O quarto ano se dirigiu ao castelo nas carruagens, como sempre. Sentei-me com uma de minhas melhores amigas do meu ano.

Ela era alta, loira, linda, e tinha olhos cinzentos. Seu nome era Thaiana Flint. Ela encarava-me incrédula, e ria quando via a mão de Will em minha cintura.

- Eu sempre soube que vocês iam ficar juntos. – ela disse, enquanto eu arrumava meu cabelo e mostrava-lhe o dedo do meio, cuja unha era cuidadosamente pintada de preto.

A gente era tipo melhor amiga. Daquelas que vive brigando. Mas quando eu não podia contar com Rose, ela que me dava apoio. Eu a amava. Mas ok. Eu já estava emburrada. Nós conversamos rapidamente na carruagem, um papo meio isso:

- O que vocês escolheram para esse ano? Largaram alguma matéria? – tagarelou Thaiana.

- Eu larguei Adivinhação – falei

- E eu não larguei nada – disse Will, pomposo.

- Eu quase larguei a escola, mas meu pai não deixou – ela disse, chateada.

- Porque você ia largar? – perguntei, espantando-me, ela era uma aluna excepcional, quase uma animaga (sério mesmo).

- Porque eu não quero mais estudar, eu queria levar uma vida trouxa.

- O QUÊ? – eu e Will perguntamos juntos.

- Isso mesmo. – ela disse, chateada – agora vamos, já estamos parados faz quase cinco minutos.

Nós descemos e entramos na escola. Ela ainda era magnífica, da mesma forma que eu vira nos três anos anteriores, e restauradas exatamente da forma que meu pai e minha mãe contavam-nos em suas belíssimas histórias no castelo. Apenas a Sala Precisa não existia mais. E até a câmara secreta já tinha sido visitada por mim.

Meus olhos marejavam, eu amava aquele lugar. Will parecia tão fascinado quanto eu. Thai não se impressionava com isso: ela amava catedrais trouxas, isso sim. Professora Kileen (vice-diretora) apressou-nos:

- Srtª. Potter e Sr. Malfoy, por favor, dirijam-se ao salão principal agora, os alunos do primeiro ano estão quase chegando.

E era verdade, eu queria muito ver a seleção esse ano: meu primo Louis entraria esse ano, juntamente com minha lindinha Roxeane. Apesar de saber que não iriam para a Sonserina, eu tinha esperanças.

Will me arrastou. Nos sentamos na mesa da sonserina junto com Scrop, Rose e Alvo. Thai sentou-se conosco. Nós rimos bastante. Assistimos a seleção: Louis Delacour Weasley – GRIFINÓRIA (que desgosto) e Roxeane Weasley – CORVINAL (eu amo essa garota). Jantamos, cantamos, conversamos. Na hora de irmos para os dormitórios demos uma passada na cozinha: cerveja amanteigada!

Como na Sonserina os garotos podiam entrar nos dormitórios femininos e eu dividia o meu dormitório apenas com Rose (sim, conseguimos isso) e Thai nós ficamos ali. Nós jogamos verdade ou conseqüência.

- Alvo! – falei rindo, um pouquinho fora da baia já – o que você quer?

- Conseqüência.

- De um beijo na Thai. – falei por impulso, a cara dela pedia isso, e reprimiu um sorriso.

- OK. – ele disse

Ele chegou bem perto e ela sentiu sua respiração (palavras dela para mim, após isso), beijou-a apaixonadamente, sim, e era um beijo que pedia mais, pois as mãos do meu irmãozinho estavam na bunda de Thai.

- ALVO! – Will gritou – ERA SÓ UM BEIJO – e riu.

Ao concluirmos que estávamos bem forinha, os garotos saíram, e eu caí na cama.

Acordei no outro dia com a Thai levantando e marchando até o banheiro. A porta bateu. Ouvi na cama ao lado Rose gemer de dor e de ressaca. Levantei, me vesti, prendi o cabelo e com a cabeça explodindo, tomei um remédio. Rose ainda não tinha levantando. Thai me olhou:

- Posso ficar com seu irmão outra vez?

Eu ri. Na verdade, eu gargalhei, parecia uma gralha.

- Pega esse diabo pra ti. – olhei no relógio, estava um pouco atrasada – ROSE WEASLEY vamos, por favor?

- Vá indo. Eu estou morrendo – ela disse.

E eu saí, Will me deu um selinho e me acompanhou até o salão principal. Sentamos.

- O que aconteceu? – perguntei, ele estava estranho

- Lily, isso é uma escola e estamos relativamente atrasados, desculpe, mas não podemos nos agarrar na escola – ele riu, mas me deu um beijão.

- Tecnicamente podemos, sabe. – eu ri, e fiz birrinha.

