Ártemis p.d.v

Ficamos todos abismados quando de repente muros enormes começaram a surgir do chão e a nos fechar de modo que ficamos todos, o mais perto possível para que tudo aquilo não nos mantivesse distantes.

- Mas que coisa é essa?

Eu gritei. Todos deram de ombros e eu levantei vôo tentando ver se encontrava alguma saída por cima, mas quando eu os tentava atravessar, os muros pareciam crescer mais ainda, impedindo a minha passagem. Depois de algumas tentativas inúteis de enganar o muro desci desanimada e sentei no chão.

- Eu não acredito nisso!

- Não acreditamos. Será que isso nunca vai ter fim?

Edward abraçou Bella tentando reconfortá-la e eu fiz uma careta com o tremendo romantismo que eles estavam demonstrando desde começo da caminhada. Levantei e olhei para os lados tentando encontrar Eowyn, mas onde essa garota estava? E porque diabos não estava com a gente?

- Gente... cadê a Eowyn?

- Nossa você só foi ver que ela não está com a gente, agora?

- É. Como você queria que eu visse com todas essas coisas nos atacando? É muito pra minha cabeça Apolo.

- Ah eu te relaxo meu amor.

- Vê se me erra.

Empurrei Apolo que tentava me abraçar e Héstia puxou-o pelo braço resmungando algumas coisas que não consegui entender.

- Acho melhor continuarmos, quanto mais rápido atravessarmos isso aqui, melhor.

Seguimos devagar olhando por todos os lados, procurando por qualquer perigo que estivesse naquele lugar desconhecido. Do nada, um outro muro começou a levantar e nos separou ao meio, ficando eu, Seth, Héstia , Apolo e Bella e Edward do outro lado. Pensando bem, não foi bem ao meio.

- EDWARD? BELLA? ESTÁ TUDO BEM?

- MAIS OU MENOS.

- VAMOS SEGUIR SOZINHOS, MAS QUALQUER COISA, GRITE.

- HAHA.

Héstia começou a rir e eu a fitei.

- Qual é a graça?

- Acha mesmo que vamos ouvir-los gritando? Tenha dó Ártemis, vamos embora logo!

Bufei e continuamos a seguir em frente. Um grito agudo e irritante invadiu nossos ouvidos e não demorou muito para surgir no meio de uma névoa a figura da Medusa. Seus cabelos que eram na verdade um ninho de serpentes letais e violentas, a pele lisa deixando os nervos saltados a mostra e as unhas enormes e afiadas. Suas presas grandes e os olhos escarlates, de tal modo que era possível vê-los de uma distancia considerável.

- NÃO OLHA PARA ELA.

Gritei e procurei manter meus olhos distantes dos seus pois se não nos transformaríamos em pedra. Corremos tentando despistá-la enquanto Seth as vezes pulava em seu corpo causando algumas feridas e outras vezes Apolo tentava atacá-la com a espada.

- DEIXA COMIGO APOLO, EU TE SALVO!

Héstia pegou a espada da mão dele e colocou-se na frente, como um cavaleiro do tempo medieval salvando a sua princesa, apontando a espada para Medusa. O QUE ESSA ANIMAL PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?

- APOLO TIRA ELA DAÍ, ELA VAI...

Não precisei terminar. Medusa a atacou cravando seus dentes no corpo dela, mas antes a espada a atingiu e a criatura caiu sobre o corpo desfalecido de Héstia. Minha boca abriu-se lentamente. Segurei o riso mordendo minhas bochechas internamente. A situação seria cômica se não fosse tão trágica. A idiota simplesmente acabou com a sua vida tentando salvar a de uma pessoa que não está nem ai para ela e o melhor foi o estúpido instinto de se tornar a heroína da história. Saímos correndo e depois de nos certificar de que estávamos longe o suficiente daquele lugar paramos e ficamos olhando um para o outro. Apolo estava pálido e pasmo.

- O que foi isso?

- Héstia morreu, por sua causa.

- Meu Deus, ela morreu.

- Não, imagina, foi só um tipo de desmaio. Logo ela aparece enchendo o saco de novo.

- Sem brincadeira Ártemis.

- Infelizmente eu não posso fazer nada Apolo. Temos que continuar ou vamos demorar anos para chegar até o castelo.

Continuei andando e Seth estava quieto e cabisbaixo. Eu tinha percebido isso desde um bom tempo, antes mesmo de entrarmos no labirinto. Mas era impossível perguntar alguma coisa, era o típico pergunta sem resposta então eu resolvi continuar calada e seguimos caminho. Depois de um tempo percebi que tudo estava silencioso demais e assim que olhei para trás, não vi mais Apolo.

Macária p.d.v

Assim que andamos por um tempo os muros começaram a subir mais e de tal modo que o grupo se separou e ficou apenas eu e Kristal. Eu tenho realmente uma grande sorte de ter ficado com ela. Poderia ter sido qualquer um mas menos ela. A dita vinha reclamando desde quando ficamos sozinhas, ou desde quando entramos aqui, sei lá.

