Underfell

Capítulo 0 - Prólogo


Era noite no pequeno vilarejo de Desirof, ao oeste do Mt. Ebott.

A pequena criança Frisk estava em seu quarto. A criança possuía cabelos castanhos lisos e uma pele levemente bronzeada, com olhos pequenos e puxados dando a impressão de estar sempre fechados, usava sua roupa listrada com sua bermuda azul, seu conjunto favorito. O quarto de cor verde era pequeno, mas confortável, com uma cama grande para ele e uma caixa cheia de brinquedos. Frisk estava sentado encima de sua cama, lendo o livro finalmente terminado da “bliblioteca” de Snowdin, agora titulado “A historia de como eu escrevi um livro”.

— Frisk, vem comer! – A conhecida voz de Toriel, sua mãe adotiva, chamou. Frisk sorriu e saiu do quarto, cruzando o corredor e descendo as escadas que levavam a sala.

Uma longa mesa havia sido adornada de forma natalina no centro da sala, e ali estavam todos seus amigos reunidos para o jantar de natal: Papyrus, que conversava em alto tom com Undyne; Sans, ao lado de Toriel, tirando uma soneca; Alphys, ao lado de Undyne, com a cabeça longe e Asgore, ao outro extremo da mesa, ouvindo a conversa de Papyrus.

— Ah, ali está Frisk. – Toriel disse. – Bem, eu penso que podemos começar o natal. – Frisk se sentou na ponta da mesa, que continha vários pratos variados, que iam de lesmas temperadas a espaguetes, e em meio a toda aquela comida, um grande e suculento peru.

— Bem, espero que aproveitem este espaguete, pois ele foi feito por um mestre da culinária muito famoso e cada pedaço do espaguete foi friamente calculado! – Papyrus disse, provocando risadinhas entre o grupo. – E sim... Esse grandioso mestre da culinária sou eu! – Ele disse, colocando a mão no peito. – Frisk se serviu um pouco com o espaguete e pegou uma asa do peru para comer. Ao colocar o espaguete na boca, quase o cuspiu pelo gosto horrível, mas Frisk percebeu que não estava tão ruim como da ultima vez.

Havia se passado um ano desde que os monstros foram liberados do Underground. Os humanos haviam sido bondosos até a data varias cidades foram fundadas somente para os monstros, sendo Desirof uma delas, onde vivia a maioria dos amigos e conhecidos de Frisk.

— Ei, Alphys. – Undyne disse. – Que tal a gente ver algum anime depois disso? – Alphys não respondeu, fitava seu prato, séria. Undyne se inclinou ao lado dela. – Alphys? – Alphys pareceu acordar de um transe.

— Ah d-desculpa U-undyne... O que foi que você disse?

— Se a gente podia ver um anime depois.

— E-Eu acho que sim, se você quiser... – Alphys voltou a ficar pensativa.

— No que você está pensando, Alphys? – Undyne disse, Alphys tinha preocupação no seu olhar. Frisk percebeu que Sans havia acordado e prestava atenção interessado na conversa de Undyne, enquanto que Toriel, Asgore e Papyrus conversavam sobre outro tema.

— Nada... É sobre uma coisa estranha que percebi no meu laboratório novo... – Alphys balançou a cabeça. – Nada de mais...

— Ei, Alphy, relaxa. – Sans disse, tirando um pote de ketchup do seu bolso. – Vamo comer issaqui logo porque o Paps ta até tremendo pra abrir os presentes.

— Ei! Isso é mentira! – Papyrus disse, tremendo.

O resto do natal se celebrou normalmente. Após a janta, Asgore se vestiu de Santa Claus, fazendo que Papyrus gritasse de emoção, e entregou os presentes de cada um. Depois de algumas horas, cada um foi para sua casa e Frisk foi deitar.

— Boa noite, meu pequeno. – Toriel disse, dando um beijo na testa da criança enquanto a cobria. – Durma bem. – Toriel se retirou do quarto e Frisk não demorou em cair no sono.

