Capítulo 7- Reencontro.

"Você parece como um sonho para mim

Como as cores de um caleidoscópio

Provam para mim

Tudo que eu preciso

Cada respiração que eu dou

Você não sabe

Você é lindo”

-

O carro numa velocidade agradável, o vento em meus cabelos, o rádio tocando “Love of my life”, meu coração acelerado faziam o caminho para o show cada vez mais excitante, esta noite seria memorável com um toque de saudade, eu nem acreditava que veria meu amado depois de tantos anos esperando-o em Lafayette.

Minha ansiedade em chegar ao show era imensa, mordia meus lábios com força fazendo-os sagrar. Levei uma de minhas mãos até um colar que eu usava, apertando o mesmo enquanto tamborilava os dedos, olhei em volta, um cartaz enorme que dizia “GUNS N’ ROSES TONIGHT”. Sorri, era ali.

Desci do carro desesperada, tinha que ser a primeira a entrar ali , peguei meu ingresso e mostrei ao segurança que acenou para que eu entrasse. O lugar ainda estava vazio a não ser por umas cinco meninas que pareciam de um fã-clube da banda que gritavam histéricas quando um loiro estava ali no palco com o que parecia um baixo, observei o palco com extrema emoção, pequenas gotas de lágrimas se formaram em meus olhos azuis, depois de toda essa loucura finalmente consegui chegar a meu objetivo.

Enxuguei algumas lágrimas que caíram e voltei a olhar para o palco, o loiro ainda estava ali com seu baixo mas agora com ele estavam um loiro baixinho que se dirigia a bateria, um cara estranho de cabelos maravilhosamente cacheados que carregava uma Les Paul em sua costa e um outro cara que se encontrava de costas. Dei de ombros, não conhecia nenhum deles, olhei para o lado procurando Rose e Kurt que finalmente estavam lá depois de um tempo, o homem que estava de costas finalmente se virou e quando o vi meu coração falhara por um instante.

Era Jeffrey, com uma guitarra branca tocando com seu doce e envolvente, estava boquiaberta, como ele cresceu mas seu rosto continua com a mesma expressão sapeca dos tempos de Indiana, ele olhou para a platéia que já alcançava um número mediano depois olhou diretamente para mim com o semblante incrédulo e ao mesmo tempo feliz e inocente como toda a vida ele foi.

Quis abraçá-lo, mas foi impossível o público se multiplicou em questão de segundos e as luzes do palco se apagaram, deixando apenas uma imagem vertiginosa dos 4 homens indo embora. Assim esperamos cerca de uma hora e meia extremamente cansada de ficar em pé, estava quase desistindo quando as luzes do palco se acenderam e o show começara.

Logo que o vocalista entrou, tive a total certeza de que era o meu William que estava lá...o jeito como se comportava no palco e como cantava deixava claro que ele não mudou após todos estes anos. E as músicas eram bem energéticas, do jeito que ele gostava “Welcome To The Jungle”, “My Michelle”, “It’s So Easy”, “Nightrain”, tudo num fundo bem agressivo e sugestivo.

Infelizmente, o show durou apenas 2 horas e o público, inclusive eu, Kurt e Rose já nos preparávamos para sair quando senti uma mão tocando meu ombro.

- Alice? É você mesmo?

Jeff olhava-me impressionado.

- O que você acha, bobão?

Sorri, abraçando-o fortemente.

- Meu Deus! Como você está linda!Will ficaria felicíssimo se pudesse te ver. Você quer ir comigo ao camarim?

Hesitei um pouco olhando para Rose que sorriu de volta para mim.

- Não se preocupe Lilly, eu e Kurt ficaremos bem, pode ir.

Dito isso, ela beijou minha testa sumindo na multidão junto com Kurt. Jeff estendeu a sua mão para que eu o acompanhasse e assim o fiz.

Ele contornou o palco indo a um ônibus vermelho, Jeffrey bateu na porta e quem a abriu foi o cara de cabelos cacheados que vira no começo do show.

- Por onde andou Izzy?

Ele perguntou, mexendo em seus cabelos.

- Fui dar uma volta e acabei por encontrar esta garota que Axl ficará feliz em ver novamente. Vamos Alice, entre.

Jeff chamava enquanto fazia sinal para segui-lo. O homem que estava na porta me ajudara a subir me cumprimentado timidamente.

