Acordei bem animada e eufórica com o dia que teria. Mesmo ainda estando receosa por hoje ser lua cheia, mas afinal o que de ruim poderia acontecer de dia? Era só eu voltar antes da lua aparecer. Resolvi escutar o conselho de Will e deixar cair as barreiras que levantei em volta de mim, se é que ainda tem alguma em pé. Não que eu fosse cair aos pés de Embry, lógico que não. Mas eu simplesmente pararia de afastá-lo e ver no que dará essa proximidade.

Me arrumo depressa e vou até o banheiro escovar os dentes e lavar o rosto, para tirar essa cara amassada de quem acabou de acordar. Desço encontrando Emily e Sam na cozinha, dou bom dia assim que me aproximo. Quando ia sentar à mesa para tomar café da manhã, escuto o barulho da porta se abrindo e um leve vento passa por mim, trazendo um aroma de um perfume forte e amadeirado, nem preciso me virar para saber quem era.

Somente de associar o cheiro com a imagem de Embry em minha mente um arrepio percorre meu corpo fazendo meu coração acelerar. — Credo, estou parecendo aquelas meninas bobas e apaixonadas que vejo nos filmes! Apaixonadas?! Oh! Céus, não acredito na comparação que fiz!

Me viro e assim que meus olhos encontram os castanhos de Embry, um sorriso surge em seus lábios.

— Bom dia Drica! — me cumprimenta vindo em minha direção, ele para em uma distância razoável de mim.

— Bom dia, Embry! — o cumprimento e enquanto ele vira para cumprimentar Sam e Emily, eu aproveito para o olhar de perto.

Embry estava muito bonito. Estava usando uma camiseta gola "v" preta com manga curtas, que apesar de estar um pouco solta na cintura, não escondia seus músculos definidos. Para completar ele estava de tênis e uma bermuda (jeans) simples, mas isso não tirou o quanto ele estava bonito e cheiroso. Os cabelos molhados denunciando que acabara de banhar, e eu me repreendi mentalmente por só jogar uma água no rosto.

— Chegou na hora, vem vamos tomar café depois podemos ir. — noto que assim que termino de falar ele fica sem graça e parece hesitar. Desde quando Embry Call rejeita a comida da Emily?!

— Bom... É que pensei que... talvez pudéssemos fazer um piquenique, antes de começarmos com a moto. — Embry diz hesitante e baixo. Inclino levemente a cabeça para o lado o analisando. Droga, será que ele estava me chamando para algum tipo de encontro?!

"Qual é Drica?! Você praticamente disse que daria uma chance ao garoto, e agora vai amarelar?" — minha mente me acusa, franzo a testa com tal pensamento.

— Quem fez a comida? — questiono e Embry me olha um pouco tenso.

— E-Eu?! — responde em tom de pergunta, hesitando.

Corro o olhar sobre o garoto, a minha frente e depois sobre a mesa do café da manhã, tinha tanta coisa gostosa. Levo minha mão pegando um bolinho, se a comida não estivesse boa pelos menos não ficaria com fome. Embry me olha com as sobrancelhas levantadas.

— Obrigado pelo voto de confiança. — Embry diz fingindo estar ofendido, ou não. Olho Emily e Sam que nos encaram com certo divertimento no olhar. Emily me olha com um pedido silencioso para dar um voto de confiança a Embry. Volto o olhar ao garoto na minha frente soltando um suspiro, decido relutante deixar o bolinho para trás.

— É bom que esteja gostoso, eu fico de péssimo humor quando estou com fome! — solto contrariada por não poder levar o bolinho de Emily.

— Acredito que consigo lidar com seu humor ácido! — Ele diz em tom de brincadeira e parecia menos tenso.

— Ei! — digo indignada enquanto escuto a risada de Emily e Sam. — Vamos logo então, estou com fome!

Assim que vou em direção a Embry para podermos ir, Paul entra nos olhando com um olhar cheio de malícia e um sorriso zombeteiro no rosto. Como odeio esse idiota!

