– P-Papai? – Ian estava muito confuso. Não podia acreditar que aquele homem que fizera coisas tão horríveis era o seu próprio pai. Ele não sabia o que estava sentindo. De um lado estava emocionado, por ver ali a uma pequena distância dele o seu pai que há tempos ele não via, e que era o seu único parente vivo. Mas por outro lado ele estava decepcionado. Chegou a odiar Vikram. Não, seu pai não podia estar fazendo aquilo com ele, não podia! Que tipo de pai é esse que deseja atormentar seu próprio filho? Que o seu pai sempre foi um corrupto nos negócios ele já sabia, mas Ian nunca poderia imaginar que ele fosse capaz de ser tão cruel. Será que já não bastava ter uma mãe assassina? “Afinal, o que há de errado com a minha família?”

E Vikram continuou a olhá-lo friamente. Ian não sabia o que dizer, ele foi pego totalmente de surpresa. Até que por fim, Ian falou. Mas sua voz não saiu com a força que ele esperava que saísse. Sua garganta falhava.

– Papai, por quê? O Senhor também é um Cahill – Ian não estava entendendo por que o pai havia se submetido a tomar uma atitude dessas.

– Não mais! Não mais pertenço a uma família de covardes! Você sabe muito bem que meus negócios são o que eu tenho de mais importante. E os Cahill romperam acordo comigo. – O pior defeito que Ian achava no pai é que ele sempre fora muito egoísta. Seus negócios, seu dinheiro, seu sucesso, tudo isso conquistou o primeiro lugar no coração de Vikram, embora Ian duvidasse que ele tivesse um.

– Claro que discordaram! O senhor queria se apossar de métodos ilegais para conseguir o que queria!

– Digamos que eu sou Maquiavélico. Pra mim, não importa os meios para se chegar ao fim. E é assim que se ganha a vida. Ou você acha que vale a pena ser bonzinho no mundo de hoje? – Ian estava contente por agora ter valores diferentes dos do pai. Como alguém podia ser tão insensível a esse ponto? – E você deveria estar me apoiando nessa vingança! Os Cahill mataram a sua mãe, ou será que você esqueceu? Sua irmã também está morta por causa dos Cahill! Como você ainda consegue apoiá-los?

– Isso não é verdade! Mamãe era uma assassina! Ela apontou uma arma pra mim, ela atirou em Natalie! – Sim, durante a caça ás 39 pistas, Isabel Kabra foi capaz de atirar na própria filha para se apossar do soro capaz de dar poderes sobre-humanos.

– Sua mãe sempre quis o melhor para vocês dois. Tudo o que ela queria era ensinar como se deve agir no mundo lá fora. Mas vocês se rebelaram! Principalmente você, Ian. Você me decepcionou muito. Você é que é um traidor! – Como doía ouvir seu pai falar assim! Ian queria poder amar seu pai assim como a maioria dos filhos. Mas para ele era muito difícil. – Eu nunca imaginei que teria um filho tão fraco. Você não foi criado para isso.

– Não, pai – Disse Ian, agora fazendo esforço para chamar aquele homem de “pai” – O senhor é que tem se mostrado fraco todos esses anos. O senhor se deixou levar pelas tentações do mundo. Pelo dinheiro, pela ganância e pelo poder. Então o senhor fechou os olhos pro que havia de mais importante: a sua família. E hoje ela já não existe.

– Tentações? E você Ian? Você também não viveu sempre ás custas do meu dinheiro? As roupas de luxo, as viagens, as festas... Pois bem, vou dar-lhe uma última chance. Ou você morre da pior forma possível aqui nesse buraco, ou acaba de vez o contato com esses Cahill imundos e passa a ficar do meu lado. Pense bem. Você terá sua vida de volta. Terá conforto e tudo o que uma vida de luxo pode proporcionar. Suas riquezas aumentarão quatro vezes mais. E então, você topa?

Ian não pôde negar que a tentação era grande. Teria todo o luxo que sempre teve e escaparia daquele buraco escuro. Mas aquela proposta era ridícula. Ian já não podia se juntar a um homem tão sem escrúpulos, mesmo se esse homem for seu pai. Ele não podia ficar contra os Cahill, jamais. Nem apoiar a morte de inocentes. Aquela proposta era literalmente inaceitável.

– Que tipo de pai é esse que faz propostas para receber o filho em casa? –Ian estava começando a suar. Talvez nunca esteve tão decepcionado em toda a sua vida. Tinha vontade de sumir dali. Queria ter pensado que seu pai estivesse mesmo em algum país bem distante e que nunca mais retornaria.

– Medidas educacionais. E você só tem uma escolha: Sim, ou não.

– É claro que não. Nesse período que eu estive longe de você eu aprendi muito. Aprendi a ser honesto, e creio que isso é o que mais importa.

– Mas será possível, filho! Você vai morrer, é isso que você quer?

– Você não merece mais me chamar de filho. Prefiro morrer digno a ter que me submeter a fazer as suas vontades malignas. – Ian duvidava se aquilo estava realmente acontecendo ou se tudo não passava de um sonho. Quanta coisa estava acontecendo nos últimos minutos... minutos esses que estavam sendo os mais terríveis de sua vida.

– Você cavou sua própria cova, Ian – Então Vikram se retirou, e Ian imaginou que nunca mais veria a face de seu pai novamente.