Ártemis p.d.v

- [...] Vocês estão preparados para o que está por vir?

Que pergunta mais idiota, ninguém estava preparado. Porque do nada todos nós caímos em uma fenda profunda e nunca iríamos acreditar que tudo seria desse jeito. Assim que Macária me entregou a moeda de ouro eu fiquei observando o rio por um tempo e depois fitei o barqueiro. Ele sempre me deu arrepios. Ouvia frequentemente a história sobre Tártaro mas nunca imaginava que seria daquele modo. Assim que chegou minha vez sentei devagar no barco e procurei ao máximo não olhar o rio de almas que o barco cortava, os gritos agonizantes que pareciam sair de lá e meu medo de que alguma me empurrasse para lá. Depois que todos desceram o barqueiro começou a puxar a roupa de Macária e estendeu a mão para ela. QUE CARA APROVEITADOR. Já não bastava todas as moedas que ele tinha recebido? Queria mais? Vou te contar, não se pode acreditar nem eu barqueiros do inferno. Ela deu mais algumas de má vontade e começamos a andar. Os muros de Tártaro eram cercados por muralhas triplas que rodeavam os condenados e o cheiro de enxofre continuava insuportável. Realmente, nenhuma história que eu ouvi sobre esse lugar chega realmente a ser verdadeira, aqui é muito pior.

- Eu acho melhor nos dividirmos em grupos, assim acabamos com os obstáculos mais rápido e chegamos a minha mãe logo.

- Com os obstáculos?

- Renesmee você entrou nessa então tem que arcar com os perigos.

- Tudo bem.

A menina abaixou a cabeça e esperamos Macária nos dividir. Ficaram três grupos: Macária, Jacob, Renesmee, Esme, Carlisle, Kristal. Eu, Seth, Apolo, Héstia, Edward e Bella. Alice, Jasper, Emmet, Rosalie e Leah. Todos ficaram meio hesitantes mas logo seguimos caminho em direção ao castelo. O chão era duro com restos de ossos, carne e plantas mortas. A terra marrom avermelhada fazia barulhos estranhos a cada passo que dávamos, como se além de quebramos os ossos pisássemos em pessoas. Aquilo me dava arrepios. O silêncio estava infernal e o medo predominava em todos ali.

- Eu ainda acho que não foi uma boa deixarmos a Nessie sozinha.

- Ela não está sozinha Bella, Carlisle, Esme e Jake estão com ela.

- Estou com medo Edward.

- Está tudo bem, eu estou aqui.

Ai que lindo, como eu precisava de um abraço agora. Ou de uma palavra de conforto. Mas eu tinha um cachorro que me evitava e um deus que eu queria distancia. E então comecei a ouvir ao longe latidos. Fortes e penetrantes. Seth rosnou. Surgiu a Empusa, deusa dos caminhos. Como todos os outros, me dava arrepios. Ela possuía as garras afiadas e era uma mistura de burro com mulher e possuía as patas enormes e por isso desproporcionais ao seu corpo nas quais elas eram de bronze. Vinha devagar e seus olhos buscavam os olhos dos homens que estavam com a gente.

Seth p.d.v

Seu sorriso invadia todo o meu campo de visão. Eu não sabia o que Ártemis estava fazendo voando e com aqueles cabelos dourados feliz e leve no meio do inferno mas ainda assim eu me sentia bem e terrivelmente atraído por ela. Suas mãos macias e finas chamavam pela minha atenção e minha presença e seus olhos azuis penetravam nos meus. Dei um passo para frente e percebi algo me impedindo de chegar até ela. Rosnei mas aquilo continuou me segurando. Porém uma das mãos de Ártemis começou a me ajudar para evitar aquele encosto. Por quê? Quem era o infeliz que me impedia de chegar até o conforto dos braços dela e poder dizer o quanto eu sentia falta de seu cheiro, de seus carinhos? Continuava me segurando e gritando pela minha atenção. Parei e rosnei mais uma vez tentando mostrar que eu não estava pra brincadeira. E não parou, então eu virei e rosnei o mais alto que podia.

- SETH PARA COM ISSO!

Pulei sobre o alvo mas antes que eu chegasse ela subiu, como se pudesse voar.

- MEU DEUS SETH, ACORDA. AH MAS QUE DESGRAÇA.

Eu pulava e ela se mantinha no ar, fugindo de mim. Pisquei o olho uma vez e vi que eu tentava atacar a Ártemis e na minha frente não era ela e sim um monstro horrível, uma mistura de burro e mulher, e cachorros fantasmas a acompanhavam.