Ah como eu ia adorar ver esse imbecil apaixonado por uma garota que não está nem aí para ele. Eu ia amar ver seu ego lá em baixo!

Passo por ele fazendo sinal com o dedo e puxo Embry que apenas ria pela minha leve irritação.

— É melhor para de rir, ou então, eu fico por aqui mesmo! — digo e o vejo tentando controlar a risada.

— Tudo bem mais foi engraçado. — o olho com a minha melhor cara de brava e ele levanta os braços em rendição. — Ok, não está mais aqui quem falou!

Ele sai e vou seguindo até ele parar e abrir a porta do carro. Carro?! Mas ele não ia me ensinar a pilotar a moto? Ele parece notar a confusão em meu rosto.

— Jacob, me emprestou. Seria mais fácil para levar a comida. — ele diz e eu apenas aceno que entendi.

Olho no carro e vejo no banco de trás uma cesta enorme, vale ressaltar, ali caberia a comida para todos os garotos que vão à Emily, filar a comida dela. Entro me sentando no banco passageiro da frente, e logo Embry fecha a porta dando a volta e sentando ao meu lado. É o cavalheirismo ainda não morreu!

Seguimos em um silêncio meio constrangedor. A cada segundo que passa eu fico mais convicta de que aquilo era um encontro, e não uma simples ajuda para aprender a pilotar a moto que, aliás eu nem sei se estaria lá.

Desperto de meus devaneios assim que Embry abre a porta me fazendo perceber termos chegado. Desço e olho em volta, o lugar é lindo. Tem uma vista incrível para o mar e muitas arvores dando indicio que a floresta está bem próxima. Fecho os olhos respirando fundo e devagar, sentindo a sensação de paz que aquele lugar transmite.

— Que lugar lindo! — digo assim que abro os olhos contemplando aquela vista novamente.

Procuro Embry que estava próximo a mim, mas não o encontro. Começo a procura em volta e o encontro próximo a uma árvore esticando uma manta xadrez que provavelmente estava na cesta porque eu não havia visto. Me aproximo o vendo colocar várias coisas sobre a manta.

— Er... não sabia o que iria querer então fiz brownie, hot dog, sanduiche natural, torta de maçã, panquecas e waffles. Ah! Tem calda e frutas, também fiz suco de laranja. — Embry diz rápido e me olhava meio tenso.

Desvio o olhar dele para a comida, tinha muita coisa ali. A comida estava com uma cara ótima e o cheiro melhor ainda, o que me fez questionar se foi ele mesmo que fez isso.

— Você chegou a dormir noite passada ou passou a noite cozinhando? — questiono e vejo ele relaxar o corpo enquanto sorri.

— Eu dormi, sim. Apenas acordei mais cedo para preparar tudo. Não vou mentir, minha mãe me ajudou com a torta de maçã mais foi só. Vem já terminei de arrumar aqui. — ele diz e eu me sento admirada por ele fazer aquilo tudo.

— Não fiz chá porque sei que detesta. — Embry diz me fazendo ficar surpresa, pois, a única vez que mencionei que detestava chá foi para Emily quando tinha no máximo uns dois dias que cheguei aqui, Embry nem estava próximo a mim. Ele estava na sala enquanto eu ajudava Emily na cozinha. — Hm... eu trouxe também uma garrafa com café. Forte e sem açúcar.

— Você daria um bom detetive. Como sabe tudo isso sobre mim? — questiono confusa e curiosa.

— Eu apenas presto atenção nos detalhes. Notei que toda vez que você fazia o café era sempre forte e sem açúcar. E bom... a cara de satisfação que você faz quando toma o café sem açúcar, não tem como não notar. Então, café ou suco?

— Café. Eu preciso de cafeína, é como um combustível para mim. Não dou um passo sem ela. — digo o fazendo rir.

Pego um brownie ainda com um pouco de receio se estaria bom como o cheiro ou se teria que fingir que gostei. Quem quero enganar? Ficará na cara se estiver ruim, não sei fingir.

