Uma Chance para o Amor

Capítulo 11 - The chance to meet


Abri a porta da sala de descanso e após entrar, segui direto para o balcão onde fica a cafeteira.

— Dra. Swan...

Virei rápido, me deparando com Edward sentado confortavelmente em um dos sofás.

Mais lindo impossível...

Tenho certeza que todas as roupas lhe caem absolutamente bem, mas há algo diferente quando está todo de branco.

E sentado com uma perna apoiada na outra, o Ipad na mão e o olhar que está me lançando, não poderia ser mais irresistível...

— Dr. Masen.

Cumprimentei de volta.

— Não te ouvi entrar. – Citou.

— Também não tinha te visto aí.

Continuamos a troca de olhares e ele questionou.

— Apreciando uma folga?

— Reabastecendo. – Indiquei para a máquina de café. – Aceita um pouco mais?

Questionei após observar a xícara ao seu lado.

— Por favor.

Servi café para dois e caminhei até o sofá. Ao entregar a sua, ele fez sinal para sentar consigo.

— Obrigado.

Agradeceu após sorver um pouco do líquido restaurador.

— De nada. – Expressei da mesma maneira. – O que está lendo?

Perguntei, visto o conteúdo na tela do aparelho.

— Um novo artigo sobre termos cirúrgicos.

— E continua a trabalhar mesmo aqui.

— Estava apenas aproveitando o momento.

— Então não vou atrapalhar.

Fiz menção de levantar, porém fui impedida pelo toque da sua mão na minha.

— Você nunca atrapalha.

Observei nossas mãos unidas, então subi o olhar ao seu.

Ainda não sei como encontramos forças e fibras para nos conter em meio aos momentos compartilhados na sua casa, mas foi o que aconteceu.

Depois de nos recuperarmos, ele cumpriu o combinado e me levou embora.

Não conversamos sobre nada sério, mas justamente nossa comunicação muda estabeleceu os limites e a maneira de agirmos de agora em diante.

— Edward...

Sussurrei quando ele ergueu minha mão, levando próxima ao rosto e dando um beijo no pulso.

— O que foi?

— Você sabe que não podemos. – Relembrei. – Aliás, que não devemos.

— E o que estou fazendo de errado?

Encostou os lábios novamente.

— Me... — Engoli em seco. — Me deslumbrando.

— É mesmo?

— Sim.

— E não posso fazer isso com você. – Provocou.

— Não. – Observei seu sorriso aumentar. – Ainda mais aqui no hospital.

— E por que mesmo?

— Porque alguém pode aparecer.

— Nós ouviríamos.

— Você não me ouviu entrar. – Pontuei.

— Agora estou prestando atenção.

— Então não está focado em mim?

Brinquei, mas ao invés de responder diretamente, preferiu inclinar até aproximar nossos rostos.

— Eu estou sempre focado em você.

— Edward...

— Continue.

Continuar o que?

Se não consigo mais pensar direito...

— Por que não posso te deslumbrar? – Reforçou.

— Eu até poderia informar uma lista. — Acho que só não conseguiria. – Mas o maior ponto é que não posso ficar deslumbrada e acabar esquecendo minhas obrigações.

— E isso seria um problema. – Enfatizou.

— Sim.

— Mas talvez nos conter não seja a solução e sim, deixarmos o que estamos sentindo fluir...

Cheguei a sentir sua respiração pincelar meu rosto, porém qualquer ação foi interrompida pelo soar do seu bipe.

A frustração ficou mais do que nítida e acabei soltando um risinho.

— Não faça isso. – Pediu chateado.

— Eu avisei.

Ele assentiu, então pegou seu Ipad e a xícara de café.

— Nos vemos depois?

— Se for possível.

— Vou torcer para que sim.

Prestes a concordar, acabei não conseguindo, pois fui surpreendida ao sentir seus lábios nos meus.

— Edward!

Foi somente um roçar, breve demais para a minha necessidade, mas, ainda assim...

— Tchau doutora Swan.

— Você é impossível!

— Você ainda não viu nada.

Piscou mantendo o sorriso e rapidamente deixou a sala.

Enquanto permaneci impactada por mais algum tempo, até efetivamente conseguir me recuperar e também retornar ao plantão...

