No começo da manhã Liam nos levou para passear no central park, achou que fosse necessário que Ryan corresse e brincasse.

– O ar da manhã faz bem pra ele. – dizia enquanto caminhávamos de mãos dadas e Ryan ia correndo a nossa frente. – Quando esteve casada teve filhos?

– Não, não filhos meus. Meu marido tinha dois filhos no qual acreditavam que eu fosse a mãe deles, quando me casei eu era muito nova, e as crianças muito pequenas, então eu fui a única pessoa que eles conheceram como mãe, pois a verdadeira tinha falecido.

– Não sente saudades deles?

– Sinto, mas as crianças já sabem a verdade e aprenderam aceitar isso com naturalidade. Eles tem tios, tias, e bisavó. Não estão sozinhos. – Ocultaria o fato que minha irmãzinha gêmea tomou meu lugar e eles acreditavam que ela era eu.

– Deve ter sido difícil para eles e para você. – senti sua voz com sentimento de compaixão, embora eu não precisasse de nenhuma.

– Mas agora tenho você e nosso pequeno Ryan, querido – quanta mentira Paola, mas era necessário.

A mentira valera a pena, pois ele me retribuiu com um sorriso de fazer minhas pernas fraquejarem. Ele checou se o filho estava bem antes de lançar seus braços em volta da minha cintura e puxar para ele e me dando um beijo.

Seu beijo estava calmo e de delicado, passei meus braços em volta do seu pescoço me perdendo naqueles braços e naquele beijo, até pessoinha intrometida me acordar para a realidade.

Quando me afasto de Liam e olho pra baixo vejo um Ryan de mãos sujas de terra e passando sua querida mãozinha por todo meu vestido. Minha reação foi só gritar naquele momento.

– RYAN. - Liam gritou com ele como se adiantasse muita coisa.

– MEU VESTIDO – gritei nervosa depois que saí de choque – LIAM OLHA O QUE ELE FEZ.

– Ryan eu quero que você peça desculpas.

DESCULPAS NÃO VAI TRAZER MEU VESTIDO PARA O ESTADO QUE ESTAVA ANTES. EU QUERO ELE LIMPO, AGORA.

– Não. – respondeu o diabinho.

– E porque não? – questionou Liam. Não era pra ele ficar conversando com o garoto era para ele sentar a mão e acabou.

– Por que vocês ficam se beijando.

Liam agachou na frente dele e suas feições duras se suavizaram, só pude revirar meus olhos.

– E só porque está com ciúmes precisa sujar o vestido dela?

– O que é ciúmes?

– Em casa o papai te explica.

– Liam quero voltar agora, não vou ficar na rua com meu vestido nesse estado. – estava nervosa.

– Sim, tem razão. Vamos. Te levo para o hotel... Me desculpa. Eu não sei porque ele fez isso. Ele é um bom menino, espero que não pense mal dele e nem de mim que não sei educa-lo.

– Tudo bem Liam. Eu entendo que ele esteja assim, porque uma mulher surgiu do nada roubando a atenção exclusiva do papai. – que compreensiva eu estava ficando.

Praguejei mentalmente a viagem toda, mal me despedi dos dois e corri para o banho, então veio a minha mente o casamento da Paulina, havia me esquecido completamente de ligar para ela e confirmar minha presença. Eu realmente não estava com um pingo de vontade de ver minha irmã casando com meu ex marido.

Saí do banho e vesti meu roupão, no exato momento que saio vejo flores espalhadas por todos os cantos do meu quarto e sala. Um Liam com um buque de orquídeas nas mãos sorrindo para mim na porta.

Quase fico sem fôlego.

– Quero me desculpar pelo incidente de hoje. Fiquei mal depois que te deixei aqui.

Estava amando aquela preocupação.

– Não tem importância. Ele ficou com ciúmes e é totalmente compreensível. Mas fico preocupada que o Ryan não gosta de mim querido.

– Ele precisa somente de tempo para acostumar – disse se aproximando de mim e dando um selinho – a propósito, essas são pra você – disse me entregando o buque de flores.

– Como você sabe que orquídeas são as minhas flores prediletas? – esse homem parecia que tinha bola de cristal para adivinhar tanto.

– Foi sorte eu acho. – ele sorri.

– Deixou o seu filho sozinho? – questionei estranhando o fato de estar somente o Liam no meu quarto. – E como conseguiu fazer tudo isso? E como abriu a porta do meu quarto?

– Ele está em boas mãos, não se preocupe. E vim te sequestrar para um almoço. – depois coçou o queixo me olhando – Sendo quem sou, as portas se abrem para mim muito facilmente. O que Liam Scott quer, Liam Scott consegue.

Naquele momento eu ri, pois aquela era minha frase predileta. Ver alguém tão parecido comigo tornava tudo mais engraçado. Ele estava me conquistando.

[...]

Tudo estava acontecendo rápido demais, rápido até mesmo para o ritmo acelerado de Paola “Bracho.” Estava envolvida demais com Liam Scott, uma semana que estávamos namorando e ele já me falava de morarmos juntos.

Eu já estava completamente apaixonada por ele e diria sim imediatamente quando ele fez o convite de levar minhas coisas para sua casa, se não fosse por um pequeno empecilho.

Ryan Scott.

Seu filho peste de 3 anos, que na frente do pai era a criança mais linda e dócil que poderia existir e por de trás o diabinho em pessoal. Acho que Lúcifer libertou o seu filho pra terra para infernizar minha vida já que não pôde me levar daqui.

No dia que saímos juntos eu tentei de tudo para me aproximar do garoto, tentei mesmo. Mas quando estávamos no restaurante o anjinho “sem querer” derramou seu suco no meu vestido e logo em seguida veio pro meu colo com a taça de sorvete pra ter uma forma de me melecar por inteira.

Ainda tem mulher que tem o sonho de ser mãe, me poupe.

Liam diz que Ryan é uma criança muito carente, e sente falta dos cuidados maternos da mãe que é totalmente negligente. Mas também... se eu fosse mãe desse pirralho até eu teria o abandonado.

Como uma boa pessoa que eu estava me tornando, quase que uma Santa Paulina, eu dei forças para o Liam dizendo que a vida sempre é injusta e blá blá blá. Essas baboseiras que as pessoas adoram ouvir quando estão pra baixo. Mas logo no segundo seguinte eu me arrependi amargamente de ter dito aquelas palavras. Pois no momento seguinte Liam dissera que a babá entraria de férias e gostaria muito de ver Ryan próximo de mim que era um excelente momento para nos aproximarmos e conquistar sua confiança.

Na verdade quem deveria me conquistar era o próprio Ryan, porque quando ele atingisse uma certa idade eu mandaria para um internato na Suíça sem pensar duas vezes.

Liam pediu que eu fosse busca-lo todos os dias na escola e ficasse com ele pelo menos 2 horas, pois ele voltaria pra casa após o trabalho.

Em outra vida eu teria dito um não bem grande, mas do jeito que as coisas estavam ruim para o meu lado, disse sim com o melhor sorriso que eu tinha.

Olhei para o relógio e marcava 3:45 da tarde. Já estava na hora de buscar o pirralhinho na escola. Vesti uma blusa azul com uma saia branca e scarpin.

Liam me cedeu seu motorista particular para me levar e trazer a qualquer parte da cidade, eu gostaria de poder ter meu próprio carro para dirigir, mas eu teria tempo para conseguir que ele me desse um.

Não demorou muito e James estacionava o carro e abria a porta para mim. Olhei para o edifício e o bairro, o lugar era bonito e o prédio parecia uma construção antiga muito bem conservada. Caminhei até a entrada da escola e para minha surpresa um bando de mulheres vestidas de uniformes brancos paradas em frente a porta do colégio estavam esperando.

Liam só podia estar de brincadeira comigo, ele achava que eu era o que? Babá do filho dele? Tudo bem que eu quero tentar fazer as coisas diferente agora, fazer dar certo. Mas ele me comprou com a noite passada de puro sexo quente eu não estava raciocinando.

Caminhei com tranquilidade pedindo licença para passar tomando cuidado para não me encostar nas empregadas.

Ouvi o sinal tocar que mais parecia sirene de bombeiro e aquela aglomeração surgir através das paredes, em um segundo as portas se abriram em uma explosão de gritos, meus olhos se arregalaram muito mais do que já eram em seu normal. Em meio a crianças grudentas e sujas consegui avistar o Ryan de mãos dadas com a professora.

Caminhei até eles e levantei os óculos de sol para o topo da cabeça.

– Oi Ryan, vamos pra casa? – olhei pra baixo – Você hoje vai ficar comigo, ordens do seu papa.

– A senhora é a mãe dele? – olhei pra cima e avistei a mulher que estava de mãos dadas com ele.

– Porquê quer saber?

– Porque hoje Ryan não se sentiu muito bem, ficou na enfermaria um pouco mole. Pensei em avisar o senhor Scott, porém o menino deu uma melhorada e achei que era apenas travessura como é de costume.

Talvez arranjasse uma aliada, mais uma que possa não suportar o pequeno pestinha também.

– Muito obrigada por avisar – sorri falsamente – Eu e o pai dele tomaremos providencia, vem Ryan – peguei o no colo segurando sua mochila, já queria sair dali rápido antes que me confundisse como uma das babás. Até me arrependi de usar minha saia branca.

Segurei-o no meu colo tomando máximo de cuidado para não cair com ele junto. Ryan me envolveu o pescoço me abraçando e apoiando sua cabeça no meu ombro. Se ele fosse sempre assim amável, eu podia até gostar dele.

James abriu a porta para nós dois me ajudando a colocá-lo na cadeirinha. Toquei no seu rosto e não parecia febril, mas estava com uma temperatura elevada.

Bom, quem sabe assim sossega o facho.

Ryan olhou pra mim e seus olhinhos verdes pareciam cheios de dor, e por um centésimo de segundo fiquei com pena dele. Só por um segundo, pois quando fui ajeitar meu cabelo senti algo grudando. Quando puxo a gosma estranha o que vejo é chiclete em minhas mãos.

CHICLETE.

– RYAN!- grito. E o pestinha me responde com uma gargalhada.

EU ODEIO ESSE GAROTO.