NA CASA DE VICTÓRIA...

Victória depois de deixar Laura na porta voltou até a mesa de jantar pegou Ana em silêncio e foi pra sala ficar com a irmã um pouco que não parou de falar desde que foi para o colo dela. Tereza foi em seguida e se sentou diante das filhas

TEREZA ‒ Eu juro para você que existem coisas que eu fiz na vida que não me arrependo, mas se existe uma que se arrependimento matasse, eu morreria, foi ter chegado perto desse homem minha filha. Eu estou dizendo a verdade para você porque eu não minto para você Victória. Eu gostaria de poder mudar isso para poder apagar aquela maldita noite! – Vick a olhou um pouco triste. – Acredite em mim minha filha, eu me arrependo todos os dias.

VICTÓRIA – Ela esta grávida, mãe não pode passar nervoso a senhora imagina como ela deve estar sofrendo?

TEREZA – Sim, meu amor, eu tenho certeza, eu tenho vontade de sentar e implorar a ela por perdão, mas não vai adiantar porque eu sou a pessoa que ela mais odeia no mundo agora então quanto mais longe eu tiver melhor. Eu juro que se soubesse que ela estava aqui nunca teria vindo.

VICTÓRIA – Como vai ser quando Paula e Rafa derem festa? Vocês vão se atracar ou uma das duas não vão vir?

TEREZA – Eu não sei, minha filha, esse é o tipo de coisa que a gente tem que aprender vivendo, eu não posso deixar de conviver com ela e nem posso em momento algum me referir a Otávio porque Fernando me disse que se separa de mim se perceber alguma coisa de diferente em relação a Otávio! – Tereza suspirou longamente olhando para filha. – Você sabe como eu sou minha filha, eu nunca ficaria enganada com alguém, eu amo Fernando, eu não quero saber de ninguém além dele! Eu sei que Otávio também não quer nada comigo vive apaixonado por ela.

VICTÓRIA – Você vai pedir perdão a ela ou desculpa não sei, mas a senhora vai fazer isso! Não tira sua culpa, mas eu acho que pode aliviar. – soltou um longo suspiro e acariciou a irmã que estava agarrada ao corpo dela. – As coisas não podem ser assim, mãe.

TEREZA – Eu posso, eu posso fazer isso, sim minha filha e dizer a ela o quanto eu sinto por tudo que aconteceu, mas também tem muita preocupação nesse momento em que ela esta grávida de fazer algo possa prejudicar lá.

VICTÓRIA – Você vai saber à hora mamãe de dizer às coisas que tem que dizer a ela.

TEREZA – Eu vou, sim minha filha, eu prometo por todos nós e pelo bem de nossa família eu prometo! – ela saiu do sofá e foi até a filha se sentando lado dela e beijando muito.

Na mesma hora Ana Lívia separou as duas com sua mãozinha.

ANA LÍVIA – Não Vick, teleza minha mãe. – falou olhando as duas.

TEREZA – Amor a mamãe é sua e de Vick!

ANA LÍVIA – Ñâo!

VICTÓRIA – Então, vai com ela zoiuda!

ANA LÍVIA – Não! – Vick a fitou.

VICTÓRIA – Vai que eu não vou mais te dar colo!

TEREZA – Zoiuda é você, Viki. – Deu língua para Vick e mexeu nos cabelos dela fazendo Tereza rir.

VICTÓRIA – Me larga, feia! – Vick provocou e a colocou no sofá.

ANA LÍVIA – Você é burra! – deu língua para Vick e fez cara de choro.

VICTÓRIA – Não te quero mais! – Tereza olhou sério para ela.

TEREZA – Peça desculpas à sua irmã agora, Ana Lívia, não te quero falando essas coisas! – Vick fez menção de levantar.

ANA LÍVIA – Não, Vick, mim ama rima. – estava quase chorando.

TEREZA – Se você ama sua irmã, então peça desculpas agora! Onde já se viu você desse tamanho fica falando essas coisas para alguém, Ana Lívia! – Victória a olhou.

Ana Lívia desfez a cara de choro.

ANA LÍVIA – Dicupa, eu, Vick. – deu um beijo na irmã e ficou se agarrando nela.

VICTÓRIA – Vick está de mal, vou comer sorvete com Heriberto e você não vai! Me solta. – esperou a reação da pequena.

ANA LÍVIA – Helibeto? Sovete? – arregalou os olhos nervosa e ficou com as mãozinhas em sua cintura. – E eu Vick?

VICTÓRIA – Você não! – Vick se soltou dos pequenos braços e levantou. – Mamãe, você quer sorvete? Deixa a Ana ai. – Ana Lívia sentou e chorou, abriu a boca a chorar.

Victória sorriu e Ana olhou para Vick.

ANA LÍVIA – Vick não gosta de eu! – Tereza pegou a filha e sentou em seu colo olhando para ela com amor.

TEREZA – Não pode falar coisas feias para sua irmã ou ela não vai mais ser sua amiga! – limpou as lágrimas da filha, pois não gostava de ver sua princesinha chorando. – Leva ela, Vick para comer o sorvete.

VICTÓRIA – Vamos, Ana... – estendeu a mão pra ela. – Andado que vick tá gorda e não aguenta mais você!

ANA LÍVIA – Vick que não é gorda, Vick é bonita. – sorriu. – Cadê, Helibeto? – Os olhinhos dela estava brilhando quando falavam dele.

Vick segurou a mão dela e foi andando devagar.

VICTÓRIA – Heriberto... – Vick chamou por ele. – Mãe, você não vem? – Olhou para trás.

TEREZA – Já vou, filha! – Tereza sorriu.

Heriberto saiu do escritório e Vick sorriu, Ana correu até ele e quando ele a pegou no colo ela o cheiro. Heriberto começou a rir e olhou para criança e depois para Vick.

HERIBERTO – Você não pode ficar cheirando o seu cunhado assim!

VICTÓRIA – Vamos tomar sorvete antes que ela te cheire todo! – eles foram para a cozinha e lá comeram sorvete e Tereza atendeu o celular sorrindo estava com saudades de Nando, mas não viu que não era ele.

