Uma noite misteriosa

Capítulo 8: Descoberta


—Não me derrube.- Amy diz, ela estava se equilibrando em cima de Ian, e a impressão era que iria cair de cara no chão.

—Não pense que isso é super fácil!- Ele falou, de um jeito meio sufocado, embaixo dela.

—É melhor não conversarmos, você pode se desconcentrar.- Ela fala, se esticando de repente, para conseguir alcançar a pequena janela que estava a um palmo de sua mão.

—Eu já sou naturalmente concentrado.E me explique porque não usou uma escada ao invés de me usar?- Diz em um tom meio humorado e debochado,de repente, ele começa a sentir seu corpo inclinando para trás...- Opsss!

E os dois caem no chão. Amy cái em cima de Ian que absorve o impacto, infelizmente pra ele.

—Ai, ai, ai. Como você ficou 20 quilos mais pesada?

—É a gravidade. E a escada está trancada no galpão, que por sua vez, está trancado com um cadeado.

—Então... A janela do banheiro do andar de cima... Está trancada ou não?

—Não, mas ela é minúscula, e nem que eu emagreça 20 quilos eu vou passar por ali.

—Então... Porque não tenta ir ali de novo e chamar alguém?- Ian pergunta tentando achar outros jeitos deles entrarem. Por um lado,aquilo era bom, queria dizer que se eles não conseguiam entrar, pessoas mal intencionadas também não. Por outro, queria dizer que se as pessoa ruins estivessem dentro da mansão, como parecia estar acontecendo, elas estariam com as cartas na mão.

—Porque provavelmente não tem ninguém ali, inclusive, eu liguei para todos, e aparece uma mensagem, dizendo que os celulares estão fora de área. Eu tenho quase certeza que algo ruim está acontecendo, ou isso é uma coincidência estranha, ou usarem o bloqueador de linhas.

—Nós temos um carro, se for necessário,podemos, não sei, destruir uma parede.

—Esse é o problema, colocamos sensores nas fundações da casa, se eles forem destruídos, a polícia é automaticamente chamada. E eu achando que quando voltasse do hospital iria descansar...

—Entendo. Isso é um problema porque não sabemos quem está lá dentro. E a polícia pode piorar tudo. Quanto ao seu descanso, você já melhorou, então acho que não é tãooo necessário.

—Talvez tenha uma solução.- A garota parece pensativa e ignora a parte sobre descansar.-A questão é que os sensores irão detectar tremores fortes e médios, como bombas e explosões, mas isso não vai acontecer se cortamos a parede.

—Cortarmos com o que?- Ele diz e franze as duas sobrancelhas.

—Não lembro o nome... Aquele tipo de serra que corta até mármore, sabe?Nós provavelmente temos no galpão, já que a mansão estava em obras e Fiske queria que fizessem o menor barulho possível, então ao invés de marretas e coisas do tipo eles usavam a serra. Eu lembro que fiquei com medo porque esse tipo de coisa é muito perigosa. Porém, como eu já disse o galpão está trancado com um cadeado, e com toda essa confusão eu obviamente não peguei a chave.

—Eu estou com a chave do carro, e é a chave do Fiske... Tem umas 5 outras chaves aqui. Pode ser que a do galpão esteja junto com a do carro?

—Por que não me avisou antes? Altamente provável. Com o sistema de cartões da mansão não precisamos de muitas chaves, pelo que eu saiba, ele tem dois chaveiros um com as de gavetas e arquivos, e outro com as do carro e extras.

Os dois vão em direção ao galpão que é atrás da piscina e do lado oposto do da churrasqueira. Amy começa a experimentar todas as chaves (menos a do carro) no cadeado. Depois de pouco tempo ela experimenta uma chave dourada e pequena que faz um Clic e o cadeado se abre.

—Sorte nossa.- Ian se pronuncia.

—Vamos procurar, isso está meio desorganizado.- O galpão era pequeno em comparação com a churrasqueira, com paredes finas e um telhado de telhas vermelhas. Por dentro era apinhado de equipamentos de construção.

—Você acha que algo aconteceu com as pessoas lá dentro?- O garoto fala, depois de uma longa pausa. No meio tempo deles terem voltado do hospital, quem sabia o que podia ter acontecido.

—Eu espero que não. Acho que a maioria das pessoas sabe se defender, mas isso não é um total conforto. Eu sei artes marciais e mesmo assim quase morri, o importante agora é que entremos lá o quanto antes. Estou muito preocupada, porém não quero sofrer por antecipação.- E imediatamente, ela acha a serra e também pega um capacete e óculos de proteção.

—Uma pergunta antes de sairmos, tudo bem se não quiser responder. Por que tem aqueles remédios tarja preta em cima da sua cômoda?-Ele diz com uma voz hesitante e curiosa.

—Vou matar sua curiosidade, até porque se eu não responder você vai pensar em coisas piores. Desde a Busca eu não estive muito bem. Problemas de ansiedade, hiperatividade, insônia, as mais variadas coisas. Tem dias em que eu estou bem, tem dias que não, e nesses dias o clonazepam resolve, simples assim.- Ela diz monótona, como se sempre tivesse que explicar isso.

—Não te prejudica?

—Não.- Amy responde objetiva.

—Hmmmm.- Ian fica com um olhar vidrado olhando as paredes.

Eles voltam a porta principal da mansão.

—Quem vai usar a serra? Porque eu não sei e não quero me machucar.- Amy passa a serra para Ian.

—Eu também não sei. Mas então. E se cortarmos a porta de madeira dos fundos ao invés das paredes? Deve ser mais fácil.

—Não é só madeira , é uma camada de madeira simples, uma de ferro e uma outra de carvalho. Mesmo assim, tem razão. Deve ser mais fácil.

Eles se direcionam á porta dos fundos, dominados pelos mais diversos pensamentos.

Ao chegar, Ian coloca o capacete e os óculos, pluga a serra em uma das tomadas de fora e fica um tempo ligando e desligando, testando a potencia. Até que cria coragem e começa a apontar a serra para a porta.

—Se eu morrer, chore bastante no meu enterro.- Ele dá uma piscada e começa o trabalho pesado. Depois de uns 10 minutos de esforço a porta fica destruída com um grande buraco.- Foi mais fácil do que eu pensei! E meus encantadores dedos ainda estão em seus lugares!- Ele sussurra.

Ian passa a arma usada na perseguição para Amy, e faz sinais silenciosos para que ela entre. A garota pula para dentro com cuidado e fica segurando a arma de um jeito que atiraria em qualquer pessoa que surgisse na sua frente. Ian fica um tempo tirando o pó e uns pedaços de madeira de seu terno, e entra atrás dela.

—Nada?- Pergunta intrigado.

—Nada. Apenas um completo silencio. O que pode ser ruim.- Ela responde secamente e segura a arma com ainda mais força. Sendo massacrada pelo pavor de subir as escadas e se deparar com todas as pessoas com quem se importava mortas ou machucadas.