E pelo visto o destino está querendo nos reunir novamente, mas espero que agora, possamos efetivamente tratar de trabalho.

Já que estou terminando de caminhar para seu consultório com os resultados dos exames do bebê que estamos monitorando juntos.

— Para onde está indo?

Virei em direção à voz da Rose, vendo-a caminhar pelo corredor com Emm ao seu lado.

— Eu também poderia perguntar de onde estão vindo.

— Na verdade, também estamos indo. – Ele respondeu. – Tenho uma série de atendimentos e Rose foi designada a me acompanhar.

— E isso nem deve deixá-los felizes. – Provoquei animada.

— E por que deixaria?

— Porque estar comigo é ótimo.

Emm declarou e acenei, indicando que concordo com ele.

— E estar comigo também não é incrível? – Ela rebateu.

— Claro que sim. – Ele afirmou rapidamente. – Mas só podemos trabalhar juntos porque meu cargo permite.

— Isso quer dizer o que? — Devolveu. – Que tenho que estar grata por trabalhar com o excelentíssimo doutor McCarty? Como se fosse uma espécie de meu superior?

Ela cruzou os braços para enfatizar a provocação e sua reação de resposta, porém acabei não me aguentando.

— Olha, se vocês vão começar a flertar e namorar. Eu prefiro não estar presente.

— Não estamos namorando.

Rose rebateu, parecendo um pouco constrangida, porém Emm não deixou por menos.

— Ainda...

— Então precisam começar a ser mais discretos.

Edward citou ao abrir a porta do consultório, dando de cara conosco.

— Você estava nos ouvindo? – Rose questionou.

— Somente o final, porque já estava próximo a porta. – Justificou. – Mas não tinha ideia de que estava ocorrendo uma reunião.

— Não era para ser. – Comentei. – Eu vim procurá-lo e eles chegaram depois.

— Pois então entrem. – Indicou a sala. – Caso queiram continuar conversando e eu possa fazer parte também.

— É bom mesmo que fiquemos com vocês. – Rose falou ao adentrar o consultório. – Para que tão pouco comecem a desfrutar a oportunidade de estar a sós para namorar.

— Rose!

Não acredito que ela teve a coragem de falar isso!

Mas ao invés de mostrar arrependimento, somente completou.

— É divertido, não é?

— Acho que Bella não veio me procurar com esse intuito ou veio?

— Não. – Pontuei rapidamente. – É claro que não. Eu vim falar de trabalho.

— E nós também estávamos.

Rose indicou para si e o Emm.

— Mas tão pouco sou contra tratarmos de outros assuntos.

Edward disse casualmente e Emm completou.

— Nem eu.

Os dois compartilharam um sorriso cúmplice, enquanto continuamos um pouco consternadas.

— Eu estava sentindo falta disso. – Emm comentou.

— Falta do que? – Rose questionou.

— De compartilharmos os plantões. – Explicou. – Não é a mesma coisa sem a equipe reunida.

— Nisso eu concordo. – Expressei com um sorriso.

— Então devemos aproveitar pelo tempo que for possível. – Edward citou. – Pois sabemos como as coisas podem acabar mudando do dia para a noite.

— É verdade. – Emm ponderou. – E você acabou de me dar uma ótima ideia.

O olhamos curiosos, porém ele virou a Rose exibindo um novo sorriso.

— Precisamos aproveitar a igualdade dos plantões para marcar nosso próximo encontro.

— Como é?

Confesso que até eu fiquei surpresa com a mudança de assunto.

— Isso mesmo. – Continuou animado. – Eu não quero perder a oportunidade. E podemos agora mesmo combinar com a Bella, sobre quando será melhor para que ela fique com a Anna.

— Podem contar comigo. – Deixei claro. – No dia que decidirem estará perfeito.

— O que acha?

Reforçou para ela e apesar de levar alguns segundos para responder, não o decepcionou.

— Eu aceito. É claro. – Sorriu abertamente. – Vamos pensar em uma data.

— Para o mais breve possível. – Reforçou.

— Está bem.

Continuei a sorrir e meu olhar encontrou o de Edward, porém sua expressão me intrigou.

— Eu não continuarei sendo tolo e tão pouco quero perder a minha oportunidade.

Ah, meu Deus.

