Uma Chance para o Amor

Capítulo 12 - The chance of date


— Bom dia doutora Swan.

— Bom dia.

Cumprimentei os enfermeiros que passaram por mim no corredor, enquanto sigo para o consultório de Edward.

Assim que entrei no hospital ao início do plantão, recebi uma mensagem pedindo para encontrá-lo, informei sobre precisar de alguns minutos para organizar umas coisas, mas que logo o encontraria. Porém não paro de me questionar sobre o motivo por trás do chamado.

Por conta da cirurgia na segunda-feira, nossas agendas acabaram se abarrotando de atendimentos e compromissos do hospital, então ontem nem mesmo conseguimos nos ver. Nesse caso, acredito que talvez esteja procurando conversar comigo sobre algum fator envolvendo esses aspectos.

Ao parar em frente à porta, batida sutilmente e logo recebi a permissão para entrar.

— Bom dia.

— Bom dia Bella. – Respondeu com um sorriso, já levantando da cadeira. – Pode entrar e fechar a porta, por favor.

Fiz como indicou e depois caminhei alguns passos, seguindo seu gestual até pararmos frente a frente.

— Desculpe não ter vindo mais rápido, é que como o plantão acabou de começar...

— Não precisa se justificar. – Interrompeu para me acalmar. – É claro que estava contando os minutos para vê-la, mas não precisa ficar preocupada, pois o motivo pelo qual a chamei não é sério ou grave.

— Fico mais tranquila. – Ponderei com um sorriso.

— Pedi que viesse para falar sobre dois assuntos. – Ergueu a mão para sinalizar a contagem. – Primeiro, para desejar feliz uma semana.

O olhei de lado e um pouco confusa.

— Uma semana de que?

— Que nos beijamos pela primeira vez.

Comecei a me derreter só com suas palavras, mas logo me vi envolvida em outro tipo de derretimento, já que ele me tomou nos braços e selou a comemoração com um novo beijo.

Por conta do que combinamos e por somente conseguirmos nos encontrar no hospital, ainda não tínhamos voltado a nos tocar dessa forma, então posso dizer sinceramente que já estava sentindo falta de sentir seus lábios de maneira efetiva.

E ainda que tenha sido pega de surpresa, não me fiz de rogada em retribuir o beijo com o máximo de afinco. Deixando meus braços rodearem seus ombros, enquanto os seus envolveram minha cintura, acentuando ainda mais as carícias...

Quando respirar se fez estritamente necessário, começamos a nos separar ponderadamente, mas distanciando apenas os lábios, mantendo ao menos o elo entre os braços.

— Esse sem dúvida é o melhor tipo de comemoração. — Afirmou.

— Não posso discordar.

— Que bom.

Sua boca roçou novamente contra a minha e aspirei seu gosto e cheiro profundamente.

— Agora que estamos em pé de igualmente, quero falar sobre o outro assunto.

— Ok... — Murmurei fracamente.

— Você está bem?

— Um pouco tonta. – Admiti e pisquei algumas vezes. – Eu já disse. Você tem um poder surreal de me inebriar.

— Eu gosto disso. – Acariciou meu rosto. – Mas fico um pouco preocupado com o que possa acontecer quando colocar o segundo plano em prática.

— Você não está pretendendo fazer mais coisas comigo, não é? – Questionei temerosa. – Ainda mais aqui no seu consultório?

— Não. Aqui não.

— Edward...

— Fique tranquila. – Acentuou o deslizar dos dedos na minha bochecha. – Te chamei para falarmos sobre nosso encontro.

Abri um sorriso comedido e assenti.

— Rose e Emmett já tiveram o deles e sinceramente, não acho que consigo esperar muito mais para desfrutar do nosso.

— Talvez devêssemos esperar para conversar com eles e avaliar se ainda vamos querer investir nessa ideia. – Brinquei.

— Eu acho ou ao menos espero que a noite deles tenha sido ótima. – Citou em referência a saída dos dois que ocorreu ontem. – Mas nada do que disserem ou qualquer outro aspecto, me fará desistir de levá-la a um encontro.

— Pelo que sei, esse encontro é responsabilidade minha.

