Praia, sol, música e muitas pessoas sorridentes. Assim estava sendo a viagem do casal. A maneira como eles se comunicavam com os outros não era muito difícil, já que Soluço, por conta da empresa internacionalmente conhecida, sabia falar além de sua língua de origem, o espanhol e também o português do Brasil.

—Mais feijoada é realmente uma delícia! –Comentou Soluço voltando com Astrid da lanchonete que haviam passado.

—Verdade! Você prefere feijoada ou pizza? –Perguntou Astrid para o namorado, comparando com um dos lanches favoritos do país natal deles.

—Pizza? Nunca nem vi... –Ele respondeu se lembrando de um dos memes do país em que estavam.

Ela foram ao apartamento e estavam se preparando para ir a praia. Ambos já se mostravam meio bronzeados e levemente vermelhos por conta do sol, por isso, Soluço estava passando praticamente todo o recipiente de protetor solar no corpo, enquanto isso, Astrid estava no banheiro colocando o biquíni.

—Tem um pouco de “pele no seu protetor solar”! – A loira disse quando voltou do banheiro, rindo de Soluço, e um pouco hipnotizada por ele estar sem camisa.

—Ah... Eu só to me protegendo. –Defendeu-se,falando rapidamente. Olhando para o maravilhoso corpo de sua namorada trajada naquele biquíni vermelho.

Astrid riu do rubor de Soluço.

—Pelo menos disfarça pra que quando você olhar pra sua namorada, não babe... –Comentou a Hofferson abraçando o pescoço do namorado.

—Digo o mesmo pra você, senhorita Hofferson... –Ele afirmou, a beijando com paixão.

Na praia.

—Já viajou antes? –Soluço perguntou a loira.

—Quando meu avô viajava a trabalho, ele nunca levava ninguém. Mas, teve um dia em que ele resolveu me levar junto, já que era meu aniversário, em uma entrega que ele tinha que fazer no Havaí. Graças a essa viagem, eu descobri que era alérgica a camarão e fiquei uma semana vermelha feito uma pimenta. Na minha cabeça de cinco anos, foi tudo culpa da viagem, e assim, nunca cultivei o sonho de sair do país. –Astrid revelou, fazendo o namorado rir. –E você?

— Foi em uma viagem para o México que ele decidiu me ensinar a nadar. A gente estava em um barco aí ele disse: “Filho, eu vou fazer isso, mas é para te ensinar, para o seu bem”, daí ele me segurou no colo e me jogou na água, porque na cabeça dele, eu aprenderia nadar desse jeito! –Ele contou.

—E você conseguiu nadar? –Indagou Astrid, curiosa.

—Não, depois de alguns segundos ele percebeu que tava me afogando e me puxou de volta, percebendo que o seu método de ensinar uma criança a nadar não era um dos melhores. Além disso, ficou a viagem inteira tentando me convencer a não contar isso pra minha mãe. Eu só não contei, porque ele me deu um sorvete em troca do meu silêncio. –Soluço finalizou a sua história, causando risadas na namorada. –Seu namorado quase morreu na infância, e você está esta rindo da minha trágica história? –Ele fingiu chateação, causando mais risadas nela, que em seguida o deu um selinho.

Astrid se levantou para ir comprar um churrasco no palito, no qual ela simplesmente amou o modo em que foi preparado, já que em seu país, o churrasco era bem básico, não contendo sal, e não se lembrava em nenhuma vez ter visto em sua terra, um churrasco com lingüiças, asas de frango, farofa, etc.

De longe, seu namorado olhava com certo incomodo. Não por ela, é claro. Ele nunca se cansaria de olhar pra ela. O que realmente o incomodou foi o jeito malicioso que alguns homens perto daquela barraca olhavam para a loira. Ele estava pensando seriamente em ir lá, e mostrar, que ela já tinha um compromisso com ele.

Até que um homem resolveu tocar de maneira bem grosseira na Hofferson. Ou melhor, tentou, já que Astrid não deu oportunidade para isso acontecer. Ela pegou rapidamente a mão dele de maneira bem firme e ameaçadora.

—Se você encostasse um dedo em mim, eu não ameaçaria, e sim, quebraria a sua mão. –Falou Astrid, soltando a mão do cara, mas é claro que não quebrou. Não queria ser presa por um país que nem era seu.

Soluço nunca se sentiu tão orgulhoso dela. O modo como o cara agiu foi completamente grosseiro. Mas, se uma parte de si ele estava orgulhoso com a namorada, outra parte estava decepcionado consigo mesmo. Se ela não soubesse se defender, só os deuses o que aconteceria.

—Eu sei o que você tá pensando... Tá se culpando por uma coisa que nem aconteceu! –Disse Astrid. Ela conhecia bem Soluço, e sabia que ele estava colocando a culpa em si mentalmente.

—Poderia ter acontecido, Astrid! E eu não estava lá! – Retrucou ele, pensando na possibilidade.

—Mas, não aconteceu! Eu sei me defender, Soluço. Eu sempre soube. – Argumentou Astrid. –Obrigada por se preocupar comigo, mesmo não precisando. –Finalizou Astrid, dando um selinho no namorado.

Depois de alguns minutos, ouviram uma musica tocar. Algumas pessoas que estavam se banhando no mar foram ao determinado local da praia, em um quiosque, onde tocavam aquele ritmo bem contagiante. É claro que rapidamente a loira pegou a mão de Soluço para ir a determinado local. Ela sabia que o Strondus não curtia muito dançar, mas não ligou, e resolveu levar mesmo assim.

Soluço sabia que não adiantava nem argumentar nada. Era Astrid Hofferson, teimosa, não dava para discutir. Porém, não era só por isso que ele estava indo para lá. Decidiu ir, pois aqueles mesmo homens que olhavam maliciosos para ela poderiam estar lá e tentarem algo com Astrid.

