Mekah/Ian p.d.v

Eu olhei de um lado para o outro sem entender por que a Perséfone estava olhando diretamente pra mim. A situação ficou mais estranha quando todo mundo se virou pra mim com os olhos arregalados.

- Que foi?

- Vai dizer que você não sacou?

Eu fiquei sem entender o que a Rosalie quis dizer. O que eu perdi?

- Haamm...

- Meu Deus ele não entendeu! Irmãozinho como você é lesado! Você é o pai ô infeliz!

- O QUÊ??? COMO ASSIM??? EU ACABEI DE CONHECER ELA!

- Na verdade você já a conhece faz tempo seu merda! Vamos lá Perséfone, não quer fazer as honras e contar o que você acabou de descobrir?

Hades a sacudiu para demonstrar que isso era uma exigência. Perséfone tentou disfarçar uma cara de dor e meu coração ficou apertado. Eu olhei confuso para Perséfone buscando por respostas. Eu reparei que eu não era o único que estava assim. Todos estavam curiosos para saber o que estava acontecendo. Macária não parava de chorar um minuto. Eowyn a estava confortando agora.

- Bem... aparentemente você não é a reencarnação do Mekah. Você é o próprio Mekah. Agora Hades, eu acho que você deve continuar a partir desse ponto.

Como assim eu era o próprio Mekah? Esse povo ficou louco? Hades deu um sorriso maligno para mim.

- Tudo bem. Já que eu estou no controle da situação, não vejo mal algum em contar. Pois bem, o Mekah nunca reencarnou. Eu o aprisionei e o torturei por centenas de anos para extravasar o meu ciúme. Diaras descobriu e implorou para que eu o solta-se, afinal se Perséfone descobri-se ela iria surtar. Eu já não aguentava mais os surtos de Perséfone então pensei em matá-lo, mas Diaras implorou para que eu o solta-se ao invés disso. Eu tinha o coração mole naquela época e por isso dei ouvidos a ela. Pura burrice minha. Eu concordei em soltá-lo, mas antes eu apaguei a sua memória e o condenei a ser um vampiro pelo resto da sua existência e, para complicar a sua situação, eu coloquei uma memória falsa em você e na Kristal. Fiz uma falsa lembraça da vida humana de vocês para que vocês achassem que fossem irmãos. Achei que seria um bom castigo para você ter que passar a eternidade ao lado dela. Eu mandei você para a Irlanda, achando que assim vocês nunca mais iriam se encontrar, visto que a Perséfone não gosta muito de lá. Mas você tinha que aparecer aqui não é? Você tinha que vir pra cá e estragar tudo! Mas não tem problema. Dessa vez eu te mato seu miserável.

Eu estava chocado com toda essa informação. Como que isso poderia ser verdade? Tudo parece ser tão surreal. Foi a Kristal que me tirou do transe.

- Peraí, então esse infeliz não é o meu irmão? Bem que eu achei isso, ele é idiota de mais pra ser parente meu.

- Kristal, eu acho que essa não é uma boa hora pra você começar a enxer o saco...

- Chega! Eu to cansado de ficar aqui ouvindo vocês falarem!

- Pai...

- Cala a boca! Você não ouviu? Ele é seu pai e não eu! Fica quieta se não eu mato você também. Só não acabei com você ainda por consideração ao afeto que nós tínhamos.

Macária começou a chorar mais ainda. Eu queria ir até lá e confortá-la, mas eu sabia que o meu conforto não seria bem vindo agora.

- Você está falando sério? Isso está muito...estranho.

- Idiota! Não se preocupe, você vai se lembrar quando chegarmos ao mundo inferior.

Hades apareceu na minha frente em questão de segundos. Ele segurou em meu pulso igual ele fazia com a Perséfone. Eu tentei lutar mas os meus movimentos não surtiram efeito algum.

- Não adianta lutar. Eu sinto muito.

Perséfone começou a chorar e eu estendi a minha mão para tentar ampará-la.

- Como você ousa querer tocar no que é meu? Insolente!

Meu braço começou a arder como se estivesse pegando fogo. Eu gritei de dor. Eu só conseguia ouvir os meus gritos, a risada de Hades e o apelo de Perséfone. Após alguns minutos a dor cessou.

