Foi ideia de Crowley partirem para a Escócia para que tivessem uma lua de mel mais adequada. Agora que a preocupação principal tinha sido resolvida, ele sentia que havia muito mais tempo e com ele, a oportunidade, de resignificar o local. Aziraphale o tinha feito caminhar por um longo tempo, completamente empolgada com a vila local, querendo ouvir histórias dos moradores e até mesmo anedotas que eram claramente mentiras, mas tudo aquilo parecia entretê-la e fazê-la feliz e se sua esposa estava feliz, também significava que ele estava.

A sra. Crowley por sua vez, não deixou passar despercebido os esforços do marido para agradá-la, mesmo com sua impaciência contida, ela podia notar até mesmo um pouco de fumaça saindo por suas narinas, era como se quisesse soltar fogo pelas ventas a qualquer minuto, mas se contia, pela felicidade dela. A consciência de Aziraphale se sentiu culpada, levando a acreditar que um casamento era formado por abrir mão de seus próprios gostos ocasionalmente e que talvez agora fosse a vez dela de fazer alguma coisa e retribui-lo. Uma ideia se formulou em sua cabeça.

À noite, no quarto de sua pousada, ela acendeu a lareira, preparou chá e se sentou à beira do fogo, ajeitando os robes ao redor de si enquanto aproveitava o clima convidativo, esperando que Crowley se juntasse à ela.

—Olha só, o que temos aqui! - ele se surpreendeu um pouco com a visão.

—Se juntaria a mim, querido, por favor? - Aziraphale lhe estendeu uma mão, que foi tomada por ele e beijada de forma elegante, o que arrancou uma risadinha dela.

—Claro, como nos velhos tempos - ele se sentou na poltrona à sua frente - eu lembro das poucas vezes que tivemos noites à lareira, pra ser sincero, devíamos ter feito mais.

—Agora temos a chance de fazer sempre - ela reiterou, contente - gostaria de chá?

—Ah sim, por favor - Crowley confirmou, então ela levantou e o serviu - eu agradeço por isso tudo, mas eu tenho que perguntar, está aprontando alguma coisa?

—Oh não, de maneira nenhuma - ela disse abertamente, já de volta ao seu lugar- isso é só uma forma de te dizer uma coisa.

—Então diga - ele se inclinou para mais à frente, se aproximando dela.

—Obrigada pelos seus esforços românticos, eu sei que não é fácil pra você, querido, mas eu tenho percebido e sou muito grata por todos eles - Aziraphale disse de coração, chegando a tocar o rosto dele.

O elogio aberto deixou Crowley chocado, chegando a ficar sem palavras, embasbacado, paralisado e o mais surpreendente de tudo, corado.

Aziraphale apenas sorriu de volta e o beijou, de maneira doce e delicada. Percebendo que ainda estavam longe um do outro, ela desfez o beijo para se aproximar mais dele. Se ajoelhou na frente do marido, se apoiando nas pernas dele.

Uma das mãos dele escorreu para a cintura dela, a puxando para mais perto. Sentindo o pescoço um pouco dolorido pela posição um tanto desconfortável, ela desfez o beijo outra vez.

—Está tudo bem? - Crowley quis ter certeza.

—Sim, eu só acho que vou ficar com um baita torcicolo desse jeito - ela riu, um tanto constrangida - eu tenho uma ideia melhor.

Ela se levantou de uma vez e ele esperou para ver o que ela faria. Primeiro, Aziraphale ofereceu suas mãos abertas para cima, seu marido as aceitou enquanto se deixava ficar de pé pelos esforços dela. As mãos dela então o empurraram com delocadeza para trás, até que caísse sentado sobre a cama.

—Fique à vontade - ela convidou, o que o fez se esticar e se deitar melhor.

Aziraphale se sentou na frente dele, seus dedos abrindo cada um dos botões de sua camisa, revelando seu peito para ela. Crowley terminou de tirar a peça, sentindo as mãos da esposa em seus ombros, os dedos roliços e macios tocando sua pele muito mais áspera que a dela. Ele esperava que ela não se arranhasse. Ela inclinou a cabeça para frente, traçando sua clavícula com beijos leves e curtos, até ela decidir desfazer a distância entre eles, o envolvendo em seus ombros. Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa, ela o beijou outra vez, de modo muito mais profundo. Algo dizia a Crowley que nada os interromperia por um bom tempo.

Ele apoiou a cabeça da esposa na palma de sua mão, se inclinando mais na direção dela, sentindo-a completamente ao seu redor. Em sua mente, passavam-se apenas simples questionamentos, que o mundo era apenas os dois, que ele era a criatura mais sortuda do universo e que eles poderiam estar naquela exata pos8ção muito antes, se não fossem tão teimosos.