Um mundo além do mundo

Maior que o poder, maior que o saber, compreensão


Lemond praguejou quando olhou o fundo de seu copo com apenas uma auréola de vinho. Talvez a coragem já tenha vindo. Pensou antes de se levantar da poltrona.

Era um dia quente e abafado, e ele não arriscava abrir as janelas desde que voltara do túmulo de Brom. Na verdade, não arriscava sair do quarto por mais de cinco minutos, e já não sabia o que fazer. Entregar os ovos à Rainha não era uma opção segura, não com a situação em que se encontravam as estradas do império.

Olhava para os lados freneticamente enquanto abaixava-se diante de seu armário. Talvez o lugar mais óbvio fosse o mais eficaz para esconder nas atuais circunstâncias. Considerando que eles precisariam sumir logo... Lemond não podia passar mais um dia apenas na companhia de seu quarto.

Abriu as portas abruptamente e deu uma última olhada no saco médio, virou-se fechando-as com mesmo impacto que as abriu e seguiu para fora de seu quarto.

Os corredores do castelo eram infernais, aliados ao seu nervosismo, Lemond estava ensopado de suor. Cada porta ficava para trás aproximando-o de seu destino, e ele perguntava-se se deveria fazer isso... nunca fizera isso antes. Talvez eu tenha problemas em fazer a coisa “certa”. Pensou antes de abrir as pesadas portas duplas do salão.

Haddes escondia-se num canto, de braço esticado numa cadeira. Seu olhar abatido voltou-se para Lemond, ignorando a mulher que limpava seu coto agachada junto a uma bacia. O Lorde esforçava-se para manter o maxilar fechado. Seu estado não era dos melhores.

— Já é o suficiente. – Disse ele erguendo o braço.

A mulher segurou-o, mantendo no lugar, com um olhar repreendedor demais para uma criada direcionar ao senhor de Dras-Leona. E ainda assim lá permaneceu Haddes.

— Como se sente? – Perguntou Lemond franzindo as sobrancelhas, um pouco desconfortável com a não habitual pergunta.

Haddes sorriu.

— Me sinto como alguém obedecendo ordens de uma criada... – Ele ergueu a mão que lhe restava fazendo um gesto. – Estou acabado...

Lemond foi até a longa mesa próxima ao janelão à procura de vinho.

— Oh, mais um pouco e eu chorarei, Lorde Haddes. ­– Encheu uma caneca e despejou algum resto de erva da vasilha ao lado. – Estou aqui por que existem coisas que precisa saber... – Virou-se de sobrancelhas erguidas. – Não que eu queira interromper a... a moça das bandagens, mas creio que seja importante.

A mulher olhou-o com a boca franzida e olhos duros.

— Já está limpo. Deixe respirar por algum tempo... venho cobri-la em uma hora. – Ela disse antes de levantar-se e retirar-se seguramente.

Lemond aproximou-se de jarra e caneca em mãos.

— Você dormiu com aquela mulher? ­– Perguntou sentando-se ao lado do pai.

Haddes olhou-o com indiferença.

— Por Deus, você dormiu com ela... Por isso ela age dessa forma. – Ele bebeu o resto do vinho. – E eu me perguntava quem era digna de ser sua amante todos esses anos.

— Lemond! – O homem levantou-se cansado. – O que você veio falar, afinal...

Encheu novamente a caneca, de mãos suadas.

— Bem, você e eu... não fomos as únicas coisas que escaparam das mãos dos rebeldes. – Ele engoliu em seco com o pronunciamento. Agora não tinha mais volta.

A postura do Lorde tornou-se mais ereta e ele caminhou lentamente até o seu cadeirão.

— Continue...

O rapaz levantou-se e a passos largos e rápidos abandonou a caneca e a jarra em cima da mesa.

— Acompanhe-me, você tem que ver algo.

*

Lemond encheu os pulmões de ar, preparando-se para entregar o destino dos ovos nas mãos daquele em que ele deveria confiar por natureza. É meu dever confiar em Haddes Grorvan... Foi um pensamento fugaz e escorregadio, mas o suficiente para conseguir puxar as portas para trás e revelar os preciosos ovos ao pai.