JOÃO – Que risada gostosa... – a voz soou.

Ela congelou.

TEREZA – João?

JOÃO – Hum, tão gostoso ouvir de seus lábios meu nome, queria sentir você em meus lábios. Sabe que aquele B.O que fez contra mim não vai dar em nada, né?

TEREZA – Não te pedi pra sumir?

JOÃO – Eu ainda vou te comer e com força! – gemeu pra ela.

Ela tomou um susto.

TEREZA – Desgraçado! Animal! Isso tudo por causa da minha buc..a? – foi rude. – Você pode comer quem quiser, me deixe em paz!

JOÃO – Eu posso, mas não quero, toda vez que como outra, eu tenho que bater ou ma... – parou de falar.

Tereza sentiu calafrios.

TEREZA – Por que isso, João? Você nem se lembrava de mim nesses anos.

JOÃO – Eu não lembrava qual era o seu gosto e quando provei, eu quero mais e você vai me dar ou eu vou pegar Victória e com os meus netos na barriga! – ameaçou sem dó.

TEREZA – O que está dizendo?

JOÃO – Imagina ela perdendo ou sumindo um deles...

TEREZA – Você está me maltratando e me chantageando.

JOÃO – Não estou não! Eu só quero a minha mulher.

TEREZA – Quer me estuprar para não machucar minha filha?

JOÃO – Aquela menininha é linda, Tereza, quantos aninhos elas tem? – falou se referindo a Ana.

Tereza gelou, sentindo o coração na boca e pediu a Deus que aquele homem não fizesse o que estava falando.

TEREZA – E se eu deixar que faça o que quer? – Ele sorriu.

Ela estava tremendo.

TEREZA – Que me estupre? Que me use contra minha vontade? – Ele se enfureceu e gritou.

JOÃO – VOCÊ VAI ME DAR POR PRAZER. TEREZA OU EU VOU MATAR O QUE VOCÊ DIZ QUE É SEU MARIDO E A MENINA QUE NÃO É SUA. DEPOIS EU PEGO VICTÓRIA E MATO VOCÊ NA FRENTE DELA! – ele respirou alto. – Eu comprei um vestido pra você, amor! – falou mais baixo, parecia um louco dentro do carro. – Tereza, amor é só um jantar e depois a gente faz amor e te deixo voltar pra casa! – Tereza chorava.

Em todos aqueles anos nunca tinha sentido tanto medo dele como estava sentindo naquele segundo com aquele telefonema era terrível imaginar que ele a teria de volta.

TEREZA – Eu não quero, você entende isso? Eu não quero estar com você, eu não quero! Eu não desejo sua companhia, espero que você encontre alguém por quem você se apaixone e seja bem feliz longe de mim.

JOÃO – Se não for pra ser feliz ao teu lado eu não quero, se eu não for feliz você não vai ser Tereza! – depois dessas palavras ele desligou o telefone e jogou o celular no carro e bateu em sua própria cara cheio de ódio dele e do mundo inteiro, ele estava sendo muito bom e pedia a ela que ficasse com ele por bem mais ela parecia não entender então ele ia começar a agir.

Tereza sentiu o corpo todo retesado e se desesperou. Não podia chorar ali para não assustar Victória, mas não disse nada e respirou fundo e foi para cozinha. Ela não iria ceder, não trairia o marido e nem estaria nos braços de João nunca mais por vontade própria.

João ali mesmo na porta da casa de Victória pegou novamente o telefone e ligou para um número e esperou atender.

FERNANDO – Alô? – Fernando atendeu educado estava atolado de trabalho.

JOÃO – Como vai, Fernando? – Fernando sentiu o corpo arder de ódio. Só pelo sarcasmo sabia quem era.

FERNANDO – O que você quer?

JOÃO – Tereza, pediu pra avisar que não volta pra casa hoje! – Fernando apertou os punhos. – Que ela vai ficar com um homem de verdade que fode com tudo e não um brocha como você! Eu vou comer aquele buraquinho quente até amanhã de manhã. – falou gemendo só de imaginar.

FERNANDO – Por que você não volta pro inferno de onde saiu e deixa minha família em paz? Antes que eu dê um fim em você...

JOÃO – Eu que vou dar um fim em você e depois vou comer a minha mulher e vou comer até me cansar. – Fernando sentia tanto ódio.

FERNANDO – Não chega perto de minha esposa, animal! Eu te pego num tiro, desgraçado filho da puta! – Fernando falava baixo.

João riu.

JOÃO – Já te avisei hoje ela não volta pra casa e não se preocupe que Aninha não vai ver nada! – Pronunciou o nome da filha pra passar mais "verdade".

Fernando ficou fora de si como imaginar a filha exposta? Estava nervoso e com ódio, mas não ia entrar no jogo dele.

FERNANDO – Você nem está perto dela. Minha esposa não quer você. E está me ligando porque você deve ter ligado pra ela e ouvido um não! Nunca mais terá Tereza na vida. – Fernando falou convicto. – Aquele buraquinho quente como diz ,só quem come agora sou eu! – foi irônico. – E você está avisado fique longe dela!

João pegou uma gravação de Tereza falando e tocou pra ele.

"João... Vem João"

JOÃO – Como eu posso ficar longe dela com um chamado tão gostoso e sensual? A Fernando ela é tão molhada, tão selvagem na cama!

FERNANDO – Eu não vou avisar de novo a você... – estava vermelho como um camarão.

JOÃO – Não preciso de seus avisos eu vou comer sempre... Corno!

FERNANDO – Eu sei como ela é e é pra mim que ela dá todo dia e esse é o motivo do seu ódio. Minha esposa não te quer!

JOÃO – E se colocar a polícia atrás de mim como fez, eu vou matar essa pirralha e depois Tereza na sua frente! Eu não teria tanta certeza meu caro "Nando". – Fernando estava frio e por fim desligou o celular depois de dizer.

FERNANDO – Veremos quem vai chorar atrás das grades! – o som do desligar foi ouvido e João tocou o telefone no chão do carro e gritou.

JOÃO – Maldito! – abriu o porta–luvas e pegou sua arma, alisou ela e depois pegou outro telefone e fez uma ligação e foi atrás de Fernando.

