Unleashed
Ascendência ao mal
O grupo de Vader encontrava-se na nave em movimento, em alguma coordenada da galáxia. Mina encarava o sonar de forma pensativa enquanto Moody tentava manter sua assistente sob controle:
– Olha o que você está fazendo Tonks! – ralhou Moody – Menina desastrada!
– Desculpe! Foi sem querer... Eu não vi o painel... – Tonks virou-se para Juno – Me desculpe, Juno. Sou realmente desastrada... Peço que perdoe minha burrice.
– Não se preocupe Tonks. Isso é o de menos... Virxx... Mostre-me o alvo – ela pediu. O humanoide mudou sua forma e assumiu a aparência de um homem de idade avançada, calvo e magricela. Uma barbicha prateada no queixo e vestes protegidas por uma armadura de metal completavam sua aparência tradicional.
– Mestre Rahm Kota. Foi um respeitado general nas Guerras Clônicas.
– Você está caçando Jedis – Tonks virou-se para encarar a garota de forma surpresa.
Juno pensou no que poderia responder e por fim decidiu-se pela verdade:
– Eu capturo inimigos para Lord Vader fazer sua justiça. E agora você também.
Virxx continuou:
– Mestre Kota foi um militar genial, mas sentiu que os soldados clones eram inadequados para a batalha. Em vez disso, ele se utilizou de sua própria milícia.
– Não havia clones em sua equipe quando a ordem 66 foi emitida... – comentou Moody.
– E depois da ordem 66 ele desapareceu – completou Virxx – Registros imperiais confirmam que ele está morto.
– Então, por que sair do esconderijo e atacar o império agora? – Tonks se questionou.
– Ele quer ser encontrado – Juno encerrou.
– Então estamos caminhando para uma armadilha... – Tonks preocupou-se e então uma ideia apavorante passou por sua cabeça – Senhorita Juno... Quantos pilotos desapareceram antes da gente?
A garota pensou por alguns segundos e então respondeu secamente.
– Sete.
– Excelente! Agora estou realmente feliz e tranquila por ter entrado para o esquadrão.
E voltou a digitar no painel as coordenas. Moody apenas prestara atenção na conversa das duas e revirou os olhos para o comentário da garota de cabelo berrante. Sabia que quando aceitara trabalhar para Vader não seria para resgatar animais de rua. Não importava o que tivesse que fazer: precisava mostrar serviço.
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Movimentando seu sabre na cor verde, Kota destruía alguns stormtroopers pelo salão eletrônico.
– Feche o comando e capturem o holograma! – ordenou a um de seus agentes.
– Sim, senhor! – o soldado concordou e partiu.
– Avise todos os esquadrões para se reunirem ao nosso redor e carregar os explosivos nos níveis dois, quatro e seis, como combinamos!
– Entendido!
– General Kota! – um homem observava com apreensão o holograma de uma nave – Estão aqui.
Kota encarou o holograma:
– Eu finalmente o atraí para fora do esconderijo... Reduzam o campo de contenção no pavimento doze e diga para todos os homens entrarem em posição!
– Sim General.
Enquanto isso, Tonks aterrissava a nave em um compartimento externo:
– Vou atrair a atenção deles pelo lado de fora enquanto você realiza sua missão – ela avisou através do comunicador para Juno que já estava se preparando para saltar da nave. A discípula usava negro da cabeça aos pés, coberta por uma capa cinza escuro, um capuz que lhe ocultava metade da face e uma máscara branca com desenhos em vermelho.
– Scanners de comando estarão seguindo seus movimentos para que eu possa enviar qualquer tipo de ajuda inteligente. – Moody alertou-a – Boa sorte, garota.
Juno saltou em direção à rampa de rolagem e assim que seus pés tocaram o chão, ela ativou sua dupla de sabres vermelhos.
– Moddy desliga.
A garota começou a correr pelo corredor a sua frente e já nos primeiros metros de passagem destruiu dois pequenos robôs com dois cortes rápidos com os sabres.
– Ei você aí! Parado!
