Sentir Aziraphale entre seus braços deixava Crowley extremamente contente. Conseguir reonhecer cada curva que formava o corpo dela o fez sorrir naquela manhã, mesmo que uma chuva torrencial caísse do lado de fora. Seus dedos desenharam movimentos circulares na curva de seu quadril, subindo até as costelas e parando por ali um pouco mais.

—Parece que vamos ficar por aqui hoje - ela comentou, preguiçosamente.

—Eu não me importo - ele respondeu, beijando o ombro dela wm seguida.

—Eu sei que não, finalmente vai ter o que queria - ela comentou.

—E o que eu quero, sra. Crowley? - ele beijou suas costas.

—Que eu fique o dia todo aqui com você - Aziraphale riu, o fazendo sentir a reverberação de sua risada em seu corpo.

—Leu meus pensamentos - ele se virou para encará-la de uma vez, a beijando apaixonadamente.

—Está bem, acho que é um pedido plausível - ela deu um tapinha nos braços dele enquanto se segurava ali - afinal, está chovendo lá fora, embora, eu tenha um bom motivo para levantar.

—O que seria melhor do que estar nos braços do seu marido? - ele a abraçou a puxando para mais perto, beijando o alto de sua cabeça, sentindo os cachos bagunçados fazerem cócegas em seus lábios.

—Se o meu marido fosse um pouco mais humilde - Aziraphale deu uma risadinha, em tom de brincadeira - mas falando sério, de repente eu senti vontade de comer biscoitos caseiros amanteigados, com gotas de chocolate e um toque de baunilha.

—Uau, anjo, isso foi muito específico! - Crowley assobiou.

—Me diga que não sentiu água na boca, hein? - ela lhe deu uma cotovelada leve e amigável.

—Acho que sim, não sei, eu posso pedir isso no serviço de quarto, se não se importar - ele ponderou, disposto a ageadar a esposa, mesmo com ela surgindo com um pedido tão repentino, estranho e inusitado.

—Ah não, não, meu querido, não se dê ao trabalho - Aziraphale pôs uma mão em seu peito, o impedindo de se levantar - aí é que está, por mais que eu queira os biscoitos, eu também quero fazer por mim mesma, nada feito por outra pessoa.

—Tudo bem, anjo, isso foi muito específico - foi a vez dele de tocar os braços dela - tem certeza de que não tem um motivo pra você ter esse tipo de vontade? Estou só curioso...

Ele também estava preocupado com ela, mas se expressar claramente daquela forma ainda o assustava um pouco.

—Ah eu não sei, me veio essa ideia de repente, talvez eu só queira adicionar uma coisa boa a algo que já está sendo muito agradável - ela se explicou de forma tipicamente entusiasmada.

—Está bem, meu anjo, se é o que você quer, talvez a cozinha da estalagem te deixe cozinhar - Crowley ponderou.

—Talvez, acho que posso fazer isso mais tarde - ela respondeu, se aconchegando ao peito dele novamente, mas soltando um bocejo.

—Você está cansada? - seu marido perguntou diretamente.

—Agora que mencionou, eu estou um pouco cansada sim - Aziraphale disse entre um outro bocejo - mas tenho certeza que não é nada, pode ser o cansaço da viagem.

—Cansaço da viagem... - Crowley murmurou de volta, mais um pouco preocupado, pensando onde tinha visto cansaço e apetite repentino antes.

A chuva finalmente deu uma trégua e com a partida dela, chegou o ânimo e vontade de sair para uma caminhada em casal. Andar pelas Highlands verdejantes lado a lado com braços entrelaçados dava a sensação de pertencimento satisfatória a Crowley e Aziraphale. Não importava onde estavam, contanto que estivessem juntos. Eram o lar um do outro, embora a livraria em Soho fosse a demonstração física para seu lar onde seu amor desabrochava.

De volta a Soho, Aziraphale cumpriu seu desejo dos biscoitos, compartilhando a fornada com seu marido e sua jovem inquilina.

—São uma delícia! - Muriel disse encantada.

—Perfeitos como sempre, meu amor - Crowley elogiou, chegando até mesmo a dar um sorriso.

—Vocês tem certeza? - ela disse depois de uma mastigada - tudo me parecia tão certo, os ingredientes eram de qualidade, eu coloquei as medidas certas, mas ele está horrível! Eu devo ter perdido a mão, eu só não sei como, eu... eu... me tornei uma cozinheira fracassada... e eu nem sei como...

De repente, ela desatou a chorar, fungando e se debruçando no ombro de Crowley. Ele apenas ergueu as sobrancelhas em confusão, olhando para Muriel, que parecia tão desesperada e perdida quanto ele.

—Aziraphale, está tudo bem - Crowley deu tapinhas de consolo em suas costas - os biscoitos estão ótimos pra nós.

—Magníficos, com certeza! - acrescentou a inquilina deles, com entusiasmo.

—Mas por que eu não consigo sentir isso? - ela ergueu a cabeça para olhar para ele, completamente questionadora.

—Talvez aconteceu alguma coisa com seu apetite? - Muriel chutou.

—Bom palpite - Crowley assentiu para ela.

—Mudanças na forma corpórea podem significar várias coisas - ela continuou - algo em você está mudando e provocou essa reação.

—Mas o que pode ser? Eu não fiz nada de diferente... - Aziraphale ponderou e deu um longo suspiro cobrindo a boca, ao deduzir uma possibilidade.

—Anjo? Anjo, o que foi? É algo grave? - Crowley olhou para ela em busca de respostas.

—Eu me lembrei de uma coisa, eu notei uma coisa, quer dizer, eu já vi sintomas assim em mulheres humanas, mas em um anjo em forma feminina, eu não achei que seria possível... - ela olhou para ele, com mais calma.

—E o que é que acontece quando elas sentem isso? - ele questionou com msis ênfase.

—Tem uma coisa, eu preciso fazer um teste para saber se é o que eu estou pensando - Aziraphale murmurou mais para si mesma do que para o marido, já em direção à porta, querendo sair com pressa.

—Teste de quê? - Crowley gritou atônito para ela.

—Gravidez - ela disse em tom grave, se dirigindo para a farmácia mais próxima.

Ao ouvir a palavra, Crowley perdeu o equilíbrio, escorrendo para trás como se pisasse em sabão. Seus sentidos o deixaram e tudo ficou escuro. Ele não teve tempo de perceber Muriel o encarando em confusão, sem saber ao certo o que fazer