Minutos depois ele chegou frente a empresa e parou. Fernando que havia tentado ligar pra Tereza e não havia conseguido ficou mais preocupado ainda e pegando suas coisas foi se certificar que Tereza estava mesmo na casa de Victória, nem pesou em ligar para a casa apenas queria ver sua mulher e filha. Ao chegar frente a seu carro só se foram ouvidos disparos para todos os lados

Fernando se jogou no chão enquanto seu carro era almejado de balas e logo um carro cantou pneu, os seguranças do prédio logo vieram correndo até Fernando que com a ajuda deles levantou e olhou para os lados com os olhos fervendo de ódio o homem era um desgraçado e estava disposto a tudo.

A polícia veio e Fernando acusou João sem sombra de dúvidas e foi liberado para ir para casa tendo que comparecer na delegacia no dia seguinte, ele pegou um táxi e depois de ligar para Heriberto e pedir que ele não deixasse Tereza sair em hipótese alguma ele desligou e seguiu aflito até a casa de Victória. Ele chegou e entrou, sua cara de aflição era notada de longe Fernando olhou nos olhos de sua esposa e se sentiu um pouco mais aliviado.

TEREZA – O que foi, meu amor? – ela foi até ele percebendo desespero nos olhos do seu marido. – Nando... – Fernando a puxou para um abraço apertado e a manteve ali por alguns largos segundos. – Meu amor o que foi? – ela apertou mais. – Te amo... o que foi que te fizeram? Seu coração está acelerado, quer ir pra casa? – ele beijou o ombro dela e subiu os beijos até os lábios dela e deu muitos selinhos nela e segurando o rosto dela com as duas mãos falou.

FERNANDO – Confia em mim, eu te amo e preciso falar com Heriberto! – beijou ela mais uma vez e olhou Heriberto.

TEREZA – Eu confio, meu amor, é claro que confio. – Ela soltou ele.

FERNANDO – Heriberto podemos conversar no escritório?

HERIBERTO – Sim, Fernando! – Heriberto estava tenso, mas disfarçou porque não queria que Victória percebesse.

Fernando beijou Tereza e saiu junto a ele, entrou no escritório e se serviu de uma dose de Whisky, ele tremia.

HERIBERTO – O que ele fez? – Fernando o olhou.

Heriberto se aproximou dele.

HERIBERTO – Eu sei que ele anda rondando minha sogra não sei se ela te disse que liga para ela, acredito que ela já tinha te contado isso.

FERNANDO – O desgraçado atirou no meu carro, primeiro me ligou falando um monte de merda e depois me atacou, meu carro é blindado mais se você visse a arma era potente. Eu poderia estar morto, você precisa deixar Victória protegida. – Heriberto gelou.

Não podia imaginar o louco aquele homem estava e como ele oferecia perigo a família dele.

HERIBERTO – Não se preocupe, Fernando vou colocar seguranças hoje com Victória e reforçar tudo aqui em casa, também vou fazer isso com os meus filhos. E você troca o número de Tereza mais uma vez e faça o seguinte, os seguranças parecem cuidar dela de modo correto ela já está com dois, acho que se você colocar mais vai acabar destruindo um pouco de sossego que ela tem, mas por esses dias é melhor que ela fique em casa ou que fiquei aqui conosco. Vocês não preferem morar aqui comigo?

FERNANDO – Nos podemos ficar aqui essa noite? Eu sei que os seguranças estão lá fora mais eu não quero arriscar se ele foi capaz de atirar contra mim ele pode estar armando mais uma pra hoje. Ele ameaçou a minha filha, aquele porco imundo. – bebeu mais de seu Whisky. – Eu não quero preocupar Tereza, eu sei que ela vai questionar, mas é melhor a gente aqui só hoje!

HERIBERTO – Claro que podem você fica o tempo que quiser. O tempo que você quiser Fernando, somos uma família. Você vai contar a ela? Minha sogra está aflita.

FERNANDO – Obrigada! Só a ligação o resto não eu não quero ela preocupada, não agora.

HERIBERTO – Tudo bem! – suspirou estava com medo.

Fernando sentou um pouco respirou terminando de tomar seu Whisky

HERIBERTO – Fique calmo as coisas vão entrar no lugar, esse homem só voltou para infernizar a vida delas, eu o conheço não é de hoje eu sei do que ele é capaz, mas somos mais inteligentes. – ele se sentou ao lado de Fernando preocupado. – Acho que você deveria tomar um banho e descansar um pouco. – sorriu e o olhou. – Passe um tempo com minha sogra e deixe Ana comigo e Vick... nós podemos dormir com uma bebê entre nós. – ele riu. – Já nos amamos por hoje o tanto que minha esposa aguenta. – Fernando sorriu de leve. – Vai ficar tudo bem e a policia vai achá-lo.

FERNANDO – Ana não vai mesmo querer largar Victória, é sempre assim! – falou e levantou.

Heriberto riu.

HERIBERTO – Hoje elas até brigaram e me contaram agora a pouco!

FERNANDO – É só nessa hora que ela esquece os meus peitos. – falou sem querer.

HERIBERTO – Ela não desmamou? – ele riu.

FERNANDO – Tereza não ajuda muito nisso, ela pede e ela da mesmo eu falando não! – Heriberto riu e tocou o ombro dele.

HERIBERTO – É instinto, Fernando, ela é mãe. Nem quero pensar em perder os meus, Victória já sabe quero com leite mesmo assim, só o resguardo será respeitado! Nada mais. – ele riu.

FERNANDO – Meu Deus, mais tem um gosto horrível! Tereza vai lhe devolver o peito em breve. – falou tentando relaxar.

HERIBERTO – Você não toca mais nos de minha sogra? – ele riu baixo.

FERNANDO – E eu lá sou macho de não chupa os meus peitos? Deixe disso e vamos embora que eu sei que ela está roendo unha de nervoso. – Heriberto riu.

HERIBERTO – Minha sogra tem fogo, Fernando, isso eu sei e ela ri contigo. O que você faz eu não sei, mas funciona. – Ele riu saindo com ele.

