A ideia

Mais tarde fui para casa, para conversar com a minha mãe, seria difícil convencer - lá do que eu queria fazer, mas acho que se contasse o que aconteceu iria entender e me deixar fazer o que eu queria. Cheguei a casa, minha mãe estava na cozinha, como sempre, e meu pai dormindo no quarto. Tomei banho e botei meu pijama. Desci. Minha mãe sentiu a minha presença e já começou as perguntas.

-Como foi na casa da Ever? – estava longe então ela me chamou – Ava!

-Ah! Oi mãe, desculpa. Foi péssimo, eu terminei com o Rô, então se ele ligar aqui pra casa fala que eu não estou.

-Está bem. – ela parou de cozinhar e sentou a mesa junto comigo. – mas me conta o que houve.

-Ele me traiu com a piranha da Ever, por isso que eu fui a casa dela. Então percebi que ela estava a fim dele e foi atrás dele depois que ela veio aqui em casa e disse que gostava dele e o beijou e ele deixou. – estava quase chorando. – então logicamente eu terminei com ele e fui pra uma lanchonete pra comer alguma coisa e encontrei um pessoal lá. E agora estou aqui te contando isso. – já estava chorando.

-Minha filha, que pena. Ele parecia um rapaz tão bom.

-É parecia. Mãe eu queria viajar para pensar um pouco e esfriar a cabeça. Posso?

-Mas e as aulas, como ficam?

-Depois eu pego com alguém, mas, por favor, mãe, eu preciso disso.

-Pra onde você quer viajar.

-Queria ir pra casa da tia Naná, passar umas duas semanas lá.

-Está bem. Liga pra ela e pergunta se pode.

-Muito obrigada mãe, te amo – nessas horas eu já tinha parado de chorar.

No dia seguinte liguei pra tia Naná. Como era sábado não tinha aula. Assim que acabei de ligar pra tia Naná e ela tinha deixado, no dia seguinte já estava pegando um ônibus Rio - Santos (SP). Quando desliguei o telefone, ouço o meu celular tocar. O nome já aparecia de cara. Rô. Parei respirei e atendi ao telefone.

-Oi, traidor. – estava com uma voz de séria.

-Oi, A! Tudo bem com você? Desculpa nem precisa responder.

-Ainda bem que você me poupou de responder. O que você quer comigo?

-Eu queria te ver, te pedir desculpas por tudo que eu fiz pra você.

-Me ver jamais. Pedir-me desculpas nunca aceitas. Segunda, não fique surpreso de não me ver no colégio. E nem queira saber por quê. Pra você não conto mais nada e nem tente vir aqui em casa, pois não vou te atender.

-Mais é isso mesmo que eu vou fazer, olha na sua janela – a janela do meu quarto dava pra rua, e quem estava lá o chato do Rô. Desliguei o celular. – ainda bem que você está ai. – desci e abri a geladeira e peguei a caixa de ovos que tinha na geladeira, ainda bem que ninguém me viu, subi para o meu quarto de volta e voltei pra janela. – pois vai ganhar...

-O que amor da minha vida. – ele me interrompeu.

-Odeio que me chamem de “amor da minha vida”. Ah! Vai ganhar muitos ovos. – comecei a tacar os ovos na cabeça dele sem errar um. Como ele era idiota não se mexeu e fico sem entender nada. Minha mãe foi ver o que aconteceu e foi logo perguntando:

-Minha filha o que você está fazendo jogando os ovos na rua?

-Simples mãe vem cá ver. – quando ela foi ver olhou pra minha cara e disse:

-Minha filha o que você fez.

-Ué mãe dei pra ele o que ele merecia umas boas “ovadas” no corpo. Não sei o que ele veio fazer aqui, falei pra ele não me procurar.

-Mas isso é errado. Ai meu deus tadinho do menino. Vou...

-Nem pense nisso mãe. Você sabe o que ele fez. – falei tarde demais, ela já estava lá embaixo abrindo a porta. Droga! Pensei pra mim mesma.

Fiquei só no meu quarto esperando ele ir embora, mas não deu. Alguém bateu na porta. Imagina quem. Ele tomou banho, mas mesmo assim ainda estava com cheiro de ovo, e ainda pegou a roupa do meu irmão que ele deixa aqui.

-Sai daqui, não quero ver ninguém, muito menos VOCÊ! – fui logo gritando.

-Mas eu quero ver você. – como eu não tinha a chave do meu quarto só deixava a porta fechada, ele entrou, e me virei pra parede, para tentar o fazer ir embora, mas foi difícil. – A, eu sei que errei e admito, mas não quero que você fique assim comigo pra sempre, - fingi não escutar e comecei a cantarolar “eu não sei dançar, mas danço mesmo assim...” umas das minhas músicas preferidas do Forfun. – está bem eu não vou sair daqui até você falar comigo. Estou falando sério, tenho todo o tempo do mundo. – eu tinha que resistir e me levantei liguei o computador para por as músicas e abri o meu guarda roupa e comecei a pegar as roupas pra por na mala.

Quando o computador ligou botei as músicas.

-O que você está fazendo? – não respondi. – você falou que eu não ia te ver na segunda quer dizer que você vai viajar. – continuei calada.

Onze da noite celular dele toca era o seu pai, ele ia embora, e eu consegui ficar em silencio já estava comemorando por dentro.

-Lu, infelizmente – felizmente – Terei que ir embora, é uma pena queria ficar aqui com você, sei que você não vai falar comigo, mas quando precisar de mim – como se eu precisasse dele – me liga meu celular sempre vai estar disposto pra você.

Assim que ouvi a porta do carro batendo, comemorei deu o meu maior grito, mas baixo já estavam todos da vizinhança dormindo.