Eu estava sentada na poltrona reclinável enquanto Luan preparava algo na cozinha.

—Um chá de camomila ira te fazer bem.

—Não precisa, eu não gosto de chá.

—Eu devia saber.

Depois de alguns minutos ele se ajoelhou diante de mim com um copo cheio de chocolate quente.

—Ah – suspirei – obrigado.

—Precisamos conversar.

—Não estou afim.

—Ainda esta brava comigo sem motivos?

—Eu tenho motivos, mas não estou tão brava, se não fosse por você hoje, eu não quero nem pensar no que teria acontecido.

—Eu preciso te falar a verdade – ele insistiu.

Antes que eu dissesse algo, Daniel saiu do quarto indo pra cozinha.

—Shelby vai passar a noite aqui – ele avisou de trás do balcão.

—Ela já dormiu? – perguntei.

—Sim, quando ela acordar, quero conversar com ela.

—Espero que se resolvam.

—E você vai dormir aqui também?

—Sim – Luan respondeu antes de mim.

Não reclamei, eu não estava a fim de voltar para Yale, mas ao mesmo tempo não queria dormir com Luan – apesar de no fundo desejar isso. – mas não tinha outro jeito, a não ser que eu dormisse nas escadas.

—A verdade sobre Tifany – Luan continuou.

—Estou ouvindo – minha voz era baixa e desinteressada.

—Tifany é uma vadia – ele começou.

—Para – eu ri – eu sei que ela foi difícil até você conseguir conquista-la.

—Por três dias é ser difícil?

—Três dias?

—Sim, ela se jogava pra cima de mim, mas na hora de ir pra cama, ela disse que queria esperar, passou três dias e ela me induziu.

—Por que você disse que gostava dela?

—Porque ela insistia, eu só queria pegar ela, eu falava qualquer coisa que ela me pedia.

—Por que chegou a pedir ela em namoro? – o olhei profundamente.

—Porque ela disse que se não assumíssemos um compromisso ela não continuaria e eu a achava gostosa, ela era meu passatempo quando eu estava com preguiça de ir atrás de outra, então eu não quis perde-la, apesar de saber que ela não pararia de correr atrás de mim nem se eu negasse.

—Então por que você aceitou? – me levantei com ele.

—Ela estava insistindo, por que eu não aceitaria? – ele elevou o tom de voz.

—Você a traiu com varias!

—Eu deixei claro pra ela que eu pegaria outras, ela sabia muito bem que não era única, eu até falei pra ela que aquilo não era realmente um compromisso e mesmo assim ela quis continuar comigo!

—Ela pensou que você a amava.

—Como ela pode pensar isso do jeito que a gente estava vivendo? Aquilo nunca foi um compromisso, ela sabe disso, e eu nunca disse “eu te amo” pra ela! Ela se iludiu sozinha Malu!

—Eu não sei o que pensar.

—Já viu as roupas que ela usa? Ela se jogava pra mim.

—Luan...

—Anjo – ele colocou as mãos em meu rosto – você pensou que eu faria o mesmo com você?

Fiquei sem resposta apenas o olhando, seus lábios se ergueram em um sorriso e foi impossível não me derreter.

—Quando você veio me falar tudo aquilo – continuou – você disse que chegou a pensar que poderia ter algo entre nós.

—Esquece o que eu disse.

—Não, você ficou tão brava, tudo que você falou. Você... sente algo por mim?

—Eu... – fiquei sem reação, meu coração se acelerou tanto que eu fiquei com medo que ele percebesse o meu nervosismo.

—Você sente algo por mim. – ele afirmou – eu sabia meu anjo.

Luan me abraçou, mas eu o afastei lentamente desviando de seu olhar, eu tinha que acabar com aquele momento, tinha que o fazer acreditar que não sentia nada por ele, mesmo querendo muito o beijar e dizer que quero ser dele para o resto da minha vida.

—Eu gosto do Brian.

—Mentira – ele pegou em minhas mãos. – você só esta tentando fugir do que sente por mim, esta usando ele para me esquecer.

—Você é meu melhor amigo, apenas isso.

