Já fazia um mês desde o acontecido, não voltei em minha casa ainda com receio de encontrar Otani, Takumi comprou algumas roupas para mim e tem emprestado alguns materiais pra estudos, estou passando um tempo com ele até que as coisas se resolvam, preciso decidir o que vou fazer da minha vida a partir de agora, mudei o numero do meu celular e minha família e a família dele já sabem o que aconteceu, minha irmã e meu irmão insistem para que entremos num acordo mas tudo é tão recente pra mim que não sei se conseguiria encarar Otani de frente.

Já estamos em Janeiro, faltam mais dois anos pra eu me formar em pedagogia, esse é meu sonho afinal de contas mas no momento ando sem animo pra qualquer coisa.

– Risa, precisa se animar, ande levante-se dai, falou um Takumi todo empolgado abrindo as cortinas e deixando a luz do sol bater em meu rosto.

– que horas são? Não acredito que você veio me acordar cedo em pleno sábado.

– são 14:35 de domingo, você esta nesta cama desde as 18:00h de ontem

– Preciso de um banho gelado e de um café bem forte...

– e depois vamos as compras você está precisando de coisas novas pra alegrar esse humor, vamos vá para o banho te espero em dez minutos.

– estou dando muito gasto e trabalho pra você, acho que tá na hora de eu resolver esta situação.

Ao dizer aquilo fui puxada e acolhida por Takumi, ele me afagava e aquilo era tão confortante.

– você não me dá trabalho nenhum, pelo contrário, faço isso por que te amo e não quero te ver sofrendo, se fosse por mim queria que ficasse aqui pra sempre comigo, segura e ...

Segurei seu braço com força, ele me transmitia segurança e paz e era tudo o que eu precisava naquele momento, senti vontade de retribuir esse sentimento que ele tinha por mim, mas, tinha medo de magoar afastei-me sem nada dizer e fui em direção ao banheiro ele desceu para a cozinha e fiquei na banheira pensativa.

Otani

Já faz um mês que tudo aconteceu, não tenho ido a faculdade e recusei alguns trabalhos durante este período, ficar em casa só me deixa mais nervoso, ando de um lado pra o outro buscando uma solução para isso tudo, tento ligar pra Risa pra gente conversar mas ela não atende o celular, seus pais me disseram que ela esta na casa de uma amiga e não sabem muito dela, eu vacilei muito caindo nas graças da Beatriz, mas ela tem me ajudado muito depois de tudo.

Flashback on.

– bom dia Atsushi-kun, vamos levantar já são dez da manhã...

Ela estava com um shorts na metade da coxa e uma blusinha regata que deixava a barriguinha a mostra, um coque frouxo no cabelo e um sorriso contagiante, abri os olhos e olhei ao meu redor, a casa estava bem organizada e ela estava estendendo algumas peças de roupa no varal da sacada, a luz do sol reluzia aquele magnifico corpo o que me deixava muito excitado...

Fui ao banheiro, tomei um banho gelado para despertar e desci ate a cozinha para preparar o café e a surpresa é que tinha um café da manhã a Lá brasileira me esperando, ela me ensinou os nomes das iguarias servidas era tudo muito gostoso, mas não se equiparava ao arroz e a sopa misu que Risa preparava pra mim todas as manhãs.

Flashback off.

Risa

Terminei o banho e vesti uma calça jeans e uma camisete, coloquei um casaco e calcei um ALLSTAR que Takumi me deu de presente passei uma maquiagem leve e dei uma secada nos cabelos e fui ate a sala, Takumi me esperava rodopiando as chaves da moto nos dedos quando me viu fez uma expressão engraçada.

– fiufiu esta linda, nem da pra sair contigo desse jeito he he.

– pare com essa bobagem aonde vai me levar?

– vamos ver o shopping novo que construíram vai estar lindo.

E puxando a minha mão me levou pra fora de casa pra trancar a porta.

Otani

Depois do café ela sugeriu que fossemos visitar o shopping novo que construíram, eu aceitei já que ficar em casa não era boa opção, marcamos de sair as 15:30h já que queríamos ir ao cinema também, fui procurar uma roupa mais descolada pra vestir e me trocar pra esperar ela, já estava saindo do portão quando a vi chegando, estava com uma calça jeans preta uma bota coturno da mesma cor e um paletó com touca marrom de cabelos soltos, toda sorridente, ajudei-a entrar no carro e seguimos para o shopping.

Risa

Fazia tempo que não saia pra me divertir, olhamos as vitrines e tomamos um milk-shake de morango, quando anunciaram que a bilheteria já estava funcionando decidimos ver um filme, tinha um romance em cartaz e parecia ser bom, nos dirigimos para a fila e quando chegou a minha vez fui acompanhada no pedido por um rapaz sorridente na cabine ao lado.

– duas entradas para o filme em cartaz na sala oito, por favor!

– pare de me imitar... Ao dizer aquilo me veio um flash dos tempos da escola em que Otani e eu falávamos tudo em coro. Uma tristeza se instalou em meu peito e me peguei olhando para o rapaz ao lado, era Otani que me encarava perplexo.

– naniiiiii

– o que você faz aqui?

– eu é que pergunto,

As atendentes chamaram nossa atenção para entregar os bilhetes e logo depois Takumi e Beatriz apareceram repentinamente segurando um saco de pipocas, doces e refrigerante.

– vamos Risa, chamou Takumi me puxando para longe dali, eu apenas olhava para traz para ter certeza do que tinha visto, é, eles estavam juntos e felizes e eu aqui pensando na morte da bezerra.

Parei abruptamente no meio do shopping e do nada puxei Takumi para um longo beijo, e em minha mente meu pensamento era um só: dane-se. Puxei-o pelo braço e sai arrastando ele para fora do shopping, ele não entendia o que acontecia, ao sairmos uma garoa fina começou a cair e foi engrossando devagarinho pegamos a moto e voltamos pra casa.

E a chuva estava mais forte e eu estava abraçada com Takumi o beijando intensamente e pouco me importando com o que viria dali em diante. Otani estava bem e feliz com quem ele queria.