— Não, você entendeu errado. – Acentuou com um sorriso torto. – Eu fui o sortudo a ser arrematado por uma linda mulher e em compensação, devo levá-la para desfrutar de uma noite única e mágica.

— Eu tenho certeza que é isso que teremos.

Afirmei ao deslizar uma mão por sua nuca, tocando a raiz do cabelo e sentindo a maciez dos fios.

— Não sei como está sua agenda, mas por incrível que pareça, a minha está tranquila na sexta-feira. – Comentei. – Então acho que conseguirei sair do plantão no horário e...

— Está perfeito. – Afirmou sem esperar pela conclusão. – Mesmo que tivesse algo importante, daria um jeito de remarcar.

— Edward...

— Mas, por acaso, também estou com os compromissos bem ordenados e sem nenhuma cirurgia marcada.

— Ainda pode aparecer algum imprevisto. – Destaquei.

— Não irá. – Enfatizou firme. – O universo não seria tão maldoso comigo.

Balancei a cabeça em concordância.

— E na verdade, estou começando a achar que possa estar virando um cara de sorte.

— É mesmo? Por quê?

— Por ter recebido a chance de vir para Forks e te conhecer. – Declarou. – E agora ter a oportunidade de levá-la a um encontro e saber que poderei beijá-la quantas vezes desejarmos.

— Todas às vezes?

— Sem nenhuma exceção.

— Então talvez deva começar a me sentir sortuda também. – Continuei a acariciar sua nuca. – Porque tudo que quero agora, é que me beije outra vez.

Ele cumpriu o desejo prontamente e aproveitamos o novo momento até quando nos foi permitido, porém ao sermos despertados pelo soar do seu bipe, nos afastamos resignados.

— Mal vejo a hora de chegar sexta a noite. – Pontuou.

— Eu também...

O restante da manhã passou de forma tranquila, ainda que não tenha conseguido tirar os beijos que troquei com Edward da cabeça, tentei focar o máximo possível no trabalho e não deixar minha concentração desviar do foco necessário...

— Terra chamando Bella.

Voltei a mim ao ouvir a provocação da Rose, além do toque no ombro, mas sem ter ideia de como ela apareceu ao meu lado.

— Oi.

— Estava longe, hein?

— Não. Eu só...

— Comecei a te chamar desde que a vi parada na fila e só consegui sua atenção agora.

— Não era nada demais.

— Mesmo?

Insistiu com um olhar insinuativo.

— Uhum. – Reafirmei e procurei mudar de assunto. – Também conseguiu uma pausa para o almoço?

— Sim. Vou acompanhar um procedimento daqui a pouco, então resolvi aproveitar.

— Alguma coisa séria?

— Nada mais do que rotina.

Silenciamos os comentários ao chegar nossa vez de fazer os pedidos e após recebermos as bandejas, começamos a caminhar para encontrar uma mesa.

Pensei em indicar algum dos espaços vazios, que pelo horário, já não são tantos, porém Rose caminhou rapidamente parecendo ter um lugar certo para ficar e logo entendi que a prerrogativa estava correta.

Pois seguimos em direção à mesa que Emmett está sentado e reforçando a ideia de sorte, contando com a companhia de Edward.

— Moças.

— Rapazes.

Emm e Rose se cumprimentaram e ele indicou.

— Tenham a bondade.

— Com todo prazer.

Após nos acomodarmos, cada qual ao lado de um deles, virei para Edward.

— Oi.

— Olá de novo.

— Vocês já tinham se visto?

— Trocamos algumas palavras assim que chegamos. – Edward respondeu a Rose. – E vocês?

— Também tivemos uma breve conversa pela manhã.

Eles trocaram um olhar pessoal, mas a ação acabou se dispersando, pois logo engatamos em assuntos esporádicos.

— E falando em encontro. – Pontuei assim que encontrei a brecha. – Podemos perguntar como foi?

Eles pareceram querer dispersar da pergunta ou encontrar uma resposta certeira.

— O que? — Edward ressaltou. – Não vão querer fazer mistério conosco, não é?

— Vocês estão com uma cara estranha. – Destaquei. – Mas não me parece ser por um motivo ruim.