— Preciso que não me pergunte como os consegui... Isto seria... raios, isto seria ótimo!

Haddes, devagar, abriu-o e observou o que guardava. Sua mão congelou enquanto fitava-os com um rosto contrafeito – Lemond quase não reconheceu o pai. – Ele levantou-se com calma lentidão, fechando o armário de Lemond. Virou-se de costas e pôs-se a fitar fora da janela, com um olhar distante e braços cerrados às costas.

— Pergunto-me qual das duas coisas isto nos fará mais... – Ele caminhava lentamente pelo quarto. – Nos atrapalhar ou nos ajudar.

— Bem... por isto eu lhe falei sobre a existência deles. Por que estava sem saídas e acreditava que você poderia resolver isto.

— Manteremos em segredo.

— Por quanto tempo? – Questionou Lemond. – Não tenho como manter isto guardado aqui nem mais um segundo!

— Não aqui... – Haddes fitou o filho nos olhos. – Quem melhor pode manter algo escondido em um castelo é o Senhor do castelo.

Lemond sorriu.

— E o que fará depois? Quer que eu os entregue sem uma certeza de o que pretende fazer a eles?

— Poderia perguntar por que tem tanta relutância em desfazê-los de seus cuidados? – Ele sorriu e ergueu uma sobrancelha. – Eu não posso permanecer em Dras-Leona apenas para manter ovos de Dragão escondidos, Lemond. Tenho uma guerra para resolver em Ilírea. Partirei hoje, levando o prisioneiro Maard. – Ele ergueu o dedo. – E se quiser que os ovos fiquem em segredo, terei de lhe dar meios de fazer isso adequadamente. – Ele abriu as portas do quarto. – Você governará Dras-Leona enquanto eu estiver fora. – e saiu, deixando Lemond com seus pensamentos.

Lemond franziu as sobrancelhas. Ovos... Pensou ele divertido. Quando tiver filhos, direi que de todas as estratégias, a melhor para alcançar o poder é ter ovos de Dragão.

*

As muralhas da cidadela o deixavam elétrico com a perspectiva de que entrassem em seu quarto e descobrissem os ovos enquanto ele observava o pai partir para viagem com seus soldados.

Assim que os portões se fecharam, pôs-se a correr como uma criança desesperada. Passou pelos corredores observando o sol trêmulo devido aos seus passos apressados.

Pulava três degraus de cada vez ao subir a escada em redemoinho. Maldito castelo. Pensou enquanto respirava por um instante em frente à simples porta. Ao abri-la arregalou os olhos. Abaixou a cabeça com tamanha brutalidade que caiu de joelhos no chão, ao esquivar-se da espada de Murtagh.

— Está atrasado. – Proclamou o Cavaleiro.

Levantou-se perplexo.

— Não acredito que não saiba o que eu estava fazendo. – Saiu novamente. – Me acompanhe, agora! Sem perguntas.

— Não posso simplesmente perambular pelo castelo, Lemond. – Murtagh disse muito calmo.

— Você não simplesmente pode com tem que fazer isso o quanto antes possível! – Ergueu as mãos. – Por favor!

O homem levantou uma sobrancelha. Usava as mesmas vestes dos dias anteriores, e parecia cada vez mais cansado.

— Os ovos estão em segurança, não se preocupe. – Ele voltou ao quarto e num segundo mostrava-se segurando o saco com ovos. – Agora entre para iniciarmos o treinamento, maldito bastardo... – Seu olhar tornou-se momentaneamente crítico. – Quando digo para estar aqui todas tardes, não é como se pudéssemos adiar, Senhor de Dras-Leona. – E atirou uma espada a ele.

Lemond gostava de treinar com Murtagh. O homem era mais de gestos e observação do que de palavras. Isto funcionava bem para ele. Sentia-se pousando numa campo seguro, e avançava bem a cada dia. O treinamento mental mostrava-se completamente interessante. Adentrava aquele mundo com excitação.

Com um grunhido, Lemond defendeu o golpe do adversário, afastando-se e finalmente guardando a espada com arfadas arrastadas.