Tereza e Victória esperavam no sofá. Fernando saiu com Heriberto do escritório e Tereza se agarrou a ele o abraçando, Heriberto deixou o quarto de Rafa para eles que subiram logo em seguida deixando Ana com Victória, mesmo a chamando para ir ela não quis. Fernando entrou no quarto e já ouviu Tereza falar e o encher de perguntas.

TEREZA – Amor, me diz, o que houve, por que está com essa cara? – ela foi pegando a camisola dela que ficava na casa de Vick e o pijama dele.

FERNANDO – Tereza, João me ligou e falou um monte de barbaridades ao telefone... – falou logo.

Ela gelou e suspirou.

TEREZA – O que aquele animal disse a você?

FERNANDO – As mesma besteiras de sempre, eu vou trocar nossos números de novo! – ele suspirou.

Tereza o olhou e suspirou profundamente.

FERNANDO – Vamos tomar um banho minha cabeça está doendo!

TEREZA – Ele não vai parar até ter o que ele quer! – os olhos cheios de lágrimas. – Ele está mais louco, ele não vai parar. – ela se sentou na cama e chorou estava desesperada e não escondeu.

FERNANDO – Ele não vai tocar em você, eu vou matar esse desgraçado! Amor... – ele foi até ela e a colocou em seu colo. – Não fica assim, por favor, é isso que ele quer. A polícia vai atrás dele e ele vai ter que nos deixar em paz!

TEREZA – Eu não queria que ele chegasse perto de você e nem de nossas filhas, me perdoa, eu não quero que ele te faça mal, eu estou sentindo aqui no peito Nando uma coisa muito ruim ele vai vir atrás de nós, ele não tem nada a perder.

FERNANDO – Nós vamos redobrar o cuidado!

TEREZA – Ele me ligou! – chorava deitada no ombro dele e tocando em seu peito.

FERNANDO – Eu sei que você já tem dois seguranças, mas eu posso por dois disfarçados!

TEREZA – Eu quero que coloque, amor, mais seguranças, estou sempre com nossa filha e ela não pode sofrer nada, eu tenho medo por Ana, dele pegar nossa filha.

FERNANDO – Vamos evitar sair um pouco de casa não te quero presa, mas no momento é o melhor, ele esta louco e é capaz de tudo!

TEREZA – Sim, não vamos sair. Quer ficar aqui a casa de Vick? Podemos ficar aqui uns dias, Ana vai gostar e me sinto mais segura! – deslizou a mão no rosto dele.

Ele acariciou o corpo dela.

FERNANDO – Você quer ficar? Eu faço o que for melhor para você!

TEREZA – Eu quero, assim protejo minhas duas filhas e sei que Vick está em perigo. – Tereza respirou fundo. – Nando, eu quero que seja sincero comigo, quero perguntar uma coisa.

FERNANDO – Diga meu amor? – a olhou nos olhos.

TEREZA – Eu sou assim tão gostosa? – ela estava perguntando serio, mas pareceu piada.

Ele sorriu.

FERNANDO – Você é deliciosa! – ela o olhava nos olhos sentada no colo dele.

Deu vários selinhos nele e foi sorrindo a medida que fazia.

FERNANDO – Tão gostosa! Eu fiquei vinte anos com você mais que vinte até, estamos quase nos trinta! – a beijava.

TEREZA – Eu sou sua, meu amor, não serei de mais ninguém nessa vida, só sua esposa, sua mulher, sua! – ela alisava o rosto dele com amor e dava selinhos falando. – Ninguém, está me ouvindo, ninguém nunca mais vai tocar em mim... se eu ficar viúva não farei mais sexo na vida. – ela riu e esperou a reação dele.

FERNANDO – Assim eu espero porque se não eu volto das profundezas e te levo comigo. – falou brincando tentando tirar aquele clima pesado de cima do seu corpo.

Ela riu.

TEREZA – Vamos poder foder nas profundezas? Se vamos, então eu quero ir, amor, quero ir com você a qualquer lugar. – ela colou-se mais a ele e sussurrou. – Vai me dar banho? – mordeu de leve a orelha dele.

FERNANDO – Vou te dar pinto! – ela soltou uma gargalhada e ele a acompanhou.

TEREZA – Eu quero tanto... quero muito! – se retorceu no colo dele.

FERNANDO – Então, levanta e vamos!

TEREZA – E você quer o que amor, em?

FERNANDO – Não me atiça que eu gozo na roupa! – ele levantou com ela no colo e aí que sentiu o corpo doer.

Ela gargalhou e sentiu o rosto afoguear.

TEREZA – O que foi, velho?

FERNANDO – Você engordou, Tereza? – zombou pra disfarçar não a queria preocupada.

Sabia que ela ia ficar doida por ele a chamar de gorda.

TEREZA – Para, não, Nando, não to gorda! – ela bateu de leve nos ombros dele. – Lembra quando brigamos na casa de praia e você me comeu no iate? – ela riu se lembrando dos bons momentos. – E eu te dei uns tapas e você ficou furioso.

FERNANDO – Eu fiquei uma fera!

TEREZA – Eu te bati, porque queria você com raiva, irritado.

FERNANDO – Você queria que eu te pegasse e de rasgasse, eu fiz e você ficou cheia de dor! – ela riu safada ficando vermelha.

Fernando foi para o banheiro e a colocou no chão. Ela riu e enlaçou-o pelo pescoço, Tereza e Fernando tomaram um banho gostoso e se amaram com cuidado, devagar, sem pressa porque sabiam que Ana Lívia estava segura e quando o prazer chegou os dois se juraram amor eterno e não queriam se separar nunca mais. Depois, abraçados, depois que Tereza tinha ido ao quarto ver sua princesa que dormia com Vick e Heri agarrados a ela.

Tereza limpou os olhos e sorriu depois de soltar uma lágrima. Sabia que Vick sempre protegeria a irmã de todo mau e quando voltou ao quarto com a imagem dos três abraçados na cama, ela ainda beijou Vivi que dormia e entrou no quarto vendo Nando adormecido e quando ela se deitou ao lado dele o ouviu sussurrar... "Meu amor" e assim a noite se foi.