- Isso é só uma amostra do que eu vou fazer com você.

- Você não vai fazer merda nenhuma! EU ROGO PELA INTERVENÇÃO DO MEU PAI ZEUS!

Eu estava surpreso. O que a Artêmis pensa que está fazendo?

- Artêmis o que você...

- Não se preocupe amiga. Eu me lembro de tudo agora.

- Sua vagabunda, o que pensa que está fazendo? Acha que ele vai intervir por você? Pois está muito enganada!

- NÃO ELA NÃO ESTÁ.

Uma voz vinda não sei da onde pairou no ar. Era uma voz grave, poderosa e furiosa. Um aglomerado de nuvens envoltas por raios começou a descer até o nível aonde estávamos. No meio dela estavam dois homens e duas mulheres. Eles eram estremamente belos.

- Como você ousa chamar a minha filha de vagabunda? Ela é a Deusa mais pura que existe!

- Hey, isso não é verdade. Eu também sou pura!

Uma garota de cabelos vermelhos estava visivelmente irritada. Ela estava segurando a mão de um rapaz que não tirava os olhos da Artêmis.

- Hora essa. Era só o que me faltava! Vamos nos envolver em brigas de família agora também?

- Hera cala a boca que quem resolve isso sou eu!

- Como ousa falar assim comigo? Eu não sou...

- Eu sou o Deus dos Deuses. Sou o manda-chuva daqui, sacou? Então eu falo como eu quiser sua chata!

A mulher alta, de cabelos loiros e lindíssimos olhos azuis se calou. Mas o seu olhar dizia que ele queria mais era estrangular o homem loiro que havia falado com ela.

- Meu irmão, você não poderia aparecer em hora mais inoportuna. O que está fazendo aqui?

- O que você está fazendo aqui? Você não deveria estar no mundo inferior cuidando dos mortos?

- Eu vim buscar a minha desobediente esposa.

- Então largue o rapaz e pare de atormentar os outros. Hora essa, o que tem de mais se a Macária não é sua filha? A vida continua cara...

- O que tem de mais? O que tem de mais? Ela é minha, só minha e ninguém põe a mão no que é meu!

- Larga de ser egoísta irmãozinho. Deixa a mulher em paz.

- Hora essa você é um cabeça de vento mesmo! Aonde já se viu isso? Quanta bobagem!

- Não interessa o que você acha... Apolo, o que foi garoto? Por que está tão inguieto?

- Zeus, Hera me desculpem tê-los feito perder o tempo de vocês, mas eu e Héstia não vamos mais nos casar.

- O QUÊ???

- Foi mal Héstia, mas eu queria mesmo era a Artêmis. Como eu não achava ela, eu resolvi deixar pra lá e me estabelecer com alguém. Mas eu acebei de achá-la então, você não é mais nescessária.

- Ah seu vagabundo!

Eu escutei alguém bufar atrás de mim. Eu olhei para trás e encontrei três enormes lobos sentados a cinco metros de nós assistindo o que estava acontecendo. A garota de cabelos ruivos começou a dar tapas no tal de Apolo. Hera e Zeus começaram a rir da cena.

- Jovens...

- Nunca sabem o que querem.

Zeus concordou com a afirmativa de Hera e ele se voltou para Artêmis.

- Art minha filha, por que você me chamou?

- Ai, não me chama assim. Esse apelido é ridículo. O negócio é o seguinte pai, o Hades quer matar o Ian, ou Mekah... tanto faz! Ele quer matar ele e a Perséfone. E disse ainda que ia acabar matando a Macária se ela não ficasse quieta. É crime matar um Deus, então não deixa ele levar ela...

- Que mentira! Eu ia era prender ela não matá-la. Eu vou matar é o Mekah.

- Ta vendo pai? Não deixa ele fazer isso...

- Infelizmente minha filha eu não posso fazer nada. Ele não fez nada de errado. Ele tem o direito de fazer isso sabe...

- O que? Que absurdo!

- Cala a boca Kristal.

Eu olhei para Kristal e para os Cullen. Kristal estava indiferente a tudo e os Cullen estavam paralisados. Era óbvio que eles estavam fazendo de tudo para não chamar a atenção.

