- 48 Horas -

Era o inferno na terra, a minha vida havia se tornado naquelas ultimas 48 horas, os piores dias e momentos da minha vida. Naquele instante, parado em frente à porta da casa do Tom, tentando criar toda a coragem do mundo para tocar a companhia, tudo o que passava na minha cabeça, era o turbilhão de sentimentos e acontecidos após a fatídica festa, ou melhor, os dois últimos dias, a partir do momento em que recebi o vídeo de Jake, em meu celular.

48 Horas Antes.

– Hey, e essa cara de choro? – Perguntou meu irmão adentrando o meu quarto e se jogando sobre a minha cama – a bronca da mamãe foi tão ruim assim?

– Não... – respondi baixo e confuso – é... Estou meio perdido ainda! – disfarcei.

– Bora descer então?! Mamãe me falou de alguma novidade, ela te falou algo?!

– Falou – respondi apático – mas confesso que não prestei atenção!

– Então vamos, vem... – E se levantou me puxando da cama pelo pulso me fazendo deixar meu celular cair no chão e ele em seguida pegou o celular para me dar, entretanto, o vídeo ainda rodava freneticamente, pois eu ainda estava tentando assimilar o que eu tinha feito. – Que porra é essa aqui? – Disse Sammy olhando para o vídeo com curiosidade e uma suave repulsa! – Não, eu não devolvo se você não me disser o que esta acontecendo – dizia ele enquanto afastava o meu celular de minhas mãos – Que isso, o Tom gravou um vídeo de você pegando na piroca dele?! – Nesse momento então Sammy gargalhou desconcertado, enquanto tentava ver novamente sem que eu pudesse pegar o celular – Caralho, que tarados que vocês são – e continuava rindo, me deixando cada vez mais nervoso! – Mas espera aí, eu não vi o Thomas lá? – foi então nesse momento que gritei aos prantos e nervoso:

– NÃO ERA O THOMAS PORRA! – Sammy me olhou assustado e de seguida me devolveu o celular, enquanto eu me sentava na cama chorando desenfreadamente. – Não era o Tom... – respondi chorando e sentido, enquanto tentava conter minhas lágrimas.

– Quem era?! – Perguntou meu irmão curioso e sentando-se ao meu lado na cama, enquanto eu tentava responder entre soluços, arrependimento e vergonha, muita vergonha. – O Jake... É o Jake – e eu chorava cada vez mais, a cada momento em que eu repetia quem era o cara no vídeo – Pim, this is not you! With Jake? And acting this way... why did you do that?

– I’m sorry please… I’m sorry Sammy, please sorry, this not me, it wasn’t my entirely fault… I… I… I was fucking drunk, n… and he came with a fucking mask, and I… and he told me he was Tom, I know, I Know I was stupid, but… but I don’t I, I believe him… I believe, I’m sorry, Im fucking sorry…– eu então me debrucei no seu colo chorando e implorando o perdão do meu irmão, enquanto ele aos poucos ia absorvendo o que havia acontecido.

– What the fuck are you fucking tell me? He made force you to touch him… he lied to you? I Will kill him… - nesse momento eu olhei para o Sammy e seu semblante estava transtornado, os seus olhos por um segundo, era como se cuspissem sangue.

– It wasn’t his entirely fault! It was mine too…

– He could have raped you…

– No he don’t! – eu respondia enquanto sentia nele um ódio mortal prestes a fazer uma loucura.

– I’ll kill this fucking douche...

– Sammy, por favor, não faz nada! Isso vai me comprometer... – respondi nervoso.

– Isso já te comprometeu... Esse filho da puta tem um vídeo com você pegando no pau dele... Qual é a parte disso que você não entendeu que já te comprometeu. – respondia Sammy nervoso. – Eu vou matar esse desgraçado – e saiu do quarto com os pulsos cerrados e com os ânimos exaltados, enquanto eu lhe acompanhava tentando lhe segurar e lhe implorando que não fizesse nada, mas já era tarde, o circo já estava armado, e a baixaria estava literalmente pronta!

