P.O.V. Clary.

Mais uma vez minha vida está sendo virada do avesso. Nova escola, nova casa, nova família e nova dieta.

Se eu não tivesse o Jace acho que eu tinha surtado.

—Você tá bem?

—Não muito. E você?

—Não muito.

Nós nos abraçamos e nos consolamos.

—Ainda não consigo acreditar que tenho parentes vampiros e que um deles é tipo a minha cópia do mal.

—Eu pesquisei sobre duplicatas, a lenda diz que as duplicatas tendem a infernar a vida daqueles com quem se parecem.

—Mais essa ainda.

Quando conheci minha família fiquei em choque. Eles eram vampiros, todos eles.

—Parece que estamos no mesmo barco Jace.

—Mas, isso explica os seus poderes adicionais e a sua fome constante e insaciável.

—Eu esperei por esse momento durante dezessete anos. Minha filha amada.

—Porque você não me procurou?

—Eu procurei e encontrei. Mas, no dia em que ia te buscar sua tia Alice teve uma visão. Se eu te tirasse da sua mãe Jocelyn ela não aguentaria ter sua filha tirada dela e descobrir que mais um de seus bebês nasceu sem vida e no dia do seu aniversário ela iria cometer suicídio. Mas, eu nunca abandonei você, sempre estive com você.

—Eu ouvia a sua voz na minha cabeça quando estávamos em batalha, me dando instruções, me guiando, me ensinado sobre meus poderes, sobre a marca.

—A marca que você usou para parar os demônios aquele dia no instituto?

—Foi. Eu via você em todos os lugares, cheguei a pensar que estava perdendo minha sanidade.

—Lamento. Eu não queria isso.

—Você faz tudo o que eu faço?

—Sei lá.

—Vai demonstrar lá fora Jean. As antiguidades da casa são muito caras.

—Ta bem. Vamos nessa mana?

Conforme ela demonstrava eu identificava as coisas.

—Eu faço. Faço tudo isso.

—O seu namorado sabe do seu lado serial killer?

—Não. Ninguém sabe.

—Tem que contar. Pra ele pelo menos.

—Eu tenho medo. Medo dele me ver como uma monstra sei lá.

—Mas, ele merece saber. Um relacionamento é baseado na confiança irmãzinha.

—Você tem razão.

P.O.V. Jace.

Quando a Clary voltou eu soube que tinha alguma coisa errada com ela, na hora.

—O que que foi Clary?

—Tenho que mostrar uma coisa.

—Mostra então.

—Aqui não querida, lá fora.

—Vem comigo.

Ela me levou para o meio da floresta e disse:

—Se afasta.

Eu me afastei.

—Mais.

Me afastei.

—Mais.

Me afastei outra vez.

—Tá bom.

Clary fechou os olhos e começou a levitar, as pedras e folhas ao seu redor a levitar com ela. De repente as árvores começaram a se desintegrar. Dai ela desceu e parou.

—Desde quando você consegue fazer isso?

—Desde o meu aniversário de dezesseis. Quando o bloqueio do Magnus acabou, começou. E isso não é tudo.

—Não é?

—Jace, eu tenho poderes de vampiro. E tive que começar a beber sangue se não a minha pele fica ressecada e eu começo a virar pedra. A minha pele tá mudando, ta ficando cada vez mais branca e mais dura, eu to virando pedra.

—Ninguém vira pedra Clary.

—Eu viro.

Ela pegou uma pedra e esmagou com uma única mão e sua mão continuou intacta.

—Me dá a sua faca.

—Clary...

A minha faca saiu da bainha que ficava nas minhas costas e foi direto para a mão dela.

—Telecinesia.

Ela enfiou a faca na própria barriga e a faca entortou. Então, ela desentortou a lâmina com a mão e a mandou de volta pra mim.

—Tá, agora eu to assustado.

—Por isso eu não queria te contar. Eu tava certa, isso deixou as coisas diferentes.

—Diferentes como Clary?

Lágrimas começaram a sair de seus olhos.

—Eu via o jeito que me olhava antes e vejo como me olha agora, eu era um anjo e agora eu sou um monstro. As coisas estão diferentes agora Jace. Você não pode me dizer que não estão.

Ela saiu andando.

—Clary!

P.O.V. Clary.

Eu subi as escadas, entrei no meu novo quarto e liguei pra minha mãe.

—Oi querida, como estão as coisas com a sua outra mãe?

—Eu era um anjo e agora eu sou um monstro.

—O que aconteceu?

—Eu contei pro Jace. Precisava ver como ele me olhou, do mesmo jeito que você me olhou quando me pegou bebendo sangue no hospital.

