Vapor

11. Como ser um péssimo amigo, de acordo com Calum Hood


CAPÍTULO 11

como ser um péssimo amigo, de acordo com calum hood



calum hood

Calum Hood não esperava que levar Alissa para o estúdio fosse tão bom quanto realmente tinha sido, a garota tinha se dado super bem com Michael, era como se ela lidassem muito bem com o humor do garoto e adorasse ouvir ele e o amigo falarem sobre música. A forma como ela se colocava para ouvir os outros, e sorria ao perceber o brilho de felicidade no olhar das pessoas era simplesmente encantador.

Com o final da manhã, Calum e Alissa foram almoçar e deixaram Mike sozinho para poder resolver algumas questões do álbum. O almoço fora tranquilo, como se os dois fossem dois amigos de longa data almoçando em um restaurante no centro de Sydney.

Por fim, eles resolveram voltar para a faculdade já que Alissa tinha dito que ela tinha uma série de coisas da faculdade para serem realizadas. Os dois retornaram para o metrô, no percurso Hood a entretia falando sobre como eles e os meninos estavam fazendo para compor suas músicas.

— Então você fica com a parte do baixo? — ela perguntou curiosa enquanto segurava a barra metálica para não se desequilibrar.

Calum sorriu de leve para a garota, tentando não baixar seu olhar para os lábios vermelhos dela.

— Depende. Eu também toco outros instrumentos, então às vezes eu componho no violão e depois faço um arranjo no contrabaixo por exemplo.

— Eu não sabia que você tocava outros instrumentos. — Alissa disse maravilhada. Ela achava incrível a forma como as pessoas conseguiam tocar diversos instrumentos de formas totalmente diferentes.

O garoto fez uma careta. Ele gostava da forma como Alissa o olhava, gostava da forma como ela sorria das coisas idiotas que ele falava. As vezes ele se pegava perguntando onde aquela garota estava todo aquele tempo? Por que eles não tinham se conhecido antes?

— Você está fazendo uma careta estranha enquanto olha para mim. O que foi? — a garota perguntou enquanto o trem abria as portas para a estação em que os dois iriam descer.

Aquela pergunta o pegou de surpresa, Calum não estava muito a fim de explicar para ela que ele na verdade estava muito encantado com a pessoa que ela era, e que a poucos momentos atrás estava indagando para si mesmo porque não tinha a conhecido antes. Na verdade ele se sentia muito mais confortável guardando esse tipo de pensamento para si. Alissa tinha tido sua cota de “imersão no subconsciente de Calum Hood” quando Michael lhe mostrou a letra de End Up Here.

— Nada demais. — disse dando de ombros. Não gostava de mentir, e também não queria se abrir naquele momento, então aquela resposta lhe pareceu certa para aquela ocasião.

Os lábios de Alissa formaram um biquinho, como se ela estivesse levemente irritada por ele não ter falado o que estava pensando. A verdade era que Alissa não gostava do incerto, ela não gostava de não saber o que as pessoas pensavam.

Lado a lado, os dois começaram a caminhar em direção ao dormitório que Alissa dividia com Marina. E o simples de fato de pensar na amiga, a fez lembrar de que aquela altura do campeonato, ou a Gonzales tinha brigado muito feio com Harry ou os dois tinham se acertado. Ela tinha feito Marina garantir que iria ligar para ela se precisasse de ajuda, mas mesmo assim algo parecia estar estranho. Depois de ver o humor da amiga desde a festa de Ashton, Alissa estava começando a ter dúvidas sobre como realmente andava o relacionamento da amiga, e embora ela gostasse de resolver as coisas, jamais poderia se meter em um relacionamento que não era dela.

Subitamente se sentiu culpada por não ter ligado para Marina.

— Está tudo bem? — Calum perguntou na entrada do prédio, percebendo que havia de algo errado com o humor de Alissa. — Você ficou com uma expressão séria do nada.

— Eu estou preocupada com a Marina. Ela me disse que iria conversar com o namorado dela hoje.

Calum torceu o lábio na menção a Harry Ford, afinal o mesmo tinha o desrespeitado e desrespeitado Alissa alguns dias atrás. Ele internamente ainda tinha uma vontade enorme de acertar o rosto daquele riquinho esnobe com um soco bem dado no meio do nariz. Alissa não o impediria, pois era um desejo que os dois compartilhavam sem saber.

— Você não pode fazer muita coisa. — ele murmurou perdido em seus próprios pensamentos, lembrando-se de ver seus amigos não concordando com o seu relacionamento com Aimee mas mesmo assim o apoiando, porque no momento aquilo o fazia feliz — O importante é você estar lá para ela quando ela precisar da sua ajuda.