...

Quando Sammy despontou na escadaria principal e avistou Jake conversando sutilmente próximo a porta de entrada da sala de café da manhã com a minha mãe, a sua fúria foi de cem, para mil por cento. Ele desceu as escadas numa velocidade inapropriada para quem desce escadas, enquanto eu ia atrás de alguma forma tentando lhe impedir, quando o inevitável aconteceu, Sammy chegou com todo o seu impulso e esmurrou a cara de Jake, lhe jogando ao chão instantaneamente, fazendo com que todos na sala olhassem assustados e perplexos com a cena, Sammy se atracava em cima de Jake, e segurando os braços de Jake com seus joelhos, continuava lhe esmurrando a cara com toda a força, os respingos de sangue do seu nariz certamente quebrado, voavam por toda a sala, quando então Charlie veio por trás de Sammy o agarrando e tirando ele de cima de Jake todo ensanguentado e querendo ir pra cima de Sammy, mas fora repreendido por seu pai e sua mãe que perguntavam atônitos e perplexos o motivo de tamanha selvageria. A minha mãe gritava a plenos pulmões com Sammy lhe cobrando explicações, e ele tentava ainda ir pra cima de Jake, eu me continha em meu pranto, quando então Jake resolveu falar.

– I don’t have the fucking fault, if your faggot brother like to grab other mans cock fucking moron – vociferava Jake, sendo observado por sua mãe assustada. – Particularly mine! – abrindo os braços em arrogância.

– Jacob! – repreendeu lhe, sua mãe perplexa, fazendo seu pai se aproximar do filho estarrecido e lhe agarrando os braços que gesticulavam.

– O que você disse?! – Perguntou minha mãe com uma voz perdida.

– Exatamente o que a senhora ouviu. – Respondeu Jacob sinicamente.

– Ele está mentindo mamãe – dizia Sammy, contendo um choro nervoso – ele esta mentindo, ele forçou o Pim a fazer.

– Como? Como forçou?! Pim...?

– Ele o forçou mamãe – respondeu Sammy com uma voz tremula de nervosismo, e eu chorando no outro canto da sala, em seguida minha mãe olhou para o Sammy, como se ele não tivesse que me defender, mas sim, eu, por mim mesmo. – O Pim estava mais bêbado do qualquer um naquela festa...

– É fácil culpar a bebida – respondeu Jacob ironicamente, à todos na sala que confrontavam olhares estarrecidos.

– Cala sua boca seu desgraçado – respondeu meu irmão apontando o dedo para Jacob.

– Chega Samuel... Essa não é a minha casa, essa não foi a educação que eu te dei, por tanto, para de me envergonhar mais do que você já esta fazendo – Gritou minha mãe entristecida e nervosa ao mesmo tempo – Crispim – disse minha mãe olhando para mim – me responde, o que esta acontecendo?! – O olhar da minha mãe era aniquilador, e a cada segundo que eu tentava dizer a verdade, quando eu olhava para ela, eu a engolia novamente sem nenhuma coragem de dizer. – Responde Crispin! - Neste momento a conversa fora interrompida momentaneamente, a companhia tocara, mas Mrs. Cohen ordenou que a empregada atendesse, e pedisse para esperar quem quer que fosse. Aqueles breves segundos de interrupção me fizera por um instante pensar em aproveitar a deixa, e sair correndo por aquela porta que se abriria, e nunca mais voltar.

– Son, you don't need to be embarrass. We're not here to judge you. – Disse Charlie sutilmente olhando para mim, e foi nesse momento que tentei falar algo…

– You better not...

– You shut your mouth Jacob. – respondeu Charlie a tentativa de ameaça de Jacob para comigo, enquanto Mrs. Cohen tentava repreender o filho.

– Charlie...

