Vapor

8. Truco


CAPÍTULO 8

truco



calum hood



Antes de Alissa ter chegado na festa Calum já tinha bebido algumas coisas, mas quando ele viu a garota parada na porta da república conversando com Ashton, ele decidiu que precisava de algo bem forte para não ficar se distraindo com a beleza dela naquela noite. Era como se fosse de propósito, Alissa era tão bonita que tirava completamente a sua concentração. Haviam várias outras garotas naquela festa, contudo ele só queria conversar com ela.

Quanto mais pensava sobre Alissa, e começava a perceber as sensações que ela provocava nele, mais depressivo Calum ficava. Era uma pena que por ela, ele estava disposto.

Os dois retornaram para a cozinha, e para sua surpresa a amiga de Alissa estava sozinha apoiada em uma bancada de costas com os braços cruzados. Marina Gonzalez também era muito bonita, ela tinha descendência mexicana, eram bem mais alta que Alissa, sua pele era de um marrom claro e bem bronzeada de várias idas na praia, as pontas de seus cabelos castanhos eram coloridos por californianas loiras. E naquele momento, Marina parecia estar triste.

— Marin, o quê aconteceu? — Alissa perguntou carinhosamente indo abraçá-la.

Calum apenas observou a cena de longe, achando incrivelmente doce a forma em que Alissa cuidava da sua amiga.

Talvez fosse porque Marina já estivesse um pouco alterada, mas foi só a amiga fazer aquela pergunta que a mais alta começou a se debulhar em lágrimas.

— Eu já falei para ele que não gosto que ele faça isso, sabe? Harry continua com os mesmo comportamentos grosseiros e simplesmente debocha de mim quando eu digo que não concordo com o que ele está fazendo. — sua voz estava um pouco embargada o que dificultava um pouco na compreensão do que ela estava falando — Eu sinto muito pelo o que ele falou de você e do Calum. Eu-

— Ei, ei, está tudo bem. Você não pode se culpar pelos erros de outra pessoa. Está tudo bem Marin. Você deveria conversar de novo com o Harry. Vocês dois estão namorando, então precisam concordar em algumas coisas e agir como um casal.

— Eu sei, eu sei. — Marin se aninhou no abraço da amiga, se sentindo agradecida por ter ela por perto nesse tipo de momento.

No outro canto da sala, Luke Hemmings se aproximou de Calum. O loiro tinha um sorriso no rosto, ele estava gostando de ver como a suposta “amizade” de Calum e Alissa estava fluindo. Tinha apostas de que os dois iriam se dar muito bem juntos, ele, Michael e Ashton já tinha tido essa conversa separadamente. Não era do estilo dele se meter nos assuntos do amigo, então ele iria apenas observar de longe. Contudo, ficava feliz ao perceber que o término de Aimee não o afetou imensamente justamente porque Alissa apareceu na sua vida no exato momento. Era como se ele nem estivesse machucado, apenas levemente ressentido com a ex.

Os meninos ficaram levemente receosos quando descobriram sobre Elliot. A verdade era que nenhum dos três tinha gostado muito dele logo de cara, e ter descoberto que Elliot tinha ficado com a ex de Calum assim que teve a chance era no mínimo nojento e decepcionante já que o Hood o considerava um bom amigo. Foi preciso uma longa conversa e até mesmo que Luke o segurasse, para que ele não partisse para uma briga, isso porque Calum normalmente era uma pessoa bem calma.

E ver ele ao lado de Alissa era tranquilizante, pois aquela garota despertava o lado mais calmo e suave possível dele.

— Apreciando a vista? — perguntou para o amigo.

— Se foder Hemmings.

Luke riu.

— Você deveria apresentar ela para mim e pro Mike um dia desses. — sugeriu — Alissa parece ser uma garota bem legal.

— Ela é. — Calum soltou, sem tirar os olhos da garota que agora aconselhava Marina a ir até o andar de cima conversar com o seu namorado.

Quando Marina subiu as escadas do hall para ir para o piso superior, Alissa se virou para Calum e quando o viu com Luke sorriu timidamente indo na direção deles.

— Luke essa é a Alissa, Alissa esse idiota loiro é o Luke. — Calum os apresentou com um sorriso preguiçoso.

— Nas horas vagas Calum é o meu homem, — o loiro disse com um sorriso de canto — mas eu estou disposto a dividi-lo com você.

A garota riu surpresa.

— Ah, que bom que você está disposto a dividi-lo. Calum não falou nada sobre.

Hemmings fingiu estar decepcionando enquanto apertava a ponta de seu nariz.

— É que ele não costuma levar o nosso relacionamento a sério.

Calum revirou os olhos.

— Você quer que eu pegue o que pra você beber, Alissa? — perguntou levemente nervoso em ver a garota próxima de seus amigos, tinha receio de que algum deles deixassem escapar o fato de que ele a olhava demais, normalmente com um sorriso tímido no rosto.