— Rose, você se importaria em prestar a mesma cortesia para nós?

A questionou, enquanto continuo com uma expressão de incredulidade.

— Mas é claro que não! — Respondeu mais do que de pronto. – Se quiserem, podem sair hoje mesmo.

— Rose!

— O que foi?

— Eu agradeço, mas quero que nosso encontro seja perfeito e para isso, precisamos de um pouco mais de calma.

— E eles não podem sair primeiro do que nós. – Emm rebateu. – Afinal de contas, temos alguns direitos.

— Quais?

Edward devolveu e Emm respondeu sem hesitar.

— Nos conhecemos há mais tempo.

— Mas vocês já saíram em um encontro. – Edward expressou. – Enquanto para nós, será a primeira vez.

— Ok. – Ele pensou por um instante. – Mas eu falei sobre isso primeiro. E também fui leiloado antes de você.

— Um mero acaso do destino. – Edward ressaltou.

Enquanto continuam a debater, Rose e eu trocamos um olhar que mistura um pouco de descrença e diversão.

— Mas a contribuição da Bella foi bem substancial e isso tem mérito. – Edward concluiu.

— O dinheiro foi pela causa. – Me defendi.

— Nós sabemos amiga. – Rose veio em meu apoio ou achei que assim fosse. – Ninguém pensa que você estava simplesmente louca para conseguir um encontro com o Edward.

Emm soltou um risinho e ele o acompanhou.

— Eu acho que vou pedir para trocar de plantão. – Expressei.

— Por favor, não faça isso.

Edward pediu prontamente e tocou na minha mão.

— E apesar das brincadeiras, gostaria de pedir oficialmente que fosse a um encontro comigo.

Impactada demais para pensar de outra maneira, somente respondi.

— Achei que já tivéssemos um encontro marcado. – Sorri e ele me acompanhou. – Já que como todos viram, eu paguei por ele.

— Então me deixe recompensá-la...

Diante de um olhar como esse, acredito que seria capaz de ceder a qualquer coisa.

— Sim...

E realmente foi como se tivéssemos entrado em um mundo paralelo, pois quando a voz de Emm soou, tive que balançar a cabeça para voltar à realidade.

— Realmente não queríamos atrapalhar, mas é que temos que voltar ao trabalho.

— Nós também.

Pontuei ao soltar a mão de Edward.

— Então está combinado. – Rose indicou. – Dentro dos próximos dias, nos organizaremos para ir aos encontros.

Assentimos em conjunto e Edward completou.

— E vocês podem ir primeiro.

— Valeu irmão. – Emm agradeceu dando um tapinha em seu ombro. – É por isso que você é um excelente médico.

Rimos sem acreditar em suas palavras e na insinuação de que uma coisa tem a ver com a outra.

— Agora os deixaremos a sós.

Emm falou já abrindo a porta para que possam passar.

— Juízo.

Rose provocou e rebati.

— Posso dizer o mesmo.

Os dois saíram do consultório sorrindo e ao virar, dei de cara com Edward ainda muito próximo a mim.

— Você não ficou chateada por ter falado sobre nós na frente deles, não é?

— Não. – Assegurei. – O momento foi propício.

— E também não se importa em esperar mais um pouco? – Continuou com as dúvidas. – Eu até me importo, mas realmente quero que tenhamos um momento especial.

— Eu também quero isso. – Confessei. – E pelo que ouvi falar, a espera só faz a expectativa aumentar...

— Bella...

Um último resquício de consciência me tomou e dei um passo para trás.

— Mas agora podemos voltar a ser o doutor Masen e a doutora Swan?

— Acho que devemos.

Concordou firme e indicou para nos aproximarmos da mesa.

— Eu vim te procurar, pois acabei de receber os resultados dos exames do nosso paciente. – Informei.

— E já os leu?

— Não, queria ver junto com você.

Ele assentiu e abri os envelopes, distribuindo os papéis sobre a mesa e tão logo começamos as leituras, naturalmente o clima mudou, pois efetuamos as mesmas compreensões quanto aos próximos passos...

Após ler e reler os resultados mais de uma vez, debatendo sobre todas as nuances, pedimos que acionassem os pais do bebê para marcamos uma reunião o mais rápido possível e para a sorte de todos, eles conseguiram vir ainda dentro desse plantão.

