinar direito esses dias, sabe. Está tudo muito confuso para mim. Eu não sei mais o que sentir... Eu nunca passei tempo algum longe de você e... Eu não sei se eu aguentaria mais... Todo dia todo dia tem sido difícil, não consigo dormir... Eu estou cansado, e não sei mais o que fazer, Yeollie...

- L, - Atreveu-se SungYeol. ( MyungSoo não gosta de ser chamado de L, a não ser pelas fãs ou em programas de televisão. Mas não suporta ser chamado pelo seu stage name.) E antes de completar sua frase, fez questão de que o mais velho estivesse olhando para si nos olhos, como fez uns minutos atrás. - você não é perfeito. Você não tem que ser perfeito. Você não precisa ser, se não quiser. Eu sei que pode ser frustrante para você admitir seus sentimentos por mim, mas é normal. Isso aconteceu comigo também, o problema é que eu fui percebe-los depois que você se foi para o Japão. Mas eu não quero, de jeito algum, que você desista de algo por mim. MyungSoo-ah, você se chama Kim MyungSoo, aquele que tem um coração de pedra, uh? Que houve com ele?

- Meu coração antes era gelado como um iceberg. Agora... Esta aquecendo-se de pouco à pouco, Yeollie. - Ele avançou para roubar um selo do outro, o qual correspondeu de imediato.

- MyungSoo-ah... E-eu te a...

Tudo passou por sua cabeça. Um desmaio, um ataque, tudo. Esperava de tudo, menos acordar na mesma cadeira que sentara para esperar seu vôo. E justamente no meio daquela frase tão importante... Mas seu vôo já estava sendo chamado, então não lhe sobrou escolhas, se não ir para o portão de embarque.

Deixou para preocupar-se com tal sonho quando já estava sentado em seu assento, depois de ter andado todo aquele caminhi e parar no meio deste para comprar chiclete. Havia uma menina muito bonita no assento ao lado, porém aparentava ser muito nova. E por que deveria preocupar-se com isso? Já não havia declarado-se gay? Ou sua opção sexual era apenas uma pessoa? Pois não muito tempo depois que sentou-se, viu um menino muito bonito, com rosto afeminado e cabelos bem hidratados. Mas não se sentia atraído... Perguntava-se se isso era normal.

- Quer saber? - Sussurrou para si mesmo. - Eu vou colocar meus fones de ouvido, ouvir música até isso sair da minha cabeça, e rever meu Yeollie. - Disse, enquanto colocava seu iPod para tocar. Mas logo um desdém fora formado em seu rosto ao perceber que no final da frase que acabou de falar, havia dito com todas as letras "meu Yeollie." Mas apenas suspirou antes de virar o rosto para a janela e ver que já estavam fora do chão. Eventualmente o cançaso iria lhe vencer, fazendo-o adormercer de pouco à pouco.