— E não é. – Emm afirmou e virou para Rose. – Podemos falar?

Voltamos o olhar a ela, que assentiu prontamente.

— É claro.

Eles sorriram e posicionaram as mãos entrelaçadas sobre a mesa.

— Nosso encontro foi ótimo.

Ela afirmou e ele completou.

— Muito melhor do que o primeiro.

— E por qual motivo? – Questionei.

— Porque essa noite ficará marcada como o ponto inicial do nosso relacionamento. – Emm confessou.

— Ele me pediu em namoro e eu aceitei.

Rose informou, porém seu agora, namorado, não perdeu a oportunidade de fazer uma piada.

— Como se houvesse outra escolha.

— Ah, meu Deus! — Exasperei extremamente contente. – Como vocês contam isso assim?

Sem me importar com nosso ao redor ou o que as pessoas irão pensar, levantei para dar um leve abraço nela e antes de voltar ao meu lugar, vi Edward também dando um tapinha no ombro do Emm.

— Isso é incrível. – Continuei a exultar. – Eu estou muito feliz por vocês.

— Eu também.

Edward concordou, porém não perdi o fio.

— Não sabem o quanto esperei por isso.

— Tenho certeza que só não foi mais do eu. – Emm respondeu. – Mas obrigado Bella, você mais do que ninguém, sempre torceu bastante por nós.

— É claro que sim. – Afirmei. – Vocês são duas das pessoas mais incríveis que conheço e merecem ser muito felizes.

— Obrigada amiga.

Quando Rose tocou minha mão, aproveitei para contestá-la.

— E você não me contou nada!

— Não nos vimos depois que cheguei ou hoje de manhã. – Citou. – Mas eu ia contar a noite, com todos os detalhes.

— Eu ainda quero saber os detalhes. – Deixei claro. – Porém já estou imensamente feliz.

— E o encontro foi realmente o agente propício para o pedido. – Edward comentou.

— Nos conhecemos há bastante tempo e esse serviu para compreender a pessoa incrível que Emmett é. – Rose confessou ao olhá-lo. – Agora apenas nos daremos à oportunidade de descobrir como somos como casal.

— Tão incríveis quanto. Pode apostar.

— Eu concordo plenamente. – Apontei. – Vocês semearam bem o campo da amizade e agora vão entrar em uma relação muito mais madura e sólida.

— Sim. – Rose concordou e completou rapidamente. – O que não quer dizer que outros casais também tenham que seguir nossos passos.

— Exatamente. – Emm reforçou. – E, por favor, não sigam. Só eu sei o quanto foi difícil esperar.

— Emm...

— Para nós está tudo bem. – Declarou a ela. – Só estou dando a dica.

Balançou a cabeça em nossa direção, como se estivesse procurando ser sutil, o que claramente não é o objetivo.

— Não se preocupem, estaremos bem atentos quanto a isso.

Edward afirmou e o questionei expressiva.

— É mesmo?

— Com certeza. – Continuou sem se deixar abalar e logo se voltou a eles. – E falando nisso, já decidimos a data para o nosso encontro.

— Pois então contem logo.

— Sairemos na sexta-feira. – A comuniquei. – Tudo bem por você?

— É claro que sim Bella. Que pergunta.

— O dia oficial do encontro. – Emm falou, dando um soquinho no ombro do Edward. — Boa jogada.

— Acho que nem pensamos nisso. – Comentou e assenti. – Só escolhemos uma noite que seria ideal para nós.

— O que importa é que também será perfeito. – Rose expressou. – E pode ficar tranquilo Edward, eu garantirei que a Bella estará parecendo uma princesa.

— Eu não tenho nenhuma preocupação quanto a isso. – Afirmou. — Pois ela já é a mulher mais linda de todas.

Ofeguei diante do elogio inesperado.

— Nossa! — Emm destacou. – Acho que alguém acabará seguindo nossos passos mais rápido do que esperamos.

— É bom o Carlisle e a Esme nem esquecerem a conversa que tiveram conosco.

— Como assim?

Questionei a Rose, após o comentário sutil.

— Apesar de sabermos que não haveria problema, decidimos conversar com eles para comunicar nossa mudança de status. – Revelou.