- Espere aqui enquanto chamo William e fique a vontade.

Dizendo isto, ele sumiu pelo corredor do ônibus. Segurei minhas mãos suadas enquanto reparava na decoração. Era estilo retro com vários pôsteres de bandas como Aerosmith, Led Zeppelin, Ramones, entre muitas outras ; na outra parede encontrava-se fotos da banda, uma mini-geladeira vermelha , um outro sofá preto e um toca-discos.

Os loiros do começo do show cochichavam do outro lado da “sala” enquanto o outro moreno tocava tranquilamente seu violão acompanhando uma música que tocava. Me sentia desconfortável, estava envergonhada, engoli em seco tentando acalmar meus batimentos cardíacos, minha tentativa foi falha quando avistei dois maravilhosos olhos verdes.

Não pude conter minhas lágrimas, Will estava ali de verdade, não era miragem ou sonho meu. Ele estava ali, sorrindo como na vez que conhecemos... Sorria pra mim, só pra mim. Corri para abraçá-lo e assim o fiz, acariciei seu lindo rosto que há tempos não ficava tão próximo ao meu, ele começou a se aproximar cada vez mais tentando chegar aos meus lábios que imploravam por um beijo seu. Fomos terrivelmente interrompidos por mais uma das piadas sem graça de Jeffrey.

- Oh, gente, vamos parar com a cena de novela aí?

Lancei um de meus olhares “trevosos” e o moreno ficara branco que nem um fantasma.

- Não ligue Alice, Izzy é sempre muito importuno.

Will olhava-o com cara de poucos amigos.

- Eu sei...Quem liga para um babaca que se chama “IZZY”?

Comecei a rir quando Jeff ou melhor, IZZY fez birra.

- Babaca? Diga isso a SEU namorado “AXL”!

Disse ele apontando para William, eu estava pronta para retrucar mas “Axl” parou a bendita briga.

- Já chega vocês dois! Vocês acabaram de se encontrar e já estão brigando como nos tempos de Lafayette!

Disse, um pouco alterado.

- Agora posso saber quem é ela?

O loiro do baixo perguntou.

- Essa aqui é a praga que eu e Axl tivemos que aturar.

Izzy apoiou seu cotovelo em minha cabeça e eu sorri socando sua barriga.

- É garota, gostei de você. Não sou de fazer apresentações mas vou tentar...errr...Meu nome é Michael mas pode me chamar de Duff!

Ele sorriu dando um beijo em minha bochecha.

- Oi, Sou Steven!

Steven abraçou-me como criança que acabou de ver Papai Noel.

- Sou Slash, prazer.

O moreno permaneceu quieto, comprimentou-me e se sentou.

Depois das apresentações, conversei quase a noite toda com Duff, Steven e Slash e descobri muitas coisas em comum com nós 4. Duff amava Ramones e Misfits, dava para ver pelo seu estilo meio Sid Vicious, Steven era super-fã de Aerosmith, principalmente de Steven Tyler que era quase um Deus pra ele e Slash era o tipo de menino sortudo que conheceu vários artistas renomados como John Lennon e David Bowie, com que ele diz que sua mãe tinha um caso. Poderia ficar lá a noite toda, mas a baita chuva que estourou lá fora me fez mudar de rota.

Despedi-me de cada um, fui andando até a porta, fui impedida.

- Você não pode ir embora com essa chuva...eu te levo no meu carro.

Axl sorriu sensualmente, ele sabia fazer charme. Fomos andando até o carro dele, que partiu minutos depois.

- Fiquei feliz em te ver...

Disse, olhando-o.

- Eu também. Mas porque veio atrás de mim? Você não tinha futuro comigo.

Ele olhava para baixo, nostálgico.

- Minha vida em Lafayette não era nada sem você.

Olhei para a janela.

- Você foi imprudente de vir a Los Angeles sozinha.

Ele disse, sério.

- Eu tenho 17 anos, sei muito bem o que fazer e sei me cuidar... Além do mais, você também veio para cá com essa idade!

Apoiei a cabeça no banco, havíamos chegado na porta do hotel.

- Sou um caso a parte...E um inútil também.

Fitou-me sorridente.

- Não é não, ainda serve de mau exemplo.

Ri, saindo do carro lentamente, acenei observando o carro virar vulto em meio ao transito de Los Angeles, as vezes ser caipira não é tão ruim assim...