A jovem aprendiza nem deu tempo para o soldado avançar: levitou-o e o arremessou para longe. Outros guardas se aproximaram notando que se tratava de um inimigo e dispararam lasers. Juno bloqueou os disparos com seus sabres e com alguns saltos nocauteou a todos, sendo que o último tentou atacá-la pelas costas, mas ainda virada, a menina o perfurou na barriga com a arma.
Uma grande porta de ferro bloqueava a passagem para um novo corredor. Não precisou pensar muito: acumulou grande quantidade de energia nas mãos e disparou contra a barreira, que se partiu em pedaços, adentrando o novo corredor.
A aprendiza de Vader corria contra o tempo para cumprir sua missão de forma rápida, para que não pudesse haver chances para incidentes. No entanto, uma ideia que não lhe ocorrera a perseguia sem seu consentimento: havia câmeras de vigilância por toda base.
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– Capitão! – um rapaz apareceu na imensa tela do painel de comando da cabine – O invasor foi detectado por nossas câmeras de segurança! Estamos enviando as imagens agora mesmo!
– Entendido, Harry – respondeu Kirk acionando o comunicador – Bem, nossa tarefa está se iniciando. Vamos nos esforçar para capturar o filhote de Vader e exterminá-lo antes que ofereça mais problemas ao Conselho.
– Senhor... Permita-me fazer uma observação.
– Sim, Spock – e o capitão deu um meio sorriso sabendo que lá vinha história de seu primeiro comandante.
– Eu gostaria de aconselhá-lo a não embarcar nesta missão achando que terminaremos de um dia para o outro. Não deveríamos simplesmente capturar o discípulo de Vader e matá-lo. Deveríamos segui-lo e aprender mais sobre a forma como age; depois o capturaríamos para interrogá-lo a respeito das reais intenções de Vader com tantos ataques.
– É uma ótima observação, Spock. Vamos seguir sua estratégia e torcer para estar certo.
– Se permite senhor, posso afirmar que jamais erro.
– Você é meio humano, meu caro Vulcano. E ser um humano é errar. Preparar para partir! Vader que nos aguarde... – e Kirk sorriu novamente.
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Juno continuou a derrotar os inúmeros soldados que surgiam em seu caminho. Já havia atravessado metade da base militar quando adentrou uma gigante sala, parecendo uma garagem de naves. Estava quase totalmente escura e parecia deserta. A garota conseguia ouvir sua própria respiração, tamanho o silêncio no local.
Foi quando deu um único passo e isso foi o suficiente para todas as luzes se acenderem e revelarem um dróide de vinte metros de altura. O robô ligou e emitiu forte ruído de engrenagens em movimento. Juno recuou assustada e sacou os sabres unindo-os num só. O que faria?
Começou a correr ao redor do robô quadrúpede enquanto este disparava lasers em sua direção. Pensava em todas as maneiras de atacá-lo. Levitou algumas caixas de aço e arremessou contra o gigante. As caixas chegaram a arrancar pedaços de sua casca metálica e desequilibrá-lo momentaneamente, mas seria necessário mais.
Juno disparou relâmpagos contra o oponente – era sua mais nova habilidade, aprendida em seu último treinamento com o Lorde Negro. A eletricidade pareceu causar grande dano à máquina que parou de se mover e começou a entrar em curto-circuito.
– É agora...!
A garota correu em direção ao dróide, ganhando alta velocidade. Quando estava a menos de dois metros da máquina, Juno deu um grande impulso contra o chão e saltou velozmente em direção ao teto do salão. De longe era possível ver sua silhueta subindo bem próxima ao robô na mesma proporção que um pequeno inseto percorreria o corpo de um homem.
Chegou à altura da cabeça do dróide e drenando grande força para seus braços partiu a cabeça ao meio descendo o corte em direção ao chão e causando uma grande abertura simétrica no gigante robô. Juno tornou a alcançar o piso no mesmo instante em que a máquina partia seus últimos fios e caía destruída no chão, uma metade para cada lado.
A garota arfava ofegante: a luta realmente lhe tomara grande energia. Seria capaz de aguentar uma nova luta e, provavelmente, mais difícil? Decidiu que economizaria esforços e tentaria usar a força o mínimo possível o que seria uma tarefa, sem dúvida alguma, praticamente impossível.
