Triim triim

Acordo e olho no celular, quem liga pra uma pessoa no domingo seis horas da manha? Nem olhei no celular, seja la quem for eu quero dormir.

Triim triim
Pego o celular de olhos fechado e atendo
– Alô?. - digo com voz sonolenta- Quem é? Você não dorme não? - falo brava apesar do sono
– Ate tentei mas pra ver o que eu quero te mostrar tem que ser cedo. Agora troca seu pijama e desci aqui. E a propósito é seu amigo. Beijo. -e desliga.


Quem é que liga pra alguém essa hora e ainda desliga na minha cara. Nenhum um amigo meu faria isso. A não ser..
Levanto e vou ate a janela ele ta parado na frente de um jipe. Ele me vê acena para eu descer. Eu não to acreditando que ele ta aqui.
Troco de roupa e desço em silencio.
– O que você ta fazendo aqui há essa hora, rush? - sussurro pra ele. Ele esta incrivelmente lindo. Nunca vi ninguém acordar daquele jeito.
– Vamos a um lugar hoje. Parte um do plano de convencimento. Deixa um recado pra sua mãe, fala que você não volta pra almoça. E que saiu com a Mary.
– Aonde vamos? Por que não vou almoçar aqui? Você esta querendo me sequestrar- brinquei com um ar de seriedade.
– Anjo, anjo – ele ri - Se eu tivesse te sequestrando, nos não estaríamos aqui conversando .sobre tal. - ele me disse com um sorriso provocativo. O primeiro da manha hoje. Entrei e deixei um recado colado na TV e na geladeira: Não pire mãe, fui à Mary estudar! Beijo. Abby

Adrenalina subiu em minhas veias e eu andei em direção ao carro.
–Vamos ou não? -perguntei já abrindo a porta do carro. Entramos no carro. E ele apertou o play no radio.

Começa a tocar Live let die- Guns N’ Roses. Eu adoro essa musica então me atrevo e aumento o som, ele olha pra mim ri e continua dirigindo. Adormeço ao som de ACDC logo depois.
Acordei quando o carro parou. Estávamos de frente pro mar.? Olhei bem, nunca tinha visto o mar então não tinha certeza.
–Chegamos anjo. -ele disse abrindo a minha porta e sorrindo.
– Onde estamos?
– Na praia anjo. Não enrola e vem, se não vamos perder.
Desci do carro. Tirei o chinelo pra pisar na areia, era macia. Tinha um cheiro muito bom, tava de manha, mas já tinha sol. Ele me pegou pela mão e começou a correr em direção ao mar, antes de chegar na água ele parou. A água vinha e voltava linda e azul.
– Olha!- ele apontou pro chão.
Tinha algo andando. Uma tartaruga. Um filhote de tartaruga muito pequeno indo à direção do mar. Olhei em volta e não era o único.
– Meu deus! Que lindo. Como sabia? E onde eles estavam? . Era mágico aquilo, eles eram tão pequeninos.
– Eles acabaram de eclodir ali atrás. Venho aqui no final de semana e por acaso vi o buraco. Acompanhei e esperei ate dar a hora. É perfeito como o mundo vive a nossa volta. - ele falava com um brilho no olhar, uma felicidade parecida com a de uma criança com brinquedo novo.
– Tudo lindo. Mas não prova que você é apaixonado por biologia. Pelo menos não pra mim.
– Não falei que provava. Essa e só a primeira parte, ainda tem duas. Vamos voltar pro carro. - ele disse me empurrando pelo ombro. - mas antes olha lá eles chegando ao mar e indo pra liberdade.
Eu virei e vi a onda chegando e levando. Eu tava ali de frente pro mar.
Talvez fosse loucura, mas quando pensei já tinha feito. A água tava gelada e as ondas fortes mas era sensação indescritivel. O Rush tava me olhando rindo. Eu entrei de roupa então eu parecia uma louca, ele rindo era constrangedor, mas a sensação de estar no mar era muito boa. Então ele tirou a camiseta e entrou nadando ate onde eu tava.
– Porque fez isso maluca?
– Nunca tinha vindo a uma praia não podia deixar a oportunidade passar.
Ele ficou em silencio me analisou. E Sorriu.
– Adoro esse seu jeito irreverente. - passou a mão bagunçando o cabelo molhado. Aquilo era tentador, mesmo quando não era pra ser. O que ele tinha?