Mordo um pedaço devagar me surpreendendo com o sabor. Está realmente delicioso!

— Minha nossa! Isso aqui está muito bom! Tem certeza que foi você quem fez? — questiono me deliciando com o pedaço de brownie. Ele apenas afirma que sim, rindo da minha reação. — Onde aprendeu a cozinhar assim?

— Minha mãe me ensinou, disse que só porque sou homem não quer dizer que eu não posso aprender a cozinhar e ajudar nas tarefas de casa. — ele fala meio sem graça e coçando a nuca.

— Já gostei dela. — digo me servindo do suco após ter me desperto com minha amada cafeína.

— Sei que ela também vai adorar você! — assim que escuto isso o suco que estava tomando volta tudo me fazendo cuspir, e quase... por pouco não acerto bem na cara de Embry. — Desculpe, cedo demais?

Eu o encaro o olhando de maneira questionadora. Em que momento aquilo virou um encontro como se estivéssemos namorando que eu não percebi.

— Cedo demais. — ele sussurra afirmando e olhando a paisagem com o olhar distante.

Ficamos em silêncio um tempo, um silêncio constrangedor vale ressaltar. Ele me olhava de canto de olho meio hesitante. Parecia estar em uma batalha interna.

— Deixou seu amado café de lado? — ele finalmente fala se virando de frente para mim, um pouco constrangido ainda.

— Bom... não quero parecer rude... — começo dizer e ele me olha de maneira questionadora com a sobrancelha levantada, bem aquela que ele tem uma cicatriz por cima, que lhe dá um certo charme. — Tudo bem, eu não ligo se eu for rude. — digo enquanto ele relaxa a expressão — Mas é comida, e eu quero experimentar um pouco de cada um.

— Está vendo?! Não sou tão ruim assim. — ele fala me fazendo lembrar querer trazer um bolinho de Emily.

— É dá engolir. — falo como se não fosse nada. E ele me olha desacreditado. — Tudo bem, presta atenção porque não vou repetir. O café da manhã está uma delícia! Você leva jeito na cozinha.

— Você adorou minha comida! — ele diz alegre.

— Idiota! — resmungo revirando os olhos para ele que sorri mais ainda.

— Drica? — me chama — Posso fazer uma pergunta?

— Você acabou de fazer!

— Larga de ser engraçadinha, estou falando sério!

— Ok, pergunta.

— Qual é o seu problema com o Paul? — questiona visivelmente interessado.

— Tem certeza que quer falar do Paul? — pergunto confusa.

— Eu só quero entender essa implicância de vocês. Toda vez que se encontram parecem cão e gato. Um implicando o outro.

— Ele me irrita! O ego enorme dele me irrita. — solto um suspiro enquanto Embry me olha me incentivando a continuar. Bufo, me perguntando mentalmente, como ele conseguia tirar as coisas com tanta facilidade de mim? — Me irrita pessoas que se acham melhores do que outras, apenas por se acharem mais bonitas, ou terem mais dinheiro, inteligência ou o que for. Acredito que ninguém é melhor que ninguém. E o imbecil, se acha o gostosão. Como se isso bastasse para algo!

— Então, você não olha se a pessoa é bonita ou não?

— Já disse o quanto você é irritante? — ele afirma e apenas bufo revirando os olhos.

— Então? Olha ou não olha? — ele insiste na pergunta.

— Não digo que não olho, porque todo mundo olha. Não gosto de mentir, mas uma pessoa não se resumi em ser ou não bonita. Do que adianta ter toda uma beleza, se a pessoa não tem cérebro, caráter entre outras coisas.

— O Paul pode ser aquele, cara irritante na maioria das vezes, mas ele é um, cara legal. Ele usa aquele jeito dele como uma armadura para afastar os outros. A mãe dele foi embora e o abandonou quando ele ainda era pequeno. — Embry conta e sinto um aperto no peito por sempre pensar mal dele. — O pai se tornou um alcoólatra após ser abandonado e não é só isso. Ele descontava toda a frustração dele, no filho o espancando quando criança.

