Uma noite misteriosa

Capítulo 3: O jantar


Eram 20:00 hrs. Amy e Dan perceberam tarde demais onde ficavam seus lugares na mesa, Ian estava a esquerda de Amy, Dan a sua direita, e a direita de Dan, Natalie. Nellie deu uma piscada para eles. ''Como você é legal, Nellie. '' Pensou Dan sarcasticamente.

A frente deles estava Alistair, que acenava gentilmente, Broderick e Jonah. Broderick e Jonah haviam chegado exatamente um minuto antes do jantar começar.

—E aí, primos? Tão legais?

—Não muito. -Dan olhou para Natalie e Ian.

—Eu percebi isso, Dan. -Natalie disse virando os olhos.

—Por que você chegou atrasado Jonah?- Amy perguntou informalmente.

—Sabe como é... Eu estava gravando minhas músicas do novo CD e fazendo um novo clipe em Nova Iorque então eu vim pra cá de avião, mas a névoa atrapalhou um pouco o jatinho então acabamos atrasando toda nossa programação. Cara, a natureza é imprevisível.

—É mesmo... – Amy concordou ao se lembrar de algumas experiências que todos eles tiveram na Busca.

—E aí, Jonah? – Dan começa a falar. Pelo o quê ela estava ouvindo da conversa aparentemente Jonah estava ''de rolo'' com uma garota de Nova Iorque. Em seguida os dois começam a conversar animadamente sobre como Jonah deveria investir numa adaptação de Godzilla. Enquanto isso, Amy fica apenas conversando com Natalie, que estava contando sobre como Ian não era muito compreensivo em relação as suas necessidades femininas, necessidades como ter muitos pares de sapatos diferentes, e a conversa nem estava tão entediante, na verdade estava bem divertida.

Comparar a antiga Natalie com a nova era estranho. Todas aquelas coisas que aconteceram na Busca pareciam fazer parte de uma outra vida. Amy se perguntava se ela que tinha mudado, ou se todo mundo cresceu e amadureceu. O bom era que ao mudar e assumir isso, você também percebe que as coisas podem mudar para melhor assim, um exemplo disso era Natalie.

Amy estava morta de fome, afinal ela só tinha comido pipoca o dia inteiro. A comida estava simplesmente deliciosa, quase tão deliciosa quanto a comida de Nellie. Amy conversou um pouco com as pessoas a sua volta. A atmosfera estava bem descontraída. Bebeu um pouco, nada demais.

Nesse momento Fiske dá batidas em seu copo e fala:

—Estamos reunidos aqui hoje como prova de que aquela frase ''a união faz a força'' não poderia estar mais correta. É difícil desistir de desejos de vingança e ódio, esquecer rixas pessoais e agir com bom senso. Nós estamos aqui simplesmente por acreditar que se nos unirmos, apesar de todos os obstáculos, conseguiremos triunfar em qualquer que seja nossa luta. Um brinde a nossa união!

Todos erguem seus copos e brindam. Amy percebe algumas pessoas um pouco relutantes. Ela olha para trás e um garoto de sua idade está encarando-a fixamente, Amy se sente estranha. Ela resolve ir ao banheiro e arruma seu cabelo que estava levemente bagunçado. Ao sair ela tropeça em Hamilton e os dois caem no chão:

—Me desculpe, Hamilton.

—Tudo bem, estou ótimo.Você parece meio tonta. - Ele se levanta e sorri. Amy percebe que havia derrubado sua bebida na blusa de Hamilton.

—Hmmmm... Melhor você trocar isso. Veja alguma camisa com tio Fiske, ok? Enquanto isso, vou avisar alguém sobre o chão molhado.

Hamilton... O que dizer dele? Com certeza se tornara muito importante na sua vida. Agora eles eram melhores amigos, e constantemente, ele ia até a mansão junto com as irmãs para passar o final de semana.

A caminho da cozinha ela encontra Drago, Lucian, um tanto desagradável. Simplesmente a definição da ignorância e arrogância. Amy até achou estranho Fiske tê-lo convidado, ele podia até ser influente mas Fiske não ''media'' as coisas assim. Ele a pára por um instante, e pergunta com irritação onde estava Fiske. Amy responde que não sabia e ele sai resmungando.

Ela deixa seu copo na cozinha e vai pegar mais bebida. Um fato sobre a mansão era o de que por fora ela parecia com a antiga mansão de Grace, mas era bem mais incrementada, a cozinha por exemplo, era bem maior e mais equipada.

