— Teremos que suspender as aulas até que tudo seja resolvido.

Essa foi a resolução para o problema acatada pelos professores, pela diretoria e pelo conselho de pais. Dulce, no entanto, não sabia se estava de acordo. Ela conseguia entender que a situação era perigosa para as crianças, e que todos estavam muito assustados desde o primeiro ato do desconhecido na cidade. O que Dulce não conseguia compreender era como o afastamento pouco a pouco das pessoas de suas atividades de rotina serviria para pegar o criminoso. Ela não falou nada, sabendo que seria minoria absoluta a defender essa opinião.

Dulce nunca tinha passado por nada nesse sentido, pelo que se lembrava; segundo a diretoria da escola, também não tinha ocorrido nenhum atentado por ali nos últimos anos, o que fazia crer que o melhor seria não expor ninguém. Não foi assim que ela cresceu, fugindo dos problemas, muito pelo contrário. Desde sempre tinha sido instruída a sim proteger-se diante do público, mas buscando ajuda quando algo estranho acontecesse no lugar de ficar escondida e longe dos holofotes. Obviamente, no atual momento não podia argumentar a escolha de seguir com as atividades relatando experiência própria, ninguém saberia e nem ao menos acreditaria.

Ela continuou sentada à mesa de reuniões com Luísa segura no colo, observando enquanto todos saíam ainda alarmados do local. Notou quando Margaret sentou-se a seu lado segurando um copo de café, visivelmente afetada pelos acontecimentos do dia.

— Eu ouvi falar que ele estaria preparando uma bomba mesmo — Dulce comentou. — Naquele dia em que entrou no laboratório. Nunca imaginei que seria para atacar a escola.

— Eu não sei, Dulce. O que essa pessoa quer exatamente? Atacar uma escola com que pretexto?

Margaret tampava os olhos com as mãos enquanto falava. Dulce não podia pensar numa resposta que explicasse mais do que podia contar sobre o que sabia.

— Imagine se alguém tivesse se machucado?

— Acho que a maior pergunta é: como foi que ele entrou sem ser visto? — Dulce colocou, fazendo com que a diretora a olhasse com atenção. — Margaret, a cidade inteira está alerta. Como é que ninguém viu uma pessoa estranha entrar na escola? Todos têm se reunido praticamente todos os dias para discutir formas de se proteger, mas sem saber quem está fazendo isso não conseguiremos evitar.

— Eu não sei. Eu não sei, mesmo. — A diretora parecia exausta como Dulce nunca a tinha visto antes, com os olhos fundos e inquietos. — Temos a falsa impressão de que conhecemos todo mundo, mas quando colocam à nossa frente, não sabemos de nada. E isso que até agora temos falado de alguém que possa ter vindo de fora, mas eu fico me perguntando se não é possível que seja alguém daqui mesmo.

Dulce acreditava que era uma dúvida justa, mas não achava que alguém de dentro da cidade a reconhecesse, nunca tinha encontrado com ninguém que soubesse quem ela era ou o que fazia antes na Capital. Podia estar enganada, mas não era a principal suspeita. Era alguém de fora e apenas os moradores de Paraíso Real poderiam descobrir quem era o impostor.

— Então acho que temos um dilema e ficaremos sem atividades ainda por muito tempo — concluiu Margaret, levantando-se da cadeira e colocando-a debaixo da mesa. — Acho que isso faz arruinado o nosso plano de estudos do ano todo. — Fez uma pausa e, em seguida, agarrou o braço de Dulce num movimento rápido — Ah não! Como faremos com o concurso? As crianças ficarão arrasadas!

Tinha se esquecido desse concurso por um momento, mas a diretora tinha razão. Como ficaria a participação das crianças sem um local para ensaiar? Precisariam desse momento ou então não ficariam prontos. A cabeça de Dulce começou a ferver com possíveis alternativas, mas todas pareciam ruins ou exporiam demais as crianças num momento que era para ser de aprendizagem e tolerância ao erro.

