Que eles precisavam entrar e resgatar Ian disso eles sabiam. Eles só não sabiam era como eles fariam isso. E Amy, Jonah e Hamilton ficaram lá, encarando a porta de metal do chão. Amy foi a primeira a se aproximar dela. Hamilton, por ser o mais preparado fisicamente, tentou arrancar a pesada porta de ferro que tapava a passagem. Mas ela estava soldada, e era bastante pesada. Era impossível um homem sozinho conseguir retirá-la de onde estava sem o material necessário. Eles precisavam pensar rápido em outra forma de invadir aquele ambiente, antes que os “donos da casa” descobrissem a presença dos “novos visitantes”. Talvez eles já estivessem descoberto. Foi então que Amy pensou em algo que poderia dar certo. Ela sabia que era arriscado demais e que talvez não os ajudasse a salvar Ian, mas mais uma vez ela não tinha outra opção.

– Só temos um jeito de salvar Ian – Disse Amy, alternando o olhar de Jonah para Hamilton –Temos que entrar por ali – Ela apontou para a abertura que Ian quase caíra minutos atrás e depois olhou para a cara de espanto dos meninos. Olhar para aquele buraco já era assustador o suficiente. Mas pensar em entrar lá era uma loucura. Até Jonah estava incrédulo. Ele olhava de um lado para o outro, como se a procura de uma solução mais viável. Hamilton se contorceu. Se não fosse um Thomas, ele estaria exausto pelo esforço de tentar arrancar a tampa de metal. Agora tentar entrar no abismo que aparecia debaixo dos seus olhos não era coisa que ele estava acostumado a fazer. Nem quando ele escalou o Everest o fez sentir tão mal. Mas o que não se faz pelos amigos? Ou melhor dizendo, pelos parentes? Hamilton quase não trocava palavras com Ian Kabra. Eles quase não se viam. Mas ele não podia negar que eles pertenciam praticamente à mesma família, a grande família Cahill, e que eles tinham que estar todos lutando uns pelos outros. Lutar pelos mesmos parentes que ele tentara matar tantas vezes durante a caça ás pistas. Mas o que importava era que agora eles estavam do mesmo lado.

– Como faremos para entrar aí? – Perguntou Hamilton, tentando não olhar para a abertura negra a sua frente. - Temos que encontrar um jeito de descer, pois se pularmos com certeza nós morreremos com a queda.

– Não seja por isso – Disse Jonah, hesitante. Ele não sabia se o que ele estava prestes a falar era realmente uma boa ideia – Trago sempre uma corda na mochila. Por questões de experiência própria.

– Perfeito! – Exclamou Amy – Vamos, tire logo essa corda, o que está esperando?

* * *

Sinead e Atticus chegaram ao hotel antes dos meninos. Eles esperaram ainda cerca de meia hora. Já era hora do almoço quando Jake e Dan retornaram. Os quatro trocaram informações sobre os últimos momentos e chegaram à conclusão que não restava mais tanta coisa a ser feito em Nova York. Com certeza a mulher que assassinou o Sr. Thonpson já deve ter “dado no pé”. Restava agora esperar que Amy e Ian estivessem se dando bem em Londres, e que tenham descoberto algo importante a respeito dos outros assassinatos.

Dan não perdeu tempo a tentar se comunicar com Londres. Ele estava ansioso para saber o que Amy e Ian tinham pra dizer e, principalmente se eles estavam bem. Mas por mais que ele tentasse a ligação não dava certo. Por que será que o celular de Amy estava desligado? Talvez alguma coisa não estivesse correndo bem. De qualquer forma ele deixou mensagens avisando que estava bem e pediu para que ela ligasse assim que recebesse. Mal terminou de fazer isso quando ouviu um grito vindo do cômodo ao lado. Era Sinead. Dan correu até lá e encontrou Jake e Atticus no quarto, ambos esperando saber o que estava acontecendo.