- Lilian Potter – ele falou sério, parecia até meu pai quando eu fazia charminho (eu fazia isso desde sempre, já que era a princesinha dele) – eu não quero ter que mandar uma carta ao Sr. Potter para reclamar de seu comportamento com seu namorado. – e então, caiu na gargalhada, dando-me um beijo.

- Tirando o fato que o ‘Sr. Potter’ mata você, sabe... ta de boa – ri, brincando

- Desculpe-me interromper o casal 20 – James chegou atrás de mim – mas, cadê o restante da galera?

- Rose não estava levantando. Scrop ficou por lá com ela. E Alvo provavelmente levou Thai até a sala de aula... QUE POR FALAR NISSO ESTAMOS ATRASADOS, WILLIAN!

- Eu já sabia disso – ele falou. E saiu correndo comigo – temos aulas diferentes agora, cabeça.

- Ah, o que você tem? – perguntei

- Adivinhação. – ele fez uma careta

- Poções. POÇÕES! – e saí correndo, o professor disso me odiava.

Para minha imensa sorte, o Sr. Claudécio Haubermann (han) não havia chegado. Sentei-me ao lado de Thai que já estava lá, esperando. Eu estava sem ar, corri até as masmorras em dois minutos.

- Está com dor de cabeça ainda? – perguntou-me Thai entre uma gargalhada e outra, da minha cara.

- Não – sorri para ela, caindo na gargalhada, era facil ficar de bom humor com ela – passou já, cunhadinha.

Ela me fuzilou com os olhos e o professor entrou.

- Instruções para o Antídoto na página 45 do livro. Façam.

Abri o livro na tal página e continha as seguintes instruções:

Adicione a pele de Ararambóia picada no caldeirão e ferva por 20 minutos. Depois tire-a do fogo, coloque um acônito e mexa no sentido horário e ela vai ficar com uma cor lilás. Após isso, devolva ao fogo e coloque o bezoar. Deixe-a ferver por 30 minutos, assim quando ferver, ela vai ter um aparência vermelha. Retire do fogo novamente e coloque o segundo acônito. Mexa no sentido anti-horário. Quando terminar ela vai ter de ficar de cor azul bem escura”

Fiz tudo certinho. Acabei a poção. E o professor me observava mais do que os outros alunos.

- Srta. Potter – chamou-me, minhas pernas fraquejaram, o que eu fizera? – você pode me fazer um favor?

- Sim?

- Lave esses potes de misturas, vejo que a senhorita já acabou. E esses potes estão muito sujos, preciso de ajuda – e piscou (PISCOU) para mim.

- Cla-claro, senhor. – peguei minha varinha, minha faca de limpar potes, um paninho, e me dirigi a mesa dele para pegar os potes. Fui para a pia de trás das mesas.

Entre uma facada e outra nos ingredientes endurecidos ouvia cochichos dos últimos alunos das classes – as lufinas metidas - conversando sobre... sobre mim!

- Vocês viram, com quem aquela galinha está namorando? – perguntou uma loira de farmácia.

- Sim – respondeu a outra – com aquele gatinho do Willian Malfoy.

He he, pensem na minha imensa vontade de matar aquela garota com a faca que cutucava uma arambabóia com mais de 4 anos no fundo de um pote. No fim da aula, peguei minhas coisas e saí, cuspindo fogo pelas ventas.

- O que houve com você? – perguntou-me Thai

- Nada. Só aqueles ingredientes fedorentos e imundos.

- Aham, aham.

- É sério, Thai. Vamos logo, temos Defesa contra as artes das trevas antes daquele horário vago... E WILL FAZ ESSA AULA COM A GENTE! VAMOS.

- Eu sou um castiçal. – ela afirmou baixinho, eu ri.

- Oi, amor da minha vida – Will chegou e me deu um beijo. Thai fingiu vomitar e eu, bom, só faltei chorar de tão “aw que fofo”.

Nessa aula eu quase dormi. Não fizemos nada. Nada. Mas depois, como eu tinha um período vago (o período que Will teria Poções) e deitei na beira do lago, lendo meu livro de romance na luz de um dos primeiros dias de outono. O ar entrava em meus pulmões e o arranhava como lâminas. Estava ficando frio. Meu cabelo ruivo estava preso. Thai olhava o rio, as mãos segurando o peso, escorada, enquanto pegava sol.

- O que você acha do sol? – ela perguntou, viajando.

- O que? – ri, fechando o livro e soltando o cabelo.

- O sol... Ele é tão... cegante.

- Ui, tenho olhos claros.

- Mas você tem – Thai riu.

- Thai, o que está acontecendo?

- Como assim? – ela me olhou, séria.

- Você tá uns cinco quilos mais magra e seus ossos da cintura começam a aparecer... – e agora que eu começara a falar comecei a ver o quanto Thai mudara minha voz sumiu, de repente, a verdade apareceu aos meus olhos, recusei-me a acreditar. - Nada... esquece. – completei.