No intuito de conseguirmos conversar com cautela, os guiamos a uma das salas de reuniões, para assim podermos explicar todos os detalhes com calma, já prestando os primeiros acompanhamentos necessários.

— Senhor e senhora Uley. Obrigada por terem vindo tão rápido.

Pontuei após os cumprimentos iniciais e nos acomodarmos.

— Não teria como ser diferente doutora. – O senhor Uley respondeu.

— Como o filho de vocês passou os últimos dias?

Edward questionou e foi à vez da esposa responder.

— Bem. Ele não teve mais nenhum quadro como aquele. – Esclareceu. – Graças a vocês.

— Isso é muito bom.

Trocamos um olhar e Edward demonstrou que devo começar a falar.

— O motivo para marcarmos essa reunião, foi porque os resultados dos exames chegaram e já podemos informar claramente o que seu filho tem e como poderemos proceder com o tratamento.

Os dois deram as mãos e o pai questionou.

— A situação é muito grave?

— Ele ficará bem? – A mãe completou em seguida.

— Faremos todo o possível para garantir que sim.

Informei, enquanto Edward assumiu as maiores explicações.

— Desde que o atendemos e começamos a analisar as possibilidades do seu quadro, pensamos em alguns aspectos de causa e circunstância. E agora com a confirmação do que realmente tem, conseguiremos tratá-lo com a máxima eficácia.

— Vocês estão demorando a contar o que ele tem. – O senhor Uley expressou. – Então deve ser realmente grave.

— Ah, meu Deus.

— Por favor, não se desesperem. – Pedi após o ofego da mãe. – Apenas estamos querendo pontuar e esclarecer todas as lacunas, para que compreendam como o processo funcionará.

— Exatamente. – Edward concordou, voltando a explicar. – Ouçam, existia a possibilidade de seu filho ter uma cardiopatia congênita. – Ambos expressaram surpresa e confusão diante do nome, e ele prosseguiu. – Que nada mais é do que uma anormalidade na estrutura ou função do coração. Costuma surgir e ser detectada a partir das primeiras oito semanas de gestação, quando se forma o coração do bebê.

Eles trocaram um olhar preocupado e notei o aperto da mão aumentar, enquanto Edward continua a explicar os detalhes.

— Porém se o caso fosse esse, a situação do seu filho seria muito mais complicada. – Esclareceu. – Pois como o diagnóstico prévio desse tipo de doença é feito ainda durante a gravidez, ele precisaria estar sendo tratado desde então ou ao menos a partir do nascimento. – Deixou claro. – E como a idade atual do seu filho é de um ano e oito meses, pensar que até agora não tivesse sido devidamente cuidado, foi algo que nos preocupou bastante. Mas agora podemos afirmar que ele não possui esse distúrbio.

— E isso é uma coisa boa?

— Com certeza. – Afirmei à mãe.

— No entanto, seu filho ainda possui um quadro clínico a ser tratado. – Edward ressaltou.

— E qual é?

O pai questionou e Edward foi enfático na resposta.

— Ele tem uma arritmia cardíaca.

— Por favor, não se assustem com o termo. – Pedi, visto as expressões que assumiram. – Vamos explicar o que realmente significa e o que faremos para tratar seu bebê.

— Exatamente. – Edward retomou. — Arritmia cardíaca é um distúrbio elétrico do batimento do coração. — Elencou a parte clínica. – Isso significa que pode fazer o coração trabalhar em ritmo mais acelerado, o que chamamos de taquicardia ou mais lento, a bradicardia.

— E qual desses o nosso filho tem?

A senhora Uley questionou e assumi as explicações.

— O quadro dele está ligado à taquicardia. – Informei – E quando essa arritmia se manifesta em crianças, geralmente é congênita. Ou seja, ele já nasceu com o problema.

— Minha nossa! — Ela exclamou. – E por que ninguém nunca nos disse isso? Por que ele não foi diagnosticado antes?

— Muitas pessoas podem ter arritmia e não sofrer com isso. – Edward expôs. – Então por um lado, seu filho pôde viver uma vida normal e saudável até aqui, sem apresentar sintoma algum. Porém agora que começou a emitir os primeiros sinais do aceleramento do coração, foi possível detectar e poderemos cuidar da maneira correta.