Frisk estava de volta a Waterfall, caminhando por uma das grutas que ali existiam. O lugar estava mais silencioso que o normal. Na parede à esquerda, Frisk percebeu uma porta de madeira cinza que não existia lá antes, coisa que deixou Frisk curioso.

Frisk se aproximou da porta e tentou abrir, ela se abriu sozinha antes que Frisk pudesse toca-la e revelou uma sala de piso e teto branco e de paredes pretas a sua frente. Uma pessoa estava parada no outro extremo da sala.

A criança começou a se aproximar da pessoa. Uma tontura se apoderou de Frisk enquanto este caminhava, e aumentava a cada passo que dava, mas isso não impediu Frisk de continuar. A pessoa usava uma roupa similar a um terno preto sem gravatas, seu rosto se distorcia e mudava de forma, mas sempre contendo um olho fechado e outro aberto, com riscos embaixo e encima, alem de um sorriso negro.

A criatura levantou uma mão esburacada e começou a fazer gestos com esta, enquanto soltava sons estranhos pela boca.

Então, Frisk acordou.

Frisk não reconheceu onde estava no momento, mas logo percebeu, ao notar as colunas de pedra e a luz acima, que estava deitado debaixo do buraco que o levara ao underground da primeira vez.

Frisk se levantou e limpou suas roupas de poeira, confuso, e olhou em volta. As flores amarelas abaixo dele estavam murchas, diferente da primeira vez que ele caíra. Como ele havia ido parar ali? Ele tentou se tranquilizar, conhecia o caminho de volta, e ainda existiam pessoas no underground que podiam ajuda-lo.

Frisk caminhou pelo corredor de pedra pouco iluminado a sua frente e passou pela grande porta. A vários metros mais a frente, existia um feixe de luz iluminando um gramado, onde Frisk percebeu uma flor amarela parcialmente murcha olhando para cima.

“Asriel?” Frisk perguntou, se empolgando. Ele lembrava que Asriel havia voltado a ser uma flor um pouco antes de Frisk sair do underground. Asriel ao se virar não pareceu reconhecer Frisk, mas sim pareceu assustado.

— Quem...? – A flor arregalou os olhos ao ver Frisk. – Um humano?

“Asriel, sou eu, Frisk”, a criança disse, “você pode me ajudar a sair daqui? Eu não sei como...”.

— Humano! Você tem sair deste lugar! – A flor disse, sem ouvir Frisk. – Eles irão tentar mata-lo. – Asriel olhava para os lados, paranoico. Frisk não pareceu entender.

“O que? Eles quem?” Frisk disse se aproximando da flor, que retrocedeu.

— Eles todos! Um humano não é bem vindo aqui... – A flor se deteve e olhou para Frisk. – Você não está entendendo nada, não é mesmo? –

“Asriel, eu...”

— Eu não sou Asriel, meu nome é Flowey. – Frisk sentiu um arrepio na espinha ao ouvir aquilo. – Eu acho que vou ter que te ensinar como as coisas funcionam aqui... – Flowey apontou para Frisk e este conseguiu ver sua alma, um coração vermelho do tamanho de uma mão, saindo do seu corpo e pairando no ar, demonstrando que uma batalha se iniciaria. – Esta é sua alma, uma culminação de todo seu ser. É isso o que todos os monstros estão tentando capturar para poder sair deste buraco. – Frisk tentou dizer que já sabia como funcionava a alma, mas Flowey o interrompeu. – Você deve fugir deste lugar o mais rápido que consegue, antes que algum monstro ponha as mãos em você. Se isso acontecer, eles farão de tudo para retirar a sua alma e te matar.

“Eu tenho certeza que eu consigo convencer eles a me deixar sair, eu já conheço...”

— Não criança, neste mundo é matar ou morrer, e todos os monstros sabem disso. Então, por favor, fuja, fuja o mais rápido que pode... – Flowey foi interrompido por uma bola de fogo que o golpeou e o lançou longe. Frisk se horrorizou ao ver isso, e voltou seus olhos para ver quem havia produzido o fogo. A sua frente, Frisk percebeu a silhueta de Toriel, coisa que o tranquilizou bastante, mas quando esta caminhou até o feixe de luz, Frisk se sentiu um tanto perturbado.