Capítulo 31- Furacão.

“Isso é amor o que estou sentido?
Esse é o amor que eu estive procurando?
Isso é amor ou eu estou sonhando?
Isso tem que ser amor
Pois isso realmente toma conta de mim
Toma conta de mim”

Alguns meses depois...

O tempo passou, levando consigo o restante da dor e do rancor que guardava por Axl. Eu o amava e muito, mas sabia que de um jeito ou de outro eu tinha que retomar minha vida e esquecer o que eu havia passado naquele hotel de Londres... Alimentar aquele ódio doentio não adiantaria nada, só me traria mais e mais dor. Era hora de seguir meu caminho.

Pus uma roupa qualquer, desci as escadas e atravessei a porta de entrada, decidi que iria caminhar, sempre caminhava para organizar os meus pensamentos que eram sempre tão complicados e confusos. Colocava um pé atrás do outro calmamente observando a rua e cada detalhe dela, me deparando com algo conhecido, uma música. Parei de caminhar para ouvir a tal música com atenção e logo a reconheci, “In a darkned room”, a música que o Skid Row tocara no bar de Londres onde nós nos conhecemos.

Sorri e voltei a caminhar apertando o colar de Kurt com força, as coisas começavam a se ajeitar. Aqueles garotos haviam conquistado o que sempre quiseram e batalharam arduamente para conseguir, a tão sonhada e desejada fama. Tendo esse pensamento navegando pelo rio de minha cabeça, a imagem do rosto de Rachel tomou conta das minhas idéias. Fazia muito tempo que não o via, a última vez fora quando ele me dera aquele beijo que nunca esqueci e não parava de pensar durante esses quatro meses.

O meu coração começou a bater mais rápido e os flashes de memória daquele dia tão memorável passavam como um trem bala por meus olhos. Mas o que estava acontecendo comigo? Porque eu estava desse jeito? Balancei a cabeça tentando deixar aquele sentimento de lado continuando a andar por aquela rua movimentada de Los Angeles. Acho que era apenas saudade, o que poderia ser resolvida rapidamente, a casa de Rachel ficava apenas a dois quarteirões.

Depois de passar pelos mesmos dois quarteirões que falara cheguei à casa de Rachel. Toquei a campainha por duas vezes até dar de cara com o garoto apenas com uma regata branca colada ao seu corpo e um jeans azul escuro que delineava perfeitamente suas coxas fortes. Ele veio em minha direção para abrir o portão e por fim abraçou-me com força tendo um sorriso que cintilava em sua face.

- Lilly... Que bom que veio. Senti tanto sua falta...

O moreno me envolveu num abraço quente mais uma vez.

- Também senti sua falta, faz tempo que não nos víamos...

Sorri pegando nas mãos do rapaz que se encontrava na minha frente com o sorriso ainda estampado em seu rosto.

- Então vamos entrar para conversarmos melhor.

Bolan fez sinal com a mão direita para que eu o acompanhasse até a entrada da casa e assim fiz. Entramos na sala de estar, que era muito elegante por sinal, sentamos no sofá de couro preto e nos acomodamos ali. A conversa fluía animada e leve, como se fizesse anos que não nos víamos.

E o resto da tarde seguiu-se por xícaras de chá, biscoitos amanteigados, risadas e um clima doce e gostoso que há tempos não sentia... Rachel era realmente um grande amigo, o único desde Kurt que me fazia sentir algo quente e acolhedor no peito. Por conta da proximidade de nossos corpos, pude reparar nos olhos de Rachel que miravam nos meus, tão lindos e gentis, continham um brilho hipnotizante, algo como dois diamantes negros que cintilavam ao brilho do anoitecer.

A sala de estar antes era um tanto barulhenta foi tomada pelo silêncio. Ficamos nos olhando por certo tempo até Rachel retirar uma mecha de cabelo que caía em meus tímidos olhos pondo-a atrás da orelha.

- Seus olhos são tão lindos... Porque tenta escondê-los?

O moreno disse se aproximando mais deixando apenas um palmo de distância dos nossos rostos. Meu coração disparou quando senti sua respiração quente e seu hálito mentolado bater contra meu rosto. Aquele cheiro de menta misturado ao perfume amadeirado de Rachel me deixou inerte, amolecendo cada parte do meu corpo. Rachel aproximava-se mais e mais colando nossos narizes sem quebrar o contato visual, suas mãos acariciavam meu rosto que antes era alvo passou-se para uma cor rosada devido à vergonha, os olhos de Bolan cintilavam cada vez mais enquanto me puxava para mais perto de si (se é que isso era possível). Em poucos segundos senti o dono dos orbes escuros colar seus lábios macios nos meus iniciando um beijo calmo, tornando-nos um só.

Sentia-me cada vez mais quente e podia sentir meu coração quase explodir de felicidade. Como aquilo estava sendo... Perfeito. Rachel segurou minha cintura com leveza, aproximando nossos corpos enquanto explorava minha boca delicadamente fazendo- me delirar, ele me tocava como se eu fosse partir em pedaços a cada carícia. Deixei que o beijo durasse por mais alguns segundos até que eu me separasse do moreno por falta de ar, o encarando com uma expressão de dúvida e surpresa no olhar. O que havia sido aquilo? Isso tudo era apenas mais um de meus sonhos com Rachel? E porque todo aquele furacão de sentimentos tomara conta de meu corpo? Mais e mais perguntas invadiam minha cabeça fazendo a mesma latejar. Eu novamente me encontrava perdida e confusa perante os meus sentimentos, e agora? O que eu deveria fazer?

“Isso é amor o que eu estou sentindo?
Esse é o amor que eu estive procurando?
Isso é amor ou eu estou sonhando?
Esse é o amor que eu estive procurando?”