— Gin, se ainda tiver.

— Beleza.

O moreno se dirigiu para a cozinha com dois copos em mão, no seu ele depositou uma bela porção de tequila e fez um drinque, para Alissa ele colocou o gin e o gelo. Ficou alguns momentos em silêncio preparando a bebida, sentia que estava se segurando aquela noite inteira. As vezes ele se via arrependido por ter dito a Alissa que eles eram amigos, porque agora ele tinha um obstáculo sempre que se pegava pensando demais nos lábios dela, e isso era uma droga.

Será que ela acreditava em amigos que se beijavam?

Balançou a cabeça, tentando afastar esse tipo de pensamento enquanto repetia a palavra “amiga” para si o máximo que podia.

Quando voltou para Alissa e Luke, encontrou o amigo com um baralho na mão enquanto conversava com a garota.

— O seu gin. — disse dando o copo na mão dela, e que inferno, no exato momento em que os dedos dela encostaram em sua pele, Calum sentiu um arrepio em seu corpo. Mal ele sabia que Alissa sentiu aquele mesmo arrepio.

Luke mordeu os lábios observando a cena, por um momento ele se sentiu uma vela. Ao menos ele era uma vela bem bonita.

— Cal, eu estava falando com a Alissa a coisa mais genérica que eu poderia falar para uma pessoa latina. Perguntei se ela sabia jogar baralho. E ela se dispôs a aprender a jogar truco.

Calum fez uma careta. Luke tinha arranjado um hobby estranho de aprender a jogar todo tipo de jogo que envolviam cartas, o problema era que ele era horrível enquanto Michael era ótimo e tinha uma sorte no jogo fora do normal.

— Então eu estava pensando em chamar o Mike para nós fecharmos duas duplas. O que acha?

Aquilo deveria ser chantagem, porque Calum não conseguiu dizer não diante do sorriso animado de Alissa.

— Tudo bem. — resmungou rendido.

Ele não sabia dizer como, mas de alguma forma em menos de quinze minutos Luke conseguiu pegar umas três garrafas de vodca e reunir os quatro em uma mesa no andar superior. O loiro era péssimo explicando as coisas, então deixou para que Michael - que finalmente foi apresentado a Alissa - explicasse para a garota como que o jogo funcionava.

— Meu Deus, é tanta coisa para uma pessoa alterada raciocinar. — a garota resmungou enquanto os meninos riam. — Certo, e a dupla que perder a rodada tem que tomar um shot?

— Isso. — Michael sorriu — Só que se a dupla pedir truco e perder a quantidade de shots também dobra.

— Certo, vamos formar as duplas. — Alissa sorriu nervosa e então Luke negou.

— As duplas já estão formadas, você fica com o Calum. — o loiro disse.

Alissa estreitou os olhos mas acabou concordando. Por fim os quatro se sentaram na mesa, a ordem era Alissa, Michael, Calum e Luke.

Michael fora quem embaralhou as cartas, e depois do corte, ele as distribuiu pela mesa. Logo em seguida, virou um dois de copas como vira.

— Caras, vamos jogar sem sinais. — Calum pediu — Não vou ter como me comunicar com a Alissa se ela não sabe os sinais ainda.

— Ugh, tudo bem. — Michael reclamou. — Você que começa Hood.

O moreno soltou uma carta alta na mesa, o que fez Luke gemer descontente. O loiro jogou um valete na mesa e se afundou em sua cadeira, pensando no que faria na próxima rodada.

— Joga uma carta fraca Ali. A gente está ganhando por enquanto.

Alissa ergueu o olhar de seu baralho para Calum e por um instante ela apenas sorriu, ele nunca tinha falado seu apelido, e a forma como “Ali” saía dos seus lábios era extremamente agradável.

A garota não sabia exatamente o que era uma carta fraca, ainda estava confusa com a explicação dos meninos. Todavia, ela se lembrou de que as cartas depois do três eram consideradas fracas caso não fosse uma manilha - a carta mais forte do jogo que era determinada pela vira. Então ela soltou um sete de paus na mesa.

— Eu vou deixar vocês fazerem essa rodada. — Michael disse zombeteiro jogando uma carta fraca. — Ande Cal, você que começa de novo.

Calum jogou uma carta escondida, ao mesmo tempo Michael e Luke sorriram cúmplices um para o outro. Logo em seguida o loiro jogou uma carta alta na mesa, que Alissa reconheceu ser uma das manilhas que eles tinham lhe explicado anteriormente.

— Ali você tem uma manilha mais forte que essa?

A garota fez um biquinho decepcionado com os lábios, Calum ficou uns bons momentos perdido apenas olhando para a boca dela até que pudesse voltar para a realidade.

— Então… joga a sua mais fraca.

