Mesmo assustada com a possibilidade vigente, Aziraphale se comprometeu a ir até o fundo disso tudo e conseguir a resposta que queria de uma vez por todas.

Com uma mão tremendo, ela tomou a maior quantidade possível de água, deixou a natureza de sua forma corpórea fazer seu trabalho e então, esperou que o resultado do teste. Duas linhas claras, positivo. De alguma forma que ela não conseguia compreender, estava gerando um bebê, em breve se tornaria uma mãe.

Sua mente a levou até todas as vezes que tinha visto uma mãe com seu filho. Ficava admirada como um relacionamento desses podia ser fofo e profundo ao mesmo tempo. Ela nunca tinha sido responsável por ninguém diretamente daquela forma antes. Talvez, nem tanto assim, ela tinha acompanhado Warlock, e depois Adam, tinha dado à espada à Adão como uma forma de proteção, tinha se apegado a Muriel em tão pouco tempo, se tornando responsável por ela, assim como... uma mãe faria.

Talvez a missão de Aziraphale fosse ser responsável por algo, mas não como arcanjo, mas não pelo Céu, mas sim de sua própria criança. De repente, ela se sentiu privilegiada. Deixou que o susto fosse embora, sendo substituído por felicidade. Era uma criança inesperada, mas ela a queria.

No entanto, não era apenas seu filho, era dela e de Crowley. Pensar na reação dele a deixou preocupada. Tinha que voltar o quanto antes para casa para ver como ele estava.

Tamanho foi o susto de Aziraphale ao ver o marido no chão, com Muriel tentou acordá-lo desesperadamente.

—O que aconteceu? - a sra. Crowley perguntou?

—Ele desmaiou assim que ouviu gravidez - ela explicou - é assim que os humanos nascem, não é? Quer dizer que vocês dois vão ter um bebê?

—Nós vamos - Aziraphale conseguiu sorrir, mesmo em meio à preocupação, ela então se voltou para o marido - Crowley, meu querido, por favor, acorde

Ela tocou seu rosto lhe dando tapinhas, até que ele reagiu lentamente, se levantando.

—O que é que aconteceu? Eu lembro que a gente estava falando alguma coisa sobre gravidez... - ele murmurou - você tá... sabe...

—Eu não quero assustá-lo, mas é verdade, não tem como não ser direta sobre isso - ela suspirou - o teste deu positivo, eu estou esperando nosso filho.

—Mas... como é que isso é possível? Sabe é que nós somos dois seres espirituais, é claro que nós temos essa casca física, mas eu não achei que fosse possível... - ele tentou achar uma explicação.

—Acredite, eu estou tão surpresa quanto você, mas eu quero essa criança, Crowley, eu sou a mãe dela - sua esposa insistiu.

—O que faz de mim o pai, pai... - a palavra teve um peso maior na sus mente, o deixando em silêncio, o fazendo procurar a cadeira mais próxima, se sentando ali, em completo estado de choque.

Aziraphale se compadeceu de seu estado e se ajoelhou na frente dele, tocando seus joelhos.

—Crowley, eu sei que não planejamos, mas vai dar tudo certo, porque nós temos um ao outro - ela segurou a mão dele entre as dela.

—Eu... eu não sei se eu posso ser pai - ele confessou, abatido - eu sou uma manifestação de maldade e caos, uma criança não merece isso como pai.

—Não, você não é nada disso - ela assegurou, com mais firmeza - eu me casei com alguém muito diferente do que você acabou de descrever, eu confio no meu marido pra ser um bom pai, se você ainda não tem confiança, eu vou confiar por nós dois.

—Ah anjo... - ele enxugou as lágrimas dela que surgiram, comovido com tudo que tinha ouvido - eu não mereço você...

—Não me importo, eu amo você, e eu amo nosso bebê - ela garantiu com bravura.

Disposto a aceitar o que a vida inefavelmente tinha confiado a eles, Crowley a abraçou e beijou seus lábios delicadamente, deixando cair algumas lágrimas também. Não era o que esperavam, mas ali estavam os dois, juntos. Aprenderiam a ser pais com o apoio um do outro.

Depois de entenderem e processarem as notícias, surgia depois disso algumas preocupações pertinentes. Era claro que Aziraphale precisaria de algum acompanhamento médico, afinal, alguém competente teria que fazer o parto da criança quando a hora chegasse, e segundo, algum espaço da livraria teria que ser preparado para ser o quarto do bebê e terceiro, coisas que o bebê precisava teriam que ser compradas.

—Você precisa de um médico – Crowley afirmou depois de um tempo.

—Tem certeza? Mas eu me sinto ótima! – afirmou Aziraphale, chegando a acrescentar um sorrisinho ao terminar de falar.

—Foram seus sintomas que nos fizeram saber dessa situação em primeiro lugar – ele continuou argumentando – o que quer dizer que não, você estava se sentindo fora do comum e portanto precisa de um acompanhamento especializado.

—Tudo bem, eu concordo, mas eu não sou humana, minha forma corpórea pode ter características humanas, mas... – ela parou de falar de repente.

—Mas o que? – ele perguntou, preocupado.

—Não há precedentes para a nossa situação, nós não sabemos como esse bebê vai se formar, ou nascer, ou como ele vai ser – foi a vez dela ponderar – é uma criaturinha feita por dois seres não humanos... talvez precisemos de um acompanhamento não humano...

—Não humano... o que você quer? Que o Doctor Who seja seu médico? Eu insisto num médico de verdade! – ele insistiu.

—Calma, eu só estou conjecturando, é que é tudo tão confuso... – Aziraphale suspirou.

—Me desculpe, eu não queria... ser sarcástico, é só que a situação é delicada – ele se desculpou.

—Eu sei, está desculpado – ela sorriu – tudo bem, tudo bem, nós podemos consultar um médico humano, mas se algo parecer estranho, eu pensei que a Anátema pode nos ajudar.

—Anátema... – Crowley repetiu o nome de forma pensativa, com uma mão no queixo – claro, faz sentido, podemos consulta-la sim.

—Muito bem, parece que temos um plano, vamos à procura de um médico – ela bateu palmas de animação e andou graciosamente até o telefone, vasculhando as páginas amarelas atrás de um bom médico.