A cada palavra eu ficava mais chocada e me repreendia por ser tão rude com ele.

— Ele mantém essa pose de não preciso de ninguém, por que creio eu que, ele tenha medo de se aproximar, apaixonar e ser abandonado ou rejeitado.

— Por que está me contando isso? — questiono confusa.

— Porque quero que vocês se deem bem. Que sejam amigos!

— Por que você quer isso? Aliás, porque é tão importante para você eu ser amiga dos seus amigos? — questiono me lembrando que desde que cheguei Embry se esforçava o máximo para me fazer sentir entrosada com todos.

— Por que nós todos somos como irmãos, e bem... eu gosto de você! — ele diz chegando mais perto de mim e levando a mão em meu rosto fazendo um carinho ali.

Sinto meu coração disparar com o simples tocar de sua pele na minha. Embry é quente! Não tão quente como Léo comentou, mas ainda sim, quente. Fecho os olhos engolindo em seco pela aproximação.

— Embry... — sussurro abrindo os olhos e o vendo afastar com o semblante um pouco triste. Droga!

— Estou indo rápido demais? Desculpe. Sei que disse que esperaria o seu tempo e esperarei. — ele disse meio rápido sem me olhar.

— Não é isso, é que... — começo e Embry me olha com um brilho no olhar que faz meu coração se aquecer. — Eu tenho um segredo, Embry. Segredo este que me trouxe muitos problemas e confusão. E eu não posso te contar, sinto muito.

— Todos temos segredos, Drica.

— Eu sei. — Mas não igual o meu! Acrescento mentalmente. — Podemos começar com a moto?

Digo e ele parece entender que eu não quero falar disso. Embry se levanta e me ajuda a levantar, me guiando onde a moto estava parada que eu ainda não havia notado.

— Aqui, vou te ajudar a subir. — Embry diz e eu monto na moto e ele me ajuda a segurar ela. — Aqui é o acelerador, a embreagem... — ele começa e eu o olho indignada. — A certo, você sabe. Então que jeito posso te ajudar?

— Como sei a hora certa de acelerar e soltar a embreagem? — questiono e ele sorri.

— Você começa soltando a embreagem devagar. Liga a moto que eu te explico. — logo fiz o que ele disse. — A moto está em ponto morto, agora você puxa a embreagem e engata a primeira. Sabe onde é a marcha? — questiona e faço sim, já colocando a primeira marcha. — Bom agora, você solta a embreagem devagar até a hora que você sentir a moto começar a tremer de leve.

— Ok. — Assinto fazendo exatamente como falou. — E agora?

— Você sabe onde é o freio, certo? — reviro os olhos e assinto. É lógico que sei, eu entendo de mecânica! — Então agora que ela está tremendo de leve, você pode acelerar e soltar o restante da embreagem devagar. Para trocar de marcha tem que apertar a embreagem. Qualquer coisa freia e coloca o pé no chão.

Olho Embry que me dá um sorriso confiante e eu apenas suspiro tomando coragem para começar. Faço do jeito que ele disse e dá super certo, eu estava pilotando a moto. Até que era bom, olho pelo retrovisor e vejo Embry sorrindo orgulhoso.

Resolvo parar, para depois virar a moto. Péssima ideia! Só escuto Embry gritar que "não" e depois eu já estava no chão.

Droga!

Tento levantar, mas a moto está por cima da minha perna. Quando vejo Embry, já pegou a moto e tirou de cima de mim, me ajudando a sentar.

— Está tudo bem? Se machucou? — perguntou com a preocupação bastante nítida na voz.

— Estou bem! Apenas me desequilibrei. — digo constrangida.

— Você não desequilibrou, você escorregou na areia. Por que parou ali? — questiona me olhando e procurando algum sinal de machucado. — Isso é sangue? — pergunta olhando meu cotovelo.

— Eu queria parar, para depois virar com a moto. — digo e olho para ver do que se trata e vejo meu braço com sangue. Embry me carrega, embora eu pudesse andar, de volta ao lugar do piquenique. E tira de dentro da cesta uma maleta pequena de primeiros socorros e eu o olho indignada. Como assim, ele já esperava que eu fosse me machucar?!