- Pai! Por favor, por favorzinho vai. Faz isso por mim! Eu não quero ficar centenas de anos sem ver minha amiga de novo. Eu sou muito sozinha e eu só tenho ela...

- Não se preocupe irmãzinha. Eu nunca mais vou deixá-la sozinha.

- Ai, credo Apolo! Prefiro passar a esternidade sozinha do que ter que ficar ao seu lado!

- Tudo bem minha filha. O que eu não fasso por você?

- Deixar eu perder a minha vir...

- O que?

- Nada.

- Hum... Hades, solta eles.

- O que? Você não tem esse direito.

- Solta.

- Não!

- Solta logo!

- Já disse que não!

Hades se tornou uma criatura de olhos vermelhos, com a pele acinzentada, longas garras, e duas asas feitas de fumaça e cinzas apareceram em suas costas. O chão começou a tremer e uma enorme fenda se abriu no chão. O cheiro de enxofre era insuportável. Hades vôou e entrou dentro da grande fenda arrastando eu e Perséfone juntos.

Renesmee p.d.v

- Merda!

- É filha... você viu que eu tentei...

- Pai, fassa alguma coisa!

- Eu não posso! Eu não tenho autoridade no mundo inferior.

Eu estava desesperada. O grande amor da minha vida tinha caído em um abismo que seria o seu fim. O não iria deixá-lo morrer por causa daquela capeta. A fenda começou a se fechar. Eu não pensei duas vezes e pulei dentro dela.

- Renesmee!

- Filha! Não faz isso!

Eu podia ouvir o grito desesperado dos meus pais. Eu não estava nem ai. Eu caí em um chão de terra preta coberta por ossos.

- Eca!

- Você ainda não viu nada.

Eu olhei para trás e pude ver que toda a minha família estava aqui. É claro que eles não deixariam que eu fosse sozinha. Artêmis, Eowyn, Macária, Kristal e os lobos também estavam.

- Artêmis!

- Ah, você não vai sem mim!

Apolo e a garota ruiva, Héstia, entraram também.

- Artêmis, eu não vou deixar você passar por isso sozinho.

- Ai Apolo, me deixa vai!

Héstia deu mais um tapa em Apolo. Eu olhei para cima e eu pude ver a fenda se fechar.

- Viu só? Bem feito! Ela nem quer você...

- Dá um tempo Héstia.

- Filha, o que deu em você?

- Pai... você não esperava que eu fosse deixar o amor da minha vida morrer por causa daquela sem graça né?

Meu pai revirou os olhos para mim e eu pude ouvir o Jake rosnar. Não to nem aí pro Jake, ele não dá mais atenção pra mim mesmo.

- Eu jurava que a porta para Tártaro fosse na Grécia.

- E é Alice. Mas Hades tem o poder de abrir uma aonde ele quiser.

- Ah, entendi. Você sabe como sair daqui, não é Artêmis?

- Sei sim, não se preocupe.

- Eu to tentando lembrar o motivo pelo qual eu vim pra cá também, mas não consigo...

- Ué Eowyn, nós vamos atrás da Perséfone e do Mekah.

- É Artêmis, mas esse motivo não é o suficiente para mim enfrentar tudo o que vem pela frente.

Artêmis revirou os olhos e começou a andar em direção a um portão que, aparentemente, parecia ser feito de ossos cobertos de bronze. Ela o empurrou e nós entramos e demos de cara com um cachorro preto de 14 metros de altura que tinha 3 cabeças.

- Aaaaah!

- Calma Nessie. O Cérbero só é bravo com aqueles que tentam sair.

Macária foi até o Cérbero e começou a adulá-lo.

- Você viu aonde o papai.... quer dizer, o Hades foi?

Uma das cabeças latiu. Era um latido alto e estrondoso. Ele voltou o seu olhar para frente e nós conseguimos ver o Hades carregando Perséfone e Ian ao longe. Se não fosse a minha visão vampírica, eu tenho certeza que eu não consegurira vê-lo. Macária agradeceu ao cachorro gigante e começamos a andar no rumo aonde eles estavam indo. Mas quando fomos em direção ao Vale que estava na nossa frente, ele se distanciou e no lugar dele surgiu um lago negro, fétido e com vários corpos boiando neles. Era horrível de se olhar. Minha mãe me abraçou e tampou o meu rosto para que eu não olha-se.