Ártemis p.d.v

Eu, Bella e Héstia ficamos sem entender quando Apolo, Edward e Seth começaram a seguir em direção àquela criatura. Foi quando eu enfim raciocinei que eles não a viam daquele modo e sim como a sua amada, e ela os atraia de forma intensa e impossível de se resistir. Eu precisava fazer alguma coisa então nós três começamos a implorar pela atenção deles para que seus olhos não se encontrassem com o dela. Quando os cachorros fantasmas viram que nós tentávamos evitar que os garotos fossem comidos por um burro ou mulher, sei lá, eles passaram a nos enfrentar, dificultando a nossa defesa. Edward, Apolo e Seth insistiam e estavam começando a ficar com raiva quando nós os impedíamos, os cachorros latiam em nossa direção e tentavam pular em nossos braços evitando o nosso contato, foi preciso afastá-los diversas vezes. Héstia conseguiu com facilidade chamar a atenção de Apolo agora eu e Bella demoramos um tempo. Edward chegou a quase atacar Bella, mas suas mãos o seguraram e o balançaram rapidamente o que o fez sair do transe. Seth demorou mais, e assim que virou para mim, avançou. Comecei a voar e ele ainda tentava me atacar e eu não conseguia chamar a sua atenção, até que ele parou e acho que finalmente conseguiu ver a verdade.

Seth colocou-se em posição de ataque juntamente com Edward e eu voei em sua direção e ela fez o mesmo, eu a empurrei e foi o tempo necessário para que os dois caíssem em cima e pudessem arrancar cada pedaço dela com os dentes, jogando-os longe. Foi nojento e ao mesmo tempo divertido ter um obstáculo a menos. Enfim, os fantasmas correram para longe quando viram sua chefe morta, mais uma vez. Assim que acabou sentamos todos no chão e Edward começou a pedir desculpas a Bella.

- Me perdoe meu amor, eu estava enfeitiçado. Eu não via aquela coisa monstruosa e sim você, eu fiquei cego.

- Tudo bem Edward, pelo menos você voltou ao normal na hora certa. Seth demorou um pouco e se Ártemis não pudesse voar teria a matado.

Ele abaixou a cabeça e tocou seu focinho em minha perna como se pedisse desculpas. Eu passei minha mão em seu pelo e procurei acalmá-lo.

- Está tudo bem também Seth, faz parte.

- Precisamos correr.

- Por quê?

- Estamos no reino dos mortos e a qualquer hora eles podem voltar.

Aquilo era só o começo do que íamos enfrentar, ainda tinha muita coisa.

Voltamos a andar e o castelo já parecia próximo em nosso campo de visão ou talvez fosse apenas uma miragem. Voei um pouco tentando encontrar Macária e os outros, mas não vi nada ou algum sinal que fosse. Assim que procurei no horizonte alguma coisa que pudesse estar se aproximando vi gritos de aves e algo muito rápido vindo em minha direção acompanhado de mais outras duas aves. As harpias, as aves com rostos de mulher e seios e pés de águia e imensas asas. A mais rápida, Ocípite aproximava-se e eu desci ao chão rapidamente evitando qualquer baque e acidente. Elas agarraram Seth e Bella, os dois começaram a se debater e ele conseguiu morder o pé da que o segurava fazendo com que ela o soltasse. Concentrei aos restos de plantas e raízes e procurei esticá-las até que alcançassem à harpia e a puxasse para o chão e então, assustada, ela soltou Bella que foi pega por Edward.

- O QUE FAZEMOS?

- Vamos continuar assim ok? Eu trago uma para o chão e você arranca a cabeça dela. Apolo vê se faz alguma coisa!

Enquanto eu procurava agarrar as harpias mantendo as raízes em seus pés e jogando-as no chão, Apolo cortava suas asas para impedir que elas voltassem a voar e Seth arrancava as cabeças. Realmente, isso estava sanguinário e nojento mais uma vez. Ocípite, por ser a mais veloz, manteve-se no céu e conseguiu desviar de todas as raízes que buscavam pelos seus pés. Gritei para que Apolo me jogasse a espada que ele havia arranjado não sei aonde, e voei em sua direção. Persegui-a por um bom tempo sempre atrás e as vezes ela tentava me agarrar e rasgar alguns pedaços da minha pele com suas garras, respirei fundo e joguei a espada em sua direção e ela acertou bem no meio da sua cabeça fazendo com que a harpia caísse e todos tomassem conta dela lá embaixo.

Desci devagar e deitei no chão passando a mão pelos meus cabelos. Eu estava com medo e desesperada e todos fizeram o mesmo, procurando descansar.

- Você fez um ótimo trabalho. Não é a toa que é minha irmã e minha futura esposa.

- Apolo cria tipo. Ah e faz o favor de não me deixar fazer as coisas sozinha.

- Infelizmente temos que seguir.