NA MANHÃ SEGUINTE...

Otávio não tinha dormido e estava na cozinha esperando a esposa descer. Tinha feito o café e posto a mesa para ela, era a primeira vez em anos que fazia aquilo e tinha se sentido muito bem. Os olhos estavam inchados, tinha chorado, estava triste e tomava uma xícara de café amargo.

Laura ainda estava na cama, não tinha forças pra levantar os olhos pesavam e mesmo fechados ela não conseguia dormir foi apenas um cochilo desde que tudo aconteceu. Ele esperou por um tempo e mesmo vendo que ela não descia, ele subiu com sua xícara na mão. Foi até ela na cama e se sentou suspirando com calma.

OTÁVIO – Laura...Meu amor, acorde... – carinhoso ele tocou as costas dela e olhou a rosa que tinha deixado ao lado da cama para ela ainda intocada. Sentiu vontade e fez o que queria, deixou a xícara de café no criado mudo, se esticou na cama e a trouxe para seus braços, colando seu corpo ao dela em silêncio só para dizer que a amava e queria que ela ficasse bem.

Ela quis chorar de novo.

OTÁVIO – Chega de lágrimas, meu amor!

Ela não disse nada só ficou ali no calor dos braços dele, o amava tanto que doía. Não sabia o que dizer qual palavras usar estava cansada e queria aquietar seu coração. Ele a aconchegou mais e ficou em silêncio por um tempo. Depois de alguns segundos...

OTÁVIO – Meu amor, precisa comer alguma coisa, mesmo sem fome! Posso trazer seu café ou quer descer? Hoje vamos sair de casa mais tarde, não aguento mais ficar aqui sem minha filha.– ele suspirou com saudades, Paula estava em lua de mel.

LAURA — Eu não quero sair! – Se soltou dele e virou para o outro lado.

OTÁVIO – O que vai comer? – ele deslizou a mão carinhosamente nas costas dela.

LAURA — Qualquer coisa, só vou comer pelo bebê!

Ele se levantou e voltou com a bandeja tinha de tudo um pouco, mas ele sabia que ela gostava de pão e leite de manhã, lá estava o pão e o leite dela. Esperou que ela se sentasse e a olhou, tinham que conversar.

OTÁVIO — Eu tenho plantão só daqui a dois dias... Quero resolver uma coisa com você e só vou falar disso uma vez. Não está tudo bem e podemos ver isso pelo que aconteceu, então me diga! Você quer um tempo? Quer que eu vá para outro lugar e fique longe de você?Quer que eu fique aqui e vá para outro quarto e te deixe um pouco em paz da minha presença?– estava sendo educado e sincero, embora morresse de medo da resposta dela, se ela dissesse que sim, ele morreria.

Laura estava sentada e tomou seu leite primeiro e sentiu amargar quando desceu pela sua garganta. Ela o olhou.

LAURA – É isso que quer? Quer que eu te deixe livre?

OTÁVIO — Eu quero estar com minha mulher, se eu quisesse estar livre eu pediria o divórcio!Se eu quisesse ficar longe, eu estaria, mas nesse momento o que eu quero não é prioridade, eu errei e a prioridade é você! O que você quer e precisa para ser feliz! Se quiser distância te darei e se quiser o contrário, te darei também!

LAURA – Eu quero um tempo!– Falou de uma vez.

Ele sentiu a garganta fechar, as mãos suaram e ele tremeu.

OTÁVIO – Tudo bem, eu vou hoje para um hotel!– ele queria morrer, ia perder Laura, sabia disso, mas não iria forçar sua presença na vida dela.

LAURA — Não precisa, eu vou para um congresso da igreja é o melhor que eu faço no momento! Eu não ia pra ficar com você!

OTÁVIO — E vai ficar lá quanto tempo?

LAURA – Mas agora, depois de ontem, eu achei que podia superar!– ele sentiu o estômago doer. – Duas semanas! Vou amanhã!

OTÁVIO – Sim, eu vou esperar você!

Ela assentiu e continuou a comer.

OTÁVIO – Quando você voltar se ainda quiser um tempo vou respeitar e vou sair!– O coração dele estava na boca e sentir como se o mundo fosse acabar. Ele não estava preparado para perder caso eu decidir se divorciar. Sem conseguir conter o que estava sentindo naquele momento, Otávio chorou em silêncio.Não era uma coisa muito comum ver chorar, mas, permitiu que seus sentimentos ficassem sem amostra para ela. Laura abaixou o olhar e deixou a bandeja de lado.

OTÁVIO – Laura, coma!

LAURA – Não quero mais!– Falou num sussurro.

OTÁVIO – Meu amor, você não pode ficar sem comer! Você precisa ficar bem apesar de tudo.

LAURA – Eu já comi o suficiente! – Deitou na cama de lado. Ele se deitou ao lado dela, mas não tocou o seu corpo e nem se encostou. Ele apenas ficou ali olhando as costas dela. – Ela é melhor que eu, Otávio?– Perguntou minutos depois daquele silêncio todo.

OTÁVIO – O que está me perguntando isso só vai te fazer sofrer!

LAURA – Não me importa mais nada, Otávio, eu já me sinto um lixo, pouca coisa!

OTÁVIO — Não, ela não é, você é infinitamente melhor que ela! Mais bonita, mais educadas e mais sensível e sexy.

LAURA — Eu não perguntei qualidades, eu quero saber se ela é melhor de cama!

OTÁVIO — Não, não é, nenhuma mulher que eu tive é melhor que você na cama!

LAURA – Ah, mais eu preciso de respostas, seus gemidos estão aqui na minha cabeça!

OTÁVIO — Você sabe que eu namorei muitas pessoas antes de conhecer você!

Ela estava de costas para ele, mas o queria estapear.

OTÁVIO — E nenhuma delas é melhor que você! Nenhuma delas foi mais deliciosa que você! Eu sempre fui louco por você e por isso brigava tanto. Eu quero hoje amanhã e sempre. Eu sempre desejei você sempre quis estar com você eu quero você a toda hora!

Ela virou.

LAURA – Porque não me come como comeu ela?– Soltou o encarando.

