Você Pertence a Mim.

Capítulo 37- Chegada.


Narração de Rachel Bolan.

Não sei por quanto tempo dormi no avião, mas fora tempo suficiente para que eu chegasse ao meu destino junto com a forte luz do sol. Espreguicei-me e olhei para a janela, tentando manter a calma e não surtar naquele lugar... O que era quase impossível para mim, que sou tão tímido em relação a falar sobre sentimentos e coisas que mexiam com a nossa cabeça. Eu não era do tipo que falava as coisas naturalmente, ou seja, o que eu faria após este bendito avião pousar era contra a minha personalidade... Mas eu sabia também que se não lutasse, eu iria perder mais uma garota maravilhosa mais uma vez, como aconteceu com Charlotte anos atrás.

Senti que o avião estava descendo devagar, fechei os olhos e mordi o lábio inferior com tanta força que o mesmo começou a sangrar e o gosto metálico daquele líquido avermelhado foi se espalhando por minha boca, mas para meu martírio de nada adiantou, continuava nervoso e o coração acelerava cada vez mais. Milhões e milhões de possibilidades me vinham a mente e a ânsia para chegar a um local sem turbulências era grande, graças a Seb e os outros estou aqui, oh céus, como tenho ótimos amigos... Pensava enquanto ajeitava a mala para perto do meu corpo e andava vagarosamente até o assento perto da saída, assim sairia mais rápido daquele inferno.

O avião finalmente pousou e suspirei demonstrando o alívio por estar em terra firme e fui um dos primeiros a sair, observando atentamente a vista belíssima daquela cidade. Agora entendi o porquê de Lilly falar tanto desta cidade durante nossas conversas banais nos nossos encontros no pub de Londres... Doces lembranças. Andei por todo aeroporto e finalmente achei a saída daquela coisa, olhei para os lados e agora tinha me dado conta da besteira que tinha feito: Como eu iria encontrar Alice se eu nem sabia onde ela estava? Merda. Eu precisava de um telefone urgente, Sebastian saberia o que fazer novamente.

Andei por mais alguns metros até encontrar a minha salvação: um telefone público. Andei até o mesmo, depositei uma moeda e disquei o número da casa de Seb. O telefone chamou e caiu na caixa postal por muitas vezes, minhas moedas estavam acabando e por um milagre, alguém atendeu.

- Alô?

Reconheci a voz de Bach, que deduzi que estava dormindo por conta da voz embargada.

- Hey, Seb. É o Rachel. Como vai cara?

- E aí cara... Eu vou bem e enquanto a você Don Juan? Já disse tudo pra Lilly?

Zombou.

- Haha. Engraçadinho... Era sobre isso que ia falar. Por acaso você faz idéia de onde Alice pode estar hospedada? Essa cidade tem muitos hotéis e eu não faço a mínima idéia em qual deles ela esteja.

- Bem... Você está com o telefone do lugar onde comprou as passagens?

- Não sei cara... Vou dar uma olhada. Um segundo.

Disse, enquanto procurava no bolso da jaqueta de couro e nos bolsos do jeans. Abri a mala e peguei a carteira e lá estava o papel perfeitamente guardado junto com alguns dólares. Abri o papel e voltei a falar.

- Pronto achei o papel... Mas porque você me perguntou isso?

Disse curioso.

- Pense comigo... Se a tal funcionária tinha a informação da compra das passagens da Lilly, logicamente ela comprou um pacote de viagem que vem com um hotel junto e certamente a atendente saberá que hotel é esse. Simples.

Ele riu.

- Seb, às vezes me surpreendo com sua inteligência...

O acompanhei na risada.

- Às vezes meu cérebro funciona...

O loiro ria novamente.

- Cara, muito obrigado... Você é o melhor amigo que um garoto pode ter.

- Não agradeça. Eu sei que você faria a mesma coisa por mim...

- Bom, então se me dá licença tenho uma garota para encontrar...

- E eu tenho uma cama me esperando...

Riu.

- Até outra hora cara.

- Até e boa sorte na busca Rach.

Desliguei o telefone, disquei os números da agência de viagens e finalmente falei com a atendente que me deu o nome do hotel prontamente e explicou o caminho até o mesmo. Mas que dia de sorte... Parece que tudo ia dar certo desta vez. Com um sorriso no rosto fui caminhando em direção ao hotel, espremendo-se por entre as pessoas e observando a paisagem romântica e delicada da cidade. Perfeita para os amantes. Depois de um certo tempo caminhando, cheguei a porta da frente do hotel e entrei ansioso no mesmo. Minhas mãos tremiam e meu coração batia descompassado.

Andei pela recepção até encontrar um sininho que toquei esperando algo ou alguém aparecer por ali. Minutos depois dei de cara com um senhor simpático que apareceu cantarolando uma música qualquer.

- Ah, olá senhor.

Disse retribuindo seu sorriso contagiante.

- Olá. O que deseja meu jovem?

O senhor apoiou-se no balcão sem perder a animação por conta do seu inglês cheio de sotaque.

- Estou procurando uma pessoa...

Olhei para os lados numa tentativa de encontrar algum rastro de Lilly por aqui.

- E quem seria?

O idoso perguntou enquanto limpava o enfeite ao lado do balcão.

- Alice Madison. Sabe se ela se hospedou aqui?

Perguntei.

- Um minuto.

O senhor sumiu de minha vista por alguns minutos até o mesmo voltar com o seu rosto com uma expressão doce e por fim, voltou a falar.

- Oh sim, aqui consta na lista de hospedados essa senhorita de quem fala.

O homem fechou um caderno preto e voltou o olhar sobre mim novamente.

- Pode me dizer se eu posso visitá-la?

Deixei a mala no chão voltando meu olhar ao escadarão do hotel.

- Devo lhe informar senhor, que a senhorita Alice saiu há um tempo... Disse que queria ver a sacada de Julieta de perto.

- Ah, entendo. Muito obrigada senhor...

Disse acenando a cabeça.

- Por nada, meu jovem. Boa sorte!

O senhor acenou e voltei às costas para aquele hotel e parti para a famosa sacada de Julieta em busca da minha amada.