—Querida, você não é um monstro. Você é uma garota incrível, é a minha garotinha.

—Mas, eu nem sou sua filha de verdade.

—Ei! Você é a minha filha sim! Além do mais, eu descobri sobre a troca quando você tinha quatro anos e eu sabia que a sua mãe biológica te vigiava. Eu a via também. Eu sentia a conexão entre vocês duas.

Eu desliguei e decidi sair pra caminhar.

—Eu vou dar uma volta.

—Não vá muito longe. Aqui é literalmente o meio do nada.

—Tá.

Eu fui andando, andando até dar de cara com aqueles dois elementos.

—Jean. Você pintou o cabelo. Eu gostei.

O garoto tocou o meu rosto e me beijou. Dai eu o empurrei.

—Jace! Socorro!

Eu sai correndo.

P.O.V. Alec.

Estávamos a caminho da casa dos Cullen quando encontramos com ela e eu falei me aproximando dela que parecia assustada e confusa:

—Jean. Você pintou o cabelo. Eu gostei.

Toquei seu rosto e a beijei. Mas, ela me empurrou e gritou:

—Jace! Socorro!

Ela saiu correndo que nem um tiro.

P.O.V. Jace.

Ela voltou correndo.

—Clary. O que aconteceu?

—Ele me beijou. Pensou que eu fosse a Jean.

Ela subiu até o banheiro e escovou os dentes várias e várias vezes. Depois lavou os lábios com sabonete até eles ficarem ressecados.

—Ai que nojo.

Nós estávamos descendo as escadas e eu perguntei:

—Quem beijou você Clary?

Ela olhou pra frente e apontou dizendo:

—Ele. O moreno, não o loiro.

Do lado de fora da casa haviam dois dos vampiros. Dois daqueles Volturi.

Eu fui tomado por uma fúria tão grande... saquei as lâminas e estava saindo quando a mãe de Clary disse:

—Ei! Essas não vão funcionar. Use essas.

Ela me lançou duas espadas exatamente iguais as minhas só que mais brilhantes. Daí eu sai.

—Acha que pode beijar minha namorada?!

A gêmea de Clary saiu e ela também.

—Jace não!

Eu estava pronto para esfaquear aquele desgraçado quando a Clary se colocou no meio.

—Jace para. Olha pra mim, pra mim só pra mim.

Ela segurou meu rosto me forçando a olhar nos olhos dela.

—Eu amo VOCÊ. Você. E você não é assim ele me beijou e dai? Isso não é surpresa. Surpresa é vocês dois acharem que eu iria corresponder. Além do mais tecnicamente, ele beijou a Jean e não a mim. Eu não faria isso.

P.O.V. Alec.

Ela olhou pra mim com aqueles olhinhos recriminadores. Então beijou a cópia do Mestre Caius.

—Eu te amo Jace. Nunca trairia você. Você é o meu único e verdadeiro amor, eu mataria por você e morreria por você.

—Não diga isso Clary.

Clary. Então ela não era a Jean, era a gêmea.

—Você vai se arrumar e colocar uma roupa bem bonita porque essa noite nós vamos sair pra dançar. Tá?

—Tá.

Ele respondeu para ela olhando feio pra mim.

—Fica longe da minha namorada abominação.

Eles entraram na casa e se sentaram no sofá, ele sentou e ela sentou entre as pernas dele, eles começaram a se beijar e a namorar.

—Ei! Separe ai rapaz.

A garota, Clary respondeu:

—E o que que tem? Não é como se eu fosse virgem.

O homem derrubou o copo de uísque no chão e este se espatifou em milhões de cacos derramando o uísque.

—Você... já...

—Jace e eu já transamos duas vezes. E foi demais!

A cópia de Caius não sabia onde enfiar a cara. Ele estava morrendo de vergonha, estava vermelho que nem um pimentão.

—Clary, ele é seu pai.

—Ele não era até dois dias atrás. A gente tem que ir dormir pra podermos conseguir sair á noite.

—Ou a gente podia dar uma festa. Essa casa é enorme e ta sempre tão parada e vazia.

Disse Alice Cullen.

—É uma boa ideia. Oba! Eu adoro festas!

Jean saiu:

—O que vocês querem?

—Mudar de lado.

—Então, sejam bem vindos. Vão precisar de roupas para a festa.

—Sabe o que isso significa?

—Compras!!!

—Vou começar a esconder as antiguidades. E como vocês vão dar uma festa, seu pai e eu vamos sair pra jantar, tentem não destruir a casa e nem ficarem grávidas. Porque um filho é uma responsabilidade e tanto.

—Que é isso Renesmee?!

