- Meu amor... – ele me chamou, depois de um certo tempo em silêncio, ergui a cabeça e encarei seu queixo, num gesto de “fala” – posso perguntar uma coisa?

- Claro.

- Han... Por quê? Há quanto tempo?

- Seis meses – respondi, e olhei para baixo, omitindo o por que, não me sentia a vontade falando.

- Por quê? – ele repetiu.

Afundei a cabeça no peito dele e não respondi.

- Não me diga que não há um porque, Lílian Luna!

- Sim, há um motivo, Willian Astor.

- Então conte-o, quero ouvi-lo. – o seu tom beirava a ameaça, brincadeira.

- Ok! – me rendi – Só não me xingue.

Um silencio constrangedor e eu novamente:

- Foi você, Willian. Éramos bons amigos, melhores amigos, quase irmãos! E quanto mais eu me aproximava desse jeito, menos a chances de sermos algo a mais. – despejei tudo isso em cima do coitado – e... no inicio era curiosidade, depois começou a ter um motivo e quando eu vi... estava me cortando todos os dias sem ter noção disso.

Ele me encarou e me abraçou bem forte, não gritou, não falou nada. Deitada em seu peito, senti soluços. Me afastei e olhei para cima, meu amor estava chorando.

- Não chora. Não chora. – comecei a me sentir culpada enquanto ele esfregava os olhos, e eu sorrateiramente catei a lâmina do chão e quando...

- LARGA AGORA. – ele gritou, arrancando a lâmina na minha mão e atirando longe, era uma vez uma lâmina – me olha, Lilian.

Olhei-o, chorando. Agora a merda estava feita. Ambos chorando, um pelo outro.

- Me jura, por mim, pelo nosso namoro, pela nossa amizade que não vai fazer isso de novo sem antes falar comigo. Vai no meu dormitório e dorme comigo se estiver triste. Me chama. Chora no meu colo. Mas não faz isso de novo.

- Mas... – pensei – ah, ok. – ouvimos o silencio do limpar de lágrimas por um momento. – Desculpa?

- Por me amar tanto que é capaz de ferir-se por mim? – ele beijou o topo da minha cabeça – Sim, eu desculpo, meu amor.

- Acha que estamos muito encrencados, por faltar a aula?

- Não muito, talvez apenas um pouco. Mas era dois com o eterno Binns. Tudo bem? Deita aí.

- Will – eu arrisquei – você sente ciúmes de mim?

- Morro de ciúmes, odeio quando vejo garotos perto de você. E você?

- Também...

- Mas por quê?

- Curiosidade. – dei um beijo nele.

Ficamos em um silencio gostoso. Era o som da nossa respiração, o leve quebrar de pés batendo em folhas quebradiças ao longe. Os pássaros cantando. O som dos beijos. O som do amor era aquele, eu sabia antes de qualquer coisa, aquele era o meu momento.

O nosso silencio foi interrompido com Thai, Rose, Scrop e Alvo correndo em nossa direção, rindo e brincando como crianças com as folhas do chão.

- Passarei a vigiar seus braços – ele murmurou quando viu-os se aproximarem.

- Acabou o assunto, Willian – falei, não queria voltar a esse assunto tão choroso.

- Lily! – berrou Alvo – Jay mandou eu te entregar, é uma carta do papai.

Fodeu. Foi esse meu grande pensamento de uma palavra mal falada no momento em que ele disse “é uma carta do papai”. Peguei-a. A caligrafia de meu pai era calma. Li.

Lilian Luna

Como vão as coisas por Hogwarts, princesa? James me contou que está namorando, mas que delícia! É o mini-mini- Malfoy né? Você pode estar achando estranho, mas não estou adorando a idéia de estar namorando, mas estou feliz que seja ele, e que sei que ele cuidará muito bem de você.

Seu pai te ama, para sempre, beijos, Mom and Dad.

Respirei fundo e sorri. Will lia a carta atrás de mim. Alvo olhava para nossa cena, que deveria ser engraçada, eu deitadinha no colo dele e ele lendo a carta enquanto abraçava-me. Sorri para ele.

- Cadê a Thai? – perguntei ao ver a cara de forever alone dele.

- Tá brincando com a Rose e o Scrop.

- Vai lá e abraça ela por trás, que ela vai adorar – encorajei.

- Ok. – ele foi

- Ela vai gostar? – Will perguntou.

- Vai, toda garota adora.

- Você gostaria?

- Eu adoraria. – sorri

Rose e Scropius se sentaram ao nosso lado. A cena estava estranhamente parecida com a nossa, tirando o fato do cabelo de Rose ser castanho e o meu ruivo.

As garotas me tiraram do meu príncipe com a seguinte frase:

- Vamos tomar banho antes de jantar?

- Mas... mas... eu acho que não vou jantar.

- Mas você mal tocou no almoço. – alegou Rose.

- Mas eu não estou com fome – menti descaradamente.

- Vai tomar o banho e desce pra jantar – falou Will.

Estiquei a mão e catei o canivete sem que ele visse. Ele esticou a mão sorrateiramente e tiro-o da minha mão. E lançou um olhar que me repreendeu.

- Ok, já venho. – dei um selinho nele e olhei para as garotas – vamos?

Elas despediram-se de seus namorados e me acompanharam para dentro do castelo.

- O que que tava rolando lá, com o tal do canivete? – Thai perguntou, desconfiada, gelei.

- Que canivete? – perguntei.

- O rosa... – falou Rose.

- Não tinha canivete nenhum. – teimei.

Entrei no banho. Lavei o cabelo. Sentia o açúcar de seu sangue, ou qualquer coisa que a deixa-se em pé se esvair, não comia nada desde o café da manhã. Sai do banho e vesti minha calça jeans azul escura e minha baby look verde. Saí do banheiro. E as garotas me abordaram desprevenida:

- Se você se cortar de novo, vamos mandar uma carta para o tio Harry – ameaçou Rose.

- Que?

- Não finja-se de desentendida – falou Thai – vi você maquiando os pulsos hoje.

Choquei-me com aquilo. Encarei-as, sentei na minha cama e botei meus tênis.

- Foi isso que você contou para ele, né? – perguntou Rose, mais como uma afirmativa do que uma pergunta.

- Foi. – me rendi.

- Nós vamos falar para seus irmãos. Eles precisam saber. – falou Thai.

- E você? – falei – Vai continuar se alimentando de ar por quanto tempo?

Rose a fuzilou com os olhos também.

- Será que eu sou a única certa aqui?

- Não vai acontecer de novo, eu juro. – ela alegou, ficando vermelha – vou tomar banho, já nos atrasamos.

- Digo o mesmo. – falei – até porque, ele recolheu as coisas.

- Acho bom – Rose se virou para a cômoda e começou a arrumar alguma coisa.

- Vou encontrar com o meu namorado, beijo. – falei

- Vocês dois vão virar uma coisa só desse jeito, credo. – ela riu – Tá, te cuida.