— Chega de espadas. – Sugeriu o rapaz. – Preciso de um tempo sozinho agora... Murtagh, espero que entenda.

O Cavaleiro guardou sua espada e fez uma reverência rica.

Lemond direcionava-se para a porta quando lembrou-se de não deixar nada para depois.

— Diga-me, Cavaleiro. Por quê? – Ele deu de ombros. – O que o prende à Alagaësia? Qual o motivo de envolver-se nesta guerra? Seu nome causa certo desconforto nas pessoas... por que voltar para um lugar onde não é bem-vindo?

Murtagh abaixou a cabeça com um sorriso.

—Você precisa de um tempo a sozinho. Vá.

Enquanto descia as escadas, pensando no Cavaleiro Vermelho, tentava adquirir a postura de um Lorde. Seus braços cerrados atrás das costas, queixo erguido e o inevitável sorriso. Brincava pelos corredores até chegar ao salão.

Direcionava-se ao cadeirão de seu pai quando a imagem de sua fuga com Harán lhe veio à mente. As arvores esquecidas do lado de fora das muralhas. Está na hora de trabalhar. Pensou sentando-se na cadeira.

— Senhor. ­– Seu pai deixou-os para que observe a situação da cidade. – Um rapaz entregou-lhe pergaminhos.

O senhor passou os olhos nos papéis.

— Obrigado, rapaz. E... chame Dorâne aqui, tudo bem? Vá.

O rapaz assentiu elétrico e deixou o lugar.

Lemond pôs-se a ler os pergaminhos do pai com um toque de surpresa. Não eram apenas sobre a atual situação da cidade, eram relatos de ações passadas de Haddes e dos governantes anteriores. Assim como a história de Dras-Leona e do Império.

Lemond nunca mostrou-se ausente em tentar compreender as coisas, mas ali havia informações em demasia, histórias que nunca chegariam às mãos de qualquer estudioso, apenas pelo fato de serem destinadas a quem estava no poder. Lemond franziu o cenho quando chegou a essa conclusão. Era repugnante que o poder pudesse manipular áreas que ele achou serem intocáveis, como o controle da sabedoria de uma pessoa.

— Lemond. – Dorâne surgiu na sala acompanhado de um desconforto discreto. Suas botas lamacentas aproximaram-se do cadeirão. – E aqui está você novamente... – Sorriu ele.

Lemond suspirou.

— Chegará o dia em que você confiará em mim, Comandante, confie em mim... – O senhor percebeu o paradoxo que criara e gargalhou.

Dorâne franziu o cenho diante da situação.

— Lemond, por que me chamou aqui?

— Bem, Dorâne... Eu... – Ele levantou-se. – Vamos caminhar um pouco.

*

– Derrubar as árvores ao redor da muralha, mais patrulhas noturnas, navios de guerra no lago Leona...

— Dar continuidade as colheitas. – Lemond interrompeu Dorâne com alegres mãos agitadas. – Não importa o perigo, precisamos estar abastados. E acredito que Dras-Leona não seja o ponto foco de ataque de Marbrayes. O que conseguiram arrancar de Maard?

Dorâne pigarreou levantando as sobrancelhas.

— Ele mantém a mesma história sobre Orrin ser refém em Surda. Nada mais foi dito.

— Algo está errado... Ele não entregaria esta história de mãos beijadas. Espero que meu pai seja sensato ao dizer isto à Rainha. Temo que todos estejam correspondendo com as expectativas de Marbrayes.

— Por favor, Lemond. – Riu-se o comandante. – Concentre-se em Dras-Leona... Dezenas de pessoas mais experientes e sensatas estão resolvendo esta guerra. Não seja tão prepotente. – Ele segurou seu ombro. – Farei tudo o que pediu... Até mais. – E deixou Lemond sozinho no corredor com seus pensamentos e o cenho franzido.

De volta ao salão, Lemond pôs-se a pensar sobre Murtagh, e em como ele havia pego os ovos de dentro de seu quarto. O Cavaleiro parecia sempre saber o que acontecia. Por que me entregar os ovos se ele precisa vigiá-los ainda? Algo está errado. Existe outro motivo pelo qual Murtagh veio até mim.