Antes de continuarmos, deixamos que tomem um tempo para assimilar as informações.

— Novamente, queremos pedir para que não se assustem, pois tudo que diremos e faremos a partir de agora, será exclusivamente para a saúde e o bem-estar do seu bebê. – Justifiquei. – Contudo, seu filho precisará passar por um procedimento cirúrgico.

— Não. – A mãe lamuriou em choque. – Vocês vão operar o coração do nosso bebê?

— Mas ele é tão pequeno. – O pai argumentou. – Como poderão fazer algo assim?

— Para que tenham ideia. Alguns bebês passam por situações do tipo ainda dentro da barriga da mãe ou mesmo tão logo acabam de nascer. – Passei a informação. – Então podem confiar, o filho de vocês está mais do que apto a passar por essa cirurgia.

Diante de suas reticências, conclui.

— Ainda mais agora que o hospital conta com o doutor Masen. Que é um excelente cirurgião pediátrico.

Edward emitiu um pequeno sorriso, que retribui e retomou a palavra.

— Como a doutora Swan explicou, não há riscos relacionados à idade do seu bebê. E farei meu máximo para que tudo ocorra como esperamos. Ainda mais visto a técnica que usaremos para tratá-lo. Que é chamada de cirurgia por crioablação.

Dá para ver como suas cabeças estão rodando com todas as informações, porém não podemos recuar.

— Ela é usada especificamente para quadros de arritmia atrelados a fibrilação atrial. – Edward citou. – Que é causada por gatilhos originados nas veias pulmonares.

— De forma geral, essa técnica é uma forma de intervenção minimamente invasiva. Com alta possibilidade de melhora e eventualmente cura. – Confirmei para deixá-los seguros. – Isso porque o procedimento é feito através de punçoes venosas. Então serão posicionados cateteres no coração, para localizar os focos de arritmias e tratá-los.

— E a crioablação possui diversos benefícios, como esse foco na própria arritmia, ocasionando em menos tempo de cirurgia o que leva a uma consequência de ações benéficas. – Edward reforçou. – Então é algo seguro e eficaz. Por isso a consideramos como a melhor das opções para o tratamento de pacientes que necessitam ter o ritmo normal do coração restabelecido.

Outra vez, permitimos que assimilem nossas palavras com calma e cuidado. E mesmo sem falarem, percebemos a comunicação conjunta acontecendo.

— Vocês realmente acreditam que isso dará certo? – A senhora Uley perguntou. – E não haverá nenhum risco para o nosso bebê?

— Não podemos e não vamos iludi-los quanto a não existência de riscos. – Pontuei. – Porém podem confiar que efetivamente estaremos procedendo com o melhor tratamento.

— E para que tudo ocorra com a máxima precisão, será necessário efetuar o procedimento o mais breve possível. – Edward passou a informação mais precisa. – Por essa razão os chamamos para conversar. Para esclarecer tudo que está para acontecer e receber suas autorizações. Pois queremos que seu filho fique internado desse agora, para que possamos operá-lo na segunda-feira.

— Mas já?

— É o necessário.

Com a pontuação dele, os pais mais uma vez aumentaram o aperto entre as mãos, porém logo emitiram.

— Tudo bem doutores. – O senhor Uley expressou. – Confiamos em vocês.

— E, por favor. Salvem nosso filho.

Somente assentimos, porém fora das vistas dos dois, procurei a mão de Edward para lhe passar o conforto e a segurança de que conseguirá executar tudo corretamente e conforme o esperado...

***

Cirurgias desse tipo costumam durar de quatro a seis horas, porém por conta da nova técnica usada por Edward, a perspectiva é de que consigamos acabar tudo em uma base de três.

Conforme a concordância dos pais, o pequeno Harry foi internado ainda na sexta-feira e passamos a monitorá-lo constantemente, fazendo todos os preparos quanto a medicações e assistência prévia para o processo cirúrgico.

Até mesmo nossos plantões e os atendimentos prestados no fim de semana foram diferenciados, para colaborar com a máxima eficácia do procedimento que trataríamos posteriormente.

