Uma Chance para o Amor

Capítulo 13 - The chance for fun


— Tô bunita?

Anna perguntou quando terminei de fechar seu casaco.

— Você está linda, mas é sempre linda. – Afirmei. – Porém está prontíssima para o passeio.

— Vamos passeá?

— Vamos e teremos um dia muito divertido.

— Tia Bell e a Anna?

Antes que pudesse respondê-la, a campainha soou.

— Olha só, tem alguém na porta. – Indiquei. – Vamos ver quem é?

Ela pegou minha mão e deixamos seu quarto caminhando até a sala, ao pararmos em frente à porta, fiz questão de posicioná-la bem e abri revelando a surpresa.

— Oi princesa.

— Edwad!

Ela prontamente soltou minha mão e esticou os braços para que ele a pegue no colo, o que fez sem hesitar.

— Como você está?

— Tô bem.

— Feliz em me ver?

— Muito. – Apertou as mãos, dando ênfase ao sentimento. — Eu gosto de você.

— Também gosto muito de você.

Ele deu um beijo em sua cabeça e continuei a admirá-los por mais um tempinho, até lhes chamar a atenção.

— Anna?

Edward a virou em minha direção, continuando a exibir o lindo sorriso.

— Sim.

— O que você acha do Edward ir ao passeio conosco?

— Ele vai?

— Se você quiser. – Respondeu.

— Eu quelo. – Soltou animada. — Quelo. Quelo.

— Isso que é um sim animado.

Ele citou e concordei com um aceno, mas logo comentei.

— Pode ficar com ela um instante enquanto vou buscar sua mochila?

— Tudo bem, mas antes, me dá só um minuto Anna?

Ela balançou a cabeça e ele a colocou de volta no chão, então se aproximou de mim, rodeando minha cintura e por um segundo temi sua próxima atitude, mas voltei a respirar ao sentir seus lábios somente na minha bochecha.

— Olá.

— Oi.

— Você também está animada para passar o dia comigo?

— Muito.

— Que bom. – Pisquei algumas vezes ao notar seu sorriso. – Pois também estou mais do que contente em passar o dia com vocês...

Precisei de todo meu autocontrole para conseguir me desvencilhar do seu toque.

— Eu já volto.

— Estaremos aqui te esperando.

— Vem Edwad.

Anna lhe deu a mão e ele a segurou prontamente, mesmo que para isso, tenha que inclinar bastante, visto sua altura.

Já que tudo nele é simplesmente tão espetacular, os olhos brilhantes, o cabelo macio, os braços aconchegantes...

Balancei a cabeça consternada com a linha de pensamento, ainda mais por perceber que seu olhar está focado em mim e me retirei da sala, caminhando de volta ao quarto da Anna para pegar sua mochila como prometido.

Como era de se esperar, nossos plantões não demoram a voltar a se intercalarem e por conta disso, hoje estou de folga enquanto Rose está trabalhando. Porém em uma excelente coincidência, os horários de Edward continuam compatíveis com os meus, então quando comecei a planejar o que fazer com esse sábado livre, não pensei duas vezes em convidá-lo e para minha imensa alegria, ele aceitou prontamente.

— Podemos ir?

Questionei ao retornar a sala e observá-los interagindo.

— Pronta para sair?

Edward a questionou e ela balançou a cabeça.

— Eu tô.

— Então vamos.

Ele estendeu a mão para acompanhá-la, porém ela ergueu os braços pedindo colo e ele a pegou sem hesitar.

Continuei a sorrir ao contemplar a interação entre eles e após trancar a casa, seguimos ao meu carro.

Ao abrir as portas traseiras, guardei a mochila e acenei para Edward me passar a Anna, para que possa colocá-la na cadeira, porém ele negou com um aceno.

— Prefiro que me instrua sobre o que fazer, para que possa aprender.

— Tudo bem.

Contente com sua iniciativa, apenas indiquei sobre como acomodá-la e atrelar os cintos, função que ele desempenhou de maneira bastante eficiente.

O que não é nenhuma surpresa visto suas habilidades como cirurgião, então prender uma criança na cadeirinha de proteção torna-se realmente conceito básico.

— Está confortável? – Ele questionou e ela balançou a cabeça. – Segura?

— Tô.