— Não vim até aqui para lhe entregar ovos, Lemond. – A voz o surpreendeu em um eco ameno do escuro da sala ao crepúsculo.

— Murtagh? – Lemond levantou-se do cadeirão apenas para sentar-se novamente. – Inacreditável. – Ele revirou os olhos, desgostoso com a invasão. – Poderia fazê-lo prisioneiro por isso.

Murtagh gargalhou, mostrando-se das sombras do canto da sala.

— Lemond... Você sabe por que escolhi você? – Seu olhar era um poço profundo de vários significados.

— Eu sou sua peça... A peça de maior alcance. – Disse Lemond friamente. – E não nos esqueçamos... – Continuou ele com um sorriso irônico. – Eu sou jovem, e fácil de ser enganado. Você não contaria com a ajuda de Haddes ou qualquer outro Lorde cheio de interesses. – Cerrou os olhos olhando-o desguarnecidamente. – Não esqueçamos que sou testadamente de fácil manipulação... você pode comprovar isto quando virei-me para o lado dos Rebeldes. – Lemond levantou-se. –Você me escolheu pela minha reputação a seu favor... Cavaleiro. Diga-me que eu estou errado... Caso contrário, suma da minha frente.

Murtagh era uma estátua negra por vários instantes.

Ele virou-se de costas, olhando de canto de olho para o Senhor de Dras-Leona. Sua postura solene mantinha a figura do antigo Renegado naquele homem desgastado. Algumas palavras foram murmuradas, e no mesmo instante um baú surgiu aos pés de Lemond.

— Não posso protegê-los muito mais tempo... Acabarei sendo descoberto. – O Cavaleiro aproximou-se da porta. – Meus dias em Dras-Leona estão contados.

Lemond abriu o baú, encontrando-se mais uma vez em posse dos ovos.

— Outras preocupações me chamam atenção. – Ele caminhou até o Senhor em posse dos ovos e entregou-lhe um papel com runas élficas. – Se quiser mesmo manter os ovos em segurança, precisará aprender a usar estas palavras. – Olhou uma última vez para o rapaz. – Pense o que quiser, Lemond, eu o escolhi por que você é alguém que pode dar certo.

Lemond bocejou ao ouvir o Cavaleiro fechar a porta da sala. Levantou-se recolhendo os pergaminhos que seu pai lhe dera, escondeu o baú em uma prateleira discreta e deixou a sala seguindo para o quarto. Enquanto caminhava a voz não saia de sua cabeça. “Não vim até aqui para lhe entregar ovos, Lemond.” Isso parecia querer dizer algo para ele... Mas ele nunca saberia.

— Por que veio até aqui, Murtagh? – Sussurrou ele antes de abrir sua porta e deixar todos estes pensamentos para trás.

Foi até a sua estante e retirou o livro com ensinamentos de magia. As runas da língua antiga não eram mais tão familiares como quando ele aprendera com Marbrayes... Mas com paciência ele podia decifrá-las.

— Querendo ou não, devo isto a ele. – Ele murmurou enquanto lia sobre os primórdios da relação do ser com a magia.

“A presença da magia devesse subconscientemente da compreensão do ambiente e das forças ocultas pelo costume carnal do ser.” Ele leu “A compreensão do movimento, da existência, das forças que movem tudo, e do que completa tudo.”

Ele olhou para os lados desnorteado, pensando sobre o que lera.

— Magia é a materialização da nossa certeza e segurança quanto ao que nos cerca e ao mundo além. – Ele pensou, não podendo deixar de fazê-lo em voz alta. Era claro como o sol para ele. – Magia é o preenchimento de nossas dúvidas com a solidez da verdade, é a concretização dos nossos pensamentos.

Ele fechou os olhos por algum tempo, livrando-se das frustrações que não levariam a nada, reunindo suas verdades, conceitos pré-formados, suas dúvidas... permitiu que a mente nadasse por elas e pelo som do ambiente. Abriu os olhos ainda em concentração, sentindo-se leve e em contato com profundo com o meio. Não sabia ao certo quanto tempo tinha passado.