OTÁVIO – Por que você está me dizendo isso? O que você acha que eu fiz de tão diferente? O que você quer que eu faça com você que eu não tenho feito? – ele não podia imaginar o que ela sentia falta e nem se dava conta do que efetivamente ela estava comparando com aquele maldito encontro com Tereza! Ou simplesmente porque o desejo que tinha por ela era muito especial! – Laura era melhor em tudo porque ele a amava, porque ela era divina e perfeita para ele, o deslize com Tereza aconteceu num momento em que ele tinha certeza que o casamento estava acabado. Ou nunca, sob nenhuma hipótese teria traído Laura!Ele a tocou no rosto com amor.

LAURA – Eu quero saber, se queria outra, se desejou outra por que não me pediu o divórcio? Eu fui uma miserável, uma inútil por não cuidar do meu casamento, mas eu não merecia! Nenhuma mulher merece ser traída pelo homem que ama! Você dizia me amar e me traiu da forma mais vil possível! Foi um porco por rolar no chiqueiro tendo uma mulher em casa.Eu achei que tinha conseguido superar, Otávio, mais qualquer coisa que acontecer a partir de hoje é culpa sua!

Otávio a olhou.

OTÁVIO – Qualquer coisa como o que?Como você me trair? É isso que está dizendo, Laura?Sim, eu fui tudo isso, mas eu estava quase me separando de você, e a desgraça aconteceu, mas eu nunca, nem por um segundo deixei de amar você! Eu queria você, queria ter a minha esposa, a minha companheira como a bíblia diz! E o que eu tinha, uma mulher que nem queria ser tocada, que não me fazia companhia, que não queria nem tomar uma banho comigo. Laura, eu sei que você está sofrendo e não merece, mas se coloca no meu lugar... – ele passou as mãos no cabelo e sentiu o coração partir. – Eu sui uma animal, foi só isso e acabou, meu amor, sempre foi seu... Homem come alguém que não ama, Laura! E você me disse que não como você como comi ela, como eu como você? Não gosta do modo como te como, como te torno minha mulher?

LAURA – Não me compare com você!Eu nunca te trairia!Eu não sou dessas puta que você convive na rua, eu fui criada pra ter índole. Não sou uma rameira!– Ela se levantou da cama. – Come sem amor? Eu quero que seu pau caia pra você aprender!

OTÁVIO – Laura, vamos conversar assim desse modo! Você não gosta de falar assim!

LAURA – Pouco me importa! Eu quero que você suma da minha frente, come sem amor? Vai cair, se não cair, eu corto fora!– Falou brava.

OTÁVIO – Pare de me odiar!

LAURA – Eu não vou parar, você encheu meu coração de ódio amargura! Me fez ter sentimentos ruins!

OTÁVIO – Eu te amo, porra, eu te amo e sou animal! Eu te trai eu comi uma maldita buc.. fora do nosso casamento! Mas eu te amo e sempre te amei e sempre desejei você! E não venha me dizer que a comi como não como você! Eu te como com amor! Você é minha mulher! Minha mulher, droga! – ele gritou nervoso.

Ela subiu em cima da e sentou tapa nele aonde pegou onde pode ela foi batendo.

LAURA – Desgraçado, podia ter pegado qualquer uma, mais não, quis me envergonhar, arrastar a minha cara na lama! Porco! – Seguia batendo nele.

Ele apanhou até que a viu cansada e ele a segurou com força a puxando para um beijo, com a boca buscando ela e beijando, ele não queria falar nada, nada mesmo. Ela se debateu, bateu mais nele pra se soltar.

Mas ele não soltou e a agarrou mais beijando e puxando o corpo dela para ele, queria um beijo, um momento onde sua boca pudesse dar calor a sua esposa onde as palavras não resolviam mais, onde só um beijo poderia salvar.

Otávio a segurou forte e quando viu que ela não resistia mais ele parou o beijo e olhou.

OTÁVIO – Eu te amo, você vai ter o tempo que precisar, mas eu te amo, eu sempre amei você!

Ela ofegava.

LAURA – Eu te odeio... – Falou baixo.

OTÁVIO – Você me ama! – ele a fez olhar para ele e olhou nos olhos.

LAURA – Me larga!

OTÁVIO – Eu não vou perder você, Laura, não vou, fique sabendo! – ele a soltou e ofegava, era inevitável, estava duro e excitado, estava ali tocando nela, claro que seu corpo responderia, mas ele ficou sem saber como reagir, mesmo que tivesse se excitado outras vezes, com ela, ele sentiu aquela vergonha de seu desejo por ela, como se fosse uma ofensa naquele momento,

LAURA — Você está duro depois de tudo que eu falei? Tá pensando nela! É isso? Nojento! – Ela chorou.

OTÁVIO – Estou pensando sim, em ter beijado a minha mulher! Estou excitado porque te toquei e estou envergonhado por isso! Estou excitado porque beijando você eu queria sim te fazer minha mulher nessa cama ai, é por isso que estou excitado! – falou alto. – Por que não posso te ver ou te tocar!

LAURA — Como foi? Como as coisas aconteceram? Você a convidou para aquele hotel? – Começava a fazer as perguntas que mais doíam.– Como você a beijo? A comeu como? Fez com ela o mesmo que faz comigo?RESPONDE! – Gritou.

OTÁVIO – Não a convidei! Eu estava jantando porque depois de três dias de plantão eu estava morto. Você tinha feito um escândalo comigo antes de eu sair para o plantão, estava decidido a acabar com a loucura que estava nosso casamento!

LAURA — E foi lá e me meteu chifre!

OTÁVIO — Conversamos e bebemos e ela me beijou e eu não resisti, não fazíamos sexo a mais de dois meses e eu me deixei levar porque ela foi carinhosa.– ele suspirou.

LAURA — Você me traiu de novo com ela!– Ela avançou dando tapas nele. – Desgraçado não foi só uma foram mais!

OTÁVIO – Não, não foram! Apenas essa noite, apenas essa! Eu nunca mais toquei nela! Nunca mais Laura, e não liguei, não pensei, nem nada!

LAURA – Mentiroso...Você não me ama! Não me ama!

