Underfell

Capítulo 11 - Vs Undyne - Parte 1


Frisk correu por um bom tempo carregando Flowey em meio à escuridão. Ao cabo de alguns minutos, ele não conseguia ouvir nem ver mais Undyne nem o Monster Kid.

A escuridão era total, Frisk mal podia enxergar por onde caminhava. Como tudo de repente havia ficado tão escuro?

O local foi se abrindo e ele se viu no extremo direito de uma ponte de madeira suspensa sobre um abismo. Ali a iluminação continuava precária, mas havia melhorado.

A criança escutou passos a sua frente, e logo Frisk reconheceu a silhueta de Monster Kid no outro extremo da ponte.

— Ei... – Monster Kid murmurou. Os olhos de Frisk se adaptaram a escuridão e ele conseguiu ver melhor o rosto do monstrinho, ele parecia com ódio. – Você é um humano... – Frisk sentiu arrepios e Monster Kid avançou um passo. – Você é o culpado por tudo isso! – Frisk retrocedeu alguns passos, Flowey olhava para Monster Kid com os olhos arregalados de nervoso. – Minha família morreu por culpa sua! A culpa é toda sua! – Monster Kid avançou correndo, com a boca aberta pronto para morder Frisk. Por detrás do ódio em seus olhos, havia medo, rancor e tristeza. – Eu vou pegar sua alma e vou me vingar de todos! – Ele pulou, e caiu no meio da ponte, escorregando e ficando com metade do corpo pendendo na beira do abismo. Frisk viu que o medo vencera Monster Kid, que agora estava entrando em desespero por voltar a superfície.

Dois passos metálicos chamaram a atenção de Frisk. Do outro lado da ponte, Undyne estava parada, olhando para Frisk.

Monster Kid estava quase caindo. Se Frisk avançasse um passo, Undyne poderia fatia-lo com sua lança.

Mas sua determinação era maior que o seu medo.

Frisk correu para perto de Monster Kid e o puxou para cima da ponte. Ele olhou confuso para Frisk, lagrimas se formavam nos seus grandes olhos, então ele franziu o cenho e se virou para Undyne.

— Escuta aqui, sua idiota. – Monster Kid começou a dizer, tentando soar autoritário. Undyne olhava para ele sem se mover um músculo. – Você pode machucar o tanto de humanos que quiser, mas não ESTE humano! – Ele avançou um passo. – Então, se quiser matar esse humano, antes vai ter que passar por mim! – Ele exclamou. Undyne simplesmente materializou sua lança e fez um corte diagonal pelo peito de Monster Kid.

Monster Kid olhou para o corte em seu peito, com seus olhos arregalados como pratos. Ele se virou para Frisk, e se transformou em nevoa.

— NÃO! – Flowey gritou. Frisk olhava impactado para a nevoa amarelada no chão. – De novo não! – Seu olhar se contorceu em fúria. – Você não merece viver, sua assassina! Você... – Undyne ergue sua lança e lançou outro corte, em horizontal.

Frisk havia sido mais rápido. Ele se agachou no instante em que a lança passava perto do seu pescoço, e correu para cima de Undyne, a empurrando. Aquele ataque havia pego Undyne desprevenida, e ela acabou vindo ao chão. O humano pulou por cima da assassina e correu para dentro da escuridão de Waterfall.

O garoto continuou correndo até ter certeza de que Undyne não estava o seguindo, então parou e começou a recuperar o ar.

— Você não devia ver essas coisas... – Flowey se lamentou. – Você já devia conhecer aquela criança... Isso é cruel. – Frisk não reagiu às palavras de Flowey. Secou as lagrimas que se formavam em seus olhos e prosseguiu o caminho.

O teto do caminho terminou por se abrir. Uma fileira de pedras altas e pontiagudas se erguiam a sua frente, e o caminho passava entre elas. Mais acima, era possível ver o brilho vermelho de Hotland. Undyne estava no topo de uma dessas pedras, de costas, olhando para Hotland.

— Como ela conseguiu chegar aqui...? – Flowey murmurou, olhando para a assassina. – Frisk, ela vai nos atacar, temos que voltar. – Frisk negou com a cabeça.

“*Você diz que o único jeito de continuar é passando por ela”

— Você teve que lutar com ela no seu mundo também? – Flowey perguntou, olhando para o garoto. Ele assentiu, olhando triste para o chão.

“*Você diz que sim, mas que Undyne não era uma assassina.”

— Sete... – Undyne disse. Frisk e Flowey olharam para cima. Ela continuava de costas. – Sete almas são o que precisamos para que o Rei Asgore se torne um deus. – Ela fez uma pausa. – Seis, seis almas humanas foram as que eu consegui até agora... – Undyne se virou para Frisk e Flowey. - Você entende humano? Você não tem mais esperança. Se renda e eu pegarei a ultima alma sem dor.

“*Você pergunta para Undyne porque ela faz isso.”

— Porque eu faço isso? – Undyne pareceu refletir, então se virou para o lado. – Bem, tudo começou há muitos anos... – Ela olhou para Frisk, e começou a rir baixinho, uma risada insana, que provocou calafrios no humano e na flor. – Essa expressão no seu rosto... É de terror absoluto. Eu gosto disso. – Undyne tirou os panos que cobria sua cabeça. Seu rosto era igual ao da Undyne real, com a diferença de ela possuir um olhar completamente insano que causava arrepios em Frisk. – Eu venho capturando humanos há muito tempo. Sempre gosto desse momento. O momento em que o humano percebe que não lhe resta esperanças mais! – Undyne gargalhou. – Você pergunta por que eu faço isso? Além de eu querer sair desse buraco imundo, eu me divirto matando seres inferiores como vocês! A sua esperança, sua determinação... É patética!

Frisk não quis ficar para ouvir mais, e disparou na direção do túnel que levava para Hotland. Antes que conseguisse passar, lanças cairam e fecharam a passagem.

— O que!? Pensou que eu iria deixar você fugir!? – Uma lança se materializou na mão de Undyne e esta pegou impulso para pular. – Os outros humanos tentavam lutar, mas você!? Você só passa de um bebê chorão! Acha mesmo que iria conseguir amolecer meu coração salvando aquele inútil!? As regras aqui são diferentes, tampinha, e você vai perceber do jeito ruim como os monstros daqui estão determinados a te matar! – Undyne apontou a lança para baixo e pulou.