- Eu não acredito nisso, esse lugar é um inferno! Será que nunca tem fim?

- Infelizmente eu não sei aonde está o fim disso, mas se eu não conseguir achar logo vou dar um jeito de improvisar pois não agüento ficar muito tempo com você!

- Que simpatia Macária.

- Af com você também, como ser simpática? Não dá pra simplesmente olhar pra frente e ficar quieta?

- Porque você não pode cortar esses muros mesmo?

- Nascem novamente e outra são de erva beladona.

- Que bom, eu acho que posso tentar. Sou uma vampira esqueceu? Não morro com veneno.

- Tudo bem, fique a vontade.

Continuei andando e depois de algum tempo eu não ouvia seus passos. Olhei para trás e vi a infeliz tentando inutilmente arrancar as raízes com as mãos. Porque ela não podia me ouvir? As raízes que ela arrancava começaram a amarrar em seus pés e ela não viu.

- Kristal, sai daí!

Assim que as raízes começaram a amarrar em suas mãos e apertarem fortemente em seus membros ela começou a se debater e gritar pela minha ajuda. Peguei o punhal que eu tinha guardado e corri até ela tentando cortar os galhos mas eles nasciam novamente e quanto mais eu os afastava, nascia mais e começaram a envolver todo o corpo dela. E eles puxavam, ficavam mais forte a cada momento e puxavam cada vez mais de modo que os membros dela seriam arrancados se eu não conseguisse fazer alguma coisa. Tentei cortar as plantas que surgiam do muro mas ela gritou:

- CONTINUA MACÁRIA, VAI EMBORA LOGO.

- KRISTAL, VOCÊ TÁ LOUCA? EU VOU TE AJUDAR.

- NÃO DÁ, VAI EMBORA AGORA.

Sai correndo sem olhar para trás e levantei vôo tentando ser mais rápida. Seus gritos já não eram mais audíveis e assim que eu estava longe o suficiente cai de joelhos no chão desesperada. Eu não acredito que tinha a deixado morrer e não fiz nada! Tudo bem que ela era insuportável, irritante, mas não podia ter morrido. Não daquele modo, não com eu vendo e não ter feito nada de útil. Corri mais, em direção ao castelo e só parei quando ouvi alguns gritos. Eram masculinos e familiares. Virei a direita em busca do som e segui até que encontrei Apolo sendo praticamente devorado por uma harpia. Sem demorar voei até ela o mais rápido possível e quebrei seu pescoço jogando o resto do corpo longe. Os cortes estavam profundos e havia sangue por todos os lados.

- Apolo me ajuda, eu vou tentar levar você pra longe daqui.

Ele levantou devagar e eu o ajudei colocando seu braço em cima do meu ombro e fomos para um lugar mais distante com muita dificuldade.

Bella p.d.v

A cada passo eu ficava mais assustada. Eu não conseguia acreditar no que estava nos acontecendo, em questão de horas estávamos presos em um labirinto no meio do inferno e sem poder sair. Sem ter a mínima noção do que seria de nós daqui a alguns minutos. Confesso que se não fosse toda a força de Edward eu teria surtado e metido os pés pelas mãos mas a partir do momento em que ficamos sozinhos graças, não encontramos nada. Por um acaso maravilhoso do destino, em algum lado do labirinto encontramos Alice, Jasper, Rosalie, Emmet que nos contaram que Leah havia morrido e estavam todos assim como nós, desesperados e abismados com tudo que havia nos acontecido.

- Seth irá morrer quando souber disso.

- Como será que eles estão hein?

- Não tenho ideia Alice, no começo seus pensamentos ainda davam pra escutar mas agora, não ouço mais nada.

- Eu nunca imaginei que poderia existir algo como isso.

- Se você que já viu de tudo imagina eu Jasper?

- Emmet, amor, você imagina sim. Imagina que existe até bicho papão, porque não isso?

- É muito complexo pra minha linda mente meu amor.

Emmet abraçou Rosalie que sorriu forçado para ele. Continuamos andando devagar e o mais próximo possível. De repente encontramos uma espada dourada com marcas vermelhas enterrada no chão.

- O que é isso?

- Dã uma espada né?

- Eu sei Emmet, eu quero saber, pra que isso? O que está fazendo aqui?

- Ah sei lá, vai lá e pega.

- Não podemos. E se for alguma armadilha que abra uma vala e caímos todos em um novo abismo?

- Ah eu acho que do inferno a gente não passa Jasper, literalmente.

