Vizinhos

Um dia agitado


P.O.V Da Jade

A cambada acabou se espalhando, no meio da correria me perdi da Sam. Sinjin apareceu para me socorrer, assim como o Shapiro, ele também estava de bicicleta, e durante o corre-corre, o idiota acabou atropelando um dos nossos novos vizinhos sem querer.

O cabeludo ia ficar para trás estirado no chão, pois o imbecil que o atropelou acabou fugindo sem prestar socorro.

Nunca fui de ficar comovida, realmente nunca fui o tipo de pessoa bondosa e solidária. Porém, eu não poderia deixar o garoto atropelado para trás, né? Não sei o que deu em mim, simplesmente voltei para ajudá-lo.

— Aonde será que o seu namorado se meteu, hein? - Olhei ao nosso redor, procurando o topetudo.

Minha amiga também havia sumido. Será que eles estavam juntos?

— Não sei... Ai, acho que vou morrer... Oh, eu estou morrendo... Santa mãezinha, já estou até vendo a luz no fim do túnel... - Dramatizou choramingando.

Revirei os olhos, nem era para tanto. A bicicleta do Sinjin era infantil, era uma daquelas para criancinhas de 10 anos. Ia fazer um mês que ele mandou retirar as rodinhas.

— Vem, levanta! - O puxei pelo braço. - Rápido, cara! - O apressei.

— Corra, fuja... Me deixe aqui para morrer, eu vou tentar distrair o cachorro... - Nossa! Ele era um idiota molenga mesmo.

— Porra! Para de drama, cara! - Puxei seu braço com mais força e ele gemeu de dor.

— AI, QUE DOR! ME SOLTA! ME DEIXE AQUI! SALVE SUA VIDA! - O maluco começou a gritar.

— Merda! - Exclamei.

O Mike Doidão já estava se aproximando, ele latia endoidado, arrastando a corrente no chão...

— ENTÃO, FIQUE E MORRA, BICHA LOUCA! - Perdi a paciência e o larguei ali.

Voltei a correr, eu não queria ser atacada por aquela fera sanguinária.

— ME ESPERA! - Ouvi os berros dele, dei uma olhadinha para trás e vi ele correndo/mancando.

[...]

P.O.V Da Sam

— Será que a barra está limpa? - Freddie, o vizinho gay, perguntou pela quinta vez.

— Não sei, por quê? Você quer sair e se arriscar? Vai em frente, colega! - Eu já estava impaciente.

— Não, eu só não estou mais aguentando ficar aqui... - Respondeu e eu senti algo me cutucando.

— Epa! O que é isso aí cutucando a minha bunda? - Perguntei tentando me afastar.

— Desculpa, mas você está sentada em cima de mim... - Se explicou rapidamente. Saí de cima dele.

— Ai que nojo! - Fiz careta, sem querer acabei tocando numa fralda.

— Santo Deus! Que fedor é esse? Você peidou? - Ele indagou enojado.

— Claro que não! Eu não peido! - Falei indignada.

— Ah, claro, garotas não peidam... - Disse sarcástico.

— Mas eu não peidei! - Eu já estava começando a me irritar com aquele metido.

— Sei, sei... - Ele estava mesmo pedindo para apanhar?

— Eu não peidei! É essa fralda suja que está fedendo, seu idiota! - Peguei a fralda e joguei na cara dele.

— AAAAAHHH! QUE NOJO! - Gritou dando chilique.

Ele pegou um punhado de lixo e jogou na minha cara.

"Como esse Bambi ousa?"

— É melhor correr, seu desmunhecado! - Estralei os dedos.

Rapidamente ele abriu a tampa da caçamba de lixo e pulou para fora. Fiz o mesmo e comecei a correr atrás dele.

— SOCORRO! SOCORRO! TEM UMA MALUCA QUERENDO ME MATAR! - Ele corria que nem aquelas gazelas.

[...]

P.O.V Do Beck

A morena dobrou a esquina e eu continuei correndo, seguindo-a. E acabamos encontrando os nossos amigos, demos de cara com eles que também vinham correndo. A trombada foi feia, mais uma vez fui atropelado.

— SAI DE CIMA DE MIM! VOCÊ ESTÁ FEDENDO, CACETE! - Empurrei o Benson.

— PUTA QUE PARIU, PUCKETT! VOCÊ ESTAVA NO ESGOTO? - Jade gritou empurrando a loira também.

Me levantei e ouvimos gritos. Olhamos para todos os lados e vimos a ruiva e um garoto usando fralda trepados em um poste.

Um garoto estava caído ali ao lado do poste com uma bicicleta tombada ao lado dele.

— ROBBIE! - A garota da limonada rosa gritava desesperada.

Um cachorrinho correu até a bicicleta, farejou o garoto e abocanhou uma coisa e saiu correndo, carregando a coisa que eu não consegui identificar. Tudo foi tão rápido.

— REX! - Gritou o garoto que havia caído de bicicleta.

— Puta merda! O Mike Doidão levou o Rex! - A loira disse de olhos arregalados.

"Espera aí! Aquele projeto de cachorro nanico era o tal de Mike Doidão?"

— O que era aquilo? E QUE MERDA! ESSE TEMPO TODO ESTÁVAMOS FUGINDO FEITO LOUCOS DE UM CACHORRINHO QUE NÃO DEVE PESAR NEM 600 GRAMAS? - Meu amigo berrou incrédulo e surtado.

— Ôh, Topete! Não grita, ninguém aqui é surdo, ok? Aquilo era um boneco, você por acaso é cego? O Mike Doidão pode até ser pequeno, mas é um filhote de cruz credo. Aquele cachorro faz estragos. Grandes estragos! Ele já mordeu o ruivinha maluca, já tentou morder a minha bunda e também já se atracou na perna da Jade! - A loirinha explicou.

— Ei, aquilo era pra ficar só entre nós, sua bocuda! - A amiga dela deu um tapa na cabeça dela.

— Não falei nenhuma mentira. Não tenho culpa se aquele cachorro tarado tentou trepar na sua perna! - Se justificou a outra com cara de poucos amigos.

— REX! REX! REX! PELO AMOR DE DEUS! ALGUÉM SALVE O MEU AMIGO! - O garoto se esgoelava chorando no chão.

A ruivinha chamada Cat desceu do poste e foi tentar reconfortar o pobre garoto.

O cara de fralda se aproximou de mim, me cheirando, levantou o meu braço esquerdo e lambeu a minha axila.

Meu amigo e a nossa vizinha loira cairam na gargalhada.

— Ei, sai fora, maluco! - O empurrei constrangido, irritado e incrédulo.

— Esse é o irmão da ruiva ali, ele ama fazer esse tipo de coisa. Uma vez ele lambeu o cabelo da Sam e... - A amiga dela pulou em cima dela, tapando sua boca.

— Nem mais uma palavra ou eu vou dizer o que aquele golfinho engraçadinho fez com você... - A garota chamada Sam a ameaçou.

[...]

P.O.V Do Freddie

Passei quase duas horas no banho para me livrar de toda aquela catinga. Acabei com o restante do shampoo do Beck lavando o meu cabelo. Saí do banheiro com uma toalha enrolada no quadril enquanto secava meu cabelo com outra.

— Quer dizer que você e a loirinha estavam rolando no lixo, é? - Me lançou aquele olhar malicioso.

— Não aconteceu nada, bem que eu queria, ficamos um tempão naquela caçamba de lixo e ela ficou me irritando o tempo todo. Ela acha mesmo que sou gay, é engraçado! - Comecei a rir.

— Não tem nada de engraçado nisso, cara! Vamos acabar com essa merda! Como vou conseguir pegar a morena me fingindo de gay? - Perguntou indignado.

— Vamos curtir um pouquinho com a cara delas. Depois a gente abre o jogo e parte para o ataque! - Sugeri.

— Tá... - Concordou contrariado.

Parei de enxugar o cabelo e joguei a toalha em cima da cama. Fui até o guarda-roupa, abrindo-o e tirei a outra toalha.

— Que bunda branquela feia é essa sua, hein? - Perguntou me zoando.

— Isso tudo é inveja, sabia? Eu tenho bunda e você não! - Falei convencido. - E o meu "amigo" é maior que o seu! - Me virei para ele segurando o "Junior".

— Sai fora, porra! Vira essa coisa pequena e feia pra lá! - Desviou o olhar.

— Deixa de frescura, mano! O meu é maior, o que custa admitir? - Perguntei escolhendo uma cueca.

Vesti a boxer e coloquei uma bermuda jeans.

— AAAAAAAAAAAAAH! - Gritei de dor.

Acabei prendendo o meu dedo indicador na baguilha, o zíper ficou emperrado.

— Me ajuda aqui! - Meus olhos lacrimejavam, o meu pobre dedo quase foi decepado.

— Bem feito, seu idiota! - Ele estava rindo e se aproximou para salvar o meu dedinho.

[...]

P.O.V Da Sam

— Mas que putaria! Olha lá a safadeza! - Jade apontou, me aproximei da enorme janela de vidro.

— Eita, porra! - A janela do meu quarto ficava de frente para a janela de um dos quartos da casa dos novos vizinhos.

O rapaz de cabelo mediano estava de joelhos pagando boquete para o namorado. O topetudo estava com a cabeça tombada para trás, só curtindo o momento.

— Nossa! - Colei a cara no vidro.

— Por quê não filma para ver mais tarde enquanto brinca com o seu "botãozinho"? - Perguntou debochada.

— Ha, ha, a única pervertida aqui é você! - Acusei.

— Você não é nenhuma Santa, Puckett! - Disse séria.

— Não sou mesmo... - Me afastei da janela.

— Ah, que nojo! - Ela desviou o olhar.

— Eles pelo menos estão se divertindo! - Falei.

— O André chegou! - Abriu um sorriso verificando a mensagem que havia acabado de chegar.

Minutos depois...

Minha amiga estava no quarto ao lado "brincando" de cavalinho com o ficante dela. Os gemidos deles estavam cada vez mais altos, eles nem se deram o trabalho de fechar a porta... Passei por ali e acabei vendo o que não devia. Cruzes!

Tirei o meu biquíni da embalagem de plástico. Era azul-colbato, minúsculo e eu estava doida para usá-lo. Não lavei e enchi a piscina para ficar só olhando...

Pelo visto a minha amiga safada ia ficar horas ali com o André... Eles sempre faziam a cama tremer e a cabeceira bater na parede.

— NÃO DÁ PARA VOCÊS SEREM MAIS SILENCIOSOS? - Gritei da porta do quarto dela.

— Ah, Sam! Vai dar para o Robbie vai... - A morena disse na cara de pau.

Eles haviam mudado de posição... Ela estava de quatro gemendo feito louca.

— Oi, Sam! - André acenou ainda "mandando a ver".

— Oi, Harris! - O cumprimentei.

— Quer participar? Eu deixo. Você dá conta de nós duas, Dezão? - A pervertida perguntou descaradamente.

— Dou sim, Jayzinha! Tira a roupa e chega junto, loirinha! - O safado sorriu malicioso.

— Não, obrigada! - Recusei o convite.

— Ah, qual é, Puckett? Estamos entre amigos! Não precisa ficar tímida! O André vai dar um belo trato em você. Cá entre nós, faz meses que você está na seca! - Eu ia quebrar a cara dela.

— MENTIRA! EU TRANSEI SEMANA PASSADA! - Menti na cara dura.

Bati a porta e corri para o meu quarto, me trancando ali.

— APOSTO QUE VOCÊ TEM ATÉ TEIA DE ARANHA LÁ "EMBAIXO"! - Gritou me sacaneando.

Jade estava muito "ocupada" e eu queria usar o meu biquíni novo, mas tinha um pequeno problema... Eu precisava urgentemente cortar o cabelo da "boneca", aparar a "grama", tirar as pétalas da "florzinha" para poder colocar o meu lindo biquíni minúsculo e exibir minha virilha bem lisinha...

Nunca levei jeito com lâminas e usar cera quente era uma tortura diabólica. Eu também nunca gastei com depilação e tals. Minha amiga sempre me depilava de graça.

Peguei o meu biquíni e coloquei na sacola, fui até o banheiro e peguei a maleta com o Kit básico para depilação caseira.

Minutos depois...

— Oi! - O tal de Freddie atendeu a porta.

— Oi! - Abri meu melhor sorriso.

— Tudo beleza? Entre, entre... - Deu espaço e eu entrei.

— Você está sozinho em casa? - Perguntei não vendo o namorado dele por perto.

— Sim. O Beck acabou de sair. Ele foi fazer compras! - Falou me indicando o sofá.

— Ah... Eu vim aqui porque preciso de um favor! - Falei sem enrolar.

— Em que posso ajudar? A lâmpada queimou? O cano emtupiu? O chuveiro quebrou? Precisa trocar os móveis do lugar? A torneira não para de pingar? Ou...

— Nada disso! - O interrompi.

— O quê, então? - Cruzou os braços.

— É você que faz a barba ou pede para alguém fazer para você? - Perguntei fitando seu rosto lisinho como bumbum de bebê.

— Sou eu mesmo. - Respondeu.

— Ótimo, então... - Sorri e ele franziu o cenho confuso.

— Em que posso ajudá-la, moça? - Indagou.

— Comprei um biquíni novo e queror usar ainda hoje. Minha amiga está muito ocupada e não pode me ajudar. Eu preciso dar um trato lá "embaixo", se é que me entende. - Soltei uma risadinha.

— Ah... - Coçou a cabeça. - Você quer que eu... - Fez gestos e apontou para mim.

— Você deve levar jeito com esse tipo de coisa, você faz a barba e tals... Eu sou um desastre com lâminas e coisas do tipo, enfim... Eu quero que você me depile! - Fui logo direta ao ponto, parando de enrolar.