– Oh, não! Isso não, isso não! Por que eu vim pra cá? Eu nunca devia ter saído de Boston. – Desespero era pouco para dizer o que Sinead estava sentindo. Ela jogou celular na cama e lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto

– Mas sua presença foi muito importante! – Disse Atticus, tentando entender o motivo daquela crise repentina. Enquanto isso Jake pegou o celular jogado e lia a mensagem que aparecia na tela. Era de seu pai. A mensagem era assim:

“Sinead, estou te mandando mensagem porque não consegui fazer uma ligação. Lamento ter que falar o que tenho pra dizer. Seu irmão Ned não está bem. Ele foi espancado ontem durante a noite. Eu não sei explicar como aconteceu. Minha casa tem um sistema de segurança de alto padrão. Nada foi roubado, então realmente não sei explicar o por quê de tudo isso. Ele está internado agora. Volte para Boston o mais rápido possível.

Ass: P. Roseinblon”

O Sr. Roseinbloon não sabia de nada que estava acontecendo. Para ele aquilo tudo era inexplicável. Mas Sinead sabia muito bem por que aquilo aconteceu. O clã Ekat era o único que restava a ser atingido. E mais uma vez ela não conseguiu evitar. E nenhum Cahill conseguiu impedir os crimes. Ela estava se sentindo tão incapaz. Não sabia o que seria dela se seu irmão gêmeo morresse. Sempre amara demais seus irmãos. Eles eram praticamente tudo o que ela tinha na vida. Afinal, o que acontecerá agora com todos os Cahill? Agora que cada clã tinha um membro a menos? Será que quem quer que seja responsável por todas essas mortes vai parar por aqui? Ou será que os Cahill continuarão a ser mortos até que se extinguem completamente?

* * *

“Fôlego! Eu preciso de ar puro!” Sim, respirar naquele momento era o que Ian mais queria. A concentração de monóxido de carbono aumenta na proporção que se afastamos da superfície da terra, podendo causar mal estar e até levar a morte. E o efeito é mil vezes pior quando você está sendo conduzido por estranhos que pretendem lhe matar.

Ian tinha acabado de descer a longa escadaria e, se tivesse que descer mais, com certeza não resistiria. Mas pressentiu que talvez sua jornada pela escuridão estivesse chegando ao fim. Eles encontraram uma bifurcação: dois túneis apareciam no meio do nada. Ian sentiu um calafrio. Instintivamente, ele seguiu pelo caminho da esquerda, cuja abertura era maior. Mas o homem que vinha logo atrás dele pressionou seu ombro, conduzindo-o para o caminho da direita. Ian precisou se abaixar para passar pela abertura do túnel. Porém, no seu interior não havia absolutamente nada. Uma parede se encontrava a poucos metros da entrada, não havia pra onde prosseguir. Tudo o que havia ali era um buraco com cerca de dois metros de profundidade.

Ian foi praticamente arremessado para dentro do buraco, e uma grade foi colocada sobre a abertura. “Colocaram-me em uma masmorra subterrânea?”

– Não! Vocês não podem fazer isso, não podem! Tirem-me daqui! Eu ordeno, tirem-me daqui! – Os gritos foram inúteis, como já era de se esperar.

Ian agora estava completamente sozinho, dentro de um buraco imundo e na mais densa escuridão. Não havia uma só fonte de luz naquele lugar. Não havia um só ruído. Não havia nada. Apenas trevas. Agora que passara alguns minutos que ele estava naquele buraco, ele não sabia a que distância ele estava de algum ser vivente. Talvez a poucos centímetros se ele estivesse levando em consideração os ratos, baratas, traças dentre outros.

“Tenho que ficar calmo” pensava ele “Logo Amy vai conseguir encontrar um jeito de me tirar daqui”. Por mais que ele repetisse palavras de consolo em sua mente, não conseguia acreditar nelas. Ele nem sequer sabia se Amy estava viva. Afinal, o que aqueles homens cruéis podem ter feito com ela? Não! Nisso ele não podia pensar. “Que façam então o que quiser comigo, mas que não toquem em um só fio do cabelo dela!”