OTÁVIO — Te amo!Te amo! Amo e desejo como não desejo ninguém!

Os tapas eram fortes e a cada novo estalo, ele ficava mais vermelho.

OTÁVIO – Você quer isso, não é Laura?

LAURA – Comeu aquela desgraçada debaixo do meu nariz! Por que não bateu punheta?

OTÁVIO – Quer que eu te rasgue e roupa e seja um animal com você? É isso? – ele a segurou. – pare de dizer tolices, pare agora!

Laura suspirou e com tanta agitação desfaleceu nos braços dele, era de mais para uma mulher grávida de quase três meses.

OTÁVIO – Laura?– ele a segurou nervoso e a colocou na cama com preocupação, esticou o corpo dela e abanou. Se acalmou e mediu o pulso dela, estava baixo, ela precisava comer e parar de se aborrecer. Esperou dez minutos ela ficou bem abrindo os olhos para ele. Acordou confusa e sentiu dor na cabeça.

OTÁVIO – Amor, Laura, me diz como se sente ou vou te levar ao hospital! Está com enjoo?

Ela não teve nem tempo de responder e vomitou nos pés dele. Otávio a segurou e deixou que ela vomitasse, depois a pegou no colo e levou ao banheiro. Tirou a roupa dela e entrou no boxe para um banho. Ele não dizia muitas coisas, tinha assumido uma postura de médico e não de marido. Laura estava fraca e mais branca que o normal quase não se parou de pé. Ele a segurou e amparou em seus braços e foi jogando água nela com calma, com amor e sem deixar ela se soltar dele.

Sentiu necessidade de chegar bem perto, estava todo molhado. Ela o olhou, ele a olhou e esperou que ela dissesse algo, aqueles olhos cheios de dor ou amor, ele sentia o corpo estremecer! Ela o puxou e o beijou com fúria o arranhando até perder o ar e o soltou.

Se apoiou na parede e saiu como pode vestindo o roupão e secando os cabelos que ele tinha molhado com a outra toalha. Otávio saiu do banheiro e arrancou sua roupa enrolando apenas uma toalha em sua cintura e foi ao quarto ver se ela estava bem, podia desmaiar.

Laura estava sentada na cama penteando os cabelos.

LAURA – Chame alguém pra limpar isso, por favor!

Ele foi até a cozinha e solicitou as empregadas que resolvessem problema e depois ele retornou ao quarto e parou diante dela. Pegou os remédios que ela precisava tomar para enjoo entregou na mão dela com a água que tinha levado da cozinha. Ela tomou e depois deitou na cama e se cobriu tremendo de frio.

OTÁVIO — Precisa tomar esses para ficar bem! – Ele colocou a mão na cabeça dela percebeu que estava normal não estava febril era apenas o nervoso.– Eu sei que você precisa não se aborrecer, mas eu não vou deixar você aqui sozinha!

Ela fechou os olhos tentando parar de tremer. Ele vestiu uma calça de pijama, pegou outra coberta e se abraçou a ela com seu corpo passando calor e mais um coberto sobre eles.

OTÁVIO – Vira pra mim, Laura, que o meu corpo vai te esquentar, mas precisa me abraçar, de frente!

Ela negou estava brava e não queria ceder.

OTÁVIO – Amor, não estou sendo galante, estou sendo médico! Vira para mim e me abraça, faz isso pelo nosso filho!

Ela bufou e virou, estava gelada e tremendo.Ele a abraçou a enlaçando e trazendo ela para ele, queria beijar Laura, queria muito beijar Laura, mas primeiro ele precisava aquecê-la. Esperou alguns minutos sem dizer nada, só os dois ali e sentiu que ela não estava mais tremendo e ele disse vendo que ela não dormia.

OTÁVIO — Me deixa beijar você! – ele deu um selinho nela e sussurrou beijando o pescoço dela.– Me deixa te beijar!

Ela se negou mesmo querendo.

LAURA – Não é hora pra isso...

OTÁVIO – É hora sim, sempre vai ser a hora se for seu desejo e o meu! – Ele suspirou e deu mais selinhos nela.– Eu sei que estamos brigados, mas sabe por que eu não estou te amando nessa cama de modo alucinado?

Ela só o olhou.

OTÁVIO – Por que o que estou com vontade fazer é tão selvagem, que não tenho medo de machucar nosso filho!Só por isso! Ou do contrário, não estaríamos aqui conversando e você ainda duvida de meu amor por você!

LAURA — Eu só quero ter um pouco de paz, só isso! – Estava exausta e o corpo pesava, a cabeça doía, só queria esquecer um pouco tudo aquilo.

OTÁVIO – Você terá, agora dorme, que quando acordar você vai se sentir melhor!– Ele a abraçou de modo que o calor do corpo ainda estivesse ali a disposição dela.

Laura se arrumou melhor nos braços dele e não demorou nada a dormir. Otávio ficou ali, em silêncio, esperando as ideias assentarem, era mais que só organizar ideias, era mais que só sentir o peso de seu erro, era uma força que o empurrava em uma direção que o assustava.

NA CASA DE VICTÓRIA...

Heriberto acordou cedo depois de se preparar ir ao plantão. Tinha se banhado, estava feliz porque voltava naquele exato dia as suas funções no hospital, que agora era deles. Depois d meses de afastamento de suas pesquisas, ele estava voltando, ele estava retornando aquele universo tão humanitário de promover pesquisas na busca da cura do câncer e de uma medicação fosse mais eficaz no alívio das dores de seus pacientes terminais.

Então, aquela manhã era especial para ele, era uma mais que especial. Quando olhou a cama de manhã, naquele frio que estava fazendo, ele cobriu o corpo enorme de Vick com o edredom e sorriu para Ana Lívia adormecida agarrada a Vick. A criança com os braços presos ao pescoço de sua esposa e o corpinho dela fazendo curva na barriga pontuda de Victória...

Era uma cena linda e ele fotografou, mas como se fosse possível aquela sincronia de alma, quando estava pronto para sair Ana Lívia sentou na cama.

ANA – Vick, Helibeto vai tabalha! – ela sorriu e olhou Heriberto.

VICTÓRIA — Deixa ele, Ana, vamos dormi...– Falou resmungando.