Edward deu um passo e eu o segurei pelo braço. Jasper poderia estar certo, aquilo estava errado, não era confiável, não poderíamos nos arriscar mais. Ele deu aquele sorriso torto que eu adorava e soltou devagar seu braço de minhas mãos e colocou a mão na espada. Olhamos todos para o céu e para frente procurando algo que indicasse que aquilo era uma armadilha. Nada. Ele retirou lentamente a espada do chão e quando todos nós fomos observar passos fortes começaram a fazer tremer o chão. Um touro que tinha corpo de homem, cabeça de touro com chifres enormes e pontudos, as presas grandes e afiadas, os olhos vermelhos cor de sangue e as garras de leão. Eu, Rosalie e Alice gritamos assustadas e os homens se posicionaram em nossa frente tentando nos proteger. Era inútil, como iríamos conseguir matar uma criatura daquele porte que estava bufando e vindo a nosso encontro? Corremos na direção contrária e conseguimos desviar dele. Ele veio mais furioso ainda e Jasper e Emmet pularam nele mas conseguiram apenas distrai-lo, ele jogou os dois longe. Saímos correndo e nos agachamos perto deles que levantaram e foram junto com Edward tentar matar aquela criatura. Estávamos aflitas e por algumas vezes tentamos interferir, mas ele nos jogou longe, até que Edward o decapitou com a espada dourada e encharcada de sangue.

Ártemis p.d.v

A caminhada estava silenciosa e eu não agüentava mais aquilo. As vezes Seth fazia alguns barulhos estranhos como se estivesse chorando, parei e olhei para ele.

- Seth, o que foi? Tem alguma coisa errada não tem?

Ele abaixou a cabeça e caiu com as duas patas no chão. Eu agachei perto dele e passei minha mão lentamente em seu pelo.

- Não sei o que aconteceu, nem se está afim de falar comigo, mas eu estou aqui com você e não vou te deixar por nada.

Ele levantou lentamente a cabeça e fez um sinal para que eu me virasse. Levantei e virei de costas pra ele sem saber o porque daquilo, depois de alguns minutos pude ouvir sua voz:

- Leah morreu Diana.

A muito tempo eu não ouvia esse nome e eu estava com saudade de ouvir a sua voz perfeita falar ele. Eu odiava esse nome humano mas quando era dito da boca dele parecia tomar uma outra proporção, maravilhosa por sinal. Mas ele estava triste e instintivamente corri para abraçá-lo. Demorou um pouco mas depois ele correspondeu ao abraço.

- Como assim? Conte direito Seth.

- Eu não sei como aconteceu, quer dizer, foi tudo muito confuso. Eu, Jacob e ela estávamos nos comunicando pelo pensamento e nos mantínhamos informado sobre tudo o que estávamos enfrentando. Até que ela disse sobre alguma espécie de sanguessuga monstruoso que começou a atacá-los e então eu não pude mais ouvir seus pensamentos... nem eu e nem Jacob.

Ele segurou um pouco a fala e depois pude ver algumas lágrimas escorrendo de seu rosto. Aquilo partiu meu coração. Limpei-as com as pontas de meus dedos e procurei consolá-lo apenas com o abraço, eu sabia que palavra nenhuma poderia curar a dor que ele sentia, conforto nenhum seria capaz de mudar o que tinha acontecido, mas eu tentei, ninguém poderia dizer que eu não tentei.

- Diana...

Eu olhei em seus olhos ainda molhados.

- Vou te proteger até o fim. E não vou deixar que aconteça nada com você, o que eu não pude fazer por Leah eu farei por você, até o fim e nada, nada vai levá-la de mim.

Limpei as lágrimas que ainda insistiam em cair com alguns beijos e olhei fixamente em seus olhos e vi um leve sorriso surgir no canto de sua boca, mas logo foi desmanchado.

- ARTÊMIS, ATÉ QUE ENFIM!

Ouvi a voz de Eowyn e levantei lentamente e ela correu para me abraçar.

- Aonde você está garota?

- Eu fui buscar ajuda, ou tentar, sei lá. Eu trouxe boas noticias, ai é claro, eu estou com o mensageiro dos deuses.

Ela riu e eu cumprimentei Hermes com um sorriso e este apenas retribuiu.

- Oi Seth.

- Oi Eowyn.

- Olha eu achei a saída do labirinto e vou levá-los até lá.

- Mas, não adianta nada, estamos todos separados, não sabemos onde ninguém está.

- Quando alguém sair do labirinto ele automaticamente cairá e tudo se acabará.

- Então ande logo. Eu sabia que você chegaria com a solução Eowyn!

- Pra isso que eu existo.

Não é bem pra isso mas resolvi deixar quieto e segui-la. Seth pediu para que fossemos um pouco na frente para que pudesse amarrar a bermuda na perna e logo estava nos acompanhando na forma de lobo. Precisávamos ser rápidos ou então nos perderíamos mais uma vez, algumas vezes umas raízes tentaram evitar nossa saída amarrando em nossas pernas e nos puxando para trás mas eu colocava fogo nelas e logo conseguíamos sair correndo dali. O castelo começou a apontar e logo eu vi um pedaço que faltava do muro mostrando a saída. Corremos o mais rápido que podíamos e respiramos aliviados quando colocamos o pé para fora e todos os muros começaram a desmoronar. Ao longe eu pude ver meu pesadelo, a vingança tarda mas não falha, e lá estava elas. As Erinias.