Levantou-se. Ela encontraria um lugar, nem que fosse no quintal de sua casa para ensaiar sua turma, cumpriria com o combinado pelo menos uma vez em sua vida. Sem falar nada, arrumou Luísa no colo e disparou para fora. Havia um lugar e precisaria lutar por ele.

A quantidade de pessoas fora da escola observando, comentando e desaprovando o ataque era maior do que Dulce acreditava ter na cidade. Era possível que o próprio causador desse caos estivesse entre os moradores de Paraíso Real, apreciando sua arte e, por isso, Dulce teria que ser cuidadosa. Não podia atrair olhares e, caso notasse algo estranho, mudaria de planos.

Andou algumas quadras na direção oposta da que realmente queria ir, acabando por colocar Luísa no chão e segurando sua mão. Fingiu que ficaria por ali no meio de algumas casas por alguns minutos e depois partiu novamente, num passo mais lento que antes, que permitia que a filha acompanhasse. Poderia ter demorado dez minutos nesse caminho se tivesse ido direto onde queria, mas levou quase meia hora até que por fim avistou o barracão.

Aquele lugar era um dos pontos históricos da cidade e pertencia a uma professora particular de dança, a mesma que dera aulas a Jorge e a metade da cidade. O amigo sempre comentava sobre ser uma mulher rígida, que tinha ciúmes de tudo que considerava seu: alunos, dança, escola… Dulce teria trabalho em convencê-la, mas seria o único jeito de prosseguir com os ensaios.

— Vamos conversar com a senhora que está aí dentro, Lu. Preciso que você fique bem quietinha para que a mamãe possa explicar as coisas para ela. Depois disso, vamos para casa, vamos tomar um banho, jantar e descansar, tudo bem? Você consegue aguentar um pouquinho?

Luísa não respondeu, ficou em silêncio como a mãe tinha pedido. Dulce tocou o interfone que havia no portão, esperando impaciente a resposta de alguém do outro lado.

— Escola de dança da senhora Daisy.

— Ahm, olá! Boa tarde! — Dulce não sabia muito bem o que dizer para explicar o que precisava. Decidiu arriscar. — Eu gostaria de conhecer a escola para matricular minha filha.

— Não estamos mais em época de matrículas, as turmas estão cheias, senhora. Volte em novembro.

Dulce amaldiçoou baixinho ao ouvir o clique que indicava o desligamento do outro lado da linha. Que escola era essa que não aceitava visita de pais durante o ano letivo? começou a sentir indícios de que as dores voltariam novamente, precisava ser atendida rápido para ir descansar. Tentou o interfone novamente, recebendo uma voz mal-humorada.

— Escola de dança da senhora Daisy.

— Oi, sou eu de novo. Por favor, gostaria de visitar a escola para pensar na matricula da minha filha para o próximo ano. — Dulce notou que a pessoa do outro lado queria dispensá-la novamente, mas não deixou que acontecesse, interrompendo a resposta da mulher. Já estava ali e não sairia de lá sem respostas, por mais que o quadril latejasse. — Senhora, por favor. Eu trabalho o dia todo, todos os dias, não tenho condições de sair do meu serviço para vir olhar a escola. Vamos, estou com a minha filha aqui, ela também está ansiosa para conhecer vocês.

O portão abriu e uma Dulce sorridente entrou, batendo o portão atrás de si. A escola era organizada num barracão enorme que não dava a impressão de ser tão grande pelo lado de fora. Primeiro, as duas passaram por um jardim para depois entrar no que Dulce chamaria de uma recepção bem decente. Havia um par de sofás voltados para um tapete com alguns brinquedos e do outro lado um balcão com uma pessoa atrás, quem ela acreditava ser quem recebera seu pedido, olhando-a de cima a baixo.

— Boa tarde — Dulce cumprimentou. — Então, gostaria de conhecer um pouco a escola e o que vocês oferecem de aulas aqui para essa menininha.

— Pode deixar comigo, querida — disse uma voz vinda de outra porta, que provavelmente dividia a recepção dos estúdios. — Eu posso mostrar tudo.

— A senhora deve ser a senhora Daisy.

