Integra andava tão ocupada com o recente ataque de vampiro a um civil desavisado que não tinha tempo para ficar remoendo seus sentimentos – em sua opinião isso era ótimo, assim não ocupava a mente com coisas desnecessárias – e também sentir raiva não ajudaria em nada no final das contas, apenas para desgastá-la emocionalmente.

Decidiu ir dar uma volta no jardim na parte de trás da mansão para espairecer, passar a manhã toda em reunião com os outros membros da Távola Redonda tinha lhe tirado o apetite. Sentou-se num banco debaixo de um carvalho, tirou o terno, dobrou as mangas da camisa até os cotovelos e afrouxou a gravata.

Massageava suas têmporas quando sentiu a familiar aproximação, nem se deu o trabalho de manifestar seu desagrado pela perturbação em seu momento de paz. O Sol estava a pino, por que esse maldito vampiro desocupado não estava em seu caixão dormindo, evitando a luz do Sol como qualquer vampiro normal faria?

— Sabe melhor do que ninguém que não sou um vampiro qualquer. – comentou para deixar claro que estava ouvindo os pesamentos alheios.

Integra riu sem humor.

Sentado ao seu lado Alucard estava completamente relaxado e descontraído sem seu sobretudo vermelho, usava apenas calças e a camisa com os primeiros botões abertos, os óculos de lentes vermelhas e armação arredondada, seus cabelos ondulados caindo sobre os ombros.

— Uma coisa você precisa adimitir, Integra...

— Com certeza me arrependerei, mas vou perguntar para dar um fim logo nessa conversa, o que preciso adimitir?

— Oras... – inclinou-se na direção da loira aproximando seu rosto do dela, retirou os óculos para poder encará-la melhor.

— O que quer que pretenda não se atreva a se aproximar mais. – tinha que ter deixado sua arma no escritório?

— Só vou tirar essa folha de seu cabelo – com um rápido movimento passou os dedos nos fios loiros – O que eu dizia? Ah sim, você precisa adimitir que sente falta quando não apareço para te importunar.

— Rá-rá. – levantou-se pegando o terno. — Antes disso, eu paro de fumar. Aproveite a sombra.

Enquanto voltava para mansão, tirou um charuto do bolso e acendeu-o, então uma ideia lhe ocorreu... Se em troca da total privacidade de seus pensamentos – e por consequência dos sentimentos também – ela tivesse que abrir mão de seu vício e fumar menos, melhor ainda, ela tivesse que parar de fumar, ela faria não é? Sem dúvida seria uma troca justa aos olhos das entidades divinas.

Se ficar com raiva e por para fora não resolveu, uma troca certamente resolveria.

Olhou por cima ombro e Alucard ainda estava sentado no banco debaixo do carvalho, parecia um humano qualquer – se você não soubesse o que ele realmente era – um de seus sorrisos sinistros começou a se formar, daquela distancia parecia um sorriso do Gato Cheshire, virou o rosto e ouviu a gargalhada dele nas suas costas.

Sim, definitivamente valeria a pena parar de fumar se fosse para ter sua completa privacidade.