— Você já esperava que eu me machucaria? — questiono ainda bastante indignada.

— Não é que eu esperava, é mais por precaução. Geralmente quando estamos aprendendo a andar de moto, nos machucamos. Eu mesmo machuquei a perna e o braço quando aprendi. — Ele diz pegando um soro e molhando uma gaze.

Observo o cuidado que ele começa a limpar devagar o meu braço, desfazendo toda raiva e indignação que tinha com o mesmo. Como eu poderia ficar com raiva, quando ele cuida do meu braço com tanto carinho e cuidado. Quando ele termina de limpar, ele me olha confuso.

O que me faz olhar meu braço, que estava normal. Eu havia sentido uma dor seguida de um ardor assim que cai, então como não tem nenhum machucado e nenhum arranhão?

— Como? Com a quantidade de sangue que tinha, no mínimo teria um corte! — Embry questiona confuso.

— Não sei, talvez o sangue nem fosse meu. Talvez eu tenha esmagado algum animalzinho ou inseto quando cai. — digo confusa olhando o meu braço. — Vamos de novo?

— Quer tentar de novo? — questiona.

— Quero — digo levantando.

— Tudo bem. Mais dessa vez eu vou na garupa para te ajudar quando for virar. — ele diz já me acompanhando de volta onde estava a moto.

Passamos a manhã toda e um pouco do início da tarde andando de moto. No começo, eu tinha dificuldade na hora de virar, mas Embry me ajudou e agora posso dizer que estou bem melhor! Ele nem precisa mais colocar o pé no chão para impedir de cairmos.

Tenho que admitir, Embry é um ótimo professor.

— Temos que comer algo, já passou da hora do almoço. Você quer ir em algum restaurante ou ir à Emily para almoçarmos? — Embry pergunta me olhando.

Penso um pouco e olho em direção a cesta. Ainda tinha bastante comida ali.

— Podemos ficar por aqui mesmo, você fez muita comida e aqui é bem tranquilo. Gosto daqui. Sem falar que a vista é linda! — digo olhando a paisagem.

— É mesmo muito linda! — ele diz e quando viro para o olhar, vejo ele me olhando. Percebo que ele que se referia a mim ao invés da paisagem, o que faz com que eu fique provavelmente corada.

Seguimos em silêncio até onde estava a cesta, peguei meu celular que deixei ali e vejo que já são duas horas da tarde. Nem percebi, como o tempo passou rápido.

Embry é um garoto doce, atencioso e tem um carisma invejável. Além de ser dono de uma beleza rara. Uma beleza por dentro e por fora. Então o que cargas d'água ele viu em mim?

Comemos em silêncio. Nós nos olhamos ocasionalmente, mas estamos cada um imerso em pensamentos. Até Embry se aproximar levantando a mão e ao que parece limpou algo no canto da minha boca.

— Estava sujo. — ele diz simplesmente tirando a mão devagar, me fazendo desejar sua mão quente sobre minha pele novamente.

Levo minha mão em seu rosto o contornando de leve, começando pela cicatriz acima da sobrancelha descendo devagar até seu queixo. Embry assim que toco seu rosto fecha os olhos automaticamente.

— Quando? — sussurro e ele abre os olhos confuso. — Quando foi que você começou a gostar de mim? — questiono ainda sussurrando e tiro a mão do seu rosto devagar e desvio o olhar.

— Sei que pode parecer estranho, mas... — ele para um pouco e parece hesitar. Me fazendo o olhar de novo. — No dia que eu te encontrei na praia.

— Mas você nem me conhecia. Então, você acredita nessa magia do imperti sei lá o quê... nessa lenda de amor à primeira vista? — questiono e percebo ele ficar um pouco tenso.

Vejo ele fechar os olhos um instante e soltar um suspiro antes de me encarar novamente.