De repente, eu encarando Thai, que as vezes, me olhava nervosa, chegou a hora do almoço.

- Vamos almoçar – chamei

- Que? Não! Eu estou fazendo uma dieta, não como durante o dia, somente na janta.

- Você tá louca. VAMOS! – exclamei.

Ela levantou. E eu estava certa, ela estava sofrendo de anorexia

Ao chegar no salão principal, eu estava sem fome. Sentei ao lado de Will e ali fiquei, não fiz nada, não comi nada.

James me chamou da mesa da grifinória. Me levantei e murmurei um já venho.

Os garotos da grifinória assobiaram para mim, minha saia estava um pouco curta. James lançou-lhes um olhar mortal.

- PORRA CARA – ele disse para seu melhor amigo – você faz isso desde o primeiro ano dela, te liga, ela tem namorado agora.

- Tá, James – falei – o que você quer?

- Papai quer saber de você... Mandou uma carta hoje. Quer que eu diga sobre Will?

- Pior coisa que ele pode fazer?

- Você é a princesinha dele, ele nunca te deixa de castigo. E isso irrita.

Eu ri.

- Pode falar. Beijo – beijei a bochecha dele e sai.

- Caralho, Eduardo, não olha muito, mano. – James esbravejou, ele era o mais ciumento dos meus irmãos, eu ri.

Sentei no meu lugar. Thai estava com Alvo. Beliscava um sanduíche. Will me olhava, preocupado.

- O que que aconteceu?

- Oi? – perguntei

- Você está assim desde o período de poções, o que aconteceu?

- Não foi nada. – falei, na verdade, tudo que tinha de errado estava acontecendo... – Ok, Will, venha, eu te conto.

Faltavam quarenta minutos para a próxima aula, que teríamos juntos, e havíamos decidido não ir nas aulas da tarde hoje e ficar a beira do lago, como fazíamos ano passado.

- Tá, pode contar tudo. Você não está bem e eu sei disso, já fui seu melhor amigo, lembra?

Me encaixei de um jeito romântico nele e desandei a chorar, sem falar uma palavra, só chorei. Depois de chorar por quinze minutos, comecei a falar.

- Primeiro, eu tava fazendo um favor pro professor de poções... e ouvi umas garotas me chamando de galinha – cai no choro de novo – dizendo que você era um gatinho...

- Shiiii, não chora. – ele falou – Isso não é motivo.

- E... E depois, aqui no rio... Eu descobri que... que Thai sofre anorexia, e também, descobri que ela desconfia, Will! – eu não conseguia parar de chorar.

- Como assim, desconfia?

- Nada

- Fala!

- Willian, ela desconfia que eu corte os pulsos, ela ficou o tempo todo olhando para eles hoje.

- E você se corta? Você nunca... – ele ficou pálido.

Fiquei vermelha. Fazia 6 meses que eu me cortava. Torci para que a base e a blusa estivessem cumprindo seu dever de esconder os cortes quando disse:

- Não, ficou louco?

- Não me convenceu – e ele puxou a manga para cima e passou o dedo na parte exata onde teria base, mas ele retirou. Comecei a chorar de novo. – Sabe o nome disso, Lilian Luna? – ele estava muito bravo, eu estava com medo, me abracei nele – Mentira. Deveria ter me dito há um minuto atrás, por favor né.

Eu não falei nada. Só me levantei e sai andando, chorando. Ele me pegou pelo braço.

- Hey. Espera.

- Willian, é horrível. Eu não gosto! E não me orgulho, nenhum dos meus irmãos sabem, nem a Rose ou a Thai. E desculpa, eu fiquei com medo de você me xingar, ficar bravo.

Ele me abraçou, me levou até onde estávamos e nos beijamos.

- Primeiro, me dê o canivete ou o caralho a4 que você usa para isso. - Relutei. – Agora, eu sei que está com você.

Abri a bolsa e retirei uma lâmina enferrujada. Me arrepiei, o cheguei a quase passa-la no pulso antes de entregar. Mas só entreguei, vencida.

- Há mais?

- Não.

- Jura?

Tirei meu canivete cor-de-rosa bebe e entreguei.

- Agora acabou. – falei – Juro.

- Vou ter que falar para Alvo e James. Vou manter o Sr. Potter longe disso, mas...

- Will, por favor, não faz isso.

- Você vai parar?

Fiquei em silêncio.

- Vou, mas devolve, por favor. – pedi.

- Você sabe que se eu ficar sabendo nós vamos brigar, não sabe? E bem feio.

- Sei. Eu juro, só não conta para meus irmãos, eles vão ficar pegando no meu pé e vão contar pro colégio inteiro, e vão me recomendar tratamento psicológico e meu pai vai saber e aí eu to fudida.

- Tá, se acalma. – me puxou e eu deitei em seu peito, ficamos ali por um tempo.