Edward como sempre animando todo mundo. Eu não queria continuar, porque as coisas não poderiam ser mais fáceis? Levantei lentamente e seguimos para frente, numa busca infinita pela chegada do castelo.

Alice p.d.v

Eu fui encarregada de tentar ver o que poderíamos encontrar no caminho. As coisas não foram muito bem sucedidas, consegui ver os perigos a poucos minutos que eles se aproximavam. A Empusa com seus cachorros fantasmas deixou Emmet e Jasper cegos, foi preciso que nós três nos juntássemos para tentar evitar que aquilo se tornasse fatal e ela os devorasse. A única coisa que eu conseguia ver era a criatura, o que ela queria fazer e mais nada. Tivemos que decidir como matá-la no momento em que ela nos atacava com suas patas enormes e desproporcionais, Leah e Emmet arrancaram a cabeça dela e a jogaram longe. Os cachorros correram atrás dela e sumiram no horizonte. Corremos muito e desviamos também das garras das aves que buscavam nos atacar e com muita dificuldade, Leah, Jasper e Emmet as atacaram, eu e Rosalie quebramos seus pescoços e Leah rasgou os pedaços de seus corpos. Estávamos exaustos e perplexos com as criaturas que enfrentamos em tão pouco tempo. Homem ciumento e vingativo é um problema, acabei de perceber isso. Seguimos devagar e cautelosos e todos os olhos se mantinham em mim esperando pela minha visão. Tinham asas negras e eram espíritos femininos. Seu aspecto era horrendo, as unhas grandes e tortas e os caninos afiados e muito maiores do que os nossos.

- Estão se aproximando! São parecidas com a gente, mais são vampiros muito mais selvagens.

- E horríveis você quer dizer.

Elas se aproximavam e Rosalie como sempre precisava fazer um comentário sobre beleza nessa hora adequada. Sobrevoaram sobre nós e assim que mantiveram a altura adequada mergulharam no ar e vieram com seus caninos apontados para todos nós. Corremos o mais rápido só que Leah não nos acompanhou e assim que viramos para gritá-la ou ver o que tinha acontecido uma névoa negra e terrivelmente fedida impediu nossa visão e só conseguimos ouvir urros e rasgos de pele. Arrepiei e procurei não pensar que aquilo poderia ser em um de nós ou até mesmo, não eu não queria pensar nisso. Assim que o cheiro sumiu eu abri os olhos devagar e vimos o resto de peles de um lobo juntamente com os ossos. Eu gritei de horror e Jasper me abraçou tentando me reconfortar.

Macária p.d.v

- Ai meu Deus, será que isso não acaba nunca?

Todos estavam deitados no chão pedindo por descanso enquanto eu procurava mais alguma coisa no céu.

- Para de reclamar Kristal.

- Ah pirralha, cala a boca. Não é você que tem que correr atrás desses negócios estranhos. E olha aqui, eu estou desistindo ta legal?

- Fique a vontade para voltar Kristal, ninguém quis que você viesse para cá.

- É meu irmão! Ou não, sei lá. Mas pensando bem, isso aqui não recompensa o fato de salvar o Ian.

Carlisle e Esme a censuraram com um olhar e logo ela se calou. Adorava isso, ouvir a voz de Kristal era irritante e eu já estava preocupada e irritada o suficiente. Não tinha noticias de mais ninguém e não sabia se tinham conseguido acabar com todas as criaturas. Passos fortes que faziam o chão tremer começaram a se aproximar e eu não precisei pensar muito para adivinhar quem estava se aproximando. A Quimera, com suas duas cabeças, a de serpente e a de dragão o corpo imenso de leão e cuspindo fogo incessantemente pelas narinas. Jacob correu em direção ao leão e eu fui cuidar das duas cabeças tentando desviar das labaredas de fogo que tentavam me manter afastada. Jacob mordia e pulava sobre o leão e levou algumas queimaduras pelo fogo ardente e algumas patadas fortes, assim que conseguimos com muita dificuldade jogar a Quimera ao chão, Carlisle, Kristal e eu pulamos sobre ele arrancando seus pedaços e cortando todas as cabeças.

Seguimos para frente enquanto eu voava na frente tentando achar mais alguma criatura. O castelo estava perto e faltava pouco para que nós chegássemos, se fossemos rápidos e se não houvesse mais nada poderíamos chegar. Todos começaram a correr e antes de chegarmos muros imensos começaram a se erguerem do chão formando diversos corredores bloqueando a entrada do castelo. Os muros eram grossos e recobertos por erva Beladona, venenosa e mortal.

- Como vamos passar?

Procurei voar mais alto para atravessar o muro e a única coisa que consegui observar foi que estávamos em um labirinto, todos nós, e ele nos forçava a encontrar a saída porque a cada vez que eu tentava passar por cima ele aumentava, tomando um tamanho infinito.