Um feixe de luz entrou por uma fresta, iluminando o salão: a gigante porta eletrônica da garagem estava sendo aberta. Não quis esperar mais: correu em direção à abertura e atravessou.
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Kirk olhou para a porta da cabine de comandos que abriu dando passagem a um grupo de cinco pessoas, incluindo Uhura e um jovem de cabelos castanhos claros rebeldes, olhos brilhantes e um sorriso brincalhão nos lábios salientes como os seus. Uhura pôs a mão no ombro do jovem rapaz e sorriu para Kirk, saindo em seguida para tomar seu posto. Os demais tripulantes fizeram uma pequena reverência com a cabeça e se retiraram.
– Ryan se apresentando, Capitão. Gostaria de dizer que é uma grande honra poder acompanha-lo em uma missão. Estou ansioso para receber suas primeiras ordens.
Kirk sorriu e olhou carinhosamente para o garoto:
– É bom vê-lo... filho.
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Juno atravessou a imensa porta, dando e cara com uma longa passarela. Estavam do lado de fora da base militar. Diversos astros percorriam o local; alguns se chocando com o campo de força que protegia a plataforma flutuante.
A sua frente, bloqueando toda a passagem e de armas erguidas, uma tropa de soldados mirava lasers em direção à garota que teve seu corpo coberto por pequeninas bolas vermelhas. Ela se quer mexeu, se quer ergueu as mãos em sinal de rendição; apenas continuou encarando a todos, de um a um.
– Crrr... Aqui é Mestre Rahn Kota. Ordeno que baixem a guarda.
– Senhor? – um dos soldados se espantou com a ordem sentindo-se confuso – Não entendi...
– Estou dizendo para deixarem-no passar. Estarei esperando na Torre.
– C-como quiser, senhor.
O soldado fez sinal com as mãos para que todos abaixassem as armas. Juno esperou que assim o fizessem e deu um primeiro passo. Nada aconteceu. Ela continuou a andar com passos lentos e desconfiados enquanto atravessava o imenso corredor de militares. Todos a seguiam com olhares de desprezo e alguns de medo. Quem era o aprendiz de Vader? Era o que todos se perguntavam.
A garota encapuzada chegou ao fim da passarela, onde um grande elevador de vidro a “aguardava”. Adentrou a plataforma circular e o disco a ergueu. Enquanto subia, os soldados ficavam cada vez menores até tornarem-se meros pontinhos no chão. As imensas estrelas faiscavam no espaço: eram as telespectadoras de sua missão. Tal ideia a fez sorrir por debaixo da máscara.
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– É o seguinte então – Kirk começou a discursar enquanto todos na cabine o fitavam atentamente – Temos a localização do garoto Vader e sabemos que ele está indo lutar com Mestre Rahn Kota. Assim que a luta terminar, e nós já sabemos como irá terminar, o rapaz será direcionado para uma nova missão. Vamos segui-lo em um pequeno grupo de espionagem e implantaremos o chip de monitoramento em seu corpo.
“Isso nos dará sua localização nos próximos passos. Quando decidirmos que já sabemos o suficiente, iremos capturá-lo e interrogá-lo. Lembrem-se de que estamos caçando um gato sorrateiro: qualquer passo em falso o fará sumir de nossas vistas. Alguma pergunta?”.
Todos negaram.
– Ótimo. Quero Ryan, Spock e Uhura comigo. Iremos espioná-lo.
– Ah, com licença capitão – a jovem moça intrometeu-se – Não acha que seria mais prudente levar o Scott pra essa missão? Quero dizer: ele é bem mais indicado para uma tarefa desse tipo.
– Eu sei, Uhura – Kirk explicou-se – Mas como estamos tratando de um jovem garoto cheio de hormônios, você será nosso trunfo.
A morena sentiu-se ofendida com a ideia do capitão e olhou feio para Spock, esperando uma atitude. O comandante apenas sorriu para ela como se fosse uma notícia boa. A garota revirou os olhos com impaciência e saiu para se preparar.
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Uma porta automática se abriu no momento em que o elevador parou. Juno atravessou a passagem chegando a uma grande cabine circular totalmente de vidro. Estava no topo da Torre de Comandos.
– Ah...! Vejo que finalmente nos encontramos... Aprendiz de Vader.
