Uncursed

Não há lugar como Agrabah.


Lily levantou-se de sua imensa cama naquela noite com receio de ser vista. Apenas colocou seu sapato, vestiu suas vestes mais simples que tivesse e passou seu arco pelo corpo, tendo atrás uma bolsa para guardar as flechas. Ela abriu a porta e olhou para os dois lados do imenso corredor, sem ver ninguém. E assim saiu andando. Sabia muito bem o que tinha que fazer, e iria fazer agora. Mas aí ela sente algo puxar suas vestes por baixo, e se vira rapidamente com receio de ser algum guarda. Mas, ao abaixar sua cabeça, vê o pequeno Mogli com sua tanguinha de sempre puxando seu casaco.

– Lily, aonde você vai? – pergunta ele.

– Mogli, volte para seu quarto! – fala ela.

– Me diga aonde você vai! – fala ele.

Lily odiava mentir para seu irmão, então se acocora em sua frente, olhando-o bem no fundo dos seus olhos.

– Irmão, eu sei o que o Rumplestiltskin quis dizer. – fala ela. – Mas eu preciso ir sozinha. É muito perigoso para você.

– Lily, eu quero ir com você! – fala ele, segurando os ombros de sua irmã. – Você é minha irmã, e sempre ficamos juntos em tudo!

– Eu sei, Mogli. – fala ela. – Mas se algo acontecesse com você eu nunca iria me perdoar.

– Lily, se algo acontecesse com você eu nunca iria me perdoar. – fala Mogli, segurando o rosto de Lily com suas mãos pequenas. – Além do mais, mesmo que você não me deixe ir, eu irei segui-la.

Lily dá um pequeno sorriso e alisa os longos cabelos do menino.

– Você não tem jeito, não é rapaz? – fala ela, rindo.

– Claro que não. Não é atoa que sou seu irmão. – fala ele, rindo.

Lily dá um sorriso leve, e se levanta pegando a mão de Mogli.

– Vamos, então. Não saia de perto de mim. – fala ela, baixinho.

Os dois andam até o final do corredor, e ao acharem uma escada, descem e circulam por mais corredores do imenso castelo. Finalmente acham um imenso portão que dá para a área externa do castelo.

– Fique aqui. Vou ver se está livre. –fala Lily.

Ela abre o portão lentamente, e sai para a parte externa, olhando para todos os lados, vendo se algum guarda está por lá. Não vê nada, e chama quase que sussurrando:

– Vamos, Mogli.

Mogli sai e corre pela parte externa do castelo até o outro grande portão, onde atravessam e passam até o campo aberto que 16 anos atrás estava com mais de 600 homens lutando entre si. Mas aí é que os dois ouvem:

– Lily? Mogli?

Eles reconheciam aquela voz, e se viraram para vê-la. Era Emma, com um vestido rosa leve e seus longos cabelos loiros, com rosto de sono olhando para os dois.

– Mas... Pensei que fossem ficar conosco. – fala Emma. – Pensei que confiassem em mim.

– Nós vamos, Emma. – fala Lily. – Mas acho que sabemos de onde viemos. Achamos uma pista da nossa descendência.

– Sério?- pergunta Emma, feliz pelos dois.

– Sim. – fala Lily. – E agora estamos indo atrás dessa pista.

– Mas, que pista é essa? – pergunta Emma. –E como conseguiram?

Lily tem receio de dizer a verdade para Emma, e demora um pouco antes de dizer:

– Rumplestiltskin.

– O quê? – pergunta Emma, sem acreditar. – Mas ele é o mais traiçoeiro de todos. Ele sempre cobra algo em troca, e nem sempre é bom.

– Ele disse que seria modesto. – fala Lily. - E já fizemos o acordo. Não tem mais volta.

– Lily, Mogli, em que vocês foram se meter? – pergunta Emma, sem acreditar no que está acontecendo. –Rumplestiltskin era até para estar preso. Eu desconfiava que ele houvesse fugido, mas nunca pensei que fosse fazer um acordo com vocês.