— Ládrin... – Disse ele suavemente.

E como se sempre tivesse compreendido, a porta de seu armário abriu-se. Lemond ergueu as sobrancelhas. Devemos todos compreender que não é apenas nosso corpo que habita o ambiente, mas também a mente. Ele pensou, satisfeito com o progresso do dia. Feliz por perceber claramente a área que adentrava, e principalmente por provar não ser um tolo qualquer.

Fechou o livro e deixou o quarto para uma noite de muitas tochas e pouco vento. O rapaz olhou pelas janelas do corredor, para além das muralhas da cidadela. A cidade enoitecida seguia para o fim de mais um dia. Como posso protege-los de tudo o que carrego em minhas mãos? Ele escondeu as mãos atrás das costas e seguiu seu caminho. Maldito Murtagh.

Seu pai, Murtagh e todos o haviam abandonado, deixando todas as responsabilidades em suas mãos. Não soava como um castigo... sova como aproveitamento. Lemond estava disposto a fazer o seu melhor, e isto começava naquele dia.

O rapaz seguiu para fora do castelo, selou ele mesmo um cavalo e caiu cidade a dentro. As pessoas paravam seu caminho em meio às ruas para observá-lo em trote rápido.

As tochas tornaram-se raras quando chegou ao seu destino. Prendeu o cavalo na entrada da Taverna e adentrou-a. O ambiente trouxe-lhe sentimentos de uma época passada.

Os bêbados e os sóbrios olharam-no com espanto e alguma irritação, mas não ousaram dizer nada. Este não é mais um ambiente para mim. Pensou seguindo mais para dentro. Cerrou os olhos e passou a vista por todo o estabelecimento.

E lá estava ela...

O rapaz aproximou-se da mesa e sentou-se teatralmente ao lado da garota com a caneca de cerveja.

— Não posso acreditar. – Disse ele chamando a atenção dela. – Depois de todo este tempo, ainda sou capaz de encontrá-la aqui...

Ela ergueu as sobrancelhas olhando-o com grandes olhos negros, surpresos e acusadores.

– Então o Lorde Lemond Grorvan deixou seu castelo? – Ela bateu com a caneca na mesa, pedindo mais cerveja. – E por que meus hábitos noturnos deveriam mudar?

Lemond sorriu arteiramente.

— Deveria tentar... – Ele aproximou sua cadeira da dela. – Sabe, aventurar-se mais.

— A embriaguez é aventura o suficiente para mim, obrigada. – Disse a garota. Seus cabelos negros em trança caiam até a cintura e os braços firmes estavam à mostra, ela vestia calças verdes cinzas que ressaltavam seus membros belos e saudáveis. O rosto intenso e atrevido era o mesmo que Lemond lembrava. Era estranho que as pessoas continuassem as mesmas enquanto ele havia mudado tanto. – O vi pelas ruas da cidade um tempo atrás... você estava bem apressado. – Ela deu um belo sorriso seguro, de quem não queria demonstrar curiosidade.

— Minha vida encontra-se mais apressada... – Ele devolveu o sorriso. – Domma, Domma... Se você soubesse como foram meus últimos meses.

— E ainda assim, aqui está você. – Disse ela virando a sua cadeira na direção dele.

Ele inclinou-se para frente e beijou-a, puxando seu lábio inferior com os dentes. Ele enterrou a mão em meio as suas tranças e voltou a sentar-se.

— Eu lhe trouxe um presente. – Disse ele retirando de dentro de sua túnica os pergaminhos que o pai lhe dera. Depois de ler todos aqueles relatos, ele estava disposto a fazer tudo diferente. Começando por deixar os cidadãos em familiaridade com a cidade. E aproximá-los dele.

Lemond colocou os papéis em cima da mesa e levantou-se.

— E o que seria isto? – Domma perguntou quando ele virou-se.

— Leia... – Ele respondeu com um sorriso. – Leia e espalhe por aí... faça o que quiser, é seu. – E seguiu para fora da Taverna.