Um Tom a Mais

- Raised From The Dead -


Em questão de segundos, enquanto eu estava ali encarando a maçaneta da porta da casa de Tom, após aquelas horas passadas, quando eu realmente havia tomado coragem de tocar a companhia, eis que surge Mrs. Green, mãe de Thomas.

– Oi Crispin... Eu vi você parado aí fora através dos vitrais laterais da porta, e vim abrir pra você! Mas se a intenção era procurar por Thomas, ele não esta! – Disse ela.

– Oi Senhora Green, sim de fato vim atrás do Tom – e dei uma risadinha anasalada, enquanto ela me olhava com um sorriso no rosto.

– Você pode voltar outra hora se quiser! – Respondeu ela educadamente – mas também se preferir ligue no celular dele! Ele me disse apenas que estava saindo, e foi-se daquele jeito apressado dele – e desatou mais um sorriso.

– Claro – ri em retorno – Bom Senhora Green, creio que é exatamente isso que vou fazer! – Naquele instante tive alguma vontade de especular, sobre como estaria o Senhor Green, mas sinceramente, os meus ânimos não estavam para ter algum tipo de compaixão ali, ou alguma conversa sobre, o que fiz então foi acenar-lhe um leve agradecimento com a cabeça e parti em direção a casa de Genie, com quem eu havia um pouco antes, trocado algumas mensagens. Neste intervalo, nestes passos em direção a casa dela, tudo o que me passava pela cabeça era como de fato eu ia enfrentar o Tom, e o que mais eu diria a ele afinal, já que ele havia ouvido o suficiente anteriormente, naquela briga novelesca horas antes na casa do Charlie, na verdade, outros anseios e receios me tomavam um deles era minha mãe, com quem eu de fato não havia em nenhum momento estado a sós com ela, a ponto de se discutir o que havia acontecido. Mas, sobretudo ali, algo que mais me afligia, era o meu pai, o que ele pensaria de mim. Que tipo de filho sou, para dar lição de moral em seu relacionamento com minha mãe, quando na verdade ele podia simplesmente pensar, “que filho degenerado esse que eu tenho”. E foi nestes instantes de devaneios que recebi mais uma mensagem de Genie.

[Genie] QUANTA DEMORAAAAAA

[Pim] NÃO PRECISA GRITARRRR EU NÃO SOU SURDOOO LOLOLOL estou chegando!

[Genie] sorry bae... hahahah are u better?

[Pim] kind of… well that’s all can I say…

[Genie] that’s sucks, but remember… don’t be too pushy!!!

[Pim] that’s your brother saying… I wish he was here, his soooo fucking wise.

[Genie] really u wish that?

[Pim] no melhor modo possivel Genie, não há conotação sexual nisso!!! Lolo apesar dele ser um gostoso =X

[Genie] GOOOOOOOSH... eu não li isso!!! Hahah... kde vc?

[Pim] aqui... Abre a porta... Sua xataaa!!!

...

– Porra! – disse eu em voz alta e ao mesmo tempo levando a mão na boca, com receio de ter sido ouvido pelos pais dela – achei que... What the fuck! – disse eu cortando a frase com um palavrão e muito, muito surpreso, enquanto ela gritava:

SURPRISE!!! – disse Genie saltando na frente do;

– T-ti-to?! – respondi em estado de choque.

Hi Kiddo... – Que surpresa heim! Não vai me dar um abraço – disse ele vindo em minha direção, enquanto eu lhe retribuía o abraço, extremamente confuso.

– Eu sei que você deve estar pensando um milhão de coisas – disse ele entre risos – mas antes que você tire conclusões precipitadas sobre tudo ser sobre você – deu uma risada alta – na verdade eu voltaria para o Brasil ontem, mas minha faculdade resolveu entrar em greve. É isso o que acontece quando universidades publicas, não recebem devida atenção do Estado – e deu uma piscadela – me trazendo para dentro de sua casa – mas heim... Me fala, estou sabendo que rolou uma sex tape – disse ele com risos anasalados enquanto nos acomodávamos na sala principal.

– Genie?! – olhei para ela lhe condenando sobre ter falado para o Tito.

– Desculpa Pim – disse ela levemente aflita – mas eu não tinha como não contar – eu então olhei para ela com uma das sobrancelhas arqueadas e me voltei para o Tito.

– Desculpa a minha reação, mas eu... Há alguns minutos atrás estava falando exatamente de você...

– Sim eu sei – respondeu ele com um sorriso de canto de boca malicioso.

– Geniee!!! – Disse eu mais uma vez olhando para ela.

– Pim, ele estava do meu lado me enchendo o saco pra ver as mensagens – respondeu ela rindo comedidamente.

– É... bem... – dizia eu tentando concertar a parte do “gostoso” da mensagem.

– Não se preocupe – disse Tito me interrompendo – eu entendi...

– Meninos, por favor, a gente precisa fazer algo juntos, eu não sei mais quantos dias vamos ficar aqui, mas nos restam poucos também, porque as nossas férias de verão são diferentes das suas Pim. Por favor, vamos pegar uma balada em Southhampton... Pleaaase... – enquanto ela tagarelava comigo, e eu tentando dissuadi-la da ideia de balada, percebia os olhos pesados de Tito sobre mim, me observando, me olhando milimetricamente, até eu interromper drasticamente todo o estardalhaço dela.