– Agora já aconteceu. – diz Lily. – E não há nada que você possa fazer, Emma. Ou vem conosco, ou saia do nosso caminho.

Isso era contra tudo o que Emma aprendeu em sua vida, tudo que lhe ensinaram não valeria de nada. Mas não podia deixar que Lily e Mogli partissem em uma jornada ao desconhecido sem algo que garantisse que eles pudessem voltar com vida, no caso, a filha da Branca de Neve e Príncipe Encantado.

– Está bem. Eu vou. – fala Emma, dando mais um passo afrente.

– Ótimo. – fala Lily. – Tem lugar vago na nossa carona.

– Carona? – pergunta Emma, sem entender o que Lily falou.

Neste momento Lily solta um barulho esquisito, parecido com o barulho de um bicho. Um cervo, para ser mais exato. Este barulho conseguiu ecoar por todo campo aberto, e pareceu que Lily era de fato um cervo.

– Lily, você tem certeza que o Rumplestiltskin quis falar dele? – pergunta Mogli.

– Dele? – fala Emma, sem entender nada.

Lily apenas olha para os olhos de Emma rindo, e em alguns poucos segundos consegue se ouvir um trote de um bicho pelo campo aberto. Ao fundo, se vê um alto cervo, com chifres enormes e bem arquitetados. Ele é lindo, mas o seu tamanho também assusta Emma e Mogli.

– Nossa, ele cresceu muito desde a última vez que o vi! – fala Mogli, rindo e acariciando o cervo.

– Eu o vejo regularmente. – diz Lily, pegando de sua bolsinha alguns biscoitos e dando para o cervo.

– Lily, o que está acontecendo aqui? – pergunta Emma.

– Emma, Rumplestiltskin disse que “O Príncipe da Floresta nos ajudará”. – fala Lily, rindo para Emma. – Pois bem, este é o Príncipe da Floresta.

– Um cervo? – pergunta Emma, assustada com o que vê.

– Ele é conhecido como o Príncipe da Floresta, assim como seu pai foi. É um dos poucos cervos que viveram por mais de dez anos. – fala Lily, acariciando o belíssimo animal. – Seu nome é Bambi.

– Então o cervo tem um nome? Bambi? – fala Emma, sem acreditar no que ouve.

– Ele foi meu amigo enquanto ainda era um filhote e eu uma criança. – fala Lily. – Somos grandes amigos.

– Lily, você só pode estar de brincadeira. – fala Emma. – Como esse Bambi poderá ajudar vocês a achar sua descendência?

– Ele irá. – fala Lily. – Não sei como, mas ele irá. Só tenho que falar com ele.

– Falar com um cervo? – pergunta Emma.

– É. – fala Lily. – Suba nele.

– O quê? Não mesmo. – fala Emma.

– Você vai nos ajudar ou não? – pergunta Lily, fazendo Emma pensar no que disse anteriormente.

– Está bem. – fala Emma. Ela se aproxima do bicho com medo, coloca suas mãos em suas costas e monta no imenso animal.

Lily pega Mogli pelos braços e o coloca atrás de Emma, montado em Bambi. A meams também sobe no animal depois, afrente de Emma.

– E agora? – pergunta Emma.

Lily se aproxima da orelha de Bambi, e sussurra:

– Se sabe alguma coisa sobre nossas origens, nos leve até lá.

Neste momento, Bambi se vira para as árvores após o grande campo aberto, e adentra na floresta. Indo no sentido norte, ele adentra nas árvores e corre por elas, deixando todos com medo. A imensidão de árvores parece não acabar, mas Bambi parece saber muito bem para onde está indo. Em certo momento, se consegue ver um castelo imenso e bonito.

– O Castelo do Reino Noroeste. – fala Emma. – Estamos no Reino Noroeste. A rainha Aurora e o rei Phillip devem estar no castelo neste momento.

– Então acho que minha teoria vai se concretizar. – fala Lily. – Já sei para onde estamos indo.

– Aonde? – pergunta Emma.

– Agrabah. – fala Lily. – Após o deserto, o reino fantasma de Agrabah.

– Deserto? – fala Emma. – Mas o deserto é perigoso!

– Se formos rápidos com o Bambi correndo, chegaremos ao reino fantasma rápido.

– Mas e a areia em nossos rostos? – pergunta Emma, ajeitando os cabelos que batem em seu rosto por conta do vento que bate da velocidade de que Bambi corre. – Não podemos correr tanto assim em um deserto com areia batendo em nossos olhos.

– Eu já tenho ideia de como fazer isso. – diz Lily, tirando uma flecha de sua bolsa e passando no vestido rosa de Emma, rasgando-o e formando um pedaço imenso de teciso rosa.

– Ei! – fala Emma, indignada com a ousadia de Lily.

– Você quer proteger seu rosto ou não? – pergunta Lily.

Emma fica calada apenas vendo Lily cortar o pedaço de vestido m três pedaços e dar dois deles para Emma e Mogli cobrirem seus rostos.

O deserto foi horrível. Podia se ver cobras andando nas areias enquanto Bambi corria pelas areias finas do deserto norte. A areia batia com toda força no rosto dos jovens, junto com o vento quente. Mas aí parou. Chegaram os três no reino de Agrabah, e viram o grane castelo em estilo árabe ao fundo, após os grandes barracos.

– Que lugar esquisito. – diz Emma, vendo todas as barracas velhas e quebradas iluminadas á luz do sol nascendo ao horizonte, enquanto Bambi anda devagar para não machucar suas patas.

– Não há lugar como Agrabah. – fala Lily. – Já tentei entrar aqui, mas sempre sou impedida por conta do deserto. Dizem que aqui há muito ouro.

– Então essa é a nossa descendência? – pergunta Mogli. – Agrabah?

– Acho que tem mais coisa por trás. – fala Lily. – Espera Bambi parar, Mogli.

Eles esperam Bambi se aproximar do imenso palácio estilo árabe e adentrar nele, todo quebrado com sua estrutura já por cair.

– Lily, não estou gostando disso. – fala Emma. – Vamos voltar.

– Emma, já viemos até aqui. – fala Lily. – Não iremos voltar agora, tão perto. Fiquem atentos os dois á algo incomum.

Neste momento, Bambi para de frente á uma cômoda com três gavetas, na qual ao seu lado há um tapete enrolado.

– Por que ele parou? – pergunta Mogli.

– Acho que chegamos. – fala Lily, descendo de Bambi, seguida por Emma e Mogli. – Vamos ver esta cômoda.

Lily se aproxima da cômoda empoeirada e abre a primeira gaveta, não vendo nada além de algumas teias de aranha. A segunda gaveta tem uma tiara com uma pedra azul empoeirada.

– O que é isso? – pergunta Emma, enquanto Lily ergue a tiara.

– Parece um estilo diferente de coroa. – fala Lily.

– Lily, Emma. Tem algo aqui na última gaveta. – diz Mogli, vendo a última gaveta aberta.

Ele tira de lá algo esquisito. Uma lâmpada toda empoeirada, assim como tudo naquele palácio abandonado.

– Uma lâmpada? – pergunta Emma, sem entender nada.

– Me deixa ver isso, Mogli. – fala Lily, pegando a lâmpada e examinando-a. – Tem algo escrito aqui. Mas não consigo ler.

Lily esfrega a lâmpada para tirar o empoeirado, mas ela começa a vibrar, e Lily a joga no chão, enquanto vê uma fumaça branca sair do bico da lâmpada. Dessa fumaça, aos poucos, vão se formando duas formas humanas. Essas formas vão ficando mais bem definidas, ficando uma mulher e um homem nus e sem cabelos. Aos poucos os cabelos vão aparecendo, assim como os rostos com detalhes bem peculiares. A mulher recebe um sutiã azul-claro e uma calça de mesma cor folgada, assim como um longo cabelo na altura da bunda. O homem recebe uma calça branca folgada e apenas um revestimento que mal pode se chamar de blusa de cor roxa, com um chapéu m formato de troco de cone.

Os dois parecem não entender nada, enquanto estão deitados no chão e se olham. Os dois parecem não acreditar que se veem, e se abraçam, dando um beijo imenso e apaixonado. De repente, o homem vê os três jovens olhando espantados para os dois, sem entender nada do que acontece.

Eles se soltam do beijo, e olham para os três.

– Só devemos agradecer por terem nos soltado da nossa prisão eterna. – fala o homem.

– Quem são vocês? – pergunta Emma, sem acreditar no que vê.

– Ah, desculpem. – fala a mulher, fazendo uma pequena reverência. – princesa Jasmine de Agrabah e príncipe Aladdin de Agrabah. Fomos presos nesta lâmpada enquanto fugíamos de uma invasão ao nosso reino. Não tenho noção de quanto tempo faz, mas...

– Deve fazer muito tempo. Este reino está abandonado a séculos. – fala Lily.

– O quê? – pergunta Aladdin, sem acreditar no que ouve.

– Só se há alguns relatos dessa tal invasão á Agrabah. – fala Mogli, chamando a atenção dos dois.

– Hamed? - pergunta Jasmine, sem acreditar que vê o menino. – Hamed! É você!

Jasmine vai correndo em direção a Mogli e o abraça, o menino sem entender nada enquanto sente as lágrimas de Jasmine em seu ombro.

– Hamed? – pergunta Aladdin, sem acreditar que vê o menino, correndo para abraça-lo junto á Jasmine.

– Seu nome é Mogli. – fala Lily. – Não Hamed.

– É Hamed. – fala Aladdin. – Só pode ser, eu me lembraria de meu filho.

– Filho? – pergunta Mogli.

– Sim, nosso filho. – fala Jasmine, chorando de emoção, e vendo a tiara na mão de Lily. – Essa coroa é minha.

– Ah, desculpe. – fala Lily, dando a coroa para Jasmine, que a coloca.

– Desculpe, mas eu não me lembro dos dois. – fala Mogli.

– Os invasores devem ter apagado sua memória. – fala Aladdin. – Mas não compreendo como está da mesma idade mesmo após séculos, como vocês dizem.

– Isso é algo que iremos discutir depois. – fala Lily. – Mogli, você já achou sua descendência. Agora eu quero saber a minha. Temos que deixar Bambi nos levar.

– Me desculpe, não queremos ficar afrente de seus planos. – fala Jasmine. – Mas precisamos de abrigo e comida antes de reerguermos Agrabah.

– Podem ficar no nosso castelo. – fala Emma. – Sempre cabe lugar para mais gente.

– Muito obrigada, jovem moça. – fala Jasmine, agradecendo a Emma.

– Antes vocês terão de vir conosco. – fala Lily. – Temos que fazer uma parada antes.

– Certo, tudo bem. – fala Aladdin. – Mas não vamos montados neste cervo.

– E vão como? – pergunta Lily. – Andando?

– Não. – fala Jasmine, pegando o tapete enrolado ao lado da cômoda e o batendo, tirando sua poeira. – Voando.

O tapete plana no ar, talvez apenas esperando os dois subirem nele.

– Uau! – fala Mogli, olhando para o tapete com uma sensação de Deja-vu.

– Quer vir conosco, Hamed? – pergunta Jasmine, olhando a gaveta do meio da cômoda e tirando três argolas, prendendo-as em seu cabelo, fazendo com que ele fique bem preso e um pouco mais curto.

– Mogli. – diz Mogli, corrigindo Jasmine.

– Desculpe. – fala Jasmine. – Tenho que me acostumar á isso.

– Posso ir, Lily? – pergunta Mogli, olhando para a irmã.

Lily fica com receio, mas se imagina no lugar de seu irmão, finalmente junto á sua família, e diz:

– Pode, eles são seus pais, Mogli.

Mogli abraça a irmã e sobre no tapete junto á Jasmine e Aladdin.

– Seguiremos vocês. – diz Aladdin, enquanto o tapete sobe mais alguns metros.

– Certo. – diz Lily, subindo em Bambi seguida por Emma.

Bambi corre para fora do castelo, seguido pelo tapete mágico com Aladdin e Jasmine, indo em direção ao passado de Lily, ainda desconhecido. Por enquanto.