E isso aconteceu com toda a equipe escalada para acompanhar Edward, desde os técnicos, aos enfermeiros, anestesistas e eu, pois como seu foco durante as horas de operação será como cirurgião, serei a pediatra responsável por monitorar o paciente.

Outra questão que foi bem frisada durante os últimos dias, foi quanto a nossa posição como profissionais, pois apesar de já termos acompanhado o outro em consultas clínicas, Edward em mais circunstâncias, essa será a primeira vez que trabalharemos a esse nível e não queremos que nada ocorra fora do planejado.

Por isso, após a reunião com o casal Uley, tivemos uma breve, porém fatídica conversa sobre não voltar a correlacionar as coisas até depois da cirurgia. Focando em sermos somente o doutor Masen e a doutora Swan, já que em igual escala, nossas carreiras sempre foram nossos focos e pontos primordiais das nossas vidas.

Ao entrarmos no centro cirúrgico, como o chefe da sala, Edward conversou previamente com todos, repassando uma última vez o que espera e necessita de cada um. E antes de oficialmente iniciar a operação, disponibilizou um minuto para que todos possam se preparar como queiram, seja efetuando uma prece, oração ou somente procurando o foco ideal.

E como sempre, utilizei meu tempo para rezar e pedir a Deus que tudo ocorra conforme Sua vontade, mas atrelado a isso, a excelência do procedimento. Pois apesar de ser uma mulher das ciências, sei muito bem que devemos tudo a Ele.

E ao abrir os olhos, após meu momento de contemplação, encontrei os de Edward fixos em mim e mesmo sem trocarmos palavras, pude sentir que compartilhamos a mesma energia...

Então a cirurgia começou e acompanhamos atentamente o processo que se seguiu. Meu foco se dividiu em observar as respostas do bebê, entre os monitores e o pequeno corpinho nas mãos de Edward, atrelado a contemplação da sua própria execução como profissional.

Como em todas as situações semelhantes, as horas pareceram passar em um piscar de olhos e ao nos dar conta, ele finalizou o processo cirúrgico.

Continuamos a acompanhar o preparo pós-operatório do bebê e só então deixamos o centro, primeiro nos recompondo e após tomar banho e vestir os uniformes e jalecos, seguimos para procurar os pais do bebê e dar as boas notícias.

Os encontramos sentados na sala de espera, bastante contemplativos e de mãos dadas, porém ao notarem nossa presença, rapidamente se colocaram de pé.

— Então? — O pai questionou.

— Ocorreu tudo como esperado. – Edward anunciou.

— Graças a Deus.

— Sim. – Concordei com a mãe. – Podem ficar aliviados, pois a cirurgia foi um sucesso.

— Muito obrigada.

A senhora Uley me rendeu em um abraço e logo fez o mesmo com Edward.

— Nunca teremos palavras para agradecê-los. – Pontuou.

— Não há porque se preocuparem. – Edward justificou. – Apenas fizemos nosso trabalho.

— Sabemos que fizeram muito mais. – Ela assinalou. – Desde que viemos com nosso filho passando mal, até agora.

Edward e eu trocamos um olhar discreto.

— E o que acontecerá agora? Quando poderemos vê-lo?

O pai questionou e a mãe completou.

— E quando ele terá alta?

— Sabemos que estão extremamente ansiosos, porém terão que aguardar um pouco, ao menos para que ele volte para casa. – Edward respondeu.

— Mas quando ele sair do hospital, estará completamente bem, não é?

— Ainda continuaremos monitorando-o com consultas regulares por alguns meses, mas esse é um procedimento padrão a pacientes pós-operados. – Expliquei. – Porém no que diz respeito à saúde do seu bebê, ele poderá continuar crescendo e vivendo normalmente.

Eles trocaram um sorriso afetuoso e bastante feliz.

— Ele já está sendo transferido a um quarto de UTI, mas novamente, somente por fazer parte do processo pós-cirúrgico. – Edward ressaltou. – Porém acreditamos que em no máximo dois dias passará a um quarto normal e ai será só aguardar pela pronta recuperação e alta.

— Novamente, agradecemos imensamente aos dois. – O senhor Uley falou. – Sabemos que o doutor foi o responsável pela cirurgia, mas a doutora também foi muito maravilhosa conosco.

