Fazia uma semana que Integra não dormia direito por contas de alguns casos envolvendo vampiros que pipocavam, uma semana que Alucard tinha vindo com aquela baboseira de amor e reciprocidade para cima dela.

Aproveitou que os soldados tinham treinamento externo para praticar um pouco de luta, trocou suas costumeiras roupas e vestiu calças mais largas e uma regata, já que não podia sair por ai dando tiros a torto e a direita – a não ser que o alvo fosse aquele vampiro abusado – quem sabe socando algo seu humor não melhorava.

Suor pingava de seu rosto após passar mais de meia hora socando um saco de pancadas quando Alucard atravessou a parede da sala preguiçosamente.

— O que esse pobre objeto fez para merecer sua ira?

— Não devia estar dormindo a essa hora?

— Acordei para ir ao banheiro e ouvi você, então pensei em vir perguntar se não quer ajuda com um pouco de prática em defesa pessoal.

Integra virou-se para encarar Alucard – ignorando a resposta absurda dele – e lá estava o sorriso debochado, como se ele soubesse de cada sentimento e pensamento dela, como se ele a conhecesse melhor do que si própria.

Foi o estopim.

— Pois bem Alucard, iremos praticar luta. – a loira ficou na posição defensia, esperando enquanto ele retirava sua camisa, e não, seus olhos não se demoraram nos músculos do peito nu dele.

Mestra contra Servo.

Eles não lutavam para treinar, mas sim para defender seus pontos de vista, Integra tentando provar a Alucard que ele estava completamente errado ao achar que sabia o que ela sentia, e Alucard queria mostrar que o que Integra sentia era real.

Não foi uma luta exatamente justa, afinal as técnicas do vampiro eram muito superiores. Integra pôs toda a energia e concentração que pode em seus movimentos, o por que de estar com tamanha raiva não sabia explicar, mas tinha alguém para culpar.

Alucard parou um ataque de Integra a derrubando no chão, imobilizou suas mãos e pernas, prendendo-a com seu corpo. A loira estava com o rosto vermelho e a respiração ofegante enquanto seu oponente não demonstrava que tivesse feito qualquer esforço, claro.

Integra sentia os cabelos negros de seu servo roçar no seu rosto, manteve os olhos azuis nos ambares, até que ouviram vozes se aproximando, se alguém entrasse e os visse daquela maneira poderia tirar conclusões precipitadas e errôneas.

— Me solte. – pela primeira vez em muito tempo não precisou berrar com Alucard para que ele fizesse o que ela mandava.

Levantou-se e saiu da sala de treinamento sem olhar para trás, a terapia que era para amenizar sua raiva acabou não servindo de nada, apenas para no final deixa-la com raiva de si mesma, principalmente porque no fundo gostava – muito mais do que deveria e um dia admitiria – do jogo que faziam um com o outro.

Trincou os dentes, a culpa era toda daquele vampiro insolente.