—E você também é minha melhor amiga anjo, isso tornaria nosso relacionamento bem melhor.

—Nosso relacionamento? Meu Deus Luan não temos relacionamento.

—Mas poderíamos ter.

—Preciso dormir, estou exausta.

—Tudo bem – ele suspirou – vamos.

—Vamos? – franzi a testa.

—Sim, para o meu quarto. Já se esqueceu de como é? Nós dois dormimos la.

Assenti indo a sua frente, peguei uma de suas camisas.

Tirei o vestido e ele me encarava.

—Não tem nada que você não tenha visto. – eu ri.

—Você não é como as outras, você é tão mais linda.

—Para Luan. – me deitei ao seu lado. – eu te perdoo pela Tifany, mas quero tentar manter amizade, então não força a barra.

—Só amigos – ele bufou apagando a luz. – apenas amigos.

—Sim.

—Amigos podem se abraçar.

Não o respondi, Luan me puxou para perto de si, entrelaçou seus braços em mim, eu deitei minha cabeça ao seu peito e ele beijou meu cabelo. Estávamos tão perto que pude ouvir as batidas de seu coração.

Meu celular tocou duas vezes um pouco antes de o alarme despertar. Era Brian, liguei de volta e ele atendeu rapidamente.

—Malu?

—Oi, já voltou?

—Sim, estou louco para te ver e tenho uma novidade.

—Uma novidade?

—Sim, você vai adorar.

—E sobre o que é?

—Surpresa, podemos nos ver?

—Claro, pode ser depois das duas primeiras aulas?

—Sim.

—Anjo? – Luan sussurrou ao meu lado.

—Onde você esta? – Brian perguntou.

—Ah... – eu suspirei nervosa.

—Com quem esta falando? – Luan perguntou.

—Você esta com Luan?

—Brian, eu te conto tudo depois.

—Fez algo de errado?

—Não. Você confia em mim?

—Acho que sim. – sua voz se alterou e percebi que ele não estava gostando muito da situação.

—Eu precisei passar a noite aqui, mas não se preocupe, não rolou nada.

—Espero que não.

—Você pode confiar em mim, é de você que eu gosto.

Olhei para Luan e pude ver seu semblante decepcionado, ele se levantou e saiu do quarto.

Olhei para o lado e minha calça jeans e uma blusa de tule branca estava pendurada junto com minhas peças intimas.

Tomei um longo banho e as vesti.

—Você buscou minhas roupas? – perguntei me sentando no sofá com Luan.

—Fui buscar de madrugada me lembrando de que você precisaria.

—Obrigado.

—Não precisa agradecer pelo que faço pra você flor.

—Flor? – eu sorri.

—Você é linda e sensível como uma flor, mesmo parecendo durona às vezes.

—Ah Luan só você mesmo.

Percebi que ele estava chateado pelo que ouvira mais cedo, então eu o abracei me puxou para seu colo.

—Cacete, eu gosto muito de você. – ele beijou minha testa.

Eu sorri. Ouvimos risadas e quando olhamos para o lado, Shelby e Daniel estavam fazendo cocegas um no outro indo para a cozinha e trocando alguns beijos.

—Parece que vocês se resolveram. – Shelby disse ainda rindo.

—E vocês também – falei.

—Hoje eu e Daniel não vamos à aula, vou ficar aqui com ele.

—Então eu já vou indo – avisei.

—Eu te levo – Luan pegou sua jaqueta encima da poltrona.

Dessa vez ele não correu com a moto, era incomum ele ir tão devagar. A cada sinal vermelho que parava, ele coloca suas mãos sobre as minhas que estava o abraçando.

—Isso não é comum. – desci da moto.

—O que? – ele sorriu ajeitando o cabelo.

—Você estava devagar e respeitou todos os sinais e placas.

—Eu estava curtindo você me abraçando.

—Meu amor – Brian me abraçou por trás.

—Oi – me virei e ele me beijou.

Senti que ele queria esfregar esse beijo na cara do Luan e isso me enrijeceu.

—Brian – Luan o encarou com desprezo. – é normal você sempre deixar sua garota?