Alissa depositou sua carta mais fraca sobre a mesa e Michael fez o mesmo, trocando um high five com Luke.

— Eu tenho certeza que vocês fizeram maço. — Calum censurou os dois que apenas sorriram.

— O que é isso? — Alissa indagou.

— Quando você adultera as cartas na hora de embaralhar para favorecer o seu jogo. Não é errado a não ser que alguém veja. — Hood explicou.

Os quatro continuaram a jogar. Luke escondeu sua carta, Alissa jogou sua carta mais forte - um dois de ouro.

— TRUCO — Clifford gritou o que fez todos na mesa rir.

— Por que a gente aceitaria o truco se você adulterou o baralho? — Alissa ergueu a sobrancelha enquanto ria.

— Ah droga, eu estou muito bêbado pra isso. Aqui a minha carta, vocês perderam, agora bebam.

Calum e Alissa riram, virando o primeiro de muitos shots de vodca daquela noite.

Os quatro ficaram jogando por pelo menos uma hora, e apesar de Alissa ter melhorado bastante no truco e ter começado a compreender a mecânica que Calum tinha ao jogar, Michael e Luke estavam dispostos a embebedar os dois enquanto faziam maço às escondidas. No final das contas, Calum e Alissa quase esvaziaram duas garrafas.

— Eu acho que estou muito bêbada para raciocinar. — Alissa resmungou quando o jogo finalmente acabou, tinha sido uma última rodada acirrada e Michael e Luke acabaram ganhando.

Calum olhou para ela com um meio sorriso, ele também estava bêbado, mas era bem mais forte em relação a bebidas do que ela. Ele apenas observou a garota se deitar em um sofá e ficar olhando para o teto.

— Cal, não é engraçado o como tudo gira quando você para? Sei lá, é como se eu pudesse sentir a terra fazendo a translação.

Hood riu, indo se sentar do lado da garota. Naquele momento eles estavam em uma sala de convivência sozinhos porque os meninos tinham ido atrás de mais bebidas.

— Eu acho que a terra não gira tão rápido assim. — disse, tentando não pensar muito que ela tinha o apelidado involuntariamente.

Alissa franziu o cenho confusa e então sorriu, desviando o olhar do teto para ele.

— Agora você está girando, é como se você estivesse em uma máquina de lavar roupas e eu estivesse de fora vendo. Ei, por quê você tá rindo tanto?

Calum quase não conseguiu falar de tanto que ele estava rindo dela. Na primeira vez que a viu bêbada ele tinha “conhecido” um lado mais quente de Alissa, e agora ele estava vendo ela bêbada pela segunda vez, tendo a honra de conhecer seu lado confuso e engraçado.

— Eu estou rindo de você. — ele admitiu.

— Para um momento. — Alissa ainda deitada segurou o rosto dele com suas mãos — Ótimo, assim você não fica girando.

Hood sorriu, depositando sua mão em cima da mão da menina quase que por impulso.

Os dois ficaram trocando olhares em silêncio, como se houvesse algo que ambos queriam falar mas estivessem se censurando todo aquele tempo.

— Ali, o que você acha de… amigos que se beijam? — Calum perguntou, e por um momento se sentiu um idiota.

— No Brasil a se gente se beija. — ela murmurou — Todo mundo se cumprimenta com beijo no rosto.

Ele riu.

— Não é desse tipo de beijo que eu estou falando.

— Oh. — mesmo que estivesse bêbada Alissa corou, e então falou algo com um sinceridade avassaladora — Bem, se você me prometer que não vai me usar, nós podemos ser amigos que se beijam.

Hood piscou, quase sem conseguir acreditar.

— Eu prometo.

Alissa suspirou suavemente, sua respiração faziam cócegas nas bochechas dele.

— Por algum raio de motivo, eu acredito em você.

Antes que ele sequer pudesse pensar em se mover, Alissa puxou o rosto dele para perto dela e juntou os lábios dos dois. Calum se sentiu imensamente dividido em beijá-la com todas as forças que ele tinha, ou simplesmente ficar parado por conta da surpresa.

As mãos de Calum moldaram o rosto angelical da garota embaixo dele, Alissa era tão pequena com seus míseros um metro e sessenta centímetros. O moreno deixou seus dedos passearem pelos cachos da garota, tendo todo o cuidado para não desmontá-los enquanto a acariciava sutilmente.

Suas línguas se moviam em sincronia, como se estivessem esperando para aquele momento inevitável finalmente acontecer. Quando seus lábios encostavam nos de Calum, era como se existissem apenas ele e Alissa no mundo. Os dois ficavam presos em uma bolha única e exclusiva deles, e os arrepios que ele lhe causava era a melhor coisa que ela já tinha sentido. Era quase impossível parar de beijá-lo, ainda mais quando sua boca estava com o gosto doce de uísque caro.

Alissa poderia passar horas assim, apenas beijando Calum Hood.