— Então quer dizer que nem mesmo fomos os primeiros a ficar sabendo da novidade?

— Sinto muito, Bella. Mas não.

— Porém serão os únicos a ouvir sobre isso de nós. – Rose pontuou. – Após a conversa, compreendemos bem como devemos levar as coisas aqui no hospital, mas não é como se fôssemos fazer um anúncio aos quatro ventos. – Discorreu. – Em breve será notável que estamos juntos, porém não temos preocupações quanto a possíveis fofocas.

— Pois é. – Emm concordou. – Mas acho que o hospital está mudando, pois achei realmente que ninguém pararia de falar sobre o grande lance da Bella na arrematação do Edward e isso dispersou tão rápido.

— Graças a Deus. – Emiti realmente grata. – Sei que não devo me importar com isso, mas fico feliz em não ter virado um alvo para esse tipo de comentário.

Direcionei um breve olhar para trás e ao notar certas pessoas concentradas em nossa mesa, acabei completando.

— Ainda que suponha que alguns continuem falando sobre, decidi que não vou me importar.

— Essa situação dispersou rápido, mas veremos como reagirão quando vocês também começarem a namorar.

— Emm!

— O que foi?

— Não se preocupe Emmett. Não estamos pretendendo tomar os holofotes de vocês. – Edward respondeu. – Primeiro deixaremos que recebam toda a atenção, antes de darmos qualquer passo.

— É uma promessa?

— É um consentimento...

Acabamos rindo de suas brincadeiras, porém não deixei de pensar na possibilidade de existir um intuito real de Edward por trás do comentário descontraído...

***

— Você está incrível!

Rose elogiou, enquanto continuo a me olhar no espelho.

— Tem certeza?

— É claro que sim. – Reforçou. – Além do mais, depois daquele elogio que Edward fez. Você poderia vestir até um saco de batatas, que para ele estaria ótimo.

— Mas eu não quero parecer estar vestida com um saco de batatas!

Protestei um pouco insegura.

— E não está! — Afirmou, ao se posicionar atrás de mim no espelho. – Você está lindíssima. Pronta para o seu encontro.

Pincelei o olhar novamente na combinação escolhida.

Sapatos de salto médio, meia-calça e uma saia discreta, porém com corte acima dos joelhos. Como a blusa tem gola alta, não estou usando colar, mas os brincos que Rose emprestou deram um bom toque ao look.

Sem contar meu cabelo, que está meio preso com uns fios de franja deslizando pelo rosto e a maquiagem leve, com realce no batom, finalizando o conjunto.

— Obrigada. – Agradeci tocando sua mão. – Não sei o que faria sem você.

— Como se não tivesse feito o mesmo por mim há alguns dias.

— Então que sorte a nossa poder contar com a outra.

— Com certeza.

Enquanto sorrimos diante do reflexo, ouvimos o soar da campainha.

— Pronta? – Questionou. – Pois seu príncipe acaba de chegar.

— Eu estou.

Afirmei não somente para ela, mas também a mim.

Rose falou sobre ir primeiro para abrir a porta e assenti, usufruindo os minutos finais para pegar a bolsa de mão e o casaco.

Parei no batente da sala, começando a admirar Edward, que está impecável como sempre, porém um pouco mais ao estilo do que vi no dia do jantar beneficente.

E também aproveitei para observar sua interação com a Anna.

— Você vai sai com a tia Bell?

— Eu vou.

— Eu não podo ir?

— Não querida. – Rose a conteve. – Essa noite é somente para a Bella e o Edward.

— Igual a senhola e o Emm?

— Exatamente.

— E puque a Anna nunca pode ir?

Não contive um risinho, porém Edward logo tratou de dissuadi-la.

— Eu prometo que da próxima vez que sairmos, levaremos você. Tudo bem?

— O Emm também julou isso.

— Então é só esperar que os dois cumpram o combinado.

Rose afirmou e ela pensou por um instante, mas acabou concordando.

— Tá bom.

Ele continuou sorrindo, mas sua expressão mudou totalmente quando finalmente me enxergou.

— Bella...

Encantada com o soar da sua voz, dei alguns passos em sua direção.