Sai da água e sentei na areia. Ele sentou a meu lado.
– Você vem aqui pra que?
– Pensar, surfar e outra coisa. Que você vai saber no próximo evento. - ele riu. O mar refletido em seus olhos era lindo. Competia com o horizonte natural. Mas Rush ganhava pelo sorriso que acompanhava o azul.
– Estamos molhados agora como vamos entrar no carro.
– Problema algum. Meu jipe já enfrentou coisas piores. - ele disse olhando em meus olhos. Aquele azul penetrante. Como vou fazer o resto do dia se ele continuar assim irresistível?

Entramos no jipe e dessa vez a viagem durou menos paramos no deck de ontem. Dessa vez o mar era azul refletia no casco do iate. Era enorme e reconheci a parte em que jantamos ontem. Hoje ele me levou pra dentro lá tinha uma mesa com banco, um quarto e um banheiro que ele pediu pra eu entrar.
–Coloca isso aqui anjo. - empurrou um saco em meus braços e fechou a porta.
Era um macacão de borracha com pés de pato. Mergulho? Outro sonho, isso era uma aposta ou um programa de realize o seu sonho com um par de olhos azuis do seu lado? Seja lá o que for, o dia tava perfeito.
Foi apertado pra entrar, mas entrou, sai pronta e ele olhou e gargalhou.
– Você ta linda anjo... - ele ria. Olhei pra mim e eu tava engraçada mesmo. Ele passou por mim e foi em direção ao banheiro. Ele de modelito mergulho era perfeito, mas engraçado. Gargalhei alto.
– Fiquei mais sedutor anjo. Impossível assim os peixes vão me atacar- sarcasticamente falou e me levou pra fora. La ele me deu uma aula de mergulho e colocou os equipamentos de oxigênio. Estávamos prontos.
– To com medo- falei. Quando estávamos pra mergulhar.
– Relaxa e curti linda. La em baixo é lindo. E lembra, eu to aqui. - colocamos a mascara ele acenou positivamente e eu balancei a cabeça correspondendo.

Entramos, controlei o desespero. Fomos em direção a um coral onde tinha peixes palhaços. Era linda a diversidade do fundo do mar, tinha até um navio naufragado que servia de casa pra peixes. Vimos arraias, enguias, estrelas do mar e até um cavalo marinho. Ele sabia por onde ia, parecia que ele fazia aquilo todos os dias. Eu percebia a paixão com o que ele falava, era uma questão de tempo pra eu perder essa aposta, eu já sabia.

Sentamos no barco, ele tirou a mascara e sorriu em direção ao horizonte. Ofegante. Entramos e ele tirou do freezer, água. Refrescamos-nos e retiramos a roupa. A minha já estava seca.

– Vamos almoçar você não tomou café da manhã ficar muito tempo sem comer não é bom.

De carro fomos até uma chácara, quando chegamos tinha uma mesa enorme. Com tudo o que o lugar podia oferecer desde carne de porco até folhas de alfaces tão verdes que reluziam. Ele me levou lá pra dentro, me apresentou a uma senhora e um senhor.

Ao chegarmos de volta a mesa perguntei.

– Quem são?

– Meus avós maternos. Eles moram aqui, não querem saber do dinheiro da minha mãe. Sempre que venho a praia, passo por aqui. Eles são muito especiais pra mim.

Almoçamos e de sobremesa tinha um doce de damasco que era um sonho.

Ele me entregou um papel.

– Olha essa é a parte três da missão de convencimento, se você não acreditar, perdi. - ele falou. Olhei para o papel era um recibo de pagamento. Pra universidade da Califórnia, constava vestibular de verão pro próximo ano e o curso era biologia marinha. Ele já tinha ganhado a aposta a muito tempo. Ele realmente era apaixonada por biologia, principalmente quando se tratava de mar. Não tinha o que falar, ele era incrível e ainda apaixonado por animais.

– Você ganhou Rush. – eu disse.