– Hey... GENIE... Respira fundo – disse eu lhe abaixando seus braços cheios de gesticulações, às vezes eu achava ela mais italiana, do que brasileira – Primeiro, eu não vou a nenhuma festa, não depois do que já aconteceu, segundo, eu ainda não conversei com o Thomas – disse eu olhando para o Tito, que apenas me fitava – e terceiro, eu não estou com um pingo de vontade de fazer alguma coisa! – Nessa parte, fui o mais categórico possível, pois a intenção, não era ficar de conversinha com o Tito.

– Nossa Pim – respondeu Genie com um semblante desanimador – porque toda essa rebeldia... Se você não quer ir numa festa, tudo bem, mas ao menos estar com a gente, isso não custa – E quando fui dizer algo, Tito me interrompera antes.

– Relaxa Genie, ele não está afim, não tiro a razão dele – eu então olhei para ele com algum remorso – hora que ele estiver de boa, ele nos procura... Não é verdade kiddo?!

– É... Sim é verdade, Tito... Me desculpa, não é nada contra vocês – sim era contra ele sim – mas eu realmente preciso resolver isso! Eu não estou bem, não estou com ânimos pra nada – eu então olhei para ele mais uma vez, e meu Deus, como eu pude me esquecer tão rápido como ele era lindo e compreensivo – Sorry!

Don’t be kiddo – respondeu ele, naquela doçura de sempre.

– Eu preciso ir agora, eu... Ainda não consegui conversar com minha mãe... Não consegui olhar na cara dela de verdade. Eu fui rude com ela, o suficiente pra fazer ela me odiar para o resto da vida, e com razão...

– Pim – disse Tito entre risos – Menos, ela é sua mãe, ela nunca vai te odiar, pode que ser que por alguns meses ou até mesmo dias, ou quem sabe horas, ela vai sentir raiva de você, no máximo isso, mas ódio, isso nunca – eu então olhei para ele, e com aqueles meus velhos, cansados e marejados olhos, respondi:

– Porque você sempre... – hesitei – sempre tem que ser tão bom? – e olhei para a janela da sala, era um vitral enorme, que me permitia olhar as ondas rebentando na praia, e por alguns milésimos de segundos, devanear naquela paisagem.

– Faz parte do meu charme – respondeu ele rindo e me dando um estalo com seus dedos na ponta do meu nariz.

...

Eu fui caminhado pesadamente sobre a areia da praia, havia tirado o botim que usava, e os carregava em uma das mãos, naquele instante, não houve no meu fone de ouvido uma canção (Birdy – Older), que definisse tanto o que eu sentia pelo Tito, e aquele “filho da puta”, no bom sentido, se é que há um bom sentido nisso, aquele Tito, em apenas alguns minutos, me pusera para pensar conflituosamente, tudo de novo. Eu definitivamente, era a pessoa mais confusa e perdida do mundo.

– Oi Pim... – ouvi uma voz de mulher dizendo – você esta meio perdido – perguntou rindo. Era Mrs Green, com quem eu havia acabado de trombar.

– Oi Senhora Green, nossa, dois encontros num dia só... – respondi delicadamente – isso deve ser bom!

– Claro! – respondeu rindo – Você conseguiu falar com o meu filho Thomas? Ele já esta em casa... Da uma passada lá!

– Ah... Que bom, eu... – dizia meio atordoado – eu ainda não consegui falar com ele, mas vou lá... Vou sim! – e saí em direção a casa dele o mais rápido possível e entre alguns pequenos passos, me virei para ela a fim de dizer algo – É... Senhora Green...

– Sim querido – respondeu ela docemente.

– Aah... É, nada... – e mais uma vez eu não consegui dizer algo – não é nada.

– Ok – respondeu ela rindo em simultâneo e continuou caminhando na praia, cabisbaixa, enquanto o vento lhe batia nos cabelos e na echarpe de seda que levava ao pescoço.

...

(Phanton Planet – Raise the dead)

E mais uma vez estava eu, na frente da porta da casa do Tom, com aquela mesma hesitação, com os mesmos sentimentos e turbilhões de sentidos, era pesado, era forte, uma leve tremedeira acometia minhas pernas, os meus sentidos subiam e desciam ao mesmo tempo, enquanto que de segundo em Segundo eu tentava apertar a companhia da porta, e cada vez que eu apontava o meu dedo indicador para ela, eu hesitava novamente, me virava de costas, dava dois ou três passos para trás, e mais uma vez tentava concluir minha ação, foi então que finalmente, contando até três, eu apertei desenfreadamente, podendo ouvir o som estridente da companhia, e alguns passos seguindo em direção à porta, o meu coração nesse momento, já não estava na minha garganta, estava praticamente fora do meu peito.

Eu estava com a cabeça abaixada quando a porta foi se abrindo lentamente, quando então ouvi um – Oi – eu então já estava com cabeça erguida, e com “a” cara de idiota, afinal o que era aquilo?!

– É... – Que porra é essa, pensei, e concluí surpreso – Faith!?

Yeah... Guess whos back! – Era Faith Vanderbilt, a namorada ou sei lá o que do Thomas - Espera, eu acho que me lembro... Finn, não, não é Finn, Tim! – Disse-me ela com uma cara idiota e sorrindo.

– Pim... It’s Pim!