Heriberto riu e foi até a cama beijando ela com amor.

VICTÓRIA – Ia trabalhar sem me dar beijo. – Ela o olhou e depois fechou os olhos.

HERIBERTO – Não, amor, eu estava conferindo tudo primeiro...– ele deu selinhos nela. – Dorme, que não são nem sete horas ainda! – e Ana Lívia ficou lá olhando.

VICTÓRIA – Viu, Ana, vem... Deita!

ANA LÍVIA – Quelo bejo Helibeto!

Heriberto engatinhou na cama e puxou ela pelo pé arrastando, beijando e fazendo ela rir, apertou tanto que ela gargalhou e gritou.

ANA — Ai Helibeto, eu choltei um pum! – e riu mais alto.

Victória caiu na risada junto com eles.

HERIBERTO – Ana, meu amor, não pode soltar pum assim descontrolada!

ANA — Você que me peto, Helibeto, ai chaiu a catinga!

VICTÓRIA – Pelo menos ela solta alguma coisa!– Vick levantou pra ir ao banheiro.

Heriberto sorriu...

HERIBERTO – Amor, ainda está muito presa, o remédio não ajudou?

VICTÓRIA – Ele ajuda sim! – Ela respondeu do banheiro.

HERIBERTO – Se demorar podemos aumentar a dosagem!

VICTÓRIA – Não, Heriberto! – Saiu e voltou para cama.– Trás o mama dela pra gente voltar a dormir!

HERIBERTO – Vou pegar, amor, a babá dela já está acordada, chegou aqui as seis da manhã! – ele riu. – Essa madruga mesmo!

VICTÓRIA— Também olha aqui quem tá de olho aberto uua hora dessas

ANA — Vick ta de olo aberto, Helibeto me dá futa– e sovet!

Ele riu e piscou para ela. Heriberto desceu, fez o que Victoria tinha pedido e conversou com a empregada.

VICTÓRIA— Ana tá muito cedo pra sorvete!

E voltou com a mamadeira de Ana...

HERIBERTO – Aqui, meu amor, Heriberto trouxe pra você!

ANA – Bigada, mamá! Mas não quelo eche Vick, quelo mamãe Teleza!

VICTÓRIA – Mamãe não tem leite! Bebe esse!

ANA – Não, quelo mamãe, eu bebo axim, eu pego na minha boquinha e sai leite e sai leite xim! Vick não sabe, quer mamae leite minha? É minha Vick, o mamá!

VICTÓRIA – Não é seu nada, Ana e mama isso aí...

ANA – Eu quelo mamãe! Vick!– ela fez cara de choro.– Vick quelo mama, mamá de peito, esse não! – ela fez pirraça e começou a reclamar. – Esse não, Vick!

Vick suspirou e levantou com dificuldade e a colocou no chão.

VICTÓRIA — Vamos com sua mãe e se eles tiverem pelados você vai ficar lá do mesmo jeito!– Falou brava.

Ana saiu correndo pelo corredor.

VICTÓRIA – Ana espera...!

ANA – Cadê minha mamãe! Cadê minha mamãe! Quelo mamá, quelo mamá!

Victória andou devagar e foi até a porta de Rafael e bateu chamando pela mãe.

ANA – abi Vick a porta!

VICTÓRIA – Não Ana espera!

Ela bateu de novo não queria ser inconveniente e ver o que não devia.

VICTÓRIA – Mãe, abre a peste acordo! – Falou rindo.

Tereza ouviu e abriu a porta.

TEREZA — Bom dia, minha filha! – ela beijou Victória sorrindo e sentiu Ana agarrar em suas pernas.

ANA – Mamãe!

TEREZA – O que ela fez, Vick?

VICTÓRIA – Oi e Tchau, toda sua, eu quero dormi!

Tereza abaixou e pegou Ana no colo.

ANA – O que ela fez quer leite que ela faz axim e xai! – Imitou a irmã. Ela riu para Vick.– Vick tim amu! – falou deitando na mãe e rindo para a irmã.

VICTÓRIA – Mentirosa, se me amasse teria tomado a mamadeira e dormido com a Vick.

ANA – Bigado po me tazê na minha peito! – pegou o peito da mãe.

VICTÓRIA — Tô indo, mãe! – Victória virou pra sair.

TEREZA – Filha! – esperou Vick olhar para ela. Ela a olhou. – Eu te amo, mais que tudo no mundo, eu amo você...

VICTÓRIA – Eu também mamãe, te amo!

ANA – Mim também ama Vick!

Ela voltou e abraçou a mãe apertando Ana. Ana riu e agarrou a camisola abaixando o peito. Victória a beijou e vendo que Ana ia mamar beijou a mãe e saiu.Tereza entrou com a pequena e foi cuidar dela. Heriberto voltou e olhou para ela.

HERIBERTO – Amor, dorme mais, sim, quer alguma coisa?

VICTÓRIA — Quero que ela pare de dar peito a ela... – Falou ciumenta.

HERIBERTO – Eu volto só amanhã e queria te pedir pra não sair de casa depois de seu pai ter aparecido aqui.

Heriberto a abraçou com amor e sorriu.

HERIBERTO – Amor, para com isso, ela é mãe dela, ela é um bebê! Está ciumes do peito?

VICTÓRIA — Ela é minha mãe! – Falou se soltando dele e deitando na cama.

Heriberto foi até ela na cama e a beijou nos braços abraçando pelas costas.

HERIBERTO – Amor, eu sei que você sofre, mas posso te contar uma coisa muito importante? Muito particular! Você ama sua mãe e minha sogra é uma mulher maravilhosa!

VICTÓRIA – Eu sei de tudo isso! Você só volta amanhã?– Falou manhosa. – Nem pra um cafezinho, você volta?– falou com malícia.Ele sorriu.

HERIBERTO — Eu ainda não disse o que ia dizer de sua mãe...

Ela riu.

HERIBERTO – Recebi uma paciente com graves ferimentos e com queimaduras acompanhada de um menino pequeno! Sabe quem era, amor? A mãe biológica de Ana Lívia!

Victória virou e o olhou consternada...