Já havia se passado uma semana desde que Astrid havia sido contratada. Mesmo nesse curto tempo ela já se sentia afeiçoada a Nina, assim como James.

Já era o fim da manhã e ela foi buscar James e Nina, que agora estudavam na mesma escola.

—Oi mamãe! -Exclamou James. -Olá, tia Astrid! - Cumprimentou Nina.

As crianças estavam bem entusiasmadas, inclusive James que havia feito novas amizades na escola nova. Pega- pega, esconde-esconde, desenhos, músicas, lições... A babá ouvia tudo o que as crianças haviam feito com atenção.

Guardaram o material, tomaram banho, e em seguida desceram almoçar.

—O papai não vem? -Indagou Nina a sua babá enquanto comiam.

—Desculpe, querida. Mas ele vai sair um pouco mais tarde do trabalho hoje. -Explicou Astrid.

Ela pode ver o olhar de decepção da menina. Nina tinha um pai. Mas, um pai não muito presente. Não podia deixar de se sentir triste por ela.

Astrid e James terminaram o almoço, mas não Nina, que apenas remexia a comida, com o olhar tristonho.

—Não estou com fome, tia Astrid. Eu posso ir para o meu quarto? -Pediu ela a sua babá, que assentiu ao seu pedido, e James a seguiu, também se retirando.

A loira suspirou tristemente pela menina.

—Se o pai desse mais atenção, ela seria mais alegre do que já é... -Comentou Lúcia.

—Ás vezes ele dá mais atenção ao trabalho do que para a própria filha. -Acrescentou Carmem.

—Vai acabar perdendo a melhor fase da vida de Nina. -Completou Maria.

Astrid concordou com as empregadas. Parecia até que aquelas três tinham algum tipo de conexão, pois ás vezes uma completava as frases da outra.

—Talvez, você pode falar com o patrão a respeito disso, Astrid -Sugeriu Maria.

—Eu não sei... Mas, por que tem que ser eu? -Questionou a babá.

—Porque o patrão ficou caidinho por você. -Respondeu Lúcia com um sorriso malicioso.

—Ficou mesmo! Viu o jeito como ele olhou pra você? -Disse Maria.

Astrid não pode evitar de ficar corada com os comentários das irmãs. Não era possível que o seu patrão, Soluço Strondus, um homem sério e de negócios ficasse caidinho por ela. Resolveu ignorar isso tudo, já que ás vezes as três irmãs falavam coisas meio doidas.

No quarto de Nina.

—Por que você está tão triste, Nina? -Perguntou James.

—Papai tá sempre no trabalho... Acho que ele não liga pra mim... -Lamentou a menina.

—É claro que liga! Ele sempre conversa com você quando pode... -Falou o loiro.

—Não sei não, James... -Suspirou tristonha.

Ele queria consola-la de algum jeito. Afinal, desde que se conheceram Nina se tornou uma grande amiga para ele.

—Olha, não fica triste. Eu tô aqui com você... Eu sempre vou estar aqui quando você precisar. -Consolou o menino, o que fez Nina dar um leve sorriso.

—Melhores amigos? -Nina mostrou o dedo mindinho pra ele.

—Melhores amigos! -Ele juntou o seu dedo mindinho com o dela, como sinal de juramento.

Mais tarde.

Soluço havia chegado em casa e já era a noite. Nina já dormia, assim como Astrid, seu filho e todos os empregados da mansão.

Poderia também ser ele a estar dormindo depois de um dia cheio no trabalho, mas ainda precisava assinar a documentos, contratos e etc.

Enquanto ele assinava papeis em seu escritório dentro de sua sala em casa, Astrid estava no corredor pensando seriamente se a conversa que teria com seu patrão seria realmente necessária.

Ela mesma concordava que não tinha nada a ver com a vida familiar do seu patrão, mas alguém precisava dizer que ele estava sendo um pai cada vez mais ausente. Esse alguém pelo visto, ia ter que se ela.

Astrid bateu nervosa na porta do patrão, e mesmo estando surpreso por alguém estar em sua sala tarde da noite, permitiu a entrada da babá.

Não conseguiu deixar de ficar encantado com ela, na verdade, desde que ela chegou, Soluço sempre olhava para ela com certa admiração. Os cabelos de Astrid estavam soltos e levemente desarrumados, o que a deixava ainda mais linda.

As batidas do coração de Astrid ficaram mais rápidas. Não pelo nervosismo da conversa que teria com ele, mais porque ela se perguntava como o chefe poderia ser tão lindo... cabelos castanhos meio arruivados, que ás vezes se mostravam um pouco bagunçados. Olhos verdes que a lembravam brilhantes esmeraldas, e um corpo forte e bonito.

—Eu... Posso falar com você? – Interrogou Astrid.

—Claro. –Ele assentiu, e Astrid se sentou na cadeira a frente dele.

Ela suspirou. Como iria iniciar aquele assunto? Não fazia a mínima idéia.

—A Nina ficou bem triste hoje. Não quis nem terminar de comer o almoço. –Ela revelou a Soluço.

—Por quê? – Indagou Soluço a babá.

—Porque você não estava lá. –Ela confessou, e o chefe franziu a testa confuso. – Ela sente sua falta, quer você aqui, e por mais que ela fique feliz com uma babá, ela continua precisando da atenção do pai. –Ela continuou.

Ele demorou alguns segundos para entender o que Astrid queria dizer.

—Está dizendo que não estou dando atenção o suficiente para minha filha? –Soluço questionou um pouco irritado, e Astrid assentiu a sua pergunta. –Eu tenho que trabalhar, alguém tem que trabalhar! Como acha que eu sustento Nina? Como acha que eu pago você, a escola do seu filho, os motorista, as Garcia e os outros funcionários dessa casa?! –Ele perguntava de maneira incrédula.

—Você pode ter os melhores funcionários, a melhor casa e talvez a maior empresa... Mas se não tiver o carinho e amor da sua filha, no futuro, nada disso irá adiantar. –Disse Astrid.

—Sabia que eu posso te demitir? – Soluço ameaçou.

Astrid respirou fundo, e começou a se arrepender por ter iniciado aquela conversa. Porém tudo que ela falou era verdade, e não era com uma ameaça que aquilo deixaria de ser verdade.

—Eu realmente espero que o senhor não faça isso. Mas, eu só vim aqui para ter essa conversa, porque alguém precisava dizer. Agora, se me dá licença, eu vou me deitar. –Ela finalizou o assunto, se retirando da sala.

E ela se foi, deixando apenas Soluço na sala, sendo condenado pelos próprios pensamentos. Será que tudo aquilo que ela disse era verdade mesmo? Será que estava realmente sendo um pai ausente para Nina?

Continua.