— É muito mais do que acreditar... — ele começa parecendo querer escolher as palavras. — Eu senti algo mudando assim que olhei nesses olhos tão azuis como o oceano. E sinto toda vez que os vejo. — Embry se aproxima trazendo a mão no meu rosto. — Sei que sente algo por mim, e também sei que está confusa com o sente. Acredito que tenha percebido que eu não só gosto de você... — ele diz e meu coração acelera com medo do que vem a seguir. — Estou apaixonado por você Drica!

Meu coração acelera mais se é que ainda é possível tal feito. Deduzir que ele está apaixonado e ouvir isso da boca dele é totalmente diferente. Torna tudo mais real.

— Eu não quero te assustar, nem nada. E muito menos te forçar a nada, longe de mim, fazer algo assim. Só peço uma oportunidade de te mostrar o quanto posso te fazer feliz. Quero ser seu porto seguro, alguém que você recorra quando precisar. Alguém para te amar e cuidar. Quero ser essa pessoa, ser seu amigo quando precisar. Ser seu amor. — sinto sua mão descer do meu rosto indo até minha nuca. Ele se aproxima colando nossas testas me fazendo fechar os olhos após sentir seu hálito quente sobre meu rosto. — Me deixa ser essa pessoa. — ele por fim sussurra suplicante.

Sinto como se meu coração fosse sair pela boca, a qualquer hora.

— Eu tenho medo. — sussurro abrindo os olhos e encarando os chocolates a minha frente. — Tenho medo do meu segredo te afastar.

— Não tem nada que me faria afastar de você. — Embry se afasta um pouco e segura meu rosto em suas mãos. — A não ser que seja isso que você queira. — ele completa com um misto de dor, como se só de imaginar essa possibilidade ele sentiria a pior dor do mundo.

Olho Embry um pouco, ponderando o que devo fazer diante de tudo que ele disse. Ah! Que se dane! Eu sempre tomo as melhores decisões quando ajo por impulso.

Levo minhas mãos em sua nuca o puxando e selando nossos lábios. Embry parece surpreso, mas logo volta a si e começa a retribuir. Os lábios macios e quentes em contato com os meus, fazia como se tivesse uma descarga elétrica passando por todo meu corpo. Assim que nossas línguas se encontram sinto suas mãos descerem do meu rosto para minha cintura, o sinto me puxando para junto de si.

O chocar de nossos corpos, faz meu corpo enrijecer e arder de desejo. Como isso era possível? Apenas um toque de Embry e eu sentia coisas que nunca imaginei ser possível sentir.

Ainda bem que estamos sentados porque sinto minhas pernas tremerem mais que maria mole. Sinto o ar começando a me faltar, e me separo relutante de Embry puxando folego. Embry, por outro lado, não para os beijos descendo para o meu pescoço me fazendo arfar com cada toque e cada carícia. Mordo o lábio para abafar um gemido involuntário que me escapa pela boca.

O que faz o que Embry pare a carícias e me olha com um sorriso encantador no rosto!

— Então, isso quer dizer um sim. — seus os olhos brilham de um jeito diferente e amei ser a responsável por tal brilho. — Quer dizer que você me deu uma oportunidade? Que estamos namorando?

— Não me lembro de ter ouvido nenhum pedido! — digo o olhando com um sorriso divertido no rosto.

— Não seja por isso. Adriana Chadwick... — faço uma careta assim que escuto meu nome completo. — Drica Chadwick, — Embry corrige com um sorriso no rosto — aceita ser minha namorada?

— Hm... — finjo pensar e o garoto na minha frente começa a ficar um pouco tenso. — É claro que sim, só me prometa uma coisa.

— O que quiser.

— Me prometa que se um dia eu te contar meu segredo você não vai se afastar ou se aproveitar do segredo em questão. — digo com o olhar suplicante.

— Já disse que o único motivo que pode me afastar é se você pedir isso. Então, sim, eu prometo. Segredo nenhum vai me afastar de você, e eu não sou o tipo de cara que se aproveita de algo. Por falar em segredo, quero te mostrar algo, mas não pode ser aqui... — ele começa apreensivo, e eu me pergunto o que será que ele quer me mostrar que o deixou nervoso de repente. — Pode ser depois que voltarmos à casa da Emily?