— Mas o que me garante que eu estou “lá”? — ela perguntou erguendo as sobrancelhas, o que o fez perceber que ela realmente estava preocupada com a melhor amiga.

— Relaxa, ela vai te pedir ajuda. E pelo o que eu vi na festa, você já está sendo uma ótima amiga. Não precisa se cobrar tanto. — Calum disse sorrindo preguiçosamente enquanto apertava o botão do elevador.

Alissa sorriu agradecida, e então a menção a festa fez com que um arrepio percoresse o seu corpo. A festa.

— Calum, eu-

Tentou falar, contudo foi interrompida pelo elevador que chegou. As portas do ambiente metálico se abriu para eles. Os dois entraram no elevador e quando as portas finalmente se fecharam Calum olhou para ela com um sobrancelha erguida.

— O que você ia dizendo?

— N-Nada. — gaguejou, subitamente sentindo a coragem que ela tinha juntado para falar sobre aquele beijo se esvair

Calum por sua vez apenas sorria e se aproximava mais dela, a um ponto onde ela estava contra a parede, e ele estava no controle da situação. Hood tentava disfarçar o fato de que a presença dela o deixava muito nervoso, contudo a tentação de provocá-la ia além do nervosismo.

As mãos dele ergueram o queixo dela na direção dele, um gesto suave para fazer com que os orbes castanhos de Alissa encontrassem o seu.

— Eu estava pensando… — ele dizia em voz baixa, em um tom lento — que tipo de amigo eu seria, se não te beijasse agora.

Um sorriso de escárnio apareceu no rosto de Alissa.

— Um amigo bem ruim. — ela disse umedecendo os lábios com a língua.

E então, antes que Calum Hood agisse, Alissa o beijou segurando seu rosto. Toda vez que os dois se beijavam Alissa sentia todo o seu corpo responder aos estímulos de Calum como se eles fossem duas partes de um imã, a atração que ela sentia por ele desde que tinha posto seus olhos no garoto era impossível de ser contida. A forma única como a boca dele se movia contra a dela, a forma como as línguas lutavam por espaço…. Aquilo era algo único deles, e ela sabia que nunca encontraria aquele beijo em outro alguém.

Calum puxou Alissa para mais perto dele, querendo acabar com a distância entre os dois corpos. Suas mãos apertavam a bunda da garota que se continha para não puxar os cabelos castanhos dele, ou simplesmente suspirar contra sua boca.

Seus pensamentos estavam enevoados e tudo o que ela conseguia inalar era Calum Hood. Naquele momento Calum a impregnava, ele era tudo o que ela conseguia sentir.

Sua cabeça tombou para trás quando o moreno deslizou a língua pelo seu pescoço, deixando uma série de chupões naquela região.

— Calum. — gemeu o nome dele sentindo seu corpo ficar quente.

O garoto riu contra a pele do seu pescoço, voltando-se para ela. Os olhos castanhos de Calum eram escuros, mas de alguma forma ela conseguia ver que a íris dele estava dilatada. O sorriso malicioso no rosto dele a fez perceber que ele tinha adorado ouvir seu gemido.

— Uma pena que nós estamos no elevador. — ele murmurou próximo a orelha dela, um série de arrepios percorreram o corpo de Alissa. De repente ela só conseguia pensar em Calum Hood beijando sua boca, apalpando seu corpo e a satisfazendo.

Nesse mesmo momento as portas do elevador se abriram no andar em que ela morava.

Calum saiu tranquilo do elevador, contudo as pernas de Alissa ainda bambeavam um pouco. A garota não sabia o que esperar quando abrisse a porta do seu apartamento, o que será que Calum poderia fazer com ela?

Quando a garota parou na porta de seu apartamento e começou a procurar pela chave na mochila, sentiu-se tentada a erguer o olhar para Calum que sorria para ela. Não pode evitar se esticar para depositar um beijo suave nos lábios dele.

Alissa abriu a porta do apartamento sentindo sua pulsação acelerar, e para a sua surpresa ouviu um barulho. Acabou franzindo a sobrancelha quando encontrou ninguém menos que Marina e Ashton sentados no sofá assistindo algum filme enquanto comiam bombons. Se Calum estava decepcionado, ele não pareceu demonstrar. Todavia uma parte de Alissa estava aliviada.

— Oi, porque não avisou que já estava em casa? — a Fontes perguntou enquanto via Calum se aproximar do corredor pelo canto do olho.

Marina olhou para ela surpresa como se estivesse compreendendo a situação, a garota estava com a ponta do nariz vermelha o que indicava que ela andava chorando. Mesmo assim ela conseguiu sorrir, achando a situação engraçada.

— Achei que você não ia voltar tão cedo, até porque você tem aula agora.

— Eu tenho? — Alissa quase deu um gritinho, foi difícil para Calum conter a risada. — Meu Deus… Eu não acredito que esqueci a aula.