Descobriram que aquele estilo musical se chamava forró, e vendo outros casais dançarem, aprenderam, acompanhando de risadas da parte dos dois, e das vezes que Soluço pisava sem querer no pé de Astrid.

Mas, mesmo não sabendo direito como dançar, não foi tão ruim quanto parecia. Afinal, quando ele estava com ela, quando ele olhava pra seus lindos olhos, ou quando dava uma olhada no seu encantador sorriso, tudo, tudo mesmo, ficava simplesmente perfeito.

Mais tarde.

Depois de um dia maravilhoso na praia, o casal decidiu voltar para a pousada. Astrid decidiu comprar em uma lojinha do lado uns brinquedos para dar a Nina e James, como uma lembrança a elas da viagem que tiveram, e Soluço ficou esperando no outro lado da rua.

Enquanto Soluço a esperava, apareceu uma mulher muito bonita e com uma roupa bem curta. Se o objetivo dela era provocar desejos em Soluço, ela falhou miseravelmente,pois o Strondus apenas olhou para ela e deu um sorriso educado, voltando os olhos para a loja. Soluço era homem de uma mulher só: Astrid.

—Meu nome é Jéssica... Como você se chama, docinho? –Ela perguntou mordendo o lábio inferior, e fazendo Soluço perceber que ela simplesmente estava caindo de bêbada.

—Eu me chamo Soluço... Soluço Strondus. –Respondeu ele em português com seu sotaque.

—Adorei o seu sotaque espanhol! –Comentou a tal de Jéssica. Sim, ela estava muito bêbada.

—Americano. Eu tenho um sotaque americano, porque eu sou americano. –Soluço a corrigiu com um sorrisinho meio sem graça e se preparando pra voltar pra loja onde sua namorada tentando fugir dessa mulher.

De repente,Jéssica começa a chorar. Ela estava sobre efeito de álcool, mas quem visse aquela cena, poderia achar que Soluço fez algo a ela.

—Eu só preciso de um abraço... Só isso. –Alegou Jéssica com sua voz grogue erguendo os braços.

Por que eu não entrei na loja com a Astrid... Lamentou o Strondus mentalmente.

—Olha desculpa eu tenho que ir embora... – Soluço foi se afastando, mas a mulher sem sua permissão,o abraçou e ficou fungando em seu ombro.

Nesse momento, enquanto a mulher fungava no ombro de Soluço e ele rezava aos deuses para que não precisasse ser rude para afastá-la, Astrid apareceu. Mas os dois abraçados nem perceberam a presença dela.

—QUE DROGA TÁ ACONTECENDO AQUI, SOLUÇO?–Exclamou a Hofferson (em inglês)

—Amor, fica calma... Eu posso explicar tudo! –Ele já estava prevendo aquele tipo de reação vindo de sua namorada.

Para piorar a situação, entra em cena um homem alto e forte.

—O que ta acontecendo aqui, Jéssica? –Ele perguntou para a desconhecida, curioso pelo fato de uma briga de casal está acontecendo bem na frente dela.

—Amor, esse, esse... Esse cara espanhol ta dando em cima de mim! –Mentiu ela.

—O quê?! –Exclamou o homem e Astrid ao mesmo tempo.

—Que espanhol? Eu não sou espanhol! –Soluço se defendeu.

—Não me interessa de que lugar você é! Eu vou acabar com a sua raça! –O homem ameaçou, fazendo o americano correr, e o namorado de Jéssica indo atrás.

Astrid só ficou encarando Jéssica por alguns minutos enquanto Soluço corria desesperadamente. Seu namorado havia dado em cima de outra mulher... O que eu vim fazer aqui? Pensou ela.

Horas depois.

O Strondus chega na pousada ainda um pouco ofegante por causa da correria. Felizmente, o homem não encostou um dedo nele, já que apareceram policiais e ele conseguiu ir seguro para lá.

Ele abriu a porta e viu a namorada arrumando as malas delas. Seria uma tarefa longa ter que explicar para ela tudo o que aconteceu.

—Ele não te bateu... Que pena. –Falou ela ainda morrendo de raiva de Soluço.

—Pra onde você vai? –Indagou o Strondus, ignorando o comentário anterior que a loira tinha feito.

—Pra qualquer lugar desde que esteja bem longe de você... –Respondeu friamente.

—Eu não dei em cima dela! –Defendeu-se.

— Não foi o que parecia! – Exclamou Astrid ainda mais irritada.

Astrid foi pegar algumas coisas suas que estavam no banheiro, porém Soluço bloqueou a sua passagem.

—Eu estava te esperando na loja e do nada surgiu essa mulher. Foi ELA quem começou a dar em cima de mim e eu é claro deixei bem claro que não queria nada com ela. Foi a que ela começou a chorar pedindo um abraço, eu tentei entrar na loja pra fugir daquela louca, mas como ela estava bêbada, simplesmente me abraçou a força. –Ele explicou tudo, e depois segurou nas mãos de Astrid. –Eu só tenho olhos pra você, milady, eu nunca te trairia.

Ela suspirou triste e aliviada ao mesmo tempo.

—Desculpa por não ter acreditado em você, Soluço... – Arrependeu-se, dando um abraço no namorado que retribuiu.

—Eu só te perdôo se me der um beijo. – Afirmou ele em um tom brincalhão.

Astrid sorriu e logo em seguida deu um beijo nele. Um beijo que foi ficando cada vez mais intenso e urgente fazendo os dois irem para a cama e deixarem-se levar até o cair da noite. Afinal de contas, o ciúme e as confusões não importavam. Nada nem ninguém poderiam mudar o amor e a paixão que sentiam um pelo outro.