—É a verdade. Além do mais, faz um bom tempo que a gente não tem um jantar romântico.

—Tudo bem.

—Vamos também Klaus. Você tá sempre tão estressado.

—Ser a âncora para o outro lado é muito estressante.

A mãe de Jean respondeu:

—Não adianta reclamar, eu não vou desfazer. Porque a única razão para vocês todos terem diminuído a matança é o fato de você ser a âncora. É o único jeito de botar um freio em vocês.

—Ela meio que tem razão.

—O que é ser a âncora?

—Nesse sentido, o meu cunhado é a única coisa que mantém o outro lado inteiro. Feitiços muito antigos e poderosos precisam de algo que se ancorar ou eles se desfazem.

P.O.V. Aro.

Eu não gosto de esperar e estou esperando a dois dias! Mandei a Heidi atrás daqueles dois imbecis e ela voltou e disse:

—Eles se foram.

—Como assim se foram?

—Apesar de todas as roupas estarem no guarda roupa, as malas, passaportes e cartões de crédito sumiram. E encontrei isso sob as camas deles.

Ela me estendeu cartas e os medalhões com o brasão do clã.

—Essa é do Dimitre e essa do Alec.

—Obrigado Heidi. Agora, saia.

—Com licença Mestres.

Abri a de Alec primeiro e a li em voz alta:

"Caros Mestres, eu espero que não interpretem essa minha decisão como um ato de ingratidão ou de traição, pois eu sempre vos serei grato por terem salvado a minha vida e a de minha irmã, mas estou cansado desse marasmo, de ser sempre temido e odiado, estou cansando de sempre dizer sim, de sempre obedecer sem questionar. Decidi tentar uma coisa diferente pra variar, sei que o que eu fiz até hoje vai me perseguir e assombrar para sempre, mas eu tenho que tentar seu uma pessoa melhor antes que seja tarde.

Com carinho, Alecssandro.

—Ele foi embora. O meu irmão se foi.

Eu amassei a carta. Vi Jane "chorar".

Então abri a carta de Dimitre e essa era bem menos sutil.

"Eu agradeço por terem me salvado, mas os odeio por terem me usado e me escravizado por tanto tempo, me odeio mais ainda por ter sido estúpido e não percebido isso antes. Vocês não acreditam em nada e agora vocês são nada. Imagino a reação de todos os clãs que vocês mandaram dizimar ao saber que seu rastreador e uma de suas maiores armas se foram. E eu tenho certeza que como dois e dois são quatro que quando Jane descobrir que o irmão foi embora vai atrás dele. E daí, todos os seus milhões de inimigos vão cair matando encima de vocês.

—Dimitre está certo em dizer que eu vou atrás do meu irmão. E eu tenho pena do pobre infeliz que tentar me impedir. Não me entendam mal, eu serei eternamente grata por terem nos salvado da fogueira, mas ele é meu irmão. Sangue do meu sangue e a família vem antes de tudo. Alec é a única família que me resta e eu não vou abandoná-lo.

Jane saiu e Felix foi atrás dela:

—Lamento Mestres, mas eles são os únicos amigos que eu já tive.

Ficamos apenas nós três sentados nos nossos tronos assistindo a nossa guarda se espalhar pelo mundo.

Então, uma mulher entrou.

—Vocês devem ser os famosos Mestres Volturi.

Ela olhou em volta e sorriu.

—A natureza sempre encontra um caminho. Elas são o caminho, as gêmeas Mikaelson. A Profecia começa a se cumprir em fim.

—Profecia?

—Na virada de um ano, sob a luz da lua de sangue nascerão duas meninas capazes de interferir significativamente no equilíbrio entre o bem e o mal. Essas meninas estão destinadas para coisas grandiosas, elas vão mudar o mundo e equilibrar a balança de uma vez por todas.

—Quem é você?

—Quem eu sou? Eu sou uma serva da natureza. Meu nome é Leah Bennett.

Athenodora entrou e parecia furiosa e arrastava uma garota. A cópia fiel das gêmeas Mikaelson.

—Porque Caius?! O que essa humana tem que eu não tenho?!

A mulher, Leah começou a dar risada.

—Qual é a graça mulher?

—Então, você vive nesse castelo gigante com dois duplicatas que estão destinados a ficarem juntos? Tenho certeza de que tem uma sitcom aqui em algum lugar.

—O que?

—Não é obvio? Caius e essa garota seja ela quem for foram feitos pra ficarem juntos. Literalmente. Você e todos os outros são só o conflito que torna tudo interessante. Nada mais. Adeus.

A mulher saiu. E nos deixou apavorados e confusos.