Ela conversa com Travis e Eleanor, dois Madrigais que haviam sido aceitos a pouco tempo. Eles falam sobre assuntos banais por alguns instantes. O menino que antes a estava observando, chega. Travis e Eleanor o apresentam como seu filho, Henry. Henry é da mesma altura que a sua, tem olhos azuis e cabelos extremamente pretos, ele tem uma mecha de seu cabelo caída sobre o rosto. Amy percebe que ele tem uma postura diferente, como se estivesse sempre alerta, ao mesmo tempo os seus olhos pareciam realmente muito entediados. Nesse exato instante Fiske chega.

—Tio Fiske, Drago está te procurando, ele foi para lá. – Amy diz e aponta, Fiske faz uma expressão meio confusa. Ele vai naquela direção, Travis e Eleanor o seguem. Henry pede licença e vai para o salão.

Ao voltar para a mesa ela percebe que há um pouco de espumante em seu vestido, conseqüência do encontro com Hamilton, ela se apóia em uma mesa e tenta arrumar o estrago. Alistair se aproxima.

—Problemas com o vestido? - Ele diz e sorri.

—Não... Nada muito grave.

—Não é o que parece. - Ele diz, apontando para a mancha e se direciona ao banheiro. Dan chega, aquilo estava virando uma situação muito incômoda.

—Parece que você se mijou. - Ele começa a rir.

—Não tem graça. -Amy responde de péssimo humor.

—Whatever. Isso já está começando a ficar entediante, queria poder ir pro meu quarto, mas Nellie está me observando. Saco.

—Já que está chato converse com Natalie. Eu vi você olhando pra ela. Vou manter segredo, então me ajude. Segure isso... Coloque na mesa depois. -Amy entrega o copo e vai para o banheiro, enquanto Dan faz uma cara de ofendido pela insinuação.

Ela esfrega um pouco com um papel e água. O problema estava mais ou menos resolvido.

Ao voltar, ela vai para seu lugar,e começa a conversar com Ian.

—Natalie e você estão bem depois dessa história... Bem... Essa história com Isabel? - A garota sentia uma certa insegurança ao falar disso, afinal mesmo Isabel sendo uma péssima mãe ainda assim ela era a mãe dele. Sem ela, ele não existiria, e como Ian devia se sentir se ela mesma se sentia daquele jeito?

Isabel estava em regime semiaberto, pois criou uma ONG, a AjudaOperaMilagres. Um ano e meio de prisão, mais um grande quantia de dinheiro e ela havia entrado em regime aberto. Porém, ela havia fugido da prisão domiciliar e desaparecido.

—Natalie já está superando tudo isso. Eu também, acho que seria bem pior se ela estivesse conosco. Vikram, nosso pai, está no exterior, na China, um novo negócio. Acho que ele e Isabel não se vêem desde o fim da busca.

—Você sabe onde ela está?

—Eu não ligo para ela faz tempo, pelo que eu saiba, na última vez ela estava na Europa. Francamente talvez ela vá tentar algo contra nós, mas seu tio já está atento a isso. Não se preocupe. – Ele fala meio desanimado e aproveita para olhar para o rosto dela.

Amy se sente um tanto tonta com essa notícia. Era diferente imaginar que Isabel estava possivelmente livre, mas agora aquilo era uma certeza.

—Mudando de assunto, você sabe o que vai fazer daqui para frente? - Ele corta o clima pesado.

—Eu não sei. Eu não sei se eu quero ficar nesse meio dos Cahill. Eu não sei que tipo de curso de faculdade eu posso fazer ou o que eu vou fazer daqui pra frente.

—Não pensa em ir estudar em Londres? Você poderia ficar comigo e Natalie, sendo que vamos ficar lá até ela terminar o Ensino Médio. Ou ir apenas passar um fim de semana. Seria divertido. - Ele sorri, um sorriso sincero e verdadeiro, sem nenhuma intenção por trás, ou quase nenhuma.

Passar um tempo com os Kabra? Antigamente não pensaria nem por uma milésimo de segundo antes de dizer não. Mas agora... As coisas estavam diferentes, quem sabe se conviver mais com eles não traria um fim a fase de brigas pós Busca. E ela não podia dispensar uma rede de apoio, mesmo que fosse composta por pessoas tão caóticas quanto ela mesma.

Ela gole de sua bebida e sente um gosto diferente. Seguido de um estranho calor repentino. Outro gole. Algo parecia estranho. Amy percebe que está suando um pouco, seria nervosismo? Outro gole.

—Diferente. - Ela diz consigo mesma, mas Ian ouve.

—O que está diferente?

—Essa bebida, o gosto parece meio azedo. - Amy considera que sua falta de paladar para alcóol seja por ser pouco acostumada. Ian pega o copo de sua mão e o cheira e se vira surpreso para encará-la.

—Tem algo de errado nisso.