— Ótimo.

Ele beijou sua cabeça mais uma vez e sorrimos ao ouvir o próprio risinho dela. E Edward se afastou, fechando a porta do carro.

— Por favor.

Indicou para caminhar ao redor do veículo e continuei a sorrir diante da sua gentileza, já concluindo que mesmo assumindo a direção, ainda contarei com sua cortesia de abrir a porta.

— O que...

Minha dúvida rapidamente foi cortada e preenchida pela sensação dos seus lábios nos meus. Retribui o beijo com um entusiasmo certeiro e sentindo também um gostinho de saudades.

— Sei que não poderemos fazer isso na frente da Anna, mas não aguentaria passar o dia todo com você, sem desfrutar do sabor da sua boca ao menos uma vez.

— Edward...

Nossos lábios se encontraram outra vez, porém rápido demais me vi distante dele, somente sentindo sua mão nas minhas costas, guiando-me à porta do motorista.

Ele indicou para entrar e assenti grata, me acomodando no banco, enquanto aguardo que dê a volta para fazer o mesmo.

— Todo mundo pronto?

— Sim...

Anna respondeu agitando os braços e alongando a palavra.

— Com certeza.

Edward também respondeu e liguei o carro deixando as imediações da casa, passando a dirigir pelas ruas de Forks rumo a Port Angeles.

— Quelo música.

Anna não demorou a pedir e peguei o celular, conectando ao sistema de som do carro.

— Qual você quer ouvir?

— Encanto.

Procurei a playlist com a trilha sonora do filme e logo as canções da animação da Disney começaram a preencher o ambiente.

— Espero que não se importe. – Comentei com Edward. – Mas quando andamos com ela, esse é o tipo de música que costumamos ouvir.

— Não tem problema. – Garantiu. – Estou mesmo precisando ouvir e me inteirar de músicas mais atuais.

— Pois então essa trilha sonora é uma boa pedida, pois concorreu até mesmo ao Oscar.

— Mas não ganhou?

— Infelizmente não. – Informei. – Porém ainda conta como mérito.

— Com certeza.

Dirigi mais um pouco, porém sentindo seu olhar fixo, questionei.

— O que foi?

— Nada. – Ponderou. – Estou simplesmente te admirando.

Voltei a me concentrar na estrada, apesar de não ter conseguido conter o rubor.

— E também matando um pouco da vontade de vê-la dirigir.

— Não acredito que ainda está pensando nisso. – Ressaltei surpresa.

— Eu não pensei em outra coisa nas últimas três semanas.

— Em nada mais?

A provocação saiu tão sutilmente que até mesmo me espantei.

— Talvez tenha tido alguns outros pensamentos. – Respondeu tranquilo. – Porém esse estava no topo.

— Fico feliz em começar a cumprir minha dívida.

— Porém sabe que não estará completa até que também dirija o meu carro...

Nossos olhares se encontraram, porém o clima foi rapidamente dispersado ao ouvirmos a Anna.

— Tia Bell! — Falou animada. — Sua música.

— Sim, meu bem.

Percebendo o olhar confuso que Edward assumiu, tratei de explicar.

— O nome da personagem que canta essa música também é Isabela.

— Que legal.

— Mas a tia Bell tem dois l e a irmã da Milabel não.

— Exatamente querida. – Concordei. – Você é muito inteligente.

— Anna, você poderia me contar quem são os outros personagens do filme? – Edward pediu, virando em sua direção. – Encanto, certo?

— Sim.

— E não teria nenhum Edward ou talvez um Eduardo para fazer par com a Isabela?

— Não, não tem.

— Tudo bem. Quem sabe na próxima. – Deu de ombros. – Agora fale sobre os outros personagens.

Assim, Anna começou a contar não só os nomes, mas também o informou sobre todos os detalhes do filme...

— Temos um roteiro programado?

Ele perguntou assim que começamos a caminhar pelo centro de Port Angeles.

— Eu pensei em levarmos a Anna em um parquinho que abriu recentemente.

— Paquinho!

— Ela está animada com a ideia. – Ressaltei.

— Então vamos lá.

Seguimos até o estabelecimento e ao pararmos para comprar os ingressos, Edward questionou.

— E como você ficou sabendo desse lugar?