– I Know what I am doing mom, so please don’t! Pim… answer us:

Nesse momento eu tentava aplacar meu choro, e quanto mais eu fazia, mais forte ficava, foi quando meu irmão se aproximou de mim e disse – É agora, ou nunca mais – eu então engoli o choro com todo o esforço do mundo e me entreguei.

– Eu, - eu ainda tentava assimilar o que diria, raciocinar, mas o medo que me tomava era descomunal, era como se um pedaço de mim fosse ser arrancado ali – Eu estava na festa, eu bebi, bebi bastante, não é uma justificativa, mas... mas eu bebi muito, e... A certo momento da festa o Jacob surgiu, mas nos estávamos todos de mascaras pois a festa era uma espécie e blind date – eu então começava a tremular minha voz novamente e derramar algumas lagrimas aos poucos – ele então surgiu e sussurrou no meu ouvido, que era o Tom...

– O Tom, Thomas? O menino que você sempre está junto – perguntou minha mãe.

– Sim, ele! Aí ele me direcionou pra uma sala escura, e... Eu comecei a tocar nele, nas partes intimas dele – nesse exato momento eu já estava aos prantos novamente – Mas, mas aí ele começou a agir de forma estranha, e me forçando a fazer algo que eu não queria fazer – dizia eu entre soluços – foi então que, que eu questionei ele, e vi que não era o Tom! Não era o Tom... Nunca foi... – e voltei a chorar.

– O quê... O que você esta tentando me dizer com isso? – Perguntou minha mãe confusa e com um semblante decepcionado. Porem eu simplesmente não conseguia responder.

– Ele e o Tom estão juntos mamãe! Eles são namorados. – Respondeu Sammy a minha mãe. Fazendo com que todos na sala se silenciassem com se estivéssemos em um velório.

– Pathetic! – Disse Jake em voz baixa, mas alto o suficiente para que todos pudessem ouvir, em seguida fora repreendido pelo seu pai.

– You go to your room right now you’re piece of shit, I’ll talk to you later! – Jake então se retirou da sala, seguido de sua mãe, enquanto seu pai se aproximava de minha mãe para lhe pedir desculpas pelo ocorrido, entretanto minha mãe sequer reagia. Foi quando ela olhou para mim com um olhar desapontado e perguntou:

– Who are you? – eu então a olhei com lágrimas nos olhos e acometido de mil emoções lhe respondi entre choros e angustias.

(8mm Sky – Her November Diary)

– I am the fucking faggot Who like grab other mans cock! – e quando dei dois passos para trás para me afastar e sair dali, ao me virar, lá estava ele, Thomas, atrás de mim, atrás de todos, ouvindo tudo e a todos! O seu olhar de decepção era desolador, o seu semblante entregava sem medo, toda a sua desilusão, ele havia ali, descoberto uma traição, ainda que involuntária mas uma traição, e logo após a sua declaração para comigo, aquilo incertamente, era um caminho sem voltas.

– Tom... Tom... – dizia eu na tentativa de dissuadi-lo e com a minha voz embargada. Ele então abaixou a cabeça, deu um sorriso de canto de boca, e me olhando mais uma vez disse:

– Em pensar, que há algumas horas atrás, eu disse que te amava! – Derramou uma lágrima, e se retirou. Eu o deixei ir. Falar, agir, gritar, tentar explicar qualquer coisa para ele naquele momento seria impossível. Olhei para minha mãe, para o meu irmão e saí em passos rápidos em direção à praia, seguido de meu irmão que me chamava e pedia calma.

...

Era o inferno na terra, a minha vida havia se tornado naquelas ultimas 48 horas, os piores dias e momentos da minha vida. Naquele instante, parado em frente à porta da casa do Tom, tentando criar toda a coragem do mundo para tocar a companhia, tudo o que passava na minha cabeça, era o turbilhão de sentimentos e acontecidos após a fatídica festa, ou melhor, os dois últimos dias, a partir do momento em que recebi o vídeo de Jake, em meu celular.