TRÊS ESPIÕES DEMAIS

Episódio 03:

“Parados aí!”

Casa dos Espiões, Rio de Janeiro. 19:15.

Wade abriu a porta de sua casa de uma forma um tanto desesperada, entrando aflito na residência e olhando ao redor, buscando por algum sinal de seus amigos.

— Christian?! Blake?! — gritou, pondo-se a vasculhar os cômodos mais próximos de imediato.

Um suor frio escorria por sua testa, sua espinha estava gélida como nunca. O ruivo se encontrava tão abalado que até seus batimentos cardíacos estavam descompassados. Desde que recebeu a ligação do loiro na escola - que pedia socorro e contava que algo horrível atacava ele e o moreno em casa - ele não deu ouvidos a mais nada e se dirigiu à ajuda-los o mais depressa que pôde.

Deixou o trabalho de biologia que fazia pela metade, seu carro estacionado numa vaga para deficientes, e depois de tudo, parecia que o que estava a atacar seus companheiros já havia os levado dali.

Eis que, por um curto período, ele ouviu um sussurro vindo da sala-de-estar e foi rapidamente para ela. Desentendido, Wade percebeu Christian e Blake nos sofás, fitados em algo que passava na televisão a frente de ambos.

— Vocês estão bem? — Ele questionou preocupado, indo para perto dos colegas. — Cadê o incêndio? Já apagaram?

— “Incêndio”? — O moreno repetiu confuso. — Que incêndio?

— Ué, o incêndio que o Christian disse na ligação... — Wade explicou, alternando seu olhar para entre o loiro e pela parte interna da casa. — Parece que nada foi queimado... E vocês estão perfeitamente bem.

— Aham... — Blake assentiu, perdido. — E quem te disse que a gente tava correndo risco?

Nenhum dos dois precisou responder nada para que ambos se direcionassem com olhares fuzilantes para Christian, que até então tentava-se manter fora da conversa fingindo estar distraído com uma propaganda na TV.

— CHRISTIAN!! — O ruivo gritou, exigindo algumas explicações, e o loiro levantou os braços, se entregando.

— Tá legal, não tinha incêndio nenhum e ninguém aniquilando a gente... — Confessou. O outro, ainda suado após toda a correria atônita que tivera, espreitou seu olhar para ele.

— Então me fez vir até aqui à toa? — Wade apertava os punhos, furioso.

— "A toa", não. Te fiz vir até aqui para se juntar à Blake e eu e assistirmos à final do Campeonato Mineiro, que está em reexibição! — esclareceu. — Por causa de uma missão da WOOHP, eu acabei perdendo a partida em tempo real que ocorreu ontem a noite...

O maior ficou vermelho como uma pimenta. Todo aquele abalo por causa de uma partida de futebol, algo que passava distante em sua lista de prioridades, e também um dos esportes a qual o agente tinha menos apego.

— EU DEIXEI DE FAZER UM TRABALHO IMPORTANTE DE BIOLOGIA PRA NADA?! — Wade, ringindo os dentes, saiu em disparada em direção à Christian, que por sua vez se levantou, agarrou o controle da televisão e foi para o outro lado do sofá. — Se não tinha nenhum incêndio, agora vai ter um! VOU ATEAR FOGO NESSE SEU TOPETE ESPETADO!!!

Se Wade fosse um dragão, só no último minuto ele teria feito uma cidade inteira virar pó cuspindo chamas.

— Tá legal, Wade, foi mal! — O loiro se ajoelhou, sentindo-se culpado, e implorou. — Pode tacar fogo na TV, mas não no meu cabelo! Por favor!

— Ora seu...

Entre ambos, Blake teve sua atenção chamada repentinamente quando uma notícia bizarra surgiu numa reportagem de intervalo que passava no canal atual.

— Olhem aquilo! — Apontou para o noticiário, interrompendo a discussão dos parceiros. — Parece que aqueles jogadores foram sinistramente transformados em pedra quando a partida de futebol estava para começar!

— AI MEU DEUS! — O loiro reconheceu seus ídolos, em choque. — E não foram quaisquer jogadores, Blake... Parte deles são do meu time do coração!