Vinte Luas — Beautiful Fearless
A Mansão Boldman
— Lena, você foi incrível! — disse eu, animado!
— Eu também achei, Lena. Tá ficando igual a prima.
— Que nada... — disse Lena sem jeito —, mas eu estou feliz por ter botado aquela vaca pra correr. Ainda se diz minha mãe.
— Com certeza, ela que mandou Tara atrás do Wesley. Está fazendo um exército de Sirenas. — disse Ridley, furiosa — Antes que seja tarde, precisamos acabar de uma vez por todas. Antes que você complete vinte anos, Lena.
— Como assim, antes que seja tarde, Lena?
— A maldição, Ethan. A profecia. Você não ouviu a música?
Estava confuso. Tirei meu iPod do bolso, e vi uma música (de novo), Vinte Luas. Apertei play.
Vinte luas, vinte luas
O sol bate mais fraco
Antes que a filha 'daquela' complete vinte anos
Aquela é preciso ser derrotada
Fiquei maluco. Agora eu sabia que 'aquela' era Sarafine, e 'a filha daquela' se referia a Lena. O clima pesou de novo. Uma lágrima caiu de meus olhos. Eu queria estar no meu dormitório, agora, dormindo, relaxando na minha cama...
Uma semana, foi o tempo exato que se passou desde aquilo. Eu não estava mais na faculdade, o dormitório está todo ferrado. Nunca mais quis pisar os pés no campus. Lena está tentando uma Conjuração para descongelar sua tia Delphine, mas está tentando isso há dias, e nunca consegue. O telefone estava vibrando na minha mesa. Número desconhecido. Atendi do mesmo jeito.
Demorei segundos para colocar o celular em meus ouvidos.
— Alô? — perguntei com medo.
— Ethan? Sou eu, a Lena. Eu comprei esse celular faz meses.
— Como tem meu número?
— Não te interessa. A Ridley decidiu procurar Sarafine sozinha, e me recomendou um lugar para tentar procurar.
— Onde? Não me diga que é numa caverna.
— Não, não é. — fiquei aliviado. — Tem um túnel que leva à Mansão dos Boldman. É pra lá que vamos.
— Não é meio precipitado, L?
— Precipitado vai ser eu te dar uma surra no nariz. Me encontre em Greenbrier.
— Certo. — desliguei, pus o celular no bolso e saí disparado.
Entrei no carro, e dirigi até Greenbrier. Aquele lugar me dava arrepios, faz tempo que eu não ia lá. Senti que isso era precipitado, realmente.
Cheguei, e lá estava sentada na grama com uma pá de ferro enferrujada.
— Vamos ter que cavar o túnel? — perguntei, saindo do carro e indo na direção de Lena.
— O que você acha? — Lena me deu um soco no nariz (ai, doeu!). — Cave, você tem muito mais muque do que eu.
Fiquei cavando lá durante horas, até que quando chegou o pôr do sol, eu finalmente acabei. Cavei mais do que o normal, bem fundo. Lena deu uma arrumada usando magia. Pulamos no túnel, ficamos andando de quatro. até que vimos uma luz. Dei um soco na terra de cima e lá estávamos, na Mansão Boldman. Entramos, e fiz questão de recolocar o piso de volta.
Ficamos andando, esse parecia o segundo andar. Tinha um quadro grande numa parede. Embaixo, uma placa de ouro:
Beatrice Scotty
1378 — 1394
— Ela morreu jovem — lamentei.
— Quem está aí? — disse uma mulher de cabelos e um longo vestido azul.
— Sou Lena e esse é Ethan. Você é Beatrice Scotty! Você é um espírito!
— Espectro. Eu posso tocar as pessoas. Sim sou eu mesma. Morri quando completei dezesseis anos.
— No dia da sua Invocação?! Que cruel!
— Sim, eu vou te contar tudo. Quando nasci, meus pais sentiram que eu ia ir para a Luz. Então, me deixaram na porta de uma família de Mortais. Anna Scotty e Logan Scotty foram os melhores pais Mortais do mundo. Eles não sabiam nada de Conjuradores, é óbvio, embora eu tentasse explicar. Com doze anos, descobri que era Taumaturga, e fui Invocada para a luz com dezesseis anos. Parte dos Boldman não gostou e me mataram. Somente minha avó, Daphne Boldman me amava, e ela colocou esse quadro aqui, em memória aqui. E protegeu-o com um feitiço, pra ninguém pudesse estragar. Então, sou deserdada.
— Quem matou você?
— Meus pais e meus tios. — disse Beatrice suspirando — Não guardo mágoas.
— Se eles estivessem vivos, você os mataria? — perguntei abobado.
— Você é um Mortal, não? Percebi pelas suas perguntas. Eu sempre achei ótimo uma Conjuradora namorando um Mortal.
— Não estamos namorando. — disse Lena, corando — Você sabe onde Sarafine se esconde?
— Não sei, ninguém dos Boldman fala comi...
— BEATRICE! — disse uma mulher da varanda da escada (velha por sinal) — Quem são esses parasitas?
— Quieta, Tori. Não são parasitas. Lena e Ethan.
— Uma Duchannes e um Mortal, hein? Saiam. Beatrice, volte para seu quadro.
— Me obrigue. — desafiou Beatrice.
— OUSA ME DESRESPEITAR? — disse Tori — Você vai sentir o peso da morte, sua vadia!
— NÃO! — berrou Lena, levitando Tori fazendo-a bater nas paredes, e deixou-a cair no chão depois de um longo berro.
Beatrice correu até ela.
— Vamos ver quem vai sentir o peso da morte aqui, sua hipócrita. — Levantou as mãos, levitou Tori e a enforcou como Lena fez com Sarafine. Beatrice matou Tori.
Lena e eu ficamos assustados.
— Quem é Tori, Bea? — perguntou Lena assutada.
— Essa é uma servente de Sarafine. Uma Sirena também. Todas as mulheres Boldman são Sirenas. Os homens são Cataclistas. Agora vão embora, antes que mais alguém apareça.
Eu e Lena saímos correndo e Beatrice entrou no quadro.
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