— Isso mesmo, muito prazer, senhora…?

— É, senhorita… Dulce.

Daisy estendeu a mão a Dulce com as sobrancelhas levantadas e as teve apertadas num gesto gentil. Indicou que a seguisse e passou pela primeira porta, que dava acesso a uma corredor com Dulce em seu encalço, tendo dificuldade em acompanhar os passos rápidos da dançarina.

— Pelo que entendi, a senhorita quer matricular sua menina em alguma aula.

Entraram no primeiro estúdio, um salão com espelhos e barras, com colchonetes e traves. Dulce se sentiu familiarizada com aquele ambiente, era algo que sentia falta, mas não se lembrara antes de de fato estar ali.

— Para a idade dela, temos balé, as aulas acontecem nessa sala. É nossa única oferta para as crianças tão pequenas.

— Na verdade, senhora, eu queria conversar sobre outro assunto. — Ela notou que Daisy se assustou com a declaração, assim que tentou acalmá-la em seguida. — Desculpe, eu precisei mentir lá na porta, ou não me deixariam entrar. Olhe, o estúdio que vocês têm aqui é incrível, abarcaria muito mais aulas ao mesmo tempo, não acha?

— Suponho que sim.

Dulce notou que a mulher a sua frente permanecia na defensiva. Precisaria se esforçar mais.

— Eu sou professora na escola municipal. Meu nome é Dulce, dou aulas de canto, essa realmente é minha filha. Eu estou sim interessada no seu espaço, mas não para as suas aulas, e sim para as minhas.

— Não sei se entendi.

— Senhora, acabou de acontecer uma explosão na escola, as aulas foram suspensas. Meus meninos acabaram de se inscrever para uma competição de corais e ficarão por tempo indeterminado sem ensaios por conta dessa suspensão.

— Bem, isso me parece um problema seu — a mulher respondeu, seca.

Dulce não queria perder a paciência e muito menos a viagem. Respirou fundo.

— Eles precisam ensaiar. Esse concurso acontecerá na Capital, vamos apresentar algumas músicas e também coreografias. Um ex-aluno seu está me ajudando, a senhora deve conhecer o Jorge Perez.

— Sim. Conheço. Mas eu já dei minha palavra, não podem ensaiar aqui.

— Os ensaios seriam com vinte e uma crianças às terças-feiras pela tarde. Se permitir, alguns horários extras também, agora que eles não estão tendo aulas — Dulce insistiu. — Podemos contar com uma mãozinha da senhora, que conhece tanto sobre dança, e aproveitar para levar seu nome também para a Capital.

Os olhos de Daisy brilharam e nesse momento Dulce sabia que tinha ganhado a batalha. Ela não era acostumada a chantagear, mas era boa negociadora, pois aprendera sobre contratos muito nova. Desde muito tempo ela era a responsável por assinar seus próprios contratos e analisá-los bem antes de decidir sobre os projetos que aceitaria. Sabia argumentar e se orgulhava dessa habilidade.

— Acompanhe-me. Temos um estúdio que será perfeito para que seus meninos possam aprender as músicas e as coreografias.

***

Uma vitória por vez. Esse tinha sido seu lema desde que tomou consciência sobre o acidente e sobre a custosa recuperação que teria que passar. Pequenas vitórias teriam que ser comemoradas, assim como cada uma levava a uma nova batalha. Vencer passou a significar tantas coisas que atualmente qualquer sinal de resultado positivo era suficiente para que Dulce comemorasse. Dessa vez, no entanto, a comemoração seria de uma forma bem torta. Toda essa história de chantagens e ameaças precisava ser colocada em panos limpos e Dulce precisaria abrir o jogo com seus amigos. Não tinha podido aproveitar essa oportunidade antes, mas agora ela se lembrava de muita coisa. Ela precisava de alguém que entendesse de onde vinham suas suspeitas.