- Meu pai... O Hades deve ter percebido a nossa presença e deve ter transferido o rio Aqueronte para cá. Ele com certeza quer dificultar a nossa estadia aqui.

- Por que dificultar?

- Hora essa Nessie você nunca estudou a mitologia grega? Para atravessar o rio você tem que pagar o Caronte. É o único meio de chegar ao outro lado. Eu nem conseguir voar eu consigo. Muito menos a Artêmis. É proibido. A travessia deve ser somente de barco e por aqueles recém-mortos.

- Você voa?

- Sim. Tenho asas assim como a Artêmis, mas as minhas são negras.

- Como vamos fazer então?

- Simples Edward...

- Vamos nadando ué, é fácil.

- Não, não é fácil. Nem mesmo para vampiros como vocês Emmet. Vocês seriam sugados pelas almas que estão presas no rio e os seus corpos ficariam boiando pela eternidade enquanto as suas almas se afogam em meio a lama e a podridão do rio.

Eu olhei para os corpos que estavam nos rios e percebi que eles usavam roupas gregas e alguns usavam armaduras. Fiz uma análise detalhada e eu pude ver o rosto aterrorizado de alguém na água enquanto várias mãos o puxavam para baixo. Eu virei o meu rosto com medo.

- Mas, como eu ia dizendo, a travessia até que vai ser fácil. É só jogar algumas moedas de ouro para o Caronte que ele vem nos buscar. Esse é o preço para se carregar pessoas vivas. O que me preocupa é a recepção que vamos ter do outro lado. Com certeza o meu pai... Hades avisou a todos que estamos aqui. Vocês estão preparados para o que está por vir?

Macária tirou uma sacolinha do bolso e tirou dela 17 moedas de ouro. Uma para cada um.

- Sim.

Eu disse sem medo. Meus pais olharam para mim e eu sabia o que viria a seguir.

- Não adianta falar nada, eu vou e não quero nem saber!

- Você não precisa querer sabe? Nós podemos te prender aqui.

- Pai! Se você fizer isso eu nunca mais vou te perdoar.

Ele percebeu que eu estava falando sério e o seu olhar se tornou triste.

- Deixa que eu vou então, você e a sua mãe esperam aqui.

- De jeito nenhum eu quero ir.

Eu peguei uma das moedas da mão da Macária e joguei no rio. Uma névoa surgiu e ao longe eu pude ver um grande barco de aproximando. Um homem esquelético de tão magro, de olhos fundos e pretos, com a boca suja de terra, pele branca e tão fina que parecia que a qualquer momento iria se rasgar, estava em cima do barco e estava remando. Em uma das mão ele segurava a moeda que eu jogara.

- Tarde de mais. Ela pagou, agora ela tem que ir.

- Então todos nós vamos juntos.

O vovô colocou uma de suas mão no meu ombro e eu agradeci pelo seu apoio. Meus tios, meus pai e a vovó concordaram com ele. Minha mãe me abraçou forte seguida de meu pai. Ela pegou uma das moedas da mão da Macária e jogou para o barqueiro.

- Todos vão atravessar o rio então?

- Eu nã vou deixar a Artêmis sozinha.

- Ai Apolo, vê se me erra!

- Eu que não vou te deixar sozinha com ela.

- Aquele infeliz, pode não ser de sangue, mas é meu irmão né? Então eu vou.

- Eu é que não vou ficar aqui sozinha. Eu vou até ficar do seu lado por que eu sei que você vai me proteger.

Eowyn foi até a Artêmis e segurou no braço dela.

- É claro que vou Eowyn.

- E vocês?

Macária olhou para os lobos e eles acenaram com a cabeça concordando. Macária, então, jogou as moedas para o Caronte. Nós subimos no barco e ele começou a ir em direção à outra margem. Na distância em que nós estávamos, eu podia ver o enorme castelo negro do Hades. Entre ele e nós havia um vasto vale negro e triste. Eu, com certeza, não estava preparada para o que nos esperava.