Coloquei um simples vestido azul rodado, o único detalhe era o decote. Shelby colocou um de seus vestidos mais curtos, era vermelho com um enorme decote.

—Ela esta dançando pra caramba – Liam falou ao meu lado.

—Ela esta soltando todos os sentimentos, principalmente a tristeza e a dor. – falei pegando um drink.

—Isso foi profundo. – ele tocou seu coração – e você?

—Eu o que?

—Não vai fazer o mesmo que ela?

—Não, hoje só vou cuidar dela, não deixar que ela cometa uma estupidez.

—Sem bebidas?

—Exatamente.

—Toma cuidado amorzinho.

—Com o que?

—As pessoas daqui são bem atentadinhas, principalmente os caras.

—Não se preocupe, eu sei me cuidar.

Ele sorriu indo para pista de dança com algumas meninas da Yale que tinha convidado, fiquei sentada no balcão observando cada passo que Shelby dava, ela já estava totalmente bêbada. Minha noite não estava sendo tão boa. A música estava explodindo meus ouvidos aos poucos e o cheiro de suor exalava pelo salão, eu nunca desejei tanto um perfume.

A garçonete me ofereceu bebida, mas recusei.

—Esta sozinha? – um homem todo tatuado se aproximou de mim.

—Não.

—Mas no momento você esta, não é?

—Só estou descansando. – ele era bonito, mas parecia um desses canalhas, senti seu hálito de longe, vodca com tequila e cigarro.

—Não quer dar uma voltinha? – ele pegou na minha mão.

—Não.

—Não se faça de difícil.

—Me deixa em paz. – me irritei levantando-me.

—Não. – ele me agarrou pela cintura.

—Me solta – eu o empurrei andando o mais rápido possível para fora.

Fui do outro lado da rua ao lado do salão, onde não havia ninguém. Peguei meu celular e liguei para o Liam.

—Por que esta me ligando? – ele gritou pela musica alta.

—Preciso que cuide da Shelby por um tempo, preciso tomar um ar e ficar ai dentro não esta ajudando.

—Pode deixar, eu cuido.

—Não a deixe beber mais.

—Ok.

—Olha aquele gatinho Liam. – ouvi Shelby falando e então desliguei.

Eu queria muito ir embora, não tinha curtido aquele lugar, algumas pessoas chegavam a me dar medo, me fez lembrar-se de certa época da minha vida.

—Te encontrei – o mesmo homem tatuado parou a minha frente – não sei por que esta fugindo, só quero te conhecer – ele deu um meio sorriso. – te conhecer todinha.

—Pelo amor de deus. Você me dá nojo. – disse sem pensar.

—Chega de papo.

Ele me agarrou me apertando em seus braços, tentei me soltar, mas não consegui. Suas mãos percorriam em meu corpo, ele ergueu meu vestido e eu dei uma joelhada em suas partes intimas. Ele me soltou instantaneamente rindo. A única coisa que pensei foi em correr, mas não podia ir para dentro do salão, com certeza ele tinha amigos e me encontraria rapidinho. Então corri pela rua para trás do salão onde ficava o estacionamento. Então lembrei que havia deixado à chave do carro na bolsa de Shelby. Eu não sabia o que fazer, aquele homem era enorme e forte. Fui para trás de uma caminhonete preta e agachei, disquei o primeiro numero que veio em minha cabeça.

—Malu? – ouvi a voz surpresa de Luan.

—Estou numa confusão. – sussurrei.

—O que esta acontecendo? Por que esta sussurrando?

—Estou no Pity Party e...

—O que você esta fazendo nessa droga de lugar? – ele se enrijeceu.

—Tem um homem, ele esta atrás de mim, quer ficar comigo a força, não sei o que eu faço, eu devo ligar pra policia?

—A policia não costuma fazer questão de resolver as coisas do Pity Party.

—Então o que eu faço? – me dei conta de como aquele lugar era ruim.