— Acho que devemos imaginar de quem é a culpa. — Ashton olhou para Calum com certo divertimento no olhar.

O Hood ergueu as mãos para o alto em sinal de rendição.

— Não sabia que ela estava matando aula. Não era a minha intenção desvirtuar Alissa.

— Silêncio Hood. — ela virou-se para ele fingindo estar brava, e por um momento Calum amou aquela postura.

Marina se ajeitou no sofá, e então olhou para Calum.

— Por que vocês não se juntam conosco?

— Na verdade eu tenho que ir, — Hood fez uma careta — mas pode ficar para outro dia.

— Poxa, que pena. — Ashton riu.

— Eu te levo na porta. — Alissa disse, ignorando completamente o fato de que eles estavam na porta do apartamento.

Para evitar o constrangimento, Ashton e Marina se voltaram para o filme que estavam assistindo e deixaram os dois sozinhos. Alissa abriu a porta do apartamento novamente, sendo seguida por Calum. Os dois saíram para o corredor e ela o levou de volta para o elevador.

— Obrigada por hoje, eu amei a música.

— Qual delas?

— End Up Here, óbvio. — ela respondeu com um sorriso de leve. — Mas eu continuo achando que o eu lírico é mais que seis.

— E que nota você daria para ele? — Calum ergueu as sobrancelhas.

Alissa mordeu os lábios.

— Não sei… um nove?

— Hm nove é bom.

— Sabe o quê é melhor?

Calum não teve tempo de responder, porque ele estava ocupado demais beijando a garota a sua frente.



alissa fontes



Calum Hood demorou um pouco para ir embora, visto que o garoto prolongava o momento na frente do elevador roubando beijos da menina quando ela estava distraída. Todavia, os dois tiveram de interromper os beijos quando alguém chegou com o elevador abrindo as portas.

Dessa forma, Alissa resolveu voltar para seu apartamento. A garota fechou a porta atrás de si, do corredor ela podia ouvir as risadas de Ashton e Marina. Os dois estavam assistindo alguma série de comédia que a Fontes desconhecia, mas somente as risadas dos dois faziam com que ela desse um sorriso de canto. Gostava da amizade que Marina tinha com Ashton, ele fazia muito bem para a amiga.

— E então? — Marina se virou para a amiga, se apoiando no sofá enquanto sorria.

Ashton imitou a ato da Gonzales e olhou para a menina com certa curiosidade.

— Ah. — Alissa sentiu as suas orelhas esquentarem, entregando o fato de que ela estava com vergonha — Calum me convidou para ir até o estúdio depois da aula.

Um sorriso pareceu brilhar no rosto de Ashton.

— Ah sim, ele falou para mim e para os caras que queria te mostrar as músicas que nós estamos compondo. — Irwin falou.

— Uma pena que eu e Ashton atrapalhamos o momento. — Marina sorriu de canto, novamente fazendo com que Alissa desviasse o olhar com um pouco de vergonha, até porque na realidade ela estava se sentindo um pouco mais aliviada que os dois estavam lá. Não era o fato necessariamente de que Alissa não confiava em Calum, mas sim pelo receio que ela tinha das intenções dele para com ela, por conta de suas várias experiências anteriores. Será que ele realmente queria a amizade dela? Ou será que quando ele conseguisse o que queria iria deixá-la sozinha? Era praticamente impossível para que naquela situação, Alissa não se sentisse insegura.

A garota se perdeu tanto em seus sentimentos que se tornou óbvio para Ashton e Marina que ela estava com algo em mente.

— Algum problema Alissa? — Ashton perguntou chamando a atenção da garota de volta para o planeta Terra.

— Ah, só alguns pensamentos confusos, nada muito preocupante. — ela disse dando um sorrisinho sem graça. Já estava tão acostumada com esse tipo de pensamento que tinha se tornado uma rotina. Nesse período de um ano em que Alissa parou de ter contatos românticos - por puro trauma - a garota tinha se convencido de que aquilo não ia acontecer, toda essa história da Disney de amor romântico e essas coisas.

— Você sabe que pode se abrir com a gente, não sabe? — Marina disse olhando para a garota com certa compreensão. — Você está tendo sentimentos pelo Calum, é isso?

A palavra sentimentos com o nome de Calum na mesma frase fez com que o cérebro de Alissa congelasse, ela nunca tinha parado para refletir sobre esse assunto, e agora que sua amiga tinha falado sobre… Ela simplesmente não sabia explicar o que estava sentindo, na verdade ela não sabia se estava sentindo algo de fato. A única coisa que Alissa sabia era que estar perto de Hood a fazia bem, ela gostava da presença dele, e gostava mais ainda de seus beijos.