— E devem ser gratos mesmo a doutora Swan, pois foi ela quem primeiro fez tudo.

Edward destacou, deixando-me constrangida e por isso, assumi o assunto.

— Esperamos que agora possam ficar mais tranquilos e nos reencontramos em breve, tudo bem?

Eles assentiram e nos despedimos previamente, porém mal deixamos suas vistas e nossos bipes foram acionados, com Carlisle nos chamando.

Seguimos ao seu consultório, pois apesar de saber que deve querer conversar conosco como diretor, nesse momento está atuando como médico.

Ao pararmos em frente à sala, Edward bateu na porta e prontamente recebemos a permissão de entrar.

— Que bom que puderam vir. – Citou ao nos ver. – Prometo não tomar muito do tempo de vocês.

— Tudo bem Carlisle, estamos à disposição. – Edward informou.

— Vocês já falaram com os pais do paciente?

— Sim. – Respondi. – Tínhamos acabado de conversar com os dois, quando fomos chamados.

— Ótimo. – Assentiu. – Eu somente quero parabenizá-los.

Pontuou e sorrimos satisfeitos.

— Já tive acesso aos relatórios da cirurgia e sei que fizeram um trabalho espetacular.

— O Edward fez. – Ressaltei.

— Mas não teria conseguido sem você. – Rebateu me olhando, então completou. – E sem toda a equipe.

— É claro que sim. – Carlisle concordou. – Por sorte, contamos com um excelente escopo de funcionários e por isso podemos sempre expressar resultados satisfatórios.

Acenamos em concordância e ele prosseguiu.

— Por já estar conosco há um bom tempo, conheço efetivamente o trabalho e primor de Bella, então não é surpresa a exímia execução. – Destacou e somente sorri. – Contudo, apesar de também já estar aqui há alguns meses, é em situações assim que confirmamos seu valor. E Edward, não poderia estar mais satisfeito com sua presença no hospital.

— Eu agradeço a oportunidade e a confiança.

— O prazer é nosso. – Ponderou. – E não só em contar com os dois como colegas de trabalho, mas também como amigos pessoais.

— Não há recompensa melhor do que saber que também podemos desfrutar disso. – Afirmei.

— Concordo totalmente.

Edward falou e Carlisle assentiu.

— Agora estão dispensados. Boa continuação de plantão aos dois.

— Igualmente.

Com a deixa e a despedida breve, saímos do consultório e de volta aos corredores, mantivemos um silêncio cômodo, porém ao nos aproximar da minha própria sala, o questionei.

— Tem um último minuto livre?

— É claro.

Com a concordância, adentramos meu consultório e ao ficarmos a sós, talvez o tenha surpreendido com o ato, já que o rendi em um abraço.

— Você foi incrível.

Sussurrei ao seu ouvido e ele retribuiu.

— Você também.

— Não, por favor. – Pedi ao nos distanciarmos para podermos olhar nos olhos do outro. – O que você fez por aquele bebê, poucas pessoas teriam a capacidade de fazer.

— Aceitarei o elogio em mérito a tudo que estudei e aos esforços que fiz para chegar até aqui.

Acenei contente e não pude deixar de pensar no que contou sobre seu passado e o desejo da sua mãe.

— Mas você também é uma excelente médica. – Retomou. – Com certeza a melhor pediatra que já conheci.

— Eles sempre parecem um pouco nossos, não é?

Comentei sem maiores explicações, por saber que de algum modo, ele pode realmente compreender.

— Sim. – Concordou prontamente. – E é por isso que sempre damos nosso melhor.

— É tudo que temos a oferecer. – Conclui.

Mantendo um olhar firme, trouxe sua mão ao meu rosto e me regozijei com o carinho.

— Conhecer você foi uma das melhores coisas que já aconteceu comigo.

— Eu sinto o mesmo. – Declarei. – E quero muito que possamos continuar compartilhando tudo que estamos vivendo e sentindo.

Repetindo seu gesto, também levei a mão ao seu rosto.

— Não só como colegas e companheiros de trabalho, mas especialmente na vida. – Expressei sincera.

— É tudo que mais quero.

Sorrindo cúmplices, deixamo-nos ser envolvidos por essa aura momentânea, esperando que esses desejos possam mesmo se cumprir...

CONTINUA.