— Tia Bell. Tá linda.

Anna elogiou e só por isso desviei o olhar.

— Estou?

— Muito linda.

— Extremamente. — Ele reforçou.

— Você também não está nada mal.

Brinquei para equalizar um pouco as emoções.

— Para estar a sua altura, tive que me esforçar um pouco.

— Eu que precisei me compor para poder sair com você.

Abrimos sorrisos singelos ao encurtar a distância.

— Ok, os dois se produziram e estão lindos, mas está na hora de irem para desfrutarem da noite, não acham?

— Ela tem razão. – Pontuei.

— Posso te ajudar com o casaco? – Ofereceu.

— Por favor.

Entreguei-lhe a peça e virei de costas, deixando que acomode o tecido quente, porém apenas por sentir suas mãos deslizando pelos meus ombros, precisei me conter bastante para não expressar nada além do permitido na frente da Rose e da Anna.

— Podemos ir?

Questionou quando voltei a olhá-lo.

— Podemos.

Despedimo-nos das duas, mas não sem antes reforçar as promessas a Anna e só então deixamos a casa.

O trajeto até seu carro não demorou muito, já que ele estacionou bem em frente e após nos acomodarmos, com ele mais uma vez mostrando extrema gentileza em abrir a porta para mim, a música clássica começou a tocar, enquanto seguimos.

— Agora estou me dando conta. – Citei. – Você ainda não falou para onde vamos.

— Queria fazer uma surpresa. – Admitiu. – Mas acho que já posso dizer.

— Por favor.

— Como não sou da cidade e até o momento, não precisei desfrutar de nada parecido. Precisei pesquisar alguns lugares para irmos, porém como tão pouco gostaria de gastar mais tempo na estrada, do que desfrutando da sua companhia durante o jantar, optei por não ir tão longe e...

— Edward. – Toquei em seu braço livre. – Está tudo bem.

Seu olhar encontrou o meu.

— Qualquer lugar na sua companhia será perfeito. – Proclamei. – Mesmo que diga que vamos comer cachorro-quente em alguma barraquinha.

— Eu jamais faria algo assim. – Elaborou. – Talvez para o terceiro encontro, mas no primeiro não.

— Terceiro encontro?

— É apenas um número.

Sorriu, continuando a me encantar.

— Mas enfim, nós vamos a Port Angeles.

— Você já esteve lá antes?

— Uma ou duas vezes. – Contou.

— Eu gosto da cidade. – Pontuei. – E tenho certeza que o restaurante escolhido será ótimo.

— Espero mesmo que sim. – Sua mão tocou a minha. – Pois quero muito que essa noite e nosso encontro sejam especiais.

— Eles serão. – Afirmei ao entrelaçar nossos dedos. – Porque estarmos juntos é o que mais importa...

Ele consentiu brevemente e com o clima um pouco mais leve, passamos a desfrutar do percurso envoltos a conversas tranquilas e também curtindo as músicas que continuam a embalar o ambiente.

Ao chegarmos ao restaurante, o aguardei abrir a porta para seguirmos juntos e sorri brevemente ao ler o nome na fachada.

— Espero que não ache muito clichê.

— Não.

Contemplei outra vez a fachada do La bella Italia.

— E eu amo comida italiana. – Assegurei.

— Eu também.

— Então temos mais isso em comum.

— Um bom ponto para nós.

Já dentro do restaurante, Edward informou sobre a reserva e fomos encaminhados a uma mesa próxima a janela, mas também não tão distante do palco, já que o estabelecimento dispõe de música ao vivo.

Novamente ele se ofereceu para me ajudar a tirar o casaco e após puxar a cadeira para sentar, ocupou o lugar à frente e ao sermos deixados com os cardápios, não só de pratos, mas também de vinhos, começamos a comentar sobre as escolhas.

— Você permite que desfrute de ao menos uma taça?

— É claro. – Consenti. – Diante do jantar, não acredito que uma simples taça fará mal.

Ele concordou, continuando a observar a carta de vinhos.

— E também, se avaliarmos alguma coisa, eu poderia voltar dirigindo.

— É mesmo?