—Chego ai em cinco minutos.

—Luan... – ele desligou.

Levantei-me aos poucos, o homem não estava a minha vista, sai de trás da caminhonete torcendo os dedos pra que ele não estivesse ali.

Andei tentando não fazer muito barulho com os saltos. O estacionamento estava vazio.

—Chega de joguinhos – o homem me pegou de surpresa por trás.

Ele começou a me beijar e eu me recusava a abrir a boca, fechei os olhos usando toda minha força para me soltar. Ele me carregou até no canto e me pressionou contra a parede.

—Você é tão linda – ele falava beijando meu pescoço.

—Me solta seu cretino!

Ele ria e ao mesmo tempo se apartava contra meu corpo. Eu tinha que sair dali logo. Suas mãos percorreram por baixo do meu vestido e aquilo me enrijeceu. Mordi seu ombro com toda minha força, ele se desencostou um pouco de mim me dando segundos suficientes para correr.

—Você não percebe que não vai conseguir fugir.

Eu corri o mais rápido possível - como os carros dos velozes e furiosos – meu salto batia com toda força no chão, não sei como não quebrou, mas não tinha tempo suficiente para parar, desabotoa-lo e tira-lo do pé. Fui para frente do salão e então vi uma moto parando, eu reconheci na hora, era Luan e Daniel.

Corri em sua direção e o abracei com toda força, as lagrimas de raiva rolaram pelo meu rosto e ele suspirou de alivio ao me abraçar.

—Quem é o canalha? – ele colocou as mãos em formato de concha em meu rosto.

—Eu não sei o nome dele, é tatuado e enorme – falei tremendo e gaguejando.

—Aquele? – Daniel apontou para o homem que vinha em nossa direção.

—Sim – respondi.

—Vou acabar com ele – Luan me colocou ao lado de Daniel que me abraçou tentando me acalmar.

—Luan vai dar um jeito nele – ele disse.

—Mas aquele homem é enorme e...

Parei quando vi Luan dando o primeiro soco, o homem bêbado ria euforicamente, então socou o rosto de Luan, eu me encolhia com cada golpe que cada um dava. Luan o chutou o derrubando no chão, então foi pra cima dele e o socou repetidamente, o sangue jorrava de seu nariz, e mesmo assim o homem continuava rindo.

Luan se levantou o observando, o homem se levantou com dificuldade se apoiando na parede do salão.

—Quem você pensa que é? – ele disse com dificuldade.

—Você é um imbecil. – Luan gritou.

Uma multidão de pessoas os observava, Shelby e Liam correram em minha direção e do Daniel.

—Shelby!? – Daniel a olhou decepcionado.

—O que esta acontecendo? – ela perguntou ainda bêbada.

—Ela passou um pouco dos limites – Liam disse.

—Vem – Daniel a puxou pela mão até o carro.

—Eu já imagino o que aconteceu – Liam me abraçou ao perceber que eu ainda tremia.

Luan tinha prensado o homem na parede e o chutava e socava, até o homem cair no chão.

Ele veio em minha direção me abraçando outra vez, suas mãos e sua camisa estavam cheias de sangue.

Passei o polegar em sua boca limpando o sangue que estava escorrendo, meus olhos estavam ardendo em lágrimas.

—Eu sinto muito. – sussurrei.

—Não se preocupe anjo, vamos para casa, você nunca devia ter vindo a esse lugar.

Daniel foi até nós com Shelby no colo, que soltava alguns risinhos dizendo coisas enroladas.

—Vamos para o nosso apartamento – ele disse – vou dirigindo no carro da Shelby.

—Eu vou de moto com a Malu.

—Nos vemos la.

Sentei na garupa e abracei Luan apertado louca pra sair daquele lugar.

O vento jorrava em meu rosto, eu não estava me importando com Luan indo à alta velocidade, eu só precisava esquecer-se daquela noite.