A promessa feita a Luísa acabou se estendendo para muito além da hora da janta, de forma que mãe e filha chegaram em casa quase na hora da pequena ir para a cama. Ela inclusive já dormia no colo de Dulce e mal se mexeu quando a mãe entrou na casa a passos lentos e dolorosos enquanto várias vozes especularam onde ela estaria até tão tarde. Paola, Jorge e Gabriel, que havia chegado nessas últimas horas, pareciam assustados com o recente desaparecimento das duas.

— Pelo amor de Deus, mulher, tem esse celular para quê? — perguntou Jorge, sem baixar a voz mesmo vendo que Luísa dormia.

— Shh — fez Paola. — A Lu está dormindo, tenha respeito!

— Dul, onde você estava? Estávamos todos preocupados, ainda mais depois de tudo o que aconteceu!

— E a Lu nem jantou! Ou vocês chegaram a comer? — Paola completou.

Dulce não respondeu. Passou por eles em silêncio o mais rapidamente que pôde, indo acomodar a filha na cama e parando poucos segundos para respirar antes de cumprir com a responsabilidade de falar o que tinha que dizer. Mesmo não se sentindo bem, mesmo precisando de um medicamento para poder dormir essa noite, ela voltou para a sala onde os três aguardavam mirando a porta em silêncio decidida a não deixar que a dor a vencesse pelo menos dessa vez.

— Gente, eu preciso que vocês ouçam tudo o que eu tenho para dizer — ela começou, sentando-se aliviada ao lado de Gabriel no sofá. — E só depois vou responder perguntas. Certo?

Todos assentiram em silêncio, cumprindo com o combinado.

— Primeiro de tudo, meu celular descarregou quando fui resolver um problema que apareceu na escola. — Dulce levantou a mão pedindo a Jorge que esperasse assim que viu sua menção de retrucar algo, provavelmente sobre a bomba colocada na escola mais cedo. — Eu sei, eu soube sobre a bomba. Inclusive, hoje a tarde eu nem ia para lá porque tinha consulta médica, mas eu vi o que aconteceu e fui atrás da Lu. Peço desculpas, Paola, você deve ter ficado preocupada quando chegou lá e não encontrou a Lu.

Paola não falou, mas concordou veementemente balançando a cabeça.

— Bem, eu preciso dizer mil coisas que eu estive pensando para vocês hoje. Preciso que vocês tentem compreender. Vou começar pelo dia que eu cheguei aqui pela primeira vez. Jorge e Paola devem se lembrar de que acabei na cidade por acaso e meu plano era ficar apenas uma semana. E o porquê disso eu nunca cheguei a falar para vocês, porque eu tinha perdido essa memória, mas agora ela voltou e tudo faz mais sentido. Essa é a parte importante. — Dulce olhou para cada um antes de continuar. Eles se ajeitaram de forma a estar confortáveis e atentos ao que ela tinha para dizer. — Naquele dia, eu estava bastante chateada por várias coisas que tinham acontecido. Eu tive uma reunião de trabalho que tinha sido péssima, eu tive um problema em relação ao meu casamento e tive um evento para ir, não podendo cuidar de nada do que precisava realmente cuidar. E, para piorar, eu tinha feito uma burrada enorme nesse evento.

— Normal — comentou Jorge, indicando que estava realmente escutando.

— Bem, normal, sim. Se eu não estivesse há dois anos tentando lançar o meu trabalho com a empresa que eu trabalhava há dez anos e eles não confiassem ainda em mim. Tivemos uma discussão bem feia, foi falado de quebra de contrato, de suspensão da participação deles e dos meus ganhos nas produções anteriores, na suspensão da circulação de todo o meu material. Foi realmente uma discussão complicada, colocava em risco minha carreira de cantora, na qual eu já estava construindo há muitos e muitos anos. A propósito, esse era meu trabalho antes: cantora e atriz. Desde os cinco anos de idade.

— Certo. Ainda estou confusa onde você quer chegar, mas isso é legal demais e faz sentido com o que você faz agora — Paola parecia querer chegar a alguma conclusão, mas não sabia qual.

Dulce olhou para ela pedindo que esperasse para ouvir tudo. A amiga ainda soltou um comentário que dizia algo sobre ser uma pena que ninguém tivesse sinal da carreira dela naquela cidade, pois tudo seria diferente. Dulce ignorou e prosseguiu.