— Eu sou uma ótima motorista. – Ressaltei. – A não ser que seja do tipo de homem que jamais abre mão do volante do próprio carro, especialmente para uma mulher.

— A partir desse momento, um dos meus maiores desejos é vê-la dirigindo. – Informou. – Ainda mais se for o meu carro...

Aproveitei que já nos serviram as taças de água, para tomar um gole e acalmar o furor que sua frase despertou.

— Já decidiram?

O garçom questionou ao retornar a mesa.

— Todas as opções parecem tão boas que fica difícil escolher. – Informei.

— Nesse caso, poderia fazer uma sugestão?

— Por favor. – Edward indicou.

— Vocês poderiam não se dividir entre entrada, salada e prato principal e desfrutar das massas por completo. – Elaborou. – Aproveitando que hoje estamos trabalhando com sete pratos.

— São os dessa coluna aqui?

Edward sinalizou no cardápio e o garçom concordou, deixando-nos pincelar as opções oferecidas.

— Eu fiquei bastante interessado em experimentar o espaguete com ragu de toscana.

Informou e também elenquei minha escolha.

— Eu gostei do penne ao funghi.

— Vocês gostariam de compartilhá-los?

Questionou ao efetuar as primeiras anotações e ao trocarmos um breve olhar, pontuamos juntos.

— Sim.

— Então posso sugerir um terceiro prato para balancear e deixá-los plenamente satisfeitos? – Inquiriu e assentimos. – As combinações que pediram ficarão completas com o rondelli de presunto e queixo.

— Por mim tudo bem.

Afirmei de pronto e Edward fez o mesmo.

— Por mim também.

Ele fez novas anotações e outra pergunta.

— E quanto aos vinhos?

— Acredito que nenhum dos pratos compartilhe a harmonização. – Edward citou.

— Não. Mas vocês podem pedir uma taça para cada. – Pontuou. – Nossa cartela dispõe dos vinhos tintos, rosé e branco.

— Agradecemos a sugestão, porém optaremos por desfrutar de um só. – Expliquei.

— E uma única taça.

Edward pontuou e sorri em sua direção.

— Mas nesse caso, acredito que possamos ficar exatamente no meio. – Ressaltou. – Você gosta de vinho rosé?

— Muito.

— Então rosé será nossa escolha. – Designou ao garçom.

— Como queiram.

Ele guardou os cardápios e informou que em breve começaremos a ser servidos, tão pronto deixando-nos novamente a sós.

— Você parece entender de vinhos.

— Não muito. – Ponderou sutilmente. – Mas depois que comecei a exercer a profissão e ser convidado para eventos relacionados aos hospitais em que trabalhava, fui me integrando a uma coisa ou outra.

— E você gostava?

— Do trabalho em si ou desses eventos?

— De tudo. – Reforcei. – Quero saber como foram suas outras experiências.

— Acho que trabalhei em bons hospitais, rodeado de boas equipes. – Disse primeiramente. – E muito mais do que aqui, minha dedicação ao horário de trabalho era ainda maior, pois efetivamente era a única coisa com a qual me interessava.

— Então estamos te dissuadindo do bom caminho.

— Vocês me deram um propósito para além das paredes do hospital. – Esclareceu. — Especialmente você.

Sua mão tocou a minha e apreciei o gesto.

— Eu amo o que faço e que sei a maioria dos médicos que trabalham no HGF compartilham do mesmo sentimento. – Concordei prontamente. – Porém ao chegar aqui, finalmente compreendi o que muitos falavam sobre haver mais do que as sequências de plantões.

— Acho que passei pela mesma experiência. – Informei.

— Mas você gostava do hospital em que trabalhar em Seattle?

— Sim. – Acenei. – Porém como você, não conseguia enxergar muito além daquilo.

Ele esperou paciente, enquanto formulo a conclusão.

— E antes de tudo mudar, a Rose já falava tanto sobre o HGF, que estava mesmo pensando em pedir transferência.

Seus dedos continuaram a fazer carinho.

— Eu lamento muito que as coisas tenham acontecido dessa maneira.

— Nós também. – Citei em referência a Rose e eu. – Porém talvez esse fosse o caminho que o destino tinha preparado...

A conversa foi pausada por um instante, com a chegada dos primeiros pratos e após agradecermos e começamos a comer, Edward não demorou a retomar o foco.

— A forma como leva essa questão, parece ser a mais acertada.

— Eu jamais conseguirei me colocar no lugar da Rose, pois ela perdeu um homem que amou muito. – Justifiquei. – Enquanto perdi meu primo, que também amava demais, porém que tenho uma vida inteira de lembranças. Ainda mais em vista dos dois, que estavam no começo da sua jornada.

Ele concordou e após saborearmos mais um pouco das refeições, prossegui em meio a uma nova pausa.

— E sabemos que independente do que o futuro reserve a Rose, a Anna também perdeu a oportunidade de conviver com o pai. – Mencionei. – Um pai que a amou imensamente, desde o primeiro dia que soube da sua existência.

— Mas vocês sempre poderão manter a memória dele viva.

— Nós já fazemos isso. – Expus. – Não de modo a deixá-la triste, mas pontuamos constantemente que apesar de não estar mais conosco, seu pai foi um homem incrível.

Com a troca para a segunda sequência de massas, pontuamos um pouco sobre a excelente escolha e Edward falou.

— Desculpe se a pergunta for imprópria, mas você ou talvez vocês duas, se preocupam que a relação que o Emm está começando a construir com a Rose possa de algum modo nublar a memória do seu primo? – Ele tomou um gole de água e aguardei a conclusão. – Não só na vida da Rose, mas também da Anna?

— Não precisa se ressentir de perguntar nada. – O acalmei. – Mas sim, esse tópico já foi levantado, não só por ela, como por mim também. Porém justamente para reforçar que a Rose não poderia parar a vida por conta do que houve.

Continuando a trocar confidências, expliquei nossas percepções.

— Meu primo sempre terá um lugar significativo no coração dela, não só pelos sentimentos que compartilharam, mas especialmente por ter lhe dado a Anna. – Ele assentiu. – Então hoje gosto de acreditar que ele foi o amor necessário para trazer nossa pequena até nós.

— Tenho certeza disso.

— E que o próximo, sendo com o Emm ou não. Possa vir a ser o verdadeiro amor da sua vida.

— É um jeito muito bonito e maduro de ver as coisas. – Argumentou. – Porém posso dizer que torço para que o Emm seja o felizardo?

— É claro. – Abri um sorriso e ele acompanhou. – Minha torcida também é toda dele.

— Que bom, então não estou tão errado.

— De forma alguma. E justamente por pensar que eles podem dar muito certo, não me preocupo com sua presença na vida da Anna. – Admiti. – Ele pode vir a ser um padrasto ou até mesmo um novo pai, isso dependerá da relação que construírem. Mas independente do que aconteça, minha sobrinha nunca deixará de saber e ter em si, a presença do pai que lhe deu a vida.

— Esse é um elo realmente inquebrável. – Afirmou categórico. — Mas é claro, quando sua existência é permitida.

Algo em seu semblante e o tom de voz me alarmou para um ponto além do que está expressando, porém como prontamente trocou de assunto. Acabei não conseguindo me aprofundar na dúvida.

Com isso, as conversas seguiram por mais alguns comentários sobre experiências profissionais antigas, retornando a época da faculdade e chegando até mesmo a citações da infância.

— Você não parece ter sido uma garotinha fácil.

Comentou sorrindo, após relatar mais uma das minhas peripécias.

— Meus pais escolheram ter apenas uma filha. – Citei. – Acredito que por conta disso, tenha me sentido no direito de extravasar um pouco.

Com o fim do desfrute dos pratos e sem ainda ter decidido por pedir ou não sobremesa, fui pega de surpresa com a sugestão de Edward.

— Você gostaria de dançar comigo?

— O que? — Mal acreditei no que ouvi. – Mas não tem ninguém dançando.

— Eu não me importo. – Pontuou. – Agora o que realmente me incomodaria para sempre, é pensar que desperdicei a oportunidade de dançar com você no nosso primeiro encontro.

Incapaz de efetuar qualquer negativa diante das suas palavras. Aceitei a mão estendida e o acompanhei até pouco mais próximo ao palco.

Ao encontrarmos o lugar propício, uma mão tocou minhas costas, enquanto a minha alcançou seu ombro e as frontais se enlaçaram próximas a nós.

Apesar da banda ao vivo, não há cantor, então somente estamos balançando em meio a sonoridade musical. O que torna tudo ainda mais perfeito, pois acredito que nenhuma letra de música poderia descrever ou se encaixar tão perfeitamente nesse momento.

— Obrigado por ter me arrebatado no leilão.

Comentou de repente e ergui o rosto do seu peito para poder olhá-lo.

— Isso facilitou muito as coisas.

Não contive um riso e ele me acompanhou.

— Obrigada por não desistir de mim, até que chegasse o momento de pagar mil e setecentos dólares para sair com você.

— Eu cheguei a pensar que me contentaria somente com a sua amizade, mas estava errado, pois nunca seria o suficiente.

Envolvida nos orbes verdes, expressei verdadeiramente.

— Posso não saber aonde isso vai dar, porém tão pouco gostaria de me privar de viver mais com você.

— E não vamos. – Afirmou. — Nós vamos viver tudo Bella. Tudo que o destino tem para nós...

Acenei, querendo muito que esse destino seja abarrotado de coisas boas.

Quando terminamos de dançar, retornamos a mesa, mas ao nos dar conta do horário, compreendemos a necessidade de partir, visto que trabalharemos normalmente amanhã.

Não sei por que, mas achei o trajeto da volta muito mais curto, talvez por não querer me separar de Edward tão cedo.

Porém quando ele parou em frente a minha casa, tivemos que nos resignar com o fim da noite.

— Muito obrigada por tudo.

Agradeci ao virarmos na direção do outro.

— Eu que agradeço.

— Foi o melhor primeiro encontro de todos.

— E sim, foi somente o primeiro. – Reforçou. – Isso eu posso prometer.

— Então mal vejo a hora de desfrutarmos dos próximos.

— E de tudo mais que virá...

De maneira similar e espontânea, inclinamos até ocupar nossas bocas com coisas mais importantes do que as palavras. Elas foram nossas companheiras durante toda a noite, mas agora chegou o momento de deixá-las descansar.

Com uma agilidade impar, ele desafivelou não só o seu cinto, mas também o meu, fazendo com que nos aproximemos o máximo possível, quer dizer, para os parâmetros do que já fizemos até aqui.

E tenho certeza que poderia continuar beijando-o por horas e horas, sentindo a noite girar até dar lugar à manhã, porém mais uma vez e talvez cedo demais para nossas vontades, tivemos que abrir mão do contato.

— Boa noite Edward.

— Eu terei. – Afirmou. — Se conseguir sonhar com você.

— Você...

O beijei outra vez, incapaz de agir de forma diferente.

— Até daqui a pouco.

— Vou contar os minutos. – Prometeu. – E quem sabe, tenha a sorte de conseguir roubar novos beijos mesmo no hospital.

— Eles não serão roubados, se os entregar tão prontamente.

Foi a sua vez de iniciar uma nova carícia, até enfim, designarmos a despedida.

— Boa noite Edward.

Acenei já fora do carro.

— Boa noite Bella.

Ele ficou esperando até abrir a porta e entrar para a segurança da casa e também só dispersei ao ouvir o barulho sutil do motor, indicando sua partida.

Aproveitando a penumbra do cômodo, encostei contra a porta e emiti um profundo suspiro, até mesmo levando a mão à boca, ainda sentindo a sensação e o gosto de seus lábios.

Tão pouco contive um sorriso, ao me dar conta da situação em que estou. Parecendo nada mais do que uma adolescente apaixona...

Rompi o pensamento.

Não.

Não pode ser.

Em primeiro lugar, por já não ser mais uma adolescente há muito tempo. E mesmo naquela fase, nunca ter agido de maneira semelhante.

E sendo ainda mais efetiva, não posso me assemelhar a uma adolescente apaixonada, pois não posso estar me sentindo assim.

Ou seria possível estar me apaixonando e ainda mais, já estar efetivamente apaixonada por Edward...?

CONTINUA.