Amy respirou aliviada. Eram Jonah Wizard e Hamilton! Ela estava salva!

– Caramba, em que furada vocês se meteram, hein? Tá tudo bem? – Perguntou
Jonah, enquanto colocava-se para dentro de casa junto com Hamilton.

– Onde está Ian? – Perguntou Hamilton, passando os olhos pelo interior da casa.

– Que bom que chegaram! – “Chegaram na hora certa”, pensou Amy – Estou bem sim. Porém Ian...

– Vamos sair logo daqui, antes que suspeitem da nossa presença! Deve haver câmeras escondidas – Hamilton tentava arrastar Amy até a porta. – Já perdemos tempo demais arrombando a porta.

– Nós não podemos. Ian foi capturado. Não sei se ele ainda está vivo, mas se estiver, não podemos deixá-lo aqui. – Amy apontou para a passagem no chão.

– O que você sugere? Que nós entremos lá dentro? Você está louca? – Hamilton estava perplexo – Somos apenas três e talvez tenha um batalhão inteiro aí dentro. Todos nós seremos mortos!

– Fica frio, brother! Somos três, mas estamos preparados – Jonah afastou o casaco azul escuro que usava, expondo uma pequena arma niquelada de 10 cm presa na calça.


* * *


Enquanto isso, em Nova York, Dan e Jake gastavam todas as suas energias limpando a calçada da senhora Martha. Pelo menos enquanto limpavam, tiveram uma conversa bem satisfatória.

– Nós sentimos muito pelo o que aconteceu com o seu vizinho. Estamos realmente impressionados com o que aconteceu. – Disse Dan, enfático.

– Oh, você deve está se referindo ao Sr. Thonpson, não é? – A Sra. Martha perguntou, prosseguindo no seu falatório sem esperar a resposta – Foi realmente muito, muito triste o que aconteceu. – Ela suspirou – Era um vizinho excelente, desses que raramente vemos hoje em dia. Nunca precisei reclamar nada com ele. Educado que só vendo. Isso sem falar que estava sempre disposto em ajudar os vizinhos. Era uma pena que ele vivia tão sozinho, pobrezinho! Nunca recebia visitas. Ficou viúvo muito cedo, não tinha filhos. Eu cheguei a conhecer a Sra. Thonpson, se chamava Anne Thonpson, se não me falha a memória. Era uma moça muito simpática, mas nunca falava com ninguém. Talvez estivesse atordoada pela doença. Que vida triste!

– Oh, sim, que vida triste – repetiu Jake, enquanto jogava um balde de água sobre a calçada – Talvez tenha sido por isso que o Sr. Thonpson se suicidou.

– Oh não, isso é um blasfêmia! – Disse a Sra. Martha, indignada – O Sr. Thonpson nunca faria uma coisa dessas! Ele era cristão e tinha uma forte espiritualidade, nunca concordou com esse tipo de atitude. Como já disse e agora repito: o Sr Thonpson era um homem admirável. Essa de suicídio é uma mentira. Isso é o que a polícia diz. Eu tenho lá minhas dúvidas.

– Martha, eu já lhe disse pra não se meter com essas coisas. Deixe que a polícia resolva – Gritou o marido da Sra. Martha que ouvia a conversa do compartimento ao lado. Ele temia que as suspeitas da esposa pudessem vir a causar problemas.

– Mas não é verdade George? Você também deve concordar comigo. Isso que aconteceu foi assassinato. E com certeza foi obra daquela faxineirazinha sem escrúpulos. A tal Madeilene Sccot, não é assim que ela se chama? Eu Nunca fui com a cara dela, desde a primeira vez que a vi chegando à casa do Sr. Thonpson.

– Ora Martha, mas você nunca vai com a cara de ninguém.

– A verdade é que você, George, não quer enxergar o que acontece bem diante dos seus olhos. Não se esqueça que eu ouvi uma vez uma conversa bem esquisita entre os dois. Até fiquei bastante impressionada porque foi a primeira vez que ouvi o Sr. Thonpson discutir com alguém. – Ela se virou para os garotos – Vocês podem acreditar, eu ouvi coisas realmente estranhas. Não lembro exatamente, mas eles falavam em “Madrigal” e “Vingança”.


Dan e Jake se entreolharam - Bom já está ficando tarde, precisamos ir embora agora – Disse Dan, pondo o balde que segurava no chão – Foi um prazer ajudá-la.

– Esperem, ainda falta o outro lado da calçada! – Gritou a senhora, mas Jake e Dan não se importaram e foram embora.

No caminho para o hotel, os meninos discutiram as descobertas que tiveram pela manhã.

– É como dizia Sherlock Holmes – Disse Dan - “Se quiser descobrir algo, não demonstre que tem interesse em saber, mas deixe que as pessoas falem por si só”

– É isso aí – Respondeu Jake – E este caso está solucionado.

* * *


– Isso é realmente muito interessante – Atticus começou a ler em voz alta a matéria do livro – Escute Sinead “A grafologia tenta relacionar a caligrafia com a personalidade. Por apresentar falhas, é condenada por psicólogos. Mas segundo a pesquisa da empresa de consultoria Deloitte Touche Tohmatsu, cerca de 30% das empresas grandes e médias usam grafologia para filtrar o preenchimento de cargos executivos, técnicos e administrativos.”

Depois de algum tempo lendo a respeito do assunto, os dois voltaram para o hotel. Era hora de saber o que os meninos tinham descoberto nas ultimas horas.


* * *

Caminhar naquele lugar estava começando a se tornar uma tarefa quase impossível. O ar úmido e quente daquele ambiente era sufocante. Ian estava sendo praticamente arrastado. “O que é isso, viagem ao centro da terra? A quantos metros eu estou da superfície?” Pensava Ian. A falta de noção de onde estava deixava a situação ainda mais agonizante. Por fim chegaram a uma escada que descia ainda mais, se é que o que Ian estava vendo podia mesmo ser chamado de escada. Uma longa e velha escadaria surgia a sua frente, iluminada pela lanterna do homem de preto. A madeira estava tão gasta que Ian chegou a temer que ela não suportasse o seu peso e o dos homens que estavam com ele. Tropeçando nos primeiros degraus, Ian foi obrigado a descer em direção ao breu, ao vácuo, ao nada.

– O que vocês querem? Por que estão fazendo isso comigo e com Amy? Se o problema for dinheiro resolvemos isso agora. – Ian tentava a todo o custo impedir o que ele sabia que estava pra acontecer. Mas não adiantava negociar. Sua única resposta era o silêncio. Já não podia ver os que vinham atrás dele na escuridão, e às vezes tinha a sensação que apenas as paredes lhe escutavam. Outras vezes ele ouvia uma ordem de “Ande mais rápido” ou uma surra nas costas, confirmando que ele não estava sozinho, mas muito pior do que isso.