— Sobre meu casamento: eu estava noiva desde o começo do ano e aconteceu que o contrato com o local tinha dado super errado, eu estava sendo julgada nas redes sociais sobre o pagamento da reserva, foi um rolo só nesse mesmo dia. E aí vem o que foi a gota d’água: o evento. Era uma premiação, eu estava lá junto com outros artistas que tinham sido convidados ou porque estavam indicados, ou porque iam apresentar algum prêmio ou porque assistiriam a entrega. Sempre depois da cerimônia, eles fazem uma festa. E foi aí que tudo desandou. Eu tinha esse colega de trabalho antigo, quando trabalhamos juntos éramos super próximos e não nos víamos há anos. E conversa vai, conversa vem, acabamos conversando sobre tudo, eu contei meus problemas, ele foi muito gentil, parecia que eu estava com vinte anos de novo e na companhia dele de novo. Acabei me dando conta que estava na casa dele só na manhã seguinte.

— Amiga do céu, não sabia que você era dessas! — Jorge estava realmente surpreso.

— Eu não sou. Eu fui apenas essa vez. E eu quis sair dali para um lugar onde ninguém pudesse julgar, só eu mesma, para que colocasse as ideias no lugar e pudesse voltar para casa depois com mais calma.

— Tudo isso tem a ver com o que exatamente? — Gabriel questionou.

— Certo, onde eu ia chegar… — Dulce fez uma pausa, sentindo uma pontada longa no quadril e, ao mesmo tempo, tentando organizar seu pensamento para explicar da maneira mais clara possível. — Foram três acontecimentos que que os meios de comunicação ou estavam presentes, ou podiam inventar algo sobre. Mas normalmente, tudo tem uma informação segura e o resto da história eles montam como acham que pode prender mais o público. Já passei por isso várias vezes antes. E bem, aqui em Paraíso Real ninguém sabia de mim. E depois do acidente (que é mais um acontecimento) e do nascimento da Lu (outro ainda que serviria de munição), ninguém mais me viu na Capital e nem em lugar nenhum. Que informação segura eles teriam para falar de mim?

— E então você acha que alguém da mídia está atrás de você? — Gabriel tentou entender.

— Ou te encontrou por acaso e agora quer usar isso a favor dele próprio. — Jorge finalizou o pensamento. — Porque uma artista desapareceu misteriosamente após uma reunião com a empresa, um problema no casamento e uma possível traição em uma festa e agora foi vista em outro lugar vivinha e bonita, tendo uma realidade totalmente diferente?

— Exatamente. Vocês imaginam o quanto uma informação dessa custaria?

— Deve ser bastante…

— É bastante — ela concordou.

— Certo. Isso explica a carta que recebemos hoje à tarde então — disse Jorge, com calma.

— Tem mais uma carta e você não falou nada? Onde está? Temos que ficar atentos a tudo!

Dulce parecia desesperada. Paola foi até a cozinha em meio às tentativas de desculpas de Jorge, onde a carta estava pousada no balcão e trouxe com rapidez. A carta era simples, como o bilhete anterior. Mas dessa vez era um pouco mais extensa e continha um convite. Dulce leu em voz alta para que Gabriel também pudesse escutar:

“Achar que ninguém te encontraria era muita presunção, até mesmo vindo de você. Aposto que existe alguma verdade escondida, assim como você estava até então. Vamos expor para o mundo, voltar para a realidade. Você me ajudaria? 15-6 8-30 5-17”. O que ele quer dizer com isso?

— De duas uma: ou ele sabe as dezenas da loteria; ou isso é um código de como encontrar ele — tentou decifrar Gabriel. — Você não está pensando em ir, não é? É perigoso, não sabemos qual é a intenção dessa pessoa.

— Depois de todo esse tempo, Gab, eu aprendi uma coisa. Se eu não desmascarar meus próprios medos, ninguém vai poder fazer isso por mim. Preciso saber o que está acontecendo e aqui está a minha oportunidade.