— Pode sim.

— Eu trouxe toalha e pedi a Emily para pegar uma roupa para você. Se quiser podemos ir nadar, sei que gosta de nadar no mar. — Embry diz, talvez querendo tirar a tensão que ficou no ar... o que não adiantou porque agora quem ficou tensa fui eu.

— Sabe o que é... — começo tentando disfarçar o quão a simples menção de ir para o mar, na frente dele, me abalou. — Não estou muito afim de nadar agora não. — quando vejo que ele ia questionar, faço algo que nunca imaginei na vida que faria. — Podemos fazer algo muito melhor que nadar, não acha? — digo com uma voz sedutora que eu nem sabia ter.

— T-Tipo o quê? — Embry gagueja enquanto eu faço desenhos de círculos em seu peito enquanto encaro aqueles olhos chocolates.

— Tipo isso. — Me aproximo mais devagar fazendo menção como se fosse o beijar, roçando nossos lábios e logo em seguida afasto com um sorriso divertido no rosto e me levanto e saio correndo em direção a trilha que leva ao penhasco. Assim que Embry percebe o que fiz, vem correndo atrás de mim, gritando um "isso não se faz!".

Começo a rir e sinto meu corpo começar a amolecer. Era sempre assim, se eu risse demais meu corpo todo amolecia me fazendo cair se não tiver nada em que possa segurar. Quando penso que cairei sinto um corpo se chocar com o meu e logo estamos no chão, comigo por cima de Embry que até caindo ainda é um cavalheiro e conseguiu me puxar para junto de seu corpo antes que chegasse ao chão.

Levanto um pouco constrangida pela proximidade um tanto quanto constrangedora. Embry levanta também rapidamente e parecia preocupado.

— Você está bem? Eu te machuquei? — pergunta olhando se eu tinha algum arranhão.

— Estou bem! Na verdade, você me salvou de dar com a cara no chão. — digo e ele me olha confuso. — Eu meio que tenho uma coisa se eu rir demais e meu corpo amolece me fazendo ir de cara no chão.

— Ah então é por isso que você quase não sorri e fica de cara fechada. — ele diz em tom brincalhão.

— A cala a boca! — digo dando um leve empurrão nele com o ombro. Embry para e começa a olhar em volta com se tivesse escutado algo, me deixando um pouco apreensiva.

— Algum problema Sam? — questiona assim que Sam aparece com Paul e Jared.

— Precisamos de você, leve a Drica para casa e nos encontre próximo ao território dos Cullen's. — Sam fala para Embry.

— A Emily está com Sue, por que você não liga para Kim para vocês duas fazerem algum programa de garota. — Jared fala com a voz séria, o que é estranho, pois o mesmo tem sempre um tom de voz brincalhão e zombeteiro.

— Tudo bem, chegando lá ligo para Kim. — digo e o vejo relaxar um pouco. O que será que está acontecendo?

Sem dizer nem mais uma palavra os três vão embora. Embry e eu voltamos ao lugar onde estavam nossas coisas. O ajudei a guardar tudo e rapidamente já estávamos no carro indo em direção a casa de Emily e Sam.

Embry não disse uma só palavra, ele parecia preocupado e eu cada vez mais confusa. Assim que paramos em frente à casa me viro o encarando.

— Embry, o que está acontecendo? — questiono.

— Explico tudo, assim que eu voltar. Prometo. — Embry responde. — Agora liga para Kim como Jared sugeriu, para assistirem a um filme aqui, ou conversarem. Assim que terminar com Sam venho direto para cá.

Embry sela nossos lábios em um beijo terno e calmo, separamos com um selinho demorado e relutante Embry me solta descendo do carro e logo abrindo a porta me ajudando a descer.

Logo que entro em casa, vejo Embry entrar na floresta e desaparecer entre a mata.