Alissa se sentou na pequena poltrona que ficava do lado do sofá, tentando dar o seu melhor para se abrir para os dois.

— Eu… — assim que ela começou a falar sua voz pareceu morrer. Foi preciso inspirar um pouco e soltar o ar com tranquilidade para que conseguisse raciocinar sobre o que iria começar a falar — Eu estava… estou com medo de… ser usada.

— Oh. — o reconhecimento passou pelo rosto de Ashton, aos poucos o garoto pareceu perceber que aquilo era uma questão interna de Alissa e que tinha raízes no passado. — Sabe, Calum não é desse jeito. Eu não posso falar por ele, mas acho que seria uma boa ideia se você conversasse sobre esse tópico com ele, para que vocês fiquem confortáveis um com o outro.

A garota assentia balançando a cabeça. Ela concordava com ele, só achava difícil fazer aquilo. Uma série de questionamentos estúpidos que a deixavam ansiosa começaram a passar por sua cabeça. Se ela tocasse nesse tópico em uma conversa com Calum, será que ele iria pensar que ela queria algo a mais? Será que ela iria acabar perdendo a relação de amizade que ela tinha construído com ele naquele último mês? Tudo era muito incerto e a sua insegurança não facilitava muito o processo.

— Ali, eu sei o que você deve estar pensando agora. — Marina interveio, e de fato ela realmente sabia parte da confusão que se passava na mente da garota porque já tinha ouvido ela falar sobre suas inseguranças antes — E Ashton está certo. Se Calum realmente for uma pessoa que vale a pena se ter por perto, ele vai te entender e te respeitar.

Alissa suspirou, afundando seu corpo na poltrona e então olhou para os dois, tentada a mudar de assunto.

— E vocês? Por que estão aqui sozinhos no apartamento?

Por um momento Ashton travou e suas bochechas ficaram vermelhas, o Irwin olhou para Marina esperando que ela abrisse a boca e começasse a falar.

— Ahm, — Marina deu um riso nervoso — eu e Harry terminamos, e bem, Ashton me encontrou no momento que a coisa toda aconteceu. Ele veio para cá me distrair um pouco, para eu não pensar em como perdi mais de um mês da minha vida namorando um tremendo filho da puta.

Alissa abriu a boca surpresa com tudo aquilo, era muita informação de uma vez só, mas ela estava mais do que feliz em ver a amiga feliz e longe daquele traste. Por fim, a Fontes deu um sorriso típico de quem tinha acabdo de pensar em alguma coisa.

— Sabe, já que vocês estão comendo chocolate… o que acham de eu fazer brigadeiro? A gente pode assistir televisão juntos.

— Briga o quê? — Ashton franziu o cenho, confuso.

Marina sorriu de orelha a orelha, ela adorava aquele doce.

— Alissa é brasileira, e ela gosta muito de fazer um doce típico do Brasil. É bem doce, mas é muito gostoso.

— Uau, você é brasileira? — Ashton sorriu surpreso enquanto a garota assentia.

— Sem perguntas sobre samba, — Marina advertiu — Alissa odeia que perguntem se ela sabe dançar samba.

Enquanto a garota se levantava da poltrona e começava a pegar os ingredientes para fazer o doce, Ashton virou o rosto com uma expressão de confusão.

— Vocês estrangeiros tem uma mania estranha de achar que todo brasileiro sabe sambar, é terrivelmente irritante e reducionista. — Alissa piscou o olho para ele enquanto colocava os ingredientes na panela.

Irwin soltou um “ah” como se tivesse entendido o problema.

— Sinto muito que você tenha passado por isso.

— Para você ter uma ideia, a primeira pergunta que o ex da Marin fez para mim foi essa. Para ela era inconcebível que uma brasileira “gostosa” não soubesse sambar. — a garota disse revirando os olhos enquanto fazia aspas com as mãos.

Marina suspirou, se sentindo uma idiota por tentar ver o lado “bom” dele.

— O doce não vai ficar tão bom quanto ficaria se eu fizesse no Brasil porque alguns ingredientes aqui na Austrália não são como no Brasil, o leite condensado de vocês é bizarro, com todo o respeito. — Alissa disse dando um sorriso de canto enquanto mexia a panela.

— Ei. — Ashton resmungou, contudo não pode evitar olhar curioso para a garota.

Demorou alguns momentos para que o doce ficasse pronto, nesse meio tempo o três conversaram sobre aleatoriedades. Era fato que não era difícil de conversar com Ashton, assim como Alissa ele adorava escutar pessoas.

Quando o doce ficou pronto, a garota o serviu em três porções para os três e então se sentou novamente na poltrona.

— O que vocês estavam assistindo? — indagou.

— Ah, o Ashton me mostrou uma série que ele conheceu pelos meninos. How I Met Your Mother. Acho que você vai gostar.