Rahn Kota estava parado no centro da cabine, um sorriso cansado no rosto que exalava sabedoria e paciência. A garota o fitou sem emitir som algum.
– Ora! Mas que isso! Estamos entre amigos agora. Pode revelar quem é... Fique a vontade.
Juno chegou a pensar duas vezes se devia de fato fazer isso. Por fim aceitou. Tirou a máscara e a soltou no chão. Retirou o capuz enquanto erguia a cabeça e encarava Kota com seus olhos cor de amêndoa.
O velho general mudou sua expressão sorridente para uma totalmente surpresa. Seus olhos percorreram o pequeno corpo de Juno e quando enfim aceitou a situação, voltou a sorrir:
– Não acredito... Eu invado uma plataforma imensa, dizimo centenas de soldados e Vader só me manda uma menina. Acho que as coisas andam feias para seu lado.
– Lorde Vader sempre sabe o que faz. Ele confia em mim para cumprir esta missão. E eu a irei cumprir com eficiência – a garota desamarrou a capa que caiu no chão. Ativou seus sabres vermelhos e encarou o sábio a sua frente.
– Sim. Tem toda razão. Vamos terminar isso logo...
Ambos saltaram um para cima do outro e chocaram seus sabres. Juno tentava atingi-lo com movimentos rápidos e precisos, mas já estava impaciente para terminar aquilo logo. Kota apenas bloqueava seus golpes com extrema calma; não estava ali para vencê-la. Ele sabia disso.
– O que está fazendo?! – Juno irritou-se assim que se afastaram – Desse jeito não vamos terminar nunca! Ataque-me de uma vez!
– Não garota. Não estou aqui para matá-la, nem prendê-la. Estou aqui para avisá-la de algo.
– E o que é?! – ela perguntou com desdém.
– Eu posso ver seu futuro, menina. Posso ver o destino que lhe aguarda... as inúmeras tarefas que ainda irá enfrentar. E posso lhe dizer uma coisa: está seguindo o caminho errado. Acredita que Vader irá lhe proteger até o fim? Pois eu lhe digo que ele não está no seu futuro.
– O que está dizendo?! Lorde Vader é meu Mestre e eu lhe sou fiel até a morte!
Juno ergueu a mão em direção ao general e começou a enforcá-lo enquanto levitava-o em direção ao teto da cabine.
– E-escute... o... que... lhe digo... O lado negro... não... lhe... pertence...
Sem pensar mais, a menina saltou em direção a Kota, envolvendo seu pescoço com a mão e empurrando-o de vez contra o teto. Segurou-o pelo uniforme e o rebateu contra o telhado de metal da Torre por várias vezes.
Jogou-o contra o chão e tornou a descer. Levitou-o uma última vez e antes que o general pudesse lhe dizer alguma outra coisa, a jovem aprendiza lhe prensou entre duas caixas de aço. O velho caiu nocauteado no centro da cabine e o silêncio se instalou no lugar, quebrado apenas pelo som de algumas faíscas de fios rompidos.
Juno aproximou-se do corpo com cautela. Ao constatar que o homem de fato havia “apagado”, a menina sentiu seu corpo fraquejar e caiu de joelhos no chão: suas últimas forças lhe fugindo dos membros. Segurava o sabre em uma das mãos; na verdade apenas o envolvia, pois não tinha forças se quer para erguê-lo. Observou as faixas negras que tracejavam seus pulsos e o imponente símbolo tatuado em seu braço; a voz de Kota ecoou em sua mente, falando sobre Vader não estar em seu futuro. Não. Não poderia ser verdade. O Lorde Negro era tudo o que tinha, era tudo que lhe sobrara. Não havia mais nada em sua vida a não ser obedecer a suas ordens e agradecer por continuar viva em suas mãos. Se isso era tudo o que lhe restava, ela iria continuar servindo-o com dedicação e iria orgulhá-lo.
– Darkbird para Starkiller... Pedindo ordens...
– Está tudo certo, Tonks... Podem me pegar.
Juno se esforçou para levantar-se e foi para a sacada da Torre. De longe conseguia avistar a pequena nave prateada se aproximando.
– Hora de ir pra casa.
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