— Uma mãe de paciente comentou e resolvi trazer a Anna para conhecê-lo.

— E Rose não se importará que façamos esse passeio sem ela?

— Não. Na nossa dinâmica de criação, temos bem estabelecido o que cada uma gosta ou não de fazer. – Expliquei. – Então ela é a encarregada das saídas relacionadas a idas ao shopping e compras, enquanto fico a cargo de passeios assim.

— Vocês realmente se completam.

— Nós tentamos. – Sorri.

— Mas eu sei de alguém que gostaria de estar conosco.

— Quem?

— O Emmett. – Informou tranquilamente. – E farei questão de contar todos os detalhes desse dia.

— Edward.

— Ele nunca se preocupou em me fazer inveja pelo novo acesso ilimitado a Anna.

Por conta do seu recente namoro com a Rose, de fato tem frequentado mais nossa casa nos últimos dias, enquanto que desde aquela breve interação na noite em que saímos para jantar, Edward ainda não tinha voltado a vê-la.

— Vocês precisam parar com isso.

— Mas ele não está errado. – Acentuou. – Pois no seu lugar, faria o mesmo.

Ele ajeitou Anna no colo e concluiu.

— Porque quem não gostaria de conviver ainda mais com essa princesa?

— Eu sô pincesa.

— Completamente.

Ela voltou a olhar ao redor, curiosa com o ambiente interativo e aproveitei para citar.

— Prometo encontrarmos meios de se verem mais.

— Talvez se começar a namorar a tia da Anna, possa ganhar meu próprio acesso ilimitado à companhia das duas.

Não consegui responder e por sorte não precisei, pois chegou a nossa vez de comprar os ingressos e enquanto Edward se encarregou de tudo, deixei minha mente enevoar pelo recente comentário.

No dia seguinte ao encontro, logo que nos vimos no hospital, senti as mesmas borboletas que haviam rodeado meu estômago na noite anterior, voltando a marcar presença e com isso, resolvi agir com prevenção e dar um passo para trás.

Conversei com Edward sobre a forma como me senti no jantar, enfatizando o quanto gostei, porém também o deixei entender que ainda não estava pronta para seguir mais adiante, ao menos não por enquanto.

E sendo o melhor homem de todos, não demonstrou nada além de compreensão extrema, concordando em manter nossas interações da mesma forma que já vínhamos praticando. Com conversas intensas, toques furtivos e bastante carinho.

E desde então, não fez qualquer menção de impulsionar algo para atingirmos um patamar superior. Isto é, até esse comentário sútil, que para o bem da minha sanidade, procurarei levar como uma simples brincadeira em meio às várias que já ocorreram.

E assim que entramos no parque, o clima novamente voltou a girar em torno da diversão conjunta, com Anna demonstrando muita animação e Edward bastante disposto a cumprir com todos os seus desejos e vontades.

Até mesmo se prontificando a ser o acompanhante oficial em todas as atrações possíveis, deixando para mim, a responsabilidade de registrar os momentos.

A levamos em um brinquedo de xícaras giratórias, que ela pôde sentar sozinha e depois não parou de comentar sobre como parecia com as xícaras do filme A Bela e a Fera, fazendo-me prometer que o assistiremos assim que voltarmos para casa.

Depois Edward a acompanhou em um elevador infantil, que quase não o comportou, mas ele fez questão de estar com ela e durante os minutos que fiquei observando-os, não pude sentir outra coisa além de puro e simples encantamento.

Passamos por algumas gangorras e a colocamos sobre uma das pontas para tirar fotos e depois dos registros, fui a responsável por segurá-la, enquanto Edward foi ao outro lado para fazer os movimentos de subir e descer para que também desfrute da diversão do brinquedo.

Continuamos o tour parando em todas as atrações a serem aproveitadas com a Anna. E até mesmo em outras que não eram propriamente para a sua idade, mas que acabou se divertindo tanto quanto, como foi o caso do carrinho bate-bate.

Primeiro ela foi acompanhada de Edward e fiquei do lado de fora filmando a peripécia dos dois. Depois pediu para ir comigo e trocamos as posições, mas ainda não se dando por satisfeita, falou que queria ir de novo e Edward sugeriu que fôssemos os três, então a levei no colo, enquanto ele assumiu o volante do carrinho.

— Gostou do brinquedo, não é princesa?

Edward perguntou quando enfim deixamos a atração.

— Gostei muito. Muito. Muito. Muito.

— Já entendemos Anna. – A contive antes que continue infinitamente. – Agora vamos descansar um pouquinho.

Indiquei um banquinho e Edward sentou, mantendo-a no colo.

Prontamente acessei sua bolsa, pegando a garrafinha de água.

— Toma um pouquinho.

Ela segurou a garrafa e a observamos enquanto desfruta do líquido.

— Devagar querida.

Pedi em meio ao seu ímpeto e Edward falou.

— Também deveríamos tomar um pouco.

— Sim.

— Vou comprar para nós.

Ele a colocou sentada diretamente no banco e ao ver o protesto se formar, logo falei.

— O Edward já volta Anna. – Assegurei. – Agora quer comer algumas frutas?

— Tá bom.

Peguei o potinho onde trouxe uvas e também cerejas, já que ela gosta e abri para que vá pegando.

— Aqui está.

Edward falou ao retornar, entregando-me uma das garrafas de água, agradeci e ele sentou ao nosso lado.

— Está comendo frutas. Que delícia.

— Quer?

— Não, pode comer.

— Pega. – Esticou a mãozinha em sua direção. — Pô favor.

— Tudo bem, mas só se você continuar comendo as suas.

Ele pegou uma uva e uma cereja, mas ficou atento para ver se ela continuará se alimentando e o fez por alguns minutos.

— Tô cheia.

— Não quer mais?

— Não.

— Tudo bem. – Fechei o potinho, guardando-o de volta na mochila. – Mais tarde você come mais um pouco no almoço.

— Agora vamos continuar o passeio?

— Vamos.

Ela respondeu a Edward e quando ele levantou, já esticou os braços.

— Anna, você não quer andar um pouquinho? – Sugeri.

— Não.

— Está tudo bem. – Edward afirmou ao segurá-la. – Eu não me importo em levá-la no colo.

— Você diz isso agora, mas a noite estará cansado.

— Duvido muito.

Deixei estar e continuamos andando pelo parque, porém não caminhamos muito até passar em frente a uma barraca cheia de bichinhos de pelúcia.

— Eu quelo.

Anna manifestou, mas antes que pudesse responder, Edward disse.

— Qual?

— Não precisa. – Tentei contê-los.

— O gatinho.

— Tudo bem.

— Edward.

— O que foi?

— Ela já tem vários bichinhos em casa. – Atestei.

— Mas tenho certeza que não tem um desse, não é?

— Não.

Seu cabelo balançou junto, fazendo Edward sorrir ainda mais. Porém ao me olhar, acabou abaixando a guarda.

— Escuta, essa é a primeira vez que saímos juntos, deixe-me mimá-la. Só hoje. – Suplicou. – Prometo que nas próximas agirei como um adulto sensato.

— Nas próximas vezes?

— Sim, pois não quero pensar que somente terei o direito de desfrutar essa única vez.

Sabendo que não é o pedido mais insensato do mundo, acabei cedendo.

— Ok. Mas, só não exagere, por favor.

— Palavra de escoteiro.

Não contive um riso e continuei a observar suas interações com o vendedor, enquanto Anna escolhe o bichinho desejado. Ao menos não é uma pelúcia tão grande e também é bonitinha.

Mas quando nos distanciamos da barraca, me adirei ao notar a mão de Edward estendida em minha direção.

— O que foi?

— Abra.

Toquei em seus dedos e ele os abriu, revelando uma bonequinha de pano, que com certeza costumam ser colocada em chaveiros.

— É para você. – Falou contido. – Uma lembrancinha.

— Não precisava.

— Pode deixá-la no seu consultório para que as crianças admirem.

— As crianças vão querer levá-la embora, isso sim.

— Então deixe em outro lugar. – Sugeriu. – No seu quarto, por exemplo.

— No meu quarto?

As palavras quase não deixaram meus lábios.

— Você tem um quarto só seu. Não tem?

— Tenho, é claro.

— Pois então. – Seu olhar mudou. – Por que ficou assim?

— Por nada, besteira.

— Bella...

— Olha Anna, quer ir naquele labirinto?

Desviei a atenção, trazendo-a de volta a conversa.

— O que é um labinto?

— É um lugar para explorarmos. – Expliquei. – É bem legal, vamos?

— Tá bom.

Edward deixou estar e caminhou ao meu lado até o entretenimento.

Não demoramos muito a cruzar o espaço e na saída, demos de cara com um circuito interativo próprio para a sua idade, então a deixamos desfrutar.

— Ela é tão esperta.

— Sim. – Concordei cheia de orgulho. – E não falo isso somente como uma tia babona, mas justamente por conviver com muitas crianças, consigo avaliar o bom desenvolvimento da Anna.

— Tenho certeza que sim.

Continuamos a observá-la, até que uma senhora parou ao nosso lado.

— Qual delas é a de vocês?

— A loirinha. – Indiquei. – E da senhora?

— Meu neto é o garotinho com a camiseta azul.

Tendo mais de um, ela acabou completando.

— Com o carro estampado.

— Ah, sim.

— A senhora o trouxe sozinha? – Edward perguntou.

— Não, meu filho também veio. – Esclareceu. – Infelizmente ele e a mãe do meu neto não estão juntos, então esse é o fim de semana que podemos aproveitar sua companhia.

— Entendo.

Consenti, sabendo como em muitos casos, para os avós é ainda mais difícil entender tais situações.

— É bom ver um casal como vocês. – Afirmou e a olhamos consternados. – Que escolhem desfrutar do momento em família.

Trocamos um olhar incisivo, porém Edward negou com um aceno e falou.

— Mas independente do que aconteça entre os adultos, penso que é importante para o seu neto também compartilhar desse tempo com o pai e a senhora.

— É sim. E eu o amo muito. – Declarou. – Aliás, amo os dois.

— Com certeza.

Poderíamos ter esclarecido a verdade, mas gostei da escolha de Edward em não desiludi-la.

— Ela é mesmo uma gracinha.

Falou ao continuar olhando para a Anna.

— Obrigada.

— E parece com o pai.

— Parece sim.

Afirmei, mesmo que ela não tenha ideia do que quero dizer.

— Meu filho está me chamando.

Citou pouco depois e assentimos.

— Foi um prazer conhecê-la. – Respondi.

— Igualmente. – Acenou. – Tenham um bom dia.

Balançamos a cabeça e não deixamos de sorrir quando ela se afastou.

— A Anna é parecida com seu primo?

Edward questionou curioso.

— Sim. Mas também é uma boa mistura entre ele e a Rose.

Seu olhar voltou a ela e não guardei o comentário.

— Só que sem dúvida ela achou que a Anna pudesse ter algum traço seu, por conta do cabelo, mas especialmente, pelos olhos claros.

— Seu primo também tinha olhos verdes?

— Os dele eram uma mistura, um pouco mais puxado para o mel. – Revelei. – Então juntando ao DNA de olhos azuis da Rose, veio a Anna com os seus pendendo para essas cores.

— Uma verdadeira boneca.

Concordei sorridente e logo ela se aproximou, demonstrando sinais de cansaço. Edward a pegou novamente no colo e demos o passeio no parque por encerrado, mas não voltamos para casa antes de almoçar.

E o momento continuou recheado de interações e conversas entre os dois, assim como o trajeto de volta a Forks. Onde Anna aproveitou para nos brindar com vários comentários sobre os coleguinhas da creche e todas as atividades que fez nos últimos dias.

Quando estacionei, Edward mais uma vez assumiu a função de retirar Anna da cadeirinha, prática que continuou a efetuar enquanto estávamos em Port Angeles.

Indiquei para entrarmos em casa, porém foi só colocarmos os pés na sala, para Anna questioná-lo.

— Você já vai embola?

— Eu não sei...

Seu olhar cruzou com o meu e expressei.

— Gostaríamos que ficasse. – E completei. – Isso é, caso queira.

— Fica. – Anna pediu. — A gente vai assisti A Bela e a Fela.

— Eu vou adorar passar mais tempo com vocês. – Concordou.

— Então fique a vontade. – Comentei. – Eu vou dar banho na Anna e já voltamos.

— Não vai embola.

Ela pediu outra vez ao passar para o meu colo.

— Eu não vou. – Prometeu.

Sem mais delongas, segui ao quarto dela e rapidamente providenciei seu banho. Claro que ela preencheu o momento com vários comentários sobre a apreciação do dia e também da companhia de Edward, detalhes que farei questão de repassar a ele.

E quando voltamos à sala, o encontramos sentado no sofá.

— Minha nossa. Você está muito cheirosa.

— A tia Bell me deu banho.

— Mas tenho certeza que esse cheirinho gostoso é totalmente seu.

Ele fingiu aspirar o perfume do seu pescoço, mas a rendeu em cócegas, fazendo com que se contorça toda sobre o seu colo.

— Cuidado.

Citei atenta e quando a Anna olhou para mim, logo soltou.

— Vamos vê o filme?

— Como quiser.

Rapidamente acomodamo-nos no sofá central, com Anna entre nós. Liguei a TV, conectando no streaming da Disney para colocar o filme.

Porém assim que primeiro número musical terminou, fomos despertados pelo toque do meu celular.

— É a minha mãe.

— A vovó Lenée? — Acenei positivamente. — Eu quelo fala com ela.

Sem meios de negar o pedido, apertei o botão para aceitar a chamada.

— Oi mãe.

— Bella, como está?

— Oi vovó.

Virei o celular para a neném.

— Anna. Ah, minha linda. Que saudades. Eu...

Mas é claro que com isso, mamãe também pôde ver nosso convidado.

— Olá Renée. Como vai?

— Edward? — Questionou bastante surpresa. — É você mesmo?

— Sou.

— E você está com a Bella e a Anna, na casa delas.

— Pois é.

— Eu fui passear com a Anna e o convidei para nos acompanhar. – Expliquei.

— Mas isso é. – Ela pensou um pouco para completar. — É ótimo. Muito, muito, ótimo.

— Mamãe.

— E você gostou de passar o dia com elas?

Falou, me ignorando totalmente.

— Está sendo realmente maravilhoso. – Edward respondeu.

— Eu também gostei.

— É mesmo lindinha? — Sorriu para a Anna. — O Edward é muito legal, não é?

— Sim. Ele foi nos binquedos e me deu um ursinho.

— Que maravilha.

Comemorou, faltando bater palmas.

— E agora vocês estão fazendo o que?

— Tamo vendo A Bela e a Fela.

— E eu atrapalhei o filme de vocês. Sinto muito.

— Está tudo bem mamãe.

— Não, eu volto a ligar mais tarde.

Afirmou e concordei.

— Edward. Foi um prazer falar com você.

— Igualmente.

— E já que a Bella o convidou para passar esse dia com ela e a Anna, espero que em breve o convide para também vir almoçar com Charlie e eu.

— Se isso acontecer. Será um imenso prazer.

— Eu farei com que aconteça.

— Mamãe, a senhora não pretendia desligar?

— É mesmo. Não quero atrapalhar esse momento.

Por um segundo, desejei que Edward não estivesse concentrado na tela do celular, para não captar o olhar efetuado pela minha mãe.

— Tchau Anna.

— Tchau vovó.

— E tchau para vocês dois.

— Tchau Renée.

— Até mais mamãe.

Assim que desliguei e guardei o celular, voltei a dar play no filme e com Anna focada na tela, comentei somente com Edward.

— Desculpe por isso.

— Imagina. – Consentiu. – É sempre um prazer falar com a sua mãe.

Para não dar ainda mais margem a esse assunto, somente balancei a cabeça e também voltei a me concentrar na televisão.

Contudo, após somente alguns minutos, atestei o ressoar tranquilo da Anna, com a cabecinha encostada no braço de Edward.

— Será que a cansamos demais?

— Não. É comum que ela tire cochilos à tarde, ainda mais após um dia agitado.

— Você vai levá-la para o quarto?

— Sim.

— Posso?

Concordei e ele a tomou nos braços, com ainda mais delicadeza do que fez o dia inteiro.

Apontei o caminho para o quarto dela e ele seguiu compenetrado, então aproveitando a ajuda, adentrei o cômodo já podendo arrumar a cama para que ele a deite em descanso.

Após acomodá-la, ajeitei seu cabelo sobre o travesseiro, a cobri e acionei o abajur, assim como a babá eletrônica. Então deixamos o quarto para que continue a ressonar.

— Não tinha ideia que a Anna se referisse a sua mãe como avó.

Comentou assim que voltamos a caminhar para a sala.

— Ela faz com os dois. – Esclareci.

— Isso é por sua causa ou...

— Não. – Justifiquei. – De certa forma, meus pais também criaram o James, pois durante toda a vida, ele contou somente com o apoio da mãe.

— Como eu...

— Sim.

Refleti um instante sobre a similaridade das suas histórias, mas logo voltei ao foco.

— Infelizmente minha tia também faleceu quando ele era jovem, então meus pais assumiram sua tutela integralmente e assim que a Anna nasceu. Ele estabeleceu que os dois fossem tratados como seus avós. – Mencionei. – E mesmo depois do que houve, Rose continuou fazendo questão de manter o elo, para que a Anna desfrute da possibilidade não só de ter avós maternos, mas também paternos.

Quando sentamos novamente no sofá, dessa vez, um pouco mais próximos, já que Anna não está mais aqui. Acabei dando play no filme, ainda que saiba que não manteremos a concentração, mas talvez tenha feito isso como forma de preencher o ambiente...

— Bella?

— Sim.

— Por que ficou estranha quando te dei a bonequinha? – Questionou firme. – Você não gostou?

— Não, não foi nada disso. – Garanti. — Eu amei.

— Então o que houve?

Receosa em responder, mas sem forças para lhe negar a verdade, acabei confessando.

— Eu já disse mais de uma vez, como você me desnorteia e...

— Mas o que eu fiz?

— Nos últimos tempos, sempre que estamos juntos ou que faz algo, acabo me transformando quase que em uma adolescente. Deixando de ser a mulher de mais de 30 anos que sou de fato.

— Você pode ser quem desejar. – Sua mão alcançou meu rosto. – Desde uma menina. A mulher fenomenal.

— Edward...

— Perdão, eu te interrompi.

Tomei uma respiração e conclui.

— Quando você falou sobre deixar a bonequinha no meu quarto, a mera menção de algo seu ali, acabou levando meus pensamentos a questões distintas...

Sua reação foi bastante visual, pois o verde dos seus olhos acentuaram ainda mais. E além de lamber o lábio inferior, também engoliu em seco.

Porém quem acabou tomando uma atitude efetiva fui eu, ao quebrar nossa distância e colar nossas bocas, mas ele correspondeu tão prontamente quanto, deslizando a mão que estava em meu rosto em direção à nuca, enquanto as minhas alcançaram sua camisa e rapidamente senti a mão livre alcançar minha cintura.

Os beijos começaram singelos, mas pouco a pouco foram tomando ainda mais forma, nos transportando a um universo de sensações.

E foi inevitável não gemer entre seus lábios quando ele começou a inclinar o corpo contra o meu, acomodando-me no estofado e continuando tão colado quanto possível.

— Você é incrível. – Murmurou diante da minha boca, quando nos separamos um instante para respirar. — E também me enlouquece.

— Edward...

— E eu quero conhecer todas as suas versões.

— Não diz isso.

Pedi estarrecida, não aguentando continuar com os olhos fixos nos seus.

— Digo por que é a verdade.

Ele começou a pincelar beijos pelo meu rosto, fazendo todo meu corpo arrepiar.

— Eu quero viver tudo contigo. – Professou intensamente e isso bastou para que reabrisse os olhos. – Poder abraçá-la a cada encontro no hospital. Desfrutar de muitos outros dias ao seu lado e da Anna. Ser convidado para almoçar com os seus pais. Namorar no sofá. E quem sabe um dia, até mesmo conhecer o seu quarto.

— Ah, meu Deus...

— E eu vou te esperar. – Prometeu. – Pelo tempo que for necessário.

— Você não existe.

— Então quem está prestes a beijá-la por todos os minutos que forem permitidos?

Com o peito cheio de sentimentos e a cabeça tão lotada quanto, mas com uma dimensão enorme de pensamentos controversos. Acabei escolhendo o caminho mais fácil e simplesmente voltei a beijá-lo, querendo desfrutar de tudo que falou.

Mas sabendo que para efetivamente viver todas essas promessas, ainda será preciso que me abra muito mais...

CONTINUA.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.