Uncursed

Esperança.


Dezesseis anos se passaram. A paz se instaurou na Floresta Encantada. Finalmente todos poderiam viver felizes para sempre. Emma está com dezesseis anos bem vividos pelos cuidados de Branca de Neve e o Príncipe Encantado. Ariel está bem casada e com uma filha no Reino Marítimo, Alice e Mulan continuam com seus trabalhos de sempre no Reino Central e todos parecem estar em alegria. Por enquanto.

Emma está cavalgando em seu cavalo branco, deixando que seus cabelos loiros e grandes baterem ao vento, adentrando nas florestas. Parece normal, tudo parece estar do mesmo jeito, a floresta bonita quase cantante na qual Emma pode cavalgar com seu cavalo branco. Neste momento se lembra de que nestas mesmas florestas, no dia de seu nascimento, ocorreu a histórica Batalha Final, onde com uma simples flor o bem derrotou o mal e todos puderam viver felizes para sempre. E é aí que ela se surpreende.

Seu cavalo simplesmente para, numa parada brusca faz com que ela caia de cara no chão, manchando seu vestido de terra.

– Khan, por quê? – pergunta Emma, se levantando do chão e balançando seu vestido para tirar a terra. – O que aconteceu, amigo?

Emma se aproxima para ver o que houve com seu cavalo Khan, e vê que ele bate sua perna freneticamente, sem conseguir levantá-la do chão de maneira alguma. Emma se abaixa para ver o que aconteceu, e vê algo estranho. Uma espécie de armadilha, colocada para prender a perna de qualquer que fosse a criatura que pisasse nela.

– Nossa! – fala Emma, assustada. – Não se preocupe, Khan. Vou tirar você daí.

Emma tenta soltar as pequenas garras de metal que prendem o cavalo no local, mas elas são muito fortes e ela não consegue fazer com que se abram.

– Nossa, isso é muito estranho. – fala ela, mexendo mais um pouco na armadilha.

– Nem me diga. – fala uma voz feminina ás suas costas. – Agora, princesa, se vire lentamente e se pensar em fazer qualquer coisa para me machucar, terá uma flecha cravada em seu corpo.

Emma fica paralisada, apenas faz o que a voz manda. Se ergue e se vira, se espantando com o que vê: uma menina mais ou menos de sua idade, com cabelos negros na altura dos ombros, magra, um pouco morena e muito bonita com uma flecha apontada para ela. A menina está com roupas que parecem ter sido feitas com materiais encontrados na floresta mesmo.

– Calma. – diz Emma. – Eu não vou te machucar.

– Há! Até parece... – fala a menina. – Vocês “heróis” sempre arranjam um jeito de machucar os pobres corações infelizes.

– Não somos assim. – diz Emma. – Só machucamos vilões que merecem ser machucados.

– Diga isso para minha flecha. – diz a menina, puxando mais sua flecha para ameaçar Emma.

– Não! – grita Emma, acidentalmente. Mas baixa sua voz e diz: - Por favor. Sou amiga. Pode se abrigar em meu castelo, vai ficar tudo bem. Qual o seu nome?

– Não quero abrigo em seu castelo. – fala a menina, ainda com a flecha puxada. – Só quero qualquer dinheiro que tiver aí com você. E não precisa se preocupar em saber meu nome, já que eu própria não tenho um.

– Você não tem um nome? – pergunta Emma. –Ora, mas isso é terrível.

– Não tanto quanto imagina. – fala a menina. – Pelo menos eu não sou perseguida como sua mãe foi no auge do império da Rainha Má.

– Por favor. Nós podemos ajuda-la. – fala Emma. - Se me poupar, todos seus crimes serão sancionados, além de você poder morar no castelo. Temos quartos suficientes para todos.

– Por que acreditaria em você? – pergunta a menina.

– Porque sou sua última esperança. – fala Emma.

A menina pareceu se convencer. Não demora muito para que ela abaixe seu arco e flecha e se deixe levar pela conversa de Emma.

– O que você sabe sobre esperança? – pergunta a menina.

– Acredite, minha vida toda se baseia nisso. – fala Emma, se lembrando das histórias que contam que dois dos piores vilões existentes morreram ao lado de sua mãe enquanto ela dava a luz. Foi a esperança que moveu Branca de Neve a conseguir parir sua filha mesmo com 10 meses de gravidez.

– Não acredito. – fala a menina, ríspida. – Mas pelo visto você sabe do que se trata a esperança, não é mesmo?

– Pode crer. – fala Emma.

– Eu meio que menti quando falei que não tenho um nome. – diz a menina. – Na verdade, só digo isso para que não me persigam. E praticamente eu nasci sem um nome, já que fui criada por lobos e...

– Espera, você foi criada por lobos? – pergunta Emma, sem acreditar no que ouviu.

– Sim. E também tenho um irmão humano, que cresceu comigo. – diz a menina.

– Espera, você e um menino foram criados por lobos? – pergunta Emma, sem acreditar em uma palavra que ouve.

– Sim. – fala a menina, se virando para uma árvore e falando: - Vem, pode vir.

Um menino magricela com cabelos grandes e apenas com uma tanguinha feita com materiais orgânicos sai de trás da árvore. Parece muito assustado.

– Pode vir, vem. – fala a menina. – Ela é amiga.

– Como você sabe? – pergunta o menino.

– Ela sabe sobre esperança. –fala a menina.

Parece que, para os dois, esperança é algo muito sério. O menino simplesmente sai completamente da árvore e vai até a menina, se agarrando em seu corpo.

– Que gracinha. – diz Emma.

– Seu nome é Mogli. – diz a menina. – Ele foi resgatado por uma pantera negra amiga quando ainda era um bebê, e entregado por ela a minha família de lobos. Seus pais devem ter morrido. Fomos criados por lobos, mas eles terminaram morrendo nas mãos de um caçador lá em Camelot há alguns anos. Desde então ficamos á nossa própria sorte. Tivemos que aprender a língua humana para poder sobreviver na selva.

– Que coisa horrível. Eu sinto muito. – diz Emma.- Mas, você disse que tinha um nome. Qual é?

A menina para um pouco, e excita antes de responder:

– Fui encontrada apenas com uma toalha com um nome bordado. Só fui capaz de decifra-lo há alguns anos, quando aprendi a ler. Chamo-me Lily.