Já estávamos em Greenbrier. Eu fiquei encantando em conhecer um fantasma que não me julgasse por Mortal. Como se eu fosse uma pessoa normal.

— A Ridley vai gostar de saber disso. Vamos procurá-la. — disse Lena.

— Não vão a lugar algum. — disse Beatrice Scotty.

— Beatrice? O que está havendo? — exclamou Lena, assustada.

— Calada. Eu vou matá-los e guardar cada pedacinho do corpo de vocês no meu quadro.

— VEM LENA! — berrei.

Eu e Lena entramos no carro, e dirigi na mais rápida velocidade que o carro pode aguentar. Beatrice nos seguia, tentando nos atingir — tentando mesmo, ela era da Luz, não das Trevas —, mas não desistia de modo algum.

Dirigi até um beco sem saída. Estacionei o carro ali do por perto — todo torto — e entramos no beco. Fomos para atrás da lixeira verde e fedorenta. Beatrice chegou, olhou a redor e seguiu caminho reto. Eu e Lena fomos até a parede espionar Beatrice, que estava interrogando meu amigo Al.

— Onde estão Ethan Wate e Lena Duchannes?

— Não sei. Mas mesmo que soubesse não diria, moça.

— Vagabundo. — disse Beatrice, enforcando Al e matando-o.

Caiu um pingo de lágrima dos meus olhos. Também, se eu fosse Al, mentiria. Eu e Lena caminhamos até um guarda-sol posto na rua, quando Beatrice olhou para trás. Voltamos no mesmo tempo. Então seguiu caminho reto.

Paramos em baixo do guarda-sol.

— Patético seu amigo, não? — disse Lena fazendo careta.

— Ele não era meu amigo. Ele acabou de morrer e também era colega de dormitório. Apesar de que eu também ache ele meio grogue.

— Precisamos procurar Ridley. Então é aqui que nos despedimos, Ethan. Te vejo depois.

Antes que pudesse dizer o mesmo, Lena deu as as costas e seguiu caminho.

Comecei a caminhar por toda Gatlin. Comprei um pacote de salgadinhos sabor presunto e uma garrafinha de suco de uva.

Parei num pequeno mar que havia em Gatlin, nas beiradas. Era tão gostoso colocar a mão naquele mar, como se estivesse alguém lá comigo. Levantei os olhos rapidamente e vi Ridley, desmaiada. Corri até ela para socorrê-la. Tinha pulso, e respiração, mas nem sinal de acordar.

— Então, eu pesquei você, Ethan? — disse Tara Boldman atrás de mim, rindo. — Que peixe raro, você.

— O que você fez com ela? — perguntei ameaçador.

— Bem, para pescar um peixe, ou seja, você, eu tive que 'comprar' uma isca. Essa foi a mais barata. E a mais idiota também, se quer saber.

— Volte ela ao normal.

— Ou o quê? Vai me congelar com seus poderes Mortais, Ethanzinho? Você não é um Conjurador, burro! Só um Mortal babaca, porco e de mau-caráter.

— Não se atreva a falar de mim, vaca! — estava começando a ficar furioso.

— Falo, sim. Falo. E muito. Você será o primeiro morto pelos serventes de Sarafine, Ethan. Não pode modificar isso, não. Mortais não têm poderes.

Avancei até ela, pronto para espancá-la, mas ela me congelou. Apenas podia mexer os olhos e a boca.

— Me solta disso, bruaca!

— Pra eu matar você e ganhar a recompensa de Sarafine, preciso que fique numa posição ideal. Congelado é a mais legal que posso fazer.

— EU. MANDEI. VOCÊ. ME SOLTAR! — quebrei o gelo inesperadamente, e depois vi que minhas mãos estavam brilhando e latejando.

— O quê?! Você é... um Conjurador?!

— É o que parece, vaca. Agora, se quiser não quiser QUE EU mate alguém aqui, é melhor fugir. Antes que eu me descontrole e mate você,

— Tá bem, tá bem!

Tara correu loucamente. E eu não estava acreditando. Eu me presenciei Conjurando! Como isso? Não fui Invocado nem nada! Será que foi Lena?

— Ridley, acorda! Acorda!

— Ethan? CADÊ AQUELA PUTA?

— Fugiu. Eu acho que sou um Conjurador.

— Como. É. Que. É?

— Quebrei o gelo usando as mãos, e sou muito fraco.

— Que bom saber... — Ridley me deu um beijo na bochecha — Onde es´ta Lena?

— Não sei, não faço ideia...

Eu e Ridley saímos à caça de Lena.