Contei até dez para me acalmar, Ryan queria me deixar louca, não era possível. Tive que ir ao salão arrastando o capetinha junto. Minha – não sei se posso dizer isso – sorte que ele não estava tão bem assim e ficou quieto.

Tive que cortar meu cabelo em chanel novamente, e a última coisa que gostaria de ver era meu cabelo curto. Porque tudo me lembrava o passado. Olhei no espelho e parecia que a antiga Paola estava de volta.

Fui direto para o apartamento do Liam assim que paguei o salão, mas dessa vez fiz o motorista carregar Ryan no colo e colocá-lo na cama, gato escaldado tem medo de agua fria e é melhor se prevenir do que remediar.

Ryan abriu os olhos devagar e virou de lado se encolhendo na cama, me aproximei e toquei sua testa tirando o cabelo de tigela e senti que a temperatura havia piorado. Ele começou a tremer.

– Tia Paola, eu tô com frio – deveria deixa-lo morrer agonizando, mas não fizera isso nem com o Carlinhos, não era agora que passaria ser a madrasta cruel.

– Está doente porque você não me obedece – peguei a coberta e joguei por cima dele – Se fosse um bom menino comigo você não ficaria doente.

Ele virou o rostinho e mostrou a língua pra mim.

Atrevido.

Tentei me acalmar e não deixar que ele me tirasse do sério novamente. Pedi a Joyce uma a agenda do Liam para ligar para o médico e voltei ao quarto do Ryan. Me sentei na cama e disquei o número. Ryan passou os braços em volta da minha cintura e por um momento gelei, tentei suas mãos de cima, mas do outro lado o médico havia atendido, expliquei exatamente o que estava acontecendo e desliguei logo para esperar o médico chegar.

Olhei pra trás e Ryan ainda abraçava minha cintura, mas estava dormindo.

Coloquei o telefone no lugar e ajeitei-o na cama. Levantei e caminhei em direção a porta na ponta dos pés para que não acordasse a ferinha, quando consigo chegar a porta escuto uma pessoinha chamar.

– Tia Paola.... – gemi e um arrepio percorreu minha espinha. Ele não dorme não?

– Sim? – virei pra trás com cautela.

– Fica aqui comigo? Eu não gosto de ficar sozinho. Eu tenho medo.

Medo? E aquele terroristinha tinha medo de algo por acaso? Aterrorizou com a minha vida desde que cheguei na vida do pai dele.

– Você não dorme sozinho?

– Não, a Naná sempre dorme comigo, mas agora ela não tá aqui, e o papai tá no trabalho. Fica!

Ele ameaçou de levantar e corri para mantê-lo deitado mesmo, para minha própria segurança.

– Você promete ficar quietinho? – olhei

– Prometo tia.

– Ok. Eu cuido de você e fico aqui no quarto até a hora que seu pai chegar.

Ele concordou com aceno de cabeça e voltei a cobri-lo. Quando médico chegou Ryan já estava dormindo, então foi rápido quando o examinou.

Parecia que era só uma infecção leve na garganta, o médico passou os remédios necessários e eu mandei a empregada ir busca-los.

Até que não era tão difícil assim cuidar de um menino, eu só precisava ficar por perto dele. Comida não precisaria, tinha quem fizesse. E quando Liam chegasse daria banho nele.

Simples assim.

Sentei na poltrona perto do Ryan e observei melhor aquele garotinho de 3 anos que aterrorizava minha vida. Ali, dormindo naquela posição tão serena ele parecia até um anjinho. Ele parecia com o Liam, mas com algumas alterações. Os olhos dele eram verdes e não azuis igual do pai, e o cabelo era claro, em louro escuro iguais os meus.

Na verdade quem me olhasse e olhasse para ele diria que era meu filho.

Ah, se ele se comportasse daquela forma sempre eu não ia precisar me esforçar tanto para mudar, as coisas iriam fluir naturalmente. Eu não queria ser mais aquela mulher má, com vontade de matar todo mundo para ter a parte da herança.

Me aproximei melhor do Ryan e verifiquei sua respiração, parecia cansada. Mas ele dormia tranquilamente.

Ele era lindo. Tanto o pai quanto o filho.

